14 setembro 2014

Exaltação da Santa, Venerável e Vivificante Cruz

PATRIARCADO ECUMÊNICO DE CONSTANTINOPLA
Arquidiocese Ortodoxa Grega de Buenos Aires e América do Sul
Igreja Anunciação da Mãe de Deus
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Brasília, 14 de setembro de 2014
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Exaltação da Santa, Venerável e Vivificante Cruz



Matinas

Tropário:
As discípulas do Senhor aprenderam do Anjo a anunciar jubilosamente a ressurreição e rejeitaram a sentença dos nossos primeiros pais e conversaram com os Apóstolos, orgulhosas, dizendo: A morte já é cativa e o Cristo Deus já ressuscitou, dando ao mundo grande misericórdia.
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo,

Theotokion:
Mistério desconhecido dos anjos; mistério oculto desde toda a eternidade; ó virgem, por Ti Deus se revelou a todos os habitantes da terra; uniu-se à carne sem corrupção, e livremente aceitou a cruz por nós; ressuscitou o primeiro homem e salvou nossas almas da morte.

Katisma:
As santas mulheres olharam para a entrada do túmulo, mas, não puderam suportar o brilho flamejante do anjo. Assustadas e tremendo, elas diziam: "Roubaram aquele que abriu as portas do céu ao bom ladrão? Será que ressuscitou Aquele que, antes de sua paixão, havia proclamado sua ressurreição? Em verdade, o Cristo, nosso Deus, ressuscitou dando aos que estavam no inferno. A vida e a ressurreição."
Glória ao Pai, Filho e ao Espírito Santo.

Ó meu salvador, livremente escolheste a cruz. Homens mortais Te colocaram em um sepulcro novo, a Ti que com Tua palavra, estabeleceste os .confins do universo. Despojaste a morte e todos os habitantes dos infernos cantam a Tua vivificante ressurreição, clamando: "Cristo ressuscitou, ele que é o dispensador da vida e permanece pelos séculos dos séculos."
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos.

Theotokion:
Os coros dos anjos, ó puríssima, ficaram tomados de terror, diante do terrível mistério do teu parto. Como tu tens em teus braços Aquele que, com um só gesto tem todo o universo? Como Aquele que existe antes dos séculos, nasce e se alimenta de teu leite, aquele que cuja inefável bondade alimenta todo o ser vivente? Os anjos te bendizem e te proclamam a verdadeira Mãe de Deus.



Evangelho                                                                              Jo 12, 28-36
Evangelho de Nosso Senhor Jesus + Cristo, segundo São João

Naquele tempo, Pai, glorifica o teu nome! Nisto veio do céu uma voz: Já o glorifiquei e tornarei a glorificá-lo. Ora, a multidão que ali estava, ao ouvir isso, dizia ter havido um trovão. Outros replicavam: Um anjo falou-lhe. Jesus disse: Essa voz não veio por mim, mas sim por vossa causa. Agora é o juízo deste mundo; agora será lançado fora o príncipe deste mundo. E quando eu for levantado da terra, atrairei todos os homens a mim. Dizia, porém, isto, significando de que morte havia de morrer. A multidão respondeu-lhe: Nós temos ouvido da lei que o Cristo permanece para sempre. Como dizes tu: Importa que o Filho do Homem seja levantado? Quem é esse Filho do Homem? Respondeu-lhes Jesus: Ainda por pouco tempo a luz estará em vosso meio. Andai enquanto tendes a luz, para que as trevas não vos surpreendam; e quem caminha nas trevas não sabe para onde vai. Enquanto tendes a luz, crede na luz, e assim vos tornareis filhos da luz. Jesus disse essas coisas, retirou-se e ocultou-se longe deles.



Divina Liturgia

Tropário da Ressurreição - 5º tom:
Nós, fieis, louvemos e adoremos ao Verbo igualado com o Pai e Espírito na eternidade, nasceu da Virgem para nossa salvação, pois que se dignou subir corporalmente à Cruz, suportar a morte e ressuscitar os mortos com sua gloriosa ressurreição.

Tropário da Santa Cruz:
Salva, Ó Deus, o teu povo e abençoa a tua herança e concede aos nossos governantes a vitória sobre os bárbaros e guarda, com o poder da tua Cruz, todos que te pertencem.

Kondakion:
Tu, ó Cristo Deus, que, voluntariamente, foste erguido na Cruz, tem compaixão do povo que traz o teu Nome.
Alegra, pelo teu poder, a tua santa Igreja e concede-lhe a vitória sobre o mal.
Que tua aliança seja para nós uma arma de paz e um troféu de vitória!


Theotokion:
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém
O mistério eternamente oculto e dos anjos desconhecido, através de ti, ó Mãe de Deus, encarnando-se, apareceu na terra, voluntariamente aceitou a Cruz, e com ela ressuscitou o primeiro criado, e salvou da morte as nossas almas.

Kondakion da Festa:
Ó Cristo Deus, que, voluntariamente, foste suspenso na Cruz, tem compaixão do povo que traz o teu nome. Alegra, pelo teu poder, a tua santa Igreja e concede-lhe a vitória sobre o mal. Que tua aliança seja para nós uma arma de paz e um troféu de vitória.

Anunciação - Modo 4
É hoje o começo da nossa salvação e a manifestação do mistério eterno.
O Filho de Deus torna-Se Filho da Virgem e Gabriel anuncia a graça.
Por isso, cantamos com ele à Mãe de Deus:
“Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo!”.

Triságion:
A Tua Cruz +, ó Senhor, prostramo-nos + e a Tua Santa Ressurreição +, glorificamos. (3 vezes)
Glória ao + PAI, ao FILHO e ao ESPÍRITO SANTO, agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.
E a Tua Santa Ressurreição, glorificamos.
A Tua Cruz +, ó Senhor, prostramo-nos + e a Tua Santa Ressurreição +, glorificamos.

