PATRIARCADO
ECUMÊNICO DE CONSTANTINOPLA
Arquidiocese Ortodoxa Grega
de Buenos Aires e América do Sul
Igreja
Anunciação da Mãe de Deus
SGAN - Quadra 910
- Módulo ‘’B’’ - CEP: 70.790-100 - Brasília-DF
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Brasília, 17 de janeiro de
2016.
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12º Domingo de Lucas
(33º depois de Pentecostes
- Modo Plagal 4)
Comemoração de Santo
Antônio, o Grande, anacoreta († 356)
Matinas
Tropário – Modo Plagal 4
- (8º tom):
Desceste das alturas, ó misericordioso, e aceitaste
o sepultamento durante três dias, para nos livrar das paixões. Senhor, És nossa
vida e nossa ressurreição, glória a Ti.
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo,
Desceste das alturas, ó misericordioso, e aceitaste
o sepultamento durante três dias, para nos livrar das paixões. Senhor, És nossa
vida e nossa ressurreição, glória a Ti.
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.
Theotokion:
Tu, que por nossa salvação, nasceste de uma virgem
e padeceste a crucificação, ó boníssimo por Tua morte, despojaste a morte, Tu que
é Deus, nos revelaste a ressurreição, não desprezes aqueles que a Tua mão criou.
Manifesta a Tua misericórdia, ó amigo do homem; aceita as preces daqueles que deste
a Luz e salva os desesperados, ó nosso Salvador.
Katisma – Modo Plagal 4 -
(8º tom):
1ª Katisma:
Oh Vida de todos! Ressuscitaste dentre os mortos.
O Anjo resplandecente se dirigiu às mulheres, dizendo: “Deixai de chorar e anunciai
aos Apóstolos louvando e proclamando que ressuscitou Cristo, o Senhor, que se alegrou
como Deus em salvar o gênero humano!”
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo.
Verdadeiramente ressuscitou do sepulcro e ordenaste
as piedosas mulheres que anunciassem aos Apóstolos a Ressurreição, como está escrito.
Pedro correu ao sepulcro e ao ver a Luz na tumba, se estremeceu e viu o sudário,
o qual era impossível que vê-lo na obscuridade. Creu e correu exclamando: “Glória
a Ti, Cristo Deus Salvador nosso, porque nos salvou, sendo Tu em verdade o reflexo
do Pai!”
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.
Theotokion:
Louvemos a quem é a Arca e a Porta celestial; a Montanha
Santíssima e a Nuvem luminosa; a escada celeste e o Paraiso flante; a Salvadora
de Eva e Mulher única do universo; porque por seu meio se chegou a cabo a salvação
de todo mundo dos pecados de outrora. Por isso nos dirigimos a ela rogando-lhe:
Intercede ante teu filho e teu Deus, para que nos conceda o perdão dos pecados nossos
que nos prosternamos com boa fé ante teu Santíssimo parto.
2ª Katisma:
Oh Salvador, os homens selaram Teu sepulcro e o anjo
retirou a pedra da porta da tumba; as mulheres viram tua ressureição dentre os mortos
evangelizando a Teus discípulos em Sión, oh Vida de todos, e desataste as cadeias
da morte, Senhor glória a ti.
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espirito Santo.
Quando as mulheres chegaram ao sepulcro com os aromas
do enterro, escutaram desde o sepulcro uma voz angelical que dizia: Deixai as lágrimas
e recebei a alegria em vez de tristeza clamando e bradando que Cristo é Senhor ressuscitado
e se alegrou como Deus em salvar o gênero humano!
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
Theotokion:
Oh cheia de graça, todo universo se alegra em ti,
os coros angelicais e o gênero humano, oh Templo Santíssimo e Paraíso falante; Orgulho
da Virgindade que de ti foi engendrado o Deus, que se fez menino e é nosso Deus
antes dos séculos. Ele fez de seu seio trono, e tornou teu ventre mais amplo que
os céus. Por isso, cheia de graça, todas as gerações contigo se alegram e te glorificam.