Prokimenon:
Exaltai ao Senhor, nosso Deus e prostrai-vos ante o escabelo de seus pés porque ele é Santo.
O Senhor reina, alegrem-se os povos; seu trono está sobre os Querubins, vacila a terra. (Sl 99, 5)

Issodikon:
Exaltai ao Senhor, nosso Deus e prostrai-vos ante o escabelo de seus pés porque Ele é Santo.
Salva-nos, ó Filho de Deus, Tu que foste crucificado na carne, a nós, que a Ti cantamos: aleluia!

Epístola                                                                                  1COR 1, 18-24
Leitura da 1ª Epístola do Apóstolo São Paulo aos Coríntios

Irmãos, a doutrina da cruz é loucura para os que se perdem, mas é poder de Deus para os que se salvam. Consoante está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios e reprovarei a prudência dos prudentes. Onde está o sábio? Onde o letrado? Onde o pesquisador das coisas deste mundo? Não transformou Deus em loucura a sabedoria deste mundo? Uma vez que na sabedoria de Deus o mundo não o reconheceu pela sabedoria, aprouve a Deus servir-se da loucura da pregação para salvar os que creem. Porque os judeus pedem sinais, e os gregos procuram sabedoria, enquanto nós pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os pagãos, mas poder e sabedoria de Deus para os chamados, quer judeus, quer gregos.

Aleluia
Aleluia, aleluia, aleluia!
Lembra-te do teu povo que elegeste há tanto tempo; recuperaste o cetro de tua herança. Aleluia, aleluia, aleluia!
Deus, que é nosso Rei antes dos séculos, operou a salvação no meio da terra. Aleluia, aleluia, aleluia!


Evangelho                                          JO 19, 6-11ª; 13-20; 25-28ª; 30-35ª
Evangelho de Nosso Senhor Jesus + Cristo, segundo o Evangelista São João

Naquele tempo, os sumos sacerdotes e os anciões deliberaram contra Jesus, para fazê-Lo perecer. Foram então para Pilatos, dizendo: Crucifica-o! Crucifica-o! Pilatos respondeu: Levai-o, vós mesmos, para o crucificar, porque eu não encontro nele nenhuma culpa. Os judeus responderam-lhe: Nós temos uma Lei, e segundo esta Lei ele deve morrer, porque se fez Filho de Deus. Quando Pilatos ouviu isso, ficou com mais medo ainda. Entrou no palácio outra vez e perguntou a Jesus: De onde és tu? Jesus ficou calado. Então Pilatos disse-lhe: Não me respondes? Não sabes que tenho poder quer para te soltar e poder para te crucificar? Jesus respondeu: Tu não terias poder algum sobre mim, se não te fosse dado do alto. Ouvindo estas palavras, Pilatos trouxe Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar conhecido como Pavimento (em hebraico: Gábata). Era o dia da preparação da páscoa, por volta do meio dia. Pilatos disse aos judeus: Eis o vosso rei. Eles, porém, gritavam: Fora! Fora! Crucifica-o! Pilatos disse: Vou crucificar o vosso rei? Os sumos sacerdotes responderam: Não temos rei senão César. Pilatos, então, entregou Jesus para ser crucificado. E eles o levaram. Jesus, carregando ele mesmo a cruz, saiu para o lugar chamado Caveira (em hebraico: Gólgota). Lá, eles o crucificaram com outros dois, um de cada lado, ficando Jesus no meio. Pilatos tinha mandado escrever e afixar na cruz um letreiro; estava escrito assim: Jesus de Nazaré, o Rei dos Judeus. Muitos judeus leram o letreiro, porque o lugar onde Jesus foi crucificado era perto da cidade; e estava escrito em hebraico, em grego e em romano. Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe e a irmã de sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena. Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse à mãe: Mulher, eis o teu filho! Depois disse ao discípulo: Eis a ma mãe! A partir daquela hora, o discípulo a acolheu consigo. Depois disso, vendo Jesus que tudo estava consumado, Ele inclinou a cabeça e entregou o espírito. Era o dia de preparação do sábado, e este seria solene. Para que os corpos não ficassem na cruz no sábado, os judeus pediram a Pilatos que mandasse quebrar as pernas dos crucificados e os tirasse da cruz. Os soldados foram e quebraram as pernas, primeiro a um dos crucificados com ele e depois ao outro. Chegando a Jesus viram que já estava mono. Por isso, não lhe quebraram as pernas, mas um soldado golpeou-lhe o lado com uma lança, e imediatamente saiu sangue e água. Aquele que viu dá testemunho, e o seu testemunho é verdadeiro.

Hirmos:
Ó Mãe de Deus, tu és o paraíso místico, pois sem ser cultivada, produziste Cristo, que plantou a árvore da Cruz.
Por isso, agora O adoramos crucificado e a ti exaltamos.

Kinonikon:
Gravada está sobre nós, Senhor, a luz da tua face.
Aleluia, aleluia, aleluia!

OBS.:
a). Em vez de «... Vimos a verdadeira luz» canta-se o apolitikion do dia.
b). Após a Santa Missa, procissão e cerimônia da Exaltação da Santa Cruz.
c). Encerramento da festa no dia 21.