Ypakoí – Modo Plagal 4 -
(8º tom):
Obediência:
As Mirróforas chegaram ao sepulcro do Doador da Vida
buscando o Imortal entre os mortos. Receberam o anuncio do Anjo, e anunciaram aos
Apóstolos que o Senhor Havia ressuscitado dando ao mundo a grande misericórdia.
Anabtmo:
1ª Antífona:
Desde a minha juventude o inimigo me está provando
e com seus atrativos me está queimando; porém eu, apoiado em Ti o vencerei.
Os que odeiam a Sion será como o pasto antes de ser
seco, porque Cristo com a foice do sofrimento cortará seus pescoços.
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo, agora, sempre
e pelos séculos dos séculos. Amém.
Pelo Espírito Santo todos vivem. Ele é Luz de Luz,
Grande Deus; por isso o louvamos com o Pai e o Verbo.
2ª Antífona:
Que se cubra meu coração humilde com teu temor, para
que não ensoberbeça e depois lhe humildes, oh Todo Piedoso.
Quem se apoia no Senhor não terá temor quando Ele
julgar a todos com o fogo dos sofrimentos.
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo, agora, sempre
e pelos séculos dos séculos. Amém.
Pelo Espírito Santo, tudo é divinizado vê e fala
do futuro e faz milagres celestiais, porque canta há um só Deus, Trino e Uno, pois
a Divindade sendo Três Luzes está unificada em um só Senhorio.
Prokimenon:
O Senhor vosso Deus, reinará para sempre, ó Sião,
de geração em geração. (2 vezes).
Stichos:
Ó minha alma, louvai o Senhor.
O Senhor vosso Deus, reinará para sempre, ó Sião,
de geração em geração.
Kondakion
– Modo 4 Plagal-(8º tom):
Tu Te elevaste do túmulo e ressuscitaste dos mortos,
elevaste Adão, Eva se rejubila em Tua ressurreição e as extremidades do mundo celebram
teu despertar de entre os mortos, ó misericordiosissimo.
Ikós:
Despojaste os palácios dos infernos e ressuscitaste
dos mortos, ó pacientíssimo, vieste ao encontro das Mirróforas e em lugar, da tristeza
lhes trouxeste a alegria.
Aos apóstolos manifestaste os sinais de tua vitória,
ó meu Salvador, que dás a vida, e iluminaste a criação, ó amigo do homem.
Eis porque o universo se rejubila pelo teu despertar
de entre os mortos, ó misericordiosíssimo.
Evangelho: Jo 21, 15-25
Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo,
segundo o Evangelista São João.
Tendo eles comido, Jesus perguntou
a Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes? Respondeu ele: Sim,
Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta os meus cordeiros. Perguntou-lhe
outra vez: Simão, filho de João, amas-me? Respondeu-lhe: Sim, Senhor, tu sabes que
te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta os meus cordeiros. Perguntou-lhe pela terceira
vez: Simão, filho de João, amas-me? Pedro entristeceu-se porque lhe perguntou pela
terceira vez: Amas-me?, e respondeu-lhe: Senhor, sabes tudo, tu sabes que te amo.
Disse-lhe Jesus: Apascenta as minhas ovelhas. Em verdade, em verdade
te digo: quando eras mais moço, cingias-te e andavas aonde querias. Mas, quando
fores velho, estenderás as tuas mãos, e outro te cingirá e te levará para onde não
queres. Por estas palavras, ele indicava o gênero de morte com que havia de glorificar
a Deus. E depois de assim ter falado, acrescentou: Segue-me! Voltando-se Pedro,
viu que o seguia aquele discípulo que Jesus amava (aquele que estivera reclinado
sobre o seu peito, durante a ceia, e lhe perguntara: Senhor, quem é que te há de
trair?). Vendo-o, Pedro perguntou a Jesus: Senhor, e este? Que será dele?
Respondeu-lhe Jesus: Que te importa se eu quero que ele fique até que eu
venha? Segue-me tu. Correu por isso o boato entre os irmãos de que
aquele discípulo não morreria. Mas Jesus não lhe disse: Não morrerá, mas: Que te
importa se quero que ele fique assim até que eu venha? Este é o discípulo que dá
testemunho de todas essas coisas, e as escreveu. E sabemos que é digno de fé o seu
testemunho. Jesus fez ainda muitas outras coisas. Se fossem escritas
uma por uma, penso que nem o mundo inteiro poderia conter os livros que se deveriam
escrever.