Sinaxe

A Festa da Exaltação da Santa Cruz

A pregação da Cruz é uma necessidade para os que se perdem; mas para os que se salvam - para nós - é força de Deus. Por que diz a Escritura:
Destruirei a sabedoria dos sábios, e inutilizarei a inteligência dos inteligentes. Onde está o sábio? Onde o douto? Onde o sofista deste mundo? De fato, como o mundo através de sua própria sabedoria não conheceu Deus na divina sabedoria, quis Deus salvar os crentes através da necessidade da pregação.
Assim, enquanto os judeus pedem sinais e os gregos buscam sabedoria, nós pregamos a Cristo crucificado: escândalo para os judeus e loucura para os pagãos, mas para os chamados, tanto judeus quanto gregos, um Cristo, força de Deus e sabedoria de Deus. 1
As palavras do apóstolo Paulo, lidas na solenidade da Exaltação da veneranda e santificadora Cruz, marcam o sentido inequívoco que, desde o princípio, tivera para os cristãos o patíbulo dos malfeitores, que era a cruz. Por que, pois, estranhar-se que a Igreja a tenha considerado objeto de culto particular?
Romano o Melode, imaginando um diálogo entre o diabo e o inferno, põe na boca do primeiro as palavras:
Belial, é tempo de abrires o ouvido. A hora presente far-te-á ver o império da Cruz, e o grande poder do Crucificado. Para ti, a Cruz não é senão loucura; porém toda a Criação a considera como um trono desde que, nela cravado, escuta Cristo como juiz em atividade. 2
A forma de cruz das igrejas antigas, inclusive hoje nas de tradição bizantina, evoca a virtude ou força da ação redentora desse sinal.
A Cruz defende a todos do maligno e de seus ataques. Os marcados com o sinal de Cristo têm a esperança confiante de entrar no paraíso. 3
Nas igrejas bizantinas, atrás do altar e no ponto mais alto do Iconostase, destaca-se a Crucifixão, 4 com o objetivo de que, de qualquer ponto do templo e a todo momento, possa atrair o olhar dos fiéis para a Árvore da Vida, plantada no novo paraíso universal, frondosa e muito mais honorável que a do Éden. 5
De modo que, instruídos sobre a adoração da Cruz, feita de matéria comum, rendamos nossa adoração, não à matéria, mas àquele nela crucificado.6
Após ter degustado a morte sob a árvore proibida, Adão volta à vida sob a árvore da Cruz. Pode, Senhor, de agora em diante saborear de novo as delícias do paraíso.
Em Adão está representada toda a linguagem humana, pelo que, também nós, gozamos de idêntico benefício, pois, como outro paraíso, a Igreja possui atualmente uma árvore da vida: a Cruz vivificadora de Cristo. Saboreando seu fruto, alcançamos a imortalidade.7
Além dessas citações, por assim dizer externas, são vários os Ofícios que recordam a importância da Cruz na economia de nossa salvação.
O ciclo litúrgico semanal dedica-lhe a Sexta-feira; e cada dia, na liturgia das Horas, a Hora Nona, que foi a da morte na Cruz. 8
Encontramos, além disso, no calendário, algumas festas dedicadas à Cruz ou nas quais se celebra o mistério: umas são móveis, outras fixas. 9
As festas móveis são:
a) A grande Sexta-Feira Santa. No Ofício da Paixão, e cantando o hino:
Hoje foi colocado no lenho
aquele que sustém a terra sobre as águas.
É coroado de espinhos o Rei dos anjos.
Púrpura injuriosa é a veste
de quem cobrira o céu de nuvens.
Recebe cusparadas
aquele que no rio Jordão
libertou Adão de seu pecado.
Cravado é o Esposo da Igreja,
transpassado pela lança o Filho da Virgem.
Teus sofrimentos, Cristo, hoje veneramos;
mostra-nos também a glória de tua ressurreição. 10
Leva-se processionalmente a Cruz, depositando-a depois no centro da nave para que possa ser venerada pelo clero e o povo fiel. 11
b) Terceiro Domingo da Quaresma. Denomina-se, por isso, Domingo da Adoração da Cruz. Trata-se de uma festa tipicamente constantinopolitana, que teve origem no translado de uma relíquia insigne da Cruz para a capital do Império. Segundo alguns liturgistas, tal festa tinha nascido relacionada com a reposição da verdadeira Cruz de Jerusalém pelo imperador Heráclito, no dia 21 de março de 631, após tê-la resgatado dos persas, que a tinham roubado como despojo de guerra.
A cerimônia litúrgica segue o seguinte programa: no sábado, após as Vésperas, translada-se a relíquia da Santa Cruz para o altar, onde fica exposta durante toda a noite. Os cânticos de Matinas compostos por Teodoro Studita (758-826), 13 vão expressando os temas da festa:
Dia de adoração da Santa Cruz!
Todos se acercam para adorá-la!
Vede-a exposta perante nós:
brilha com os esplendores
da ressurreição de Cristo.
Vamos, pois, com alegria espiritual,
render-lhe veneração.
Terminadas as Matinas, o celebrante faz uma procissão na própria igreja, carregando a Cruz no alto para colocá-la finalmente na peanha diante do Iconostase.
Vão todos se aproximando para adorar a sagrada relíquia, enquanto cantam:
Tua Cruz, Senhor, adoramos
e proclamamos tua santa ressurreição.
Salva teu povo, Senhor,
e abençoa tua herança;
concede aos governantes 14
vitória sobre os bárbaros;
e dá-nos, por tua Cruz, parte em teu reino.
A homilética sobre essa festividade insiste no seguinte:
Hoje, mostra-se a Igreja de Cristo como novo paraíso: ao expor o santo madeiro da Cruz, antecipa a Paixão e a Ressurreição. 15
As duas solenidades móveis vêm coroadas de outras três fixas, com a ordem seguinte, no calendário bizantino: 16
a) A Exaltação 17 universal da veneranda e vivificadora Cruz, que se celebra no dia 14 de setembro e da qual falaremos mais extensamente.
b) A memória da aparição celeste do sinal da Cruz, cuja celebração tem lugar no dia 7 de maio. Comemora-se, então, a aparição, no céu de Jerusalém, do sinal da Cruz quando era imperador Constâncio, filho de Constantino o Grande, durante o episcopado de São Cirilo de Jerusalém.
A aparição deu-se precisamente no dia 7 de maio de 351, na terça-feira antes da Ascensão, pelas nove horas da manhã: foi visível durante muitas horas e para todos. Marcava no céu o espaço compreendido entre o Gólgota e o Monte das Oliveiras. 18
O caráter protetor e salvífico da Cruz, como determinante dessa festividade, vem sintetizá-lo a oração própria desse dia que assim diz:
Abre-me os lábios, ó Rei dos séculos, ilumina minha mente e meu espírito, e santifica minha alma para poder, ó Verbo, louvar tua Cruz venerada; envia teu Espírito e instrui-me, de sorte que possa exclamar com amor:
Salve, ó Cruz, glória do universo!
Salve, ó Cruz, fortaleza da Igreja!
Salve, inexpugnável bastião dos sacerdotes!
Salve, diadema dos reis!
Salve cetro do soberano Criador de todas as coisas!
Salve, ó Cruz, na qual Cristo aceitou padecer e morrer!
Salve, grande consolo dos aflitos, arma invencível no meio da luta!
Salve, Cruz, ornato dos anjos e proteção dos fiéis!
Salve, ó Cruz, pela qual foi o inferno derrotado!
Salve, ó Cruz, pela qual fomos redimidos!
Salve, lenho bem-aventurado! 19
c) A procissão da preciosa e vivificadora Cruz, que se celebra no dia primeiro de agosto. Tal como a que coincide com o Terceiro Domingo da Quaresma, também essa festa teve origem em Constantinopla. A relíquia da Cruz ia expondo-se em diversas igrejas, retomando ao palácio imperial a 14 de agosto; longa procissão estacional, pois, com demoradas estações nas várias igrejas. A finalidade era conjurar as enfermidades motivadas pelos calores estivais, por um lado, e santificar, por outro, as ruas da "cidade construída por Deus". 20
Um dos hinos da festa nos manifesta a profunda veneração de que era objeto nesse dia a Cruz do Senhor, assim como a confiança depositada nela:
Veneremos a Cruz preciosa,
remédio universal
e fonte de santidade.
É lenitivo das dores,
desterra a enfermidade
e livra de todo sofrimento os enfermos.
E agora, após breve análise sobre as festas litúrgicas, nas quais as igrejas de tradição bizantina dedicam especial atenção à Cruz, detenhamo-nos para refletir sobre a festividade da Exaltação:
A festa da "Exaltação Universal da preciosa e vivificadora Cruz" surge em Jerusalém. Lê-se em um discurso do monge Alexandre 21 sobre essa festividade que a imperatriz:
Helena - mãe de Constantino, o Grande - assegurava ter tido uma visão celeste, na qual se ordenava ir a Jerusalém para descobrir os santos lugares durante tanto tempo ignorados (.. .). Ante a dúvida e as vacilações de não poucos, exorta todos a uma fervorosa oração. Logo vem a ser descoberto por aquele bispo o lugar da divina Paixão, onde se tinha colocado a estátua da impuríssima Vênus. Com a autoridade que lhe outorga seu cargo, a imperatriz mandou, então, destruir o templo do demônio. Feito isso, de imediato descobriu-se o sepulcro de Jesus Cristo, aparecendo, pouco depois, três cruzes. Após busca diligente, encontraram-se também os cravos.
A imperatriz quis saber imediatamente qual das três cruzes era a de Jesus Cristo. Achando-se ali gravemente enferma, quase à morte, uma nobre dama, aplicando-lhe as cruzes, pôde-se saber, no mesmo instante, qual era a Cruz desejada, uma vez que, com a aplicação da Cruz de Jesus Cristo, tocada pela graça divina, ergue-se do leito a enferma completamente curada e glorificando ao Senhor em altas vozes (...).
O imperador pede ao então bispo, Macário, que apresse a edificação das respectivas basílicas, enviando-lhe um arquiteto e grande soma em dinheiro, com a ordem expressa de que os sagrados edifícios (no Gólgota, em Belém, e no Monte das Oliveiras) se decorassem com o maior esplendor, de sorte que não houvesse nada igual no mundo. 22
No século V, o dia 13 de setembro é aniversário da dedicação das basílicas constantinianas. Segundo a peregrina Egéria, tinha-se determinado esse dia, alguns anos antes - talvez em 335 - por ser a data do descobrimento da Cruz. 23
Cirilo de Jerusalém, na XIII Catequese, que se realizara provavelmente em 347, diz textualmente:
A Paixão é real: verdadeiramente foi crucificado. E não nos envergonhemos disso. Foi crucificado. E não o negamos; pelo contrário, comprazemo-nos em afirmá-lo. Chegaria a envergonhar-me, se me atrevesse a negar o Gólgota que temos à vista; afastaria dos olhos o madeiro da Cruz que dessa cidade distribuiu-se como relíquias pelo mundo todo.
Reconheço a Cruz, porque conheço a ressurreição. Se o Crucificado tivesse permanecido em tal situação, não reconheceria a Cruz; apressar-me-ia, pelo contrário, em escondê-la, juntamente com meu Mestre. Como após a Cruz vem a Ressurreição, não me envergonho de falar longamente da mesma. 24
A festa da Cruz, a 14 de setembro, difundiu-se rapidamente por todo o Oriente, eclipsando a comemoração da dedicação da basílica constantiniana. 25 Em Roma, no século VI, celebrava-se a Exaltação no dia 3 de maio. Posteriormente - no século VII - começou a apresentar-se o madeiro da Cruz à veneração do povo, no dia 14 de setembro. 26
O resgate da Cruz pelo imperador Heráclio em 631 não veio senão incrementar e consolidar um culto já amplamente difundido.
As igrejas de tradição bizantina relacionaram a festa do dia 14 de setembro entre as do Senhor (despotika) - de primeira classe - e, portanto, entre as 12 grandes festividades litúrgicas. É precedida de uma vigília (preortia) e seguida de sete dias pós-festivos (meteortia), mais outro oitavo de despedida da festa (apodosis), que coincide com o dia 21 do referido mês de setembro.
A celebração litúrgica, muito simples em si, tem seu ponto mais alto no gesto do celebrante, que podemos ver refletido no Ícone. Vejamo-lo em detalhes.
No dia da festa, o celebrante, após pequena procissão, para no centro da igreja; e levanta então, ao alto, a relíquia da Cruz.
A assembleia faz, ao mesmo tempo, a mais simples de todas as orações e mais própria de uma criatura ante a misericórdia do Deus criador: "Piedade, Senhor!" Repete-se 100 vezes a oração.
Repete o celebrante o gesto de elevar ao alto a Cruz, voltando-se para os quatro pontos cardeais, enquanto o povo reza, canta e exclama 100 vezes: "Piedade, Senhor!"
Deposita-se depois a Cruz em um grande recipiente cheio de flores e coloca-se sobre um tetrapodium no centro da igreja. O Clero e todos os fiéis, prostrando-se de joelhos, vão adorando a Cruz e recebendo uma flor das que serviram de enfeite à relíquia.

Adoração da Cruz

Pôde-se observar como os hinos e toda essa exposição falam sempre de «adoração» da Cruz. Pela única razão de que muito rapidamente a Cruz veio a ser a imagem do Crucificado e da sua Ressurreição: dois aspectos distintos, porém, inseparáveis, de um só mistério.
«Adoramos, Senhor, tua Cruz e glorificamos tua santa Ressurreição», é o tema mais comum dos hinos. Eis mais um exemplo do que foi dito:
Na Cruz, Cristo deu morte ao autor de nossa morte.
Devolveu a vida e a beleza a quem as tinha perdido;
e, num desdobramento de bondade e misericórdia,
restituiu-lhes o direito de cidadania no céu.
Na Cruz cancelaste, Senhor, o assentamento de nossa dívida.
Cantado entre os mortos, prendeste o tirano que reinava sobre eles; e com tua ressurreição, libertaste-nos dos laços da morte. 27
Sobre o que deveriam ser tributadas as honras à Cruz, pronunciaram-se dois Concílios:
No Concílio Quinissesto de 692, os Padres prescreveram que se rendesse à santa Cruz «a adoração em espírito, nos lábios e nos sentidos». 28 E no segundo Concílio de Nicéia (787), concretiza-se a natureza exata da referida adoração: à santa Cruz, como aos ícones, deve-se tributar «adoração honorífica», «não culto propriamente dito» reservado somente a Deus. Porque «a honra dirigida à imagem passa ao protótipo, e o que adora a imagem, adora a pessoa nela representada». 29
Os textos litúrgicos, homiléticos e epigráficos documentam como semelhante prescrição conciliar estava profundamente enraizada nos usos e costumes. 30
André de Creta (660-740), por exemplo, disse claramente:
Nós adoramos a Cruz, uma vez que nela bendizemos ao Crucificado. 31
O mesmo atestam outros textos de origem mais humilde e, por isso, sem dúvida maiores expressões da verdadeira piedade dos fiéis. Seria bom exemplo a inscrição do século Vil, que faz falar assim à própria Cruz:
Sou a Cruz, salvaguarda do universo;
minha morada é a eternidade,
onde gozo de igual veneração à do Corpo imortal. 32