Exapostilário – 11º:
Quando o Senhor depois de sua ressureição perguntou
à Pedro três vezes: “Tu me amas?”, e o investiste pastor de suas ovelhas; e este,
ao ver o outro Discípulo que Jesus amava seguindo-lhe perguntou ao Senhor, dizendo:
“E quanto a este?” E lhe respondeu: “Se eu quero que este permaneça, que te importa,
Pedro querido?”
Theotokion – 11º:
Que surpreendente mistério! Que grande milagre! Pois
a morte foi aniquilada pelo reino. Quem não louva, e se prosterna diante de tua
ressureição, oh Verbo, e ante a Mãe de Deus que te engendrou em corpo com pureza?
Por sua intercessão Senhor, salva-nos a todos do Hades.
Laudes - Modo Plagal 4 -
(8º tom):
1
– Esta glória será para todos os Justos.
Senhor,
Tu que te submeteste ao juízo, para ser julgado por Pilatos, não deixaste o Trono
donde estás sentado junto ao Pai, ressuscitaste dentre os mortos livrando o mundo
da escravidão, porque és Piedoso e Amante da humanidade.
2
– Louvai a Deus em seu santuário, louvai na magnificência de seu firmamento!
Senhor,
se os judeus te puseram no sepulcro com morto, os saldados te fizeram guarda como
um rei adormecido. Como a um tesouro de vida te selaram; porem ressuscitaste dando
a imortalidade à nossas almas.
3
– Louvai por suas proezas, louvai conforme Sua imensa grandeza!
Senhor,
nos deste Tua Cruz como arma contra o inimigo, que se atemoriza e treme diante dela
não podendo resistir frente sua força, porque ressuscitou os mortos acabando com
a morte. Por isso nos prosternamos ante Tua Sepultura e Ressureição.
4
– Louvai ao som da trombeta, louvai com saltério e a harpa!
Senhor,
o Anjo que clamou em Tua ressurreição aos guardiões atemorizou, e as mulheres lhes
disse: “Porque buscais ao vivo entre os mortos? Ressuscitou com Deus dando a Vida
ao mundo.”
5
– Louvai com pandeiro e a dança; louvai com cordas e flautas!
Sofreste
sobre a Cruz, oh impassível em Tua divindade, e aceitaste a sepultura de três dias
para livrar-nos da escravidão do inimigo, e dando-nos a Vida com Tua Ressureição,
oh Cristo amante da humanidade.
6
– Louvai com címbalos retumbantes; louvai com címbalos de júbilo. Tudo que respira
louve ao Senhor!
Oh
Cristo, me prosterno ante Tua Ressureição do sepulcro glorificando e louvando; e
com a qual nos libertaste das cadeias do Hades, pois como Deus concedeste ao mundo
a Vida Eterna e a grande misericórdia.
7
– Levanta-Te, Senhor meu e Deus meu, que tua mão se levante e não te esqueças para
sempre de Teus pobres.
Os
transgressores da lei vigiaram Teu sepulcro que continha a vida, junto com os guardas
que o selaram. Porém com Tu és um Deus imortal ressuscitaste Onipotente ao terceiro
dia.
8
– Te confesso, Senhor, como todo meu coração e proclamo todos teus milagres.
Senhor,
quando transpassaste as portas do Hades, as destruíste, e o cativo exclamou dizendo:
“Quem é este que não se julga debaixo da terra, senão aquele que transformou o cárcere
da morte em uma tenda? Este que recebeu morto e atemorizou como Deus?” Oh Salvador
Todo-poderoso, tem piedade de nós.
Eothinon – 11º:
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo.
Ó Salvador quando apareceste ao teu sepulcro, após
a ressureição, concedeste a Simão a missão de pastorear as Tuas ovelhas, renovando
a virtude de caridade, dizendo-lhe: “Pedro se Tu és meu amigo, apascenta, pois,
meus cordeiros e ovelhas”, e ele viu também o seguia outro discípulo, mostrando
seu excessivo amor. Pela Tua ressurreição, Ó Cristo, guarda Teu rebanho dos corruptos.