NOTAS:
1. 1Cor 1 18-23
2. Hino, n. 38 (SC), tr. 9.
3. Romano o Melode, Hino, n. 39 (SC), tr. 23.
4. Cf. Passarelli, G., Ícone da crucifixão (Iconostásio 9), AM edições, São Paulo (prelo).
5. Cf. Gn 2, 16; Êx 31, 8; Ap 2, 7, Passarelli, G., Macario Crisocefalo, l' omelia sullafesta dell'Ortodossia e Ia basilica di S. Giovanni di Filadelfia (OCA, 210), Roma, 1980, 161,20.
6. Passarelli, G., ibid., 169,41.
7. Da hinografia da festa.
8. . Cf. Mt 27, 45ss.; Lc 23,46. A hora que precede as Vésperas. A hora nona corresponde aproximadamente às 15 horas (3 p.m.).
9. Cf. Frolow, A., La Reiique de ia Vraie Croix. Recherches sur ie déveioppement d'un culte (AGC, 7), Paris, 1961; Bornert, R., "La céiébration de ia sainte Croix dans ie rire byzantin ", em La sainte Crou, La Maison-Dieu 75, 3 (1963), 92-108; Janeras, S., Le Vendredi-saint dans ia Tradition liturgique byzantine. Structure et Histoire de ses Offices (Studia Anselmiana, 99), Roma, 1988.
10. Trata-se de hino originário do século VII, cf. Bomert, 94; Janeras, 297.
11. Trata-se de costume melkita que tinha origem no Ofício estacional da Paixão hierosolirnitana, adotado oficialmente em Constantinopla pelo patriarca Sofrônio 11 em 1864 e hoje em uso entre os gregos.
12. O patriarca Nicéforo deixou-nos uma bem detalhada descrição da circunstância em que se restituíra a Cruz ao Santo Sepulcro. A relíquia estava guardada numa caixa lacrada. O clero examinou os lacres e, após comprovar que não se tinha violado, o bispo Modesto abriu a caixa com as chaves que se havia guardado. Prostrando-se todos, procedeu-se à cerimônia da Exaltação. Cf. Frolow, "La Vraie Croix et les expéditions d' Héraclius en Perse", em Revue des Études Byzantinesll (1953), 88-105; Grumel, y., "La reposition de Ia Vraie Croix à Jérusalem parHéraclius, lejouretl'année", em Byzantinische Forschungen 1 (1966), 139-149; Bornert, 99-101; Janeras, 298-299.
13. Legislador monástico, que viveu no célebre mosteiro de Studios em Constantinopla. Foi um dos mais insignes defensores do culto aos ícones.
14. Antigamente dizia-se: "Conhecei o Imperador", hoje substituído por "govemantes" ou por "Igreja".
15. PG 52,835 C. Repete-se a adoração na segunda-feira, na quarta-feira e sexta-feira, guardando a relíquia, a seguir, no tesouro do santuário.
16. O calendário bizantino, vigente ainda liturgicamente nas Igrejas desta tradição, começa a primeiro de setembro.
17. Cf.Jo 3, 14.
18. PG 33, 1169 A.
19. La croce nella Preghiera Bizantina, Bréscia, 1990,48.
20. Constantino VII, Profirogênito, Etlibra de tas Ceremanias, 11, 8 (PG 112, 1005 C-99A).
21. Não sabemos a época nem conhecemos outras obras desse autor. É talvez anterior ao século X.
22. Pennacchinni, P. C., Discorso storico dell'invenzione della Croce, deI monacoAlessandro, Grottaferrata, 1913,59-60; cf. Righetti, M., L'anno liturgico. Il breviario, Milão, 1969,343344.
23. Diario di viaggio, SC 296, 316-317.
24. PG 33, 775B.
25. A festa da Exaltação celebra-se no dia 14 de setembro pelos bizantinos, latinos, coptas e siro-jacobitas; no dia 13, pelos siro-nestorianos, e no domingo que tem lugar entre os dias 11 e 17 pelos armênios.
26. Jounel, P., "Le culte de Ia Croix dans Ia liturgie romaine", em La sainte Croix, La Maison-Dieu 75, 3 (1963),75-82,87-91.
27. Ofício da Paixão, antífona 15. O recibo de nossa dívida é o título que aparece nas mãos de Cristo em diversos ícones. Veja se a propósito, por exemplo, CI 2, 14: "Cancelou a nota de dívida que tinha contra nós, a das prescrições com cláusulas desfavoráveis, e suprimiu-a cravando-a na cruz". Romano o Melode, Hinos, tr. 10: "Consente em deixar-se crucificar e destrói a nota de penhor, tu que vieste para chamar novamente Adão"; e tr. 11: "Espera tão-somente libertar-me da pesada dívida"(Hino, Akathistos). "Ele que perdoa as dívidas a todos os homens, querendo perdoar as antigas culpas, voluntariamente se entrega aos desertores de sua graça e, rasgando o quirógrafo do pecado, ouve a todos exclamar: Aleluia!" Para outras fontes, cf. Lampe, G. W. H., A pat.ristic greek Lexikon, Oxford, 1972, palavras Cheirographon e Proselio. Cf. Passarelli, Ícone da Mãe de Deus, (Iconostásio 1), AM edições (prelo).
28. Can 73 (Mansi, XI, 975).
29. Denzinger, H. A. e Schoenmetzer, A., Enchiridion Symbolorum, Barcinone-Friburgi Br. e Romae-Neo Eboraci 1977, n. 601. Cita-se, ali, São Basílio, Tratado sobre el Espiritu Santo, c. 18, par 45 (SC 17, 194). Acolheram-se nesse concílio os graus da "aproskynesis", que deve render-se a Deus, aos santos, às relíquias, aos ícones e aos imperadores, estabelecida por São João Damasceno.
30. Cf. Bomert, 106; Frolow, ob. cit., passim.
31. Homilia sobre ia Exaitación de ia Cruz, PG 97, 1033A.
32. Frolow, ob. cit., 48; Bome11, 106. No trabalho de Frolow podem ler-se muitos outros testemunhos.
Fonte: PASSARELLI, Gaetano. O Ícone da Exaltação da Cruz. AM Edições 


Assim é preciso que o Filho do Homem seja elevado, para que todo o que nele crê seja salvo

S. João Crisóstomo (cerca de 345-407),
Bispo de Antioquia, depois de Constantinopla, doutor da Igreja

Homilia 1
Sobre a Cruz e sobre o Ladrão

Hoje, nosso Senhor Jesus Cristo está pregado na Cruz e nós estamos em festa, para que saibais que a Cruz é uma festa e uma celebração espiritual. Outrora, a Cruz designava um castigo; agora tornou-se objeto de honra. Outrora símbolo de condenação, ei-la hoje princípio de salvação. Porque ela é para nós causa de bens sem conta: livrou-nos do erro, iluminou-nos as trevas, reconciliou-nos com Deus; tínhamo-nos tornado, para com Ele, inimigos e estrangeiros longínquos. Para nós, ela é hoje a destruição da inimizade, o penhor da paz, o tesouro de mil bens.
Graças a ela, já não erramos nos desertos, porque conhecemos o caminho verdadeiro. Não ficamos fora do palácio real, porque encontramos a porta. Não tememos as armas inflamadas do diabo, porque descobrimos a fonte. Graças a ela, já não estamos na viuvez, pois encontramos o Esposo. Não temos medo do lobo, pois encontramos o bom pastor. Graças à Cruz, não tememos o usurpador, pois nos sentamos ao lado do Rei.
Eis porque estamos em festa ao celebrarmos a memória do Cruz. O próprio São Paulo nos convida para a festa em honra da Cruz: "Celebremos esta festa", diz ele, "não com fermento velho, nem com o fermento da malícia e da perversidade, mas com os ázimos da pureza e da verdade" (1 Co 5,8). E ele explica-nos a razão dizendo: "Porque Cristo, nossa Páscoa, foi imolado por nós". (1 Co 5,7).

A cruz, árvore de vida

São Teodoro Estudita (759-826), monge em Constantinopla

Como é bela a imagem da cruz! A sua beleza não oferece mistura de mal e de bem, como outrora a árvore do jardim do Éden. Toda ela é admirável, “uma delícia para os olhos e desejável” (Gn 3, 6). É uma árvore que dá a vida e não a morte; a luz, não a cegueira. Leva a entrar no Éden, não a sair dele. Esta árvore, à qual subiu Cristo, como um rei para o seu carro de triunfo, derrotou o diabo, que tinha o poder da morte, e libertou o gênero humano da escravidão do tirano. Foi sobre esta árvore que o Senhor, qual guerreiro de eleição, ferido nas mãos, nos pés e no seu divino peito, curou as cicatrizes do pecado, quer dizer, a nossa natureza ferida por Satanás.
Depois de termos sido mortos pelo madeiro, encontramos a vida pelo madeiro; depois de termos sido enganados pelo madeiro, é pelo madeiro que repelimos a serpente enganadora. Que permutas surpreendentes! A vida em vez da morte, a imortalidade em vez da corrupção, a glória em vez da ignomínia. Por este motivo, o apóstolo Paulo exclamou: “Toda a minha glória está na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo” (Gl 6, 14) … Mais do que qualquer sabedoria, esta sabedoria que floresceu na cruz tornou ignóbeis as pretensões da sabedoria do mundo (1 Cor 1, 17s) …
É pela cruz que a morte foi morta e Adão restituído à vida. É pela cruz que todos os apóstolos foram glorificados, todos os mártires coroados, todos os santos santificados. É pela cruz que fomos reconduzidos como as ovelhas de Cristo, e fomos reunidos no redil do alto.
Fonte: O Evangelho Cotidiano




Folheto Dominical da Igreja Anunciação da Mãe de Deus



Responsável

Reverendo Ecônomo Padre Emanuel Sofoulis



Editoração e Diagramação

Antonio José


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Apoio

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 - Folheto da Comunidade Ortodoxa de São Pedro e São Paulo
 Pavuna – Rio de Janeiro – RJ – Brasil
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07 setembro 2014

Domingo antes da Santa Cruz

PATRIARCADO ECUMÊNICO DE CONSTANTINOPLA
Arquidiocese Ortodoxa Grega de Buenos Aires e América do Sul
Igreja Anunciação da Mãe de Deus
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Brasília, 07 de setembro de 2014
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Domingo antes da Santa Cruz





Matinas

Tropário:
As discípulas do Senhor aprenderam do Anjo a anunciar jubilosamente a ressurreição e rejeitaram a sentença dos nossos primeiros pais e conversaram com os Apóstolos, orgulhosas, dizendo: A morte já é cativa e o Cristo Deus já ressuscitou, dando ao mundo grande misericórdia.
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.

Theotokion:
Mistério desconhecido dos anjos; mistério oculto desde toda a eternidade; ó virgem, por Ti Deus se revelou a todos os habitantes da terra; uniu-se à carne sem corrupção, e livremente aceitou a cruz por nós; ressuscitou o primeiro homem e salvou nossas almas da morte.

Katisma:
As santas mulheres olharam para a entrada do túmulo, mas, não poderam suportar o brilho flamejante do anjo. Assustadas e tremendo, elas diziam: "Roubaram aquele que abriu as portas do céu ao bom ladrão? Será que ressuscitou Aquele que, antes de sua paixão, havia proclamado sua ressurreição? Em verdade, o Cristo, nosso Deus, ressuscitou dando aos que estavam no inferno. A vida e a ressurreição."
Glória ao Pai, Filho e ao Espírito Santo.

Ó meu salvador, livremente escolheste a cruz. Homens mortais Te colocaram em um sepulcro novo, a Ti que com Tua palavra, estabeleceste os .confins do universo. Despojaste a morte e todos os habitantes dos infernos cantam a Tua vivificante ressurreição, clamando: "Cristo ressuscitou, ele que é o dispensador da vida e permanece pelos séculos dos séculos."
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos.

Theotokion:
Os coros dos anjos, ó puríssima, ficaram tomados de terror, diante do terrível mistério do teu parto. Como tu tens em teus braços Aquele que, com um só gesto tem todo o universo? Como Aquele que existe antes dos séculos, nasce e se alimenta de teu leite, aquele que cuja inefável bondade alimenta todo o ser vivente? Os anjos te bendizem e te proclamam a verdadeira Mãe de Deus.



Evangelho                                                                                          Mc 16, 1-8
Evangelho de Nosso Senhor Jesus  Cristo, segundo o Evangelista São Marcos.

Passado o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé compraram aromas para ungir Jesus. E no primeiro dia da semana, foram muito cedo ao sepulcro, mal o sol havia despontado. E diziam entre si: Quem nos há de remover a pedra da entrada do sepulcro? Levantando os olhos, elas viram removida a pedra, que era muito grande. Entrando no sepulcro, viram, sentado do lado direito, um jovem, vestido de roupas brancas, e assustaram-se. Ele lhes falou: Não tenhais medo. Buscais Jesus de Nazaré, que foi crucificado. Ele ressuscitou, já não está aqui. Eis o lugar onde o depositaram. Mas ide, dizei a seus discípulos e a Pedro que ele vos precede na Galiléia. Lá o vereis como vos disse. Elas saíram do sepulcro e fugiram trêmulas e amedrontadas. E a ninguém disseram coisa alguma por causa do medo.

Divina Liturgia

Tropário da Ressurreição – 4º tom:
As discípulas do Senhor aprenderam do Anjo a anunciar jubilosamente a ressurreição e rejeitaram a sentença dos nossos primeiros pais e conversaram com os Apóstolos, orgulhosas, dizendo: A morte já é cativa e o Cristo Deus já ressuscitou, dando ao mundo grande misericórdia.

Tropário da Santa Cruz:
Salva, Ó Deus, o teu povo e abençoa a tua herança e concede aos nossos governantes a vitória sobre os bárbaros e guarda, com o poder da tua Cruz, todos que te pertencem.

Kondakion – 4º tom:
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo.
O Salvador e Redentor meu, sendo Deus, rompeu as portas do Hades, libertando de suas cadeias os habitantes da terra, e, sendo Soberano, ressuscitou ao terceiro dia.

Theotokion - 4º tom:
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém
O mistério eternamente oculto e dos anjos desconhecido, através de ti, ó Mãe de Deus, encarnando-se, apareceu na terra, voluntariamente aceitou a Cruz, e com ela ressuscitou o primeiro criado, e salvou da morte as nossas almas.