Theotokion:
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.
Bendita e venerável és Tu, ó Mãe de Deus, em cujo
seio se encarnou Aquele que visitou o inferno, libertando Adão e Eva da maldição,
destruindo a morte e dando a vida a todos nós.
Por isso bendirei o Cristo em qualquer tempo, e sempre
o Seu louvor estará em minha boca (2 vezes).
Ó Senhor, ressuscitado do sepulcro, rompeste os grilhões
do inferno, eliminaste o poder da morte, salvando todos dos laços do inimigo; e
quando apareceste a teus discípulos, os enviaste a evangelizar e, através deles,
deste tua paz ao mundo, tu que és o Único Misericordioso.
Divina Liturgia
Anunciação
- Modo 4:
É hoje o começo da nossa
salvação e a manifestação do mistério eterno.
O Filho de Deus torna-Se
Filho da Virgem e Gabriel anuncia a graça.
Por isso, cantamos com
ele à Mãe de Deus:
“Salve, ó cheia de graça,
o Senhor está contigo!”
Tropário
da Ressurreição – Modo 4 Plagal-(8º tom):
Desceste das alturas, ó misericordioso, e aceitaste
o sepultamento durante três dias, para nos livrar das paixões. Senhor, És nossa
vida e nossa ressurreição, glória a Ti.
Tropário
de Santo Antão – Modo 4:
Imitador do zelo de Elias, pelo teu gênero de vida
e seguindo os retos caminhos do precursor, tu povoaste o deserto e consolidaste
o mundo. Em tuas orações, ó Santo Antônio, nosso Pai, roga a Cristo nosso Deus pela
salvação de nossas almas!
Kondakion – Modo 4 Plagal
- (8º tom):
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo.
Tendo ressuscitado do túmulo deste a vida aos mortos
e levantaste Adão; Eva se regozija com a tua Ressurreição, e exultam de alegria
os confins da terra, ó Misericordioso!
Theotokion – Modo 4 Plagal - (8º tom):
Agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém
Tu, que pela nossa salvação nasceste da Virgem, sofreste
a crucifixão, ó Misericordioso, e com a morte venceste a morte, como Deus, revelando
a Ressurreição; não abandones a nós, criaturas de tuas mãos!
Mostra a tua bondade pela humanidade, atende as preces
da tua Mãe, que roga por nós, ó Misericordioso, e salva, ó Salvador, nosso povo
desolado!
Prokimenon:
Fazei votos ao Senhor nosso Deus e cumpri-os; todos
os que o cercam tragam oferendas.
Deus é conhecido na Judéia, grande é o seu nome em
Israel.
Epístola: Hb 13, 17-21
Leitura
da Epistola de São Paulo aos Hebreus:
Irmãos, obedecei a vossos guias,
sendo-lhes submissos; porque velam por vossas almas como quem há de prestar contas
delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil.
Orai por nós, porque estamos persuadidos de que temos boa consciência, sendo desejosos
de, em tudo, portar-nos corretamente. E com instância vos exorto a que o façais,
para que eu mais depressa vos seja restituído. Ora, o Deus de paz, que pelo sangue
do pacto eterno tornou a trazer dentre os mortos a nosso Senhor Jesus, grande pastor
das ovelhas, vos aperfeiçoe em toda boa obra, para fazerdes a sua vontade, operando
em nós o que perante ele é agradável, por meio de Jesus Cristo, ao qual seja glória
para todo o sempre. Amém.
Aleluia!
Aleluia, aleluia, aleluia!
Vinde, regozijemo-nos no Senhor, cantemos as glórias de Deus, nosso Salvador!
Aleluia, aleluia, aleluia!
Apresentamo-nos
diante d'Ele com louvor, e celebremo-lo com salmos!
Aleluia, aleluia, aleluia!
Evangelho: Lc 17, 12-19
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo,
segundo o Evangelista São Lucas:
Naquele tempo, Jesus estava para
entrar num povoado, quando dez leprosos vieram ao seu encontro. Pararam a certa
distância e gritaram: Jesus, Mestre, tem compaixão de nós! Ao vê-los, Jesus disse:
Ide apresentar-vos aos sacerdotes. Enquanto estavam a caminho, aconteceu que ficaram
curados. Um deles, ao perceber que estava curado, voltou glorificando a Deus em
alta voz; caiu de rosto aos pés de Jesus e Lhe agradeceu. E este era um samaritano.
Então Jesus lhe perguntou: Não foram dez os curados? E os outros nove, onde estão?
Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser este estrangeiro? E disse-lhe:
Levanta-te e vai! Tua fé te salvou.
SINAXE
«O homem atingido pela lepra andará com as vestes
rasgadas, os cabelos em desordem e a barba coberta, gritando: 'Impuro! Impuro!'
Durante todo o tempo em que estiver leproso será impuro; e, sendo impuro, deve ficar
isolado e morar fora do acampamento» [...] (Lev 13, 45-46)
Esta era a situação a que os enfermos de lepra deveriam
se submeter, segundo os códigos religiosos do Templo. Os doentes não tinham outra
identidade além da lepra; a doença vergonhosa que os cobria desestruturava-os socialmente,
fazendo com que fossem marginalizados. Estavam condenados a viver à distância, fora
dos povoados, em bairros afastados do resto da população, não podendo manter contato
com ela, nem assistir às cerimônias religiosas.
Além desta doença terrível, os samaritanos traziam
o jugo do desprezo pelo simples fato de povoarem a região da Samaria, região central
da Palestina. Entre samaritanos e judeus, existia uma forte rivalidade que remontava
ao ano 721 a. C. Neste ano, o imperador Sargão II tomou militarmente a cidade da
Samaria e deportou para a Assíria a mão-de-obra qualificada, povoando a região conquistada
com colonos assírios, como conta o segundo livro dos Reis (cap. 17). Com o decorrer
do tempo, estes colonos se misturaram com a população da Samaria, dando origem a
uma raça mista que, naturalmente, mesclou também as crenças.
Por esta razão a Samaria era considerada pelos judeus
como uma região diferente, com uma população de sangue misturado (por isso impuro)
e sincréticos. Chamar um judeu de «samaritano» era um grave insulto.
Nada, no entanto, incomodava mais ao povo judeu do
que a relação de Jesus com os samaritanos. Esse era um povo odiado pelos judeus.
Suas relações eram tão hostis que o evangelista São João, o Teólogo, se vê obrigado
a explicar: «...os judeus não se davam com os samaritanos» (Jo 4.9). Esta hostilidade
não se enraizava nas diferenças sociais como acontecia nas suas relações com o povo
romano. Não eram diferenças morais como no caso dos publicanos e prostitutas, nem
tampouco diferenças geográficas, como as que nutriam em relação ao resto do mundo
(os gentios). O que tornava essa relação tão amarga eram suas diferenças religiosas.
Parece que nada divide tanto as pessoas quanto suas convicções religiosas.
Este é o panorama encontrado por Jesus, ao passar
pela Samaria e Galiléia. Quando estava para entrar num povoado, dez leprosos vieram
ao seu encontro. Pararam à distância, e gritaram: «Jesus, Mestre, tem compaixão
de nós!» E, ao vê-los, Jesus disse: «Ide apresentar-vos aos sacerdotes'. Enquanto
caminhavam, aconteceu que ficaram curados».
Uma das funções do sacerdote do Templo era diagnosticar
certas enfermidades que, por serem contagiosas, exigiam que o enfermo se retirasse
por um tempo da vida pública para não contagiar outros com sua infecção. Uma vez
curado, este devia apresentar-se ao sacerdote para que lhe desse uma espécie de
certificado de cura que lhe permitisse a reintegração na sociedade, através de um
ritual que exigia o sacrifício de um animal.
Mas o relato do Evangelho não termina com a cura.
«Um deles, ao perceber que estava curado, voltou glorificando a Deus em alta voz;
atirou-se aos pés de Jesus, com o rosto por terra, e Lhe agradeceu. E este era um
samaritano. Então Jesus lhe perguntou: 'Não foram dez os curados? E os outros nove,
onde estão? Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser este estrangeiro?'
E disse-lhe: 'Levanta-te e vai! Tua fé te salvou!'» (Lc 17, 11-17).
A consciência de ter sido curado fez do samaritano
um homem agradecido. Enquanto os outros nove foram cumprir o preceito religioso
de mostrar ao sacerdote sua cura, o samaritano privilegiou a ação de graças e o
louvor. Coube a ele o reconhecimento mais perfeito, pois, liberto de sua enfermidade,
estava livre para manifestar sentimentos de adoração agradecida, ajoelhando-se diante
de Jesus para glorificar a Deus (vv.15-16).
Quando o samaritano não mais viu suas feridas em
seu corpo, seu olhar fixou naquele que o curou. O agradecimento ou ação de graças
brotou, então, de um coração também curado, um coração novo, liberto das feridas
e das chagas, capaz de reconhecer o agir divino e de atitudes concretas de agradecimento.
Um coração contrito e humilde é o que quer o Senhor
nosso Deus e não sacrifícios e holocaustos. O agradecimento brota do coração do
homem simples, humilde e contrito, ciente dos limites que lhe são próprios. Por
isso, nelas Deus se faz morada. O orgulhoso não tem tempo para agradecer, preferindo
mostrar aos outros sua cura externa, ocultando o verdadeiro autor deste prodígio.
Para este será sim necessário oferecer sacrifícios em holocausto, pois não se encontra
liberto da velha lei que oprime. Sua cura exterior se realizou, mas o coração que
carrega o orgulho e a vaidade, continua doente, não se abriu à graça da cura. Para
o samaritano, sua contrição e humildade substituíram qualquer outro sacrifício.
FONTES
DE CONSULTA:
WACH,
Joaquim. Sociologia da Religião. São Paulo: Ed. Paulinas, 1990.
GUTIERREZ,
Gustavo. O Deus da Vida. São Paulo: Ed Loyola, 1990.
S. Antônio, o Grande, anacoreta († 356)
Santo
Antonio nasceu no Egito, por volta do ano 250, em uma família rica e nobre e foi
educado na fé cristã. Aos 18 anos ele perdeu seus pais, ficando órfão com uma irmã
sob sua proteção. Certo dia dirigia-se à Igreja e, enquanto caminhava, pensava nos
Santos Apóstolos, em suas vidas, em como tinham deixado tudo neste mundo para seguir
o Senhor e servi-Lo. Ao entrar na igreja ouviu as palavras do Evangelho: «Se queres
ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no
céu; e vem, e segue-me» (Mt 19, 21). Estas palavras impressionaram Antonio de tal
forma como se fossem faladas pelo Senhor a ele pessoalmente. Pouco tempo depois,
Antonio renunciou a sua parte da herança em favor dos pobres de sua cidade, mas
não sabia com quem poderia deixar sua irmã. Preocupado com isso, foi novamente à
igreja e lá, novamente escuta as palavras do Salvador, como se lhe falasse diretamente:
« Não vos inquieteis, pois, pelo dia amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si
mesmo. Basta a cada dia o seu mal» (Mt 6, 34). Antonio confiou a guarda de sua irmã
a algumas conhecidas virgens cristãs e deixou a cidade para viver em solidão e servir
unicamente a Deus.
O
afastamento de Santo Antonio do mundo não aconteceu de repente, mas de forma gradual.
No início ele passou a viver nos arredores da cidade, na casa de um piedoso eremita,
já com idade avançada, e procurava imitá-lo em sua vida. Santo Antonio também visitava
outros eremitas que viviam nos arredores da cidade, e seguia seus conselhos. Já
nesta época, ele era tão conhecido por seus esforços espirituais, que o chamavam
de «amigo de Deus». Então ele decidiu-se então mudar-se para um lugar mais distante.
Convidou o velho ermitão para acompanhá-lo. Como o ermitão tivesse se recusado,
despediu-se e partiu instalando-se em uma caverna distante. Ocasionalmente, algum
amigo trazia-lhe comida. Finalmente, Santo Antonio afastou-se dos lugares habitados;
cruzou o Nilo e se estabeleceu nas ruínas de uma fortificação militar. Levou com
ele uma reserva de pão para seis meses, passando depois a receber alimentos de seus
amigos através de uma abertura no teto.
É
impossível imaginar quantas tentações suportou e quanta luta teve de enfrentar este
grande eremita. Ele sofria de fome e sede, frio e calor. Mas a tentação mais terrível
que um ermitão pode enfrentar, nas palavras do próprio Antonio, é a nostalgia do
mundo e a desordem emocional. A tudo isso se acrescente os horrores e as tentações
do demônio. Frequentemente, o Devoto Santo ficava sem forças e prestes a cair em
desânimo. Então se apresentava a ele o próprio Senhor ou um anjo enviado por Ele
para fortalecê-lo. «Onde estavas, Santo Jesus, por que não vieste mais cedo para
acabar com meu sofrimento?» Implorava Antonio ao Senhor, quando, após uma terrível
provação lhe apareceu o Senhor. «Eu estava aqui mesmo, respondeu o Senhor, e esperava
ver teu esforço espiritual». Certa vez, durante uma luta terrível com seus pensamentos,
Antonio gritou: «Senhor, eu quero me salvar, mas meus pensamentos não me deixam
fazê-lo!» De repente, ele viu que alguém, que se parecia com ele, trabalhava sentado
em uma cadeira. Então, se levantou e rezou, e depois seguiu trabalhando. «Faça o
mesmo e te salvarás!» Disse o Anjo do Senhor.
Já
fazia 20 anos que Antonio vivia em solidão, recluso, quando alguns amigos, descobrindo
onde estava, vieram ao seu encontro planejando permanecer com ele. Por um longo
tempo ficaram batendo na porta, suplicando a Antonio que deixasse sua reclusão voluntária.
Finalmente, quando pensavam arrombar a porta, ela se abriu e saiu Antonio. Eles
ficaram surpresos de não encontrar nele qualquer vestígio de fadiga, embora tivesse
se submetido a duras provas. A paz celestial reinava em sua alma e refletia em seu
rosto. Tranquilo, moderado e muito amável com todos, este ancião se tornou logo
o pai e mestre de muitos. O deserto recebeu vida. Por todos os lados da montanha
apareciam os refúgios dos monges. Muita gente cantava, estudava, fazia jejum, rezava,
trabalhava e ajudava aos pobres Santo Antonio não impôs aos seus alunos as regras
especiais para a vida monástica. Ele estava preocupado apenas em fortalecer neles
um devoto estado de ânimo, e lhes inspirava a fidelidade à vontade de Deus, a oração,
a renúncia a todas as coisas terrenas e o trabalho incessante. Mas a vida no deserto
entre as pessoas, pesava demais para Santo Antonio, e ele começou a procurar um
novo isolamento. «Para onde queres fugir?» Ouviu de uma voz do céu, quando, na costa
do rio Nilo, ele estava esperando o barco para se afastar para longe do povo. «Alta
Tebaida», disse Antonio. Mas a mesma voz respondeu: «Então, estás planejando ir
para o alto da Tebaida ou para baixo, na Bucolia; pois não encontrarás tranquilidade
em nenhum desses lugares. Vá para o interior do deserto – assim se chamava o deserto
localizado perto do Mar Vermelho. Então Antonio se dirigiu para lá, seguindo uma
caravana.
Depois
de caminhar por três dias, encontrou uma alta montanha desabitada, com uma fonte
e algumas palmeiras no vale. Ali se instalou., começando a cultivar uma pequena
área, de modo que ninguém precisasse mais lhe trazer pão. Ocasionalmente, visitava
os eremitas. Um camelo lhe levava pão e água para manter suas forças durante essas
difíceis viagens pelo deserto. No entanto, os admiradores de Santo Antonio, também
descobriram este seu último refúgio. Começou então a chegar a muitas gentes que
procurava por suas orações e conselhos. Traziam-lhe seus enfermos, e ele os curava
com suas orações.
Já
havia se passado quase 70 anos desde que Santo Antonio começou a viver no deserto.
Involuntariamente, um pensamento arrogante começou a confundi-lo. Pensava que era
o mais antigo eremita