Kondakion da Festa:
Ó Cristo Deus, que, voluntariamente, foste suspenso na Cruz, tem compaixão do povo que traz o teu nome. Alegra, pelo teu poder, a tua santa Igreja e concede-lhe a vitória sobre o mal. Que tua aliança seja para nós uma arma de paz e um troféu de vitória.

Anunciação - Modo 4
É hoje o começo da nossa salvação e a manifestação do mistério eterno.
O Filho de Deus torna-Se Filho da Virgem e Gabriel anuncia a graça.
Por isso, cantamos com ele à Mãe de Deus:
“Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo!”.

Triságion:
A Tua Cruz +, ó Senhor, prostramo-nos + e a Tua Santa Ressurreição +, glorificamos. (3 vezes)

Glória ao + PAI, ao FILHO e ao ESPÍRITO SANTO, agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.

E a Tua Santa Ressurreição, glorificamos.

A Tua Cruz +, ó Senhor, prostramo-nos + e a Tua Santa Ressurreição +, glorificamos.

Prokimenon:
Quão magníficas são as tuas obras, ó Senhor! Fizeste com sabedoria todas as coisas.
Bendize, ó minha alma, o Senhor, Senhor meu Deus, como és grandioso!

Epístola                                                                                              Gl 6: 11-18.
Leitura da Epístola de São Paulo aos Galatas:

Vede com que grandes letras vos escrevi por minha mão. Todos os que querem mostrar boa aparência na carne, esses vos obrigam a circuncidar-vos, somente para não serem perseguidos por causa da cruz de Cristo. Porque nem ainda esses mesmos que se circuncidam guardam a lei, mas querem que vos circuncideis, para se gloriarem na vossa carne. Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo. Porque em Cristo Jesus nem a circuncisão, nem a incircuncisão tem virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura. E a todos quantos andarem conforme esta regra, paz e misericórdia sobre eles e sobre o Israel de Deus. Desde agora ninguém me inquiete; porque trago no meu corpo as marcas do Senhor Jesus. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja, irmãos, com o vosso espírito! Amém.

Aleluia!
Aleluia, aleluia, aleluia!

Avança vitoriosamente e reina por meio da verdade, da mansidão e da justiça, e tua destra te conduzirá a coisas maravilhosas.
Aleluia, aleluia, aleluia!

Amaste a justiça e aborreceste a iniqüidade;
Por isso o Senhor teu Deus te ungiu com óleo de alegria, de preferência aos teus companheiros.
Aleluia, aleluia, aleluia!

Evangelho                                                                                          Jo 3, 13-17
Evangelho de Nosso Senhor Jesus † Cristo, segundo o Evangelista São João:

Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem, que está no céu. E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado; Para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele

Sinaxe

A Festa Litúrgica da Santa Cruz é tão importante no Calendário Litúrgico Bizantino, que inicia suas comemorações já no Domingo que a antecede, preparando o ambiente espiritual dos cristãos, dada a sua relevância.
A Cruz para a Igreja é sinal e instrumento de Salvação. Por isso, os cristãos orientais, a veneramos gloriosa e vivificante, despida dos sentimentos mórbidos que poderiam ofuscar a sua magnitude. O sofrimento, as dores e a morte que o Senhor sofreu por meio dela, por mais terríveis que pudessem ser, fê-la veículo da nossa Salvação.
O madeiro por onde escorreu o Sangue precioso do Cristo, não poderia ficar indiferente à Ressurreição do Senhor, pois o Sangue divino estava impregnado nele e o transformou. A Cruz, outrora símbolo da morte, ressuscitou com o Senhor , mostrando-se agora resplandecente.
Próximo aos tabernáculos (Arthofórion) no interior dos quais estão guardados o Corpo e o Sangue de Cristo Ressuscitado, geralmente, faz par uma Cruz que nos reporta à figura bíblica da serpente de bronze que Moisés elevou no deserto, querendo nos recordar que a Ressurreição é fruto da Cruz assumida.
Como cristãos não devemos olhar somente para a Cruz, porque nosso objeto de adoração é o Senhor Ressuscitado, e a Ele devemos render-lhe glória. A Cruz sobre a qual Jesus sofreu era, originalmente, apenas um instrumento material de sua morte. Mas, já na época dos apóstolos, ela se transformou em símbolo de redenção operada por Cristo e, portanto, símbolo da fé cristã. O que era execrável instrumento de condenação tornou-se, em Cristo, a âncora de Salvação para o mundo. Por isso São Paulo escreve: "Nós pregamos o Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos, mas par os eleitos ele é a força e sabedoria de Deus." ( 1Cor 1,23)
Deus pôs no santo Lenho da Cruz a Salvação da humanidade, para que a Vida ressurgisse de onde viera a morte.
Da árvore do paraíso onde a serpente tentou Eva, nasceu o pecado. Da árvore que deu o lenho para a Cruz de Cristo nasceu a Vida em plenitude e a Salvação para a humanidade. E deste sagrado Lenho o Senhor atrairá para Si a todos e todas as coisas. (Jo 12,32)
Não é pouco comum ouvirmos algumas pessoas dizerem que devemos carregar nossa cruz a cada dia com resignação, aceitando os sofrimentos. Constata-se uma supervalorização do símbolo da dor que ela representa. Se o Senhor carregou sua Cruz, cumprindo a vontade do Pai, também Ele ressuscitou. É nesta verdade que devemos embasar nossas esperanças e fé.
Nunca nos esqueçamos de que a Cruz ressuscitou com o Cristo e se tornou gloriosa e vivificante.
Diante da tua Cruz, ó Mestre, nos prostramos e glorificamos a tua santa Ressurreição.





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Reverendo Ecônomo Padre Emanuel Sofoulis

Editoração e Diagramação
Antonio José


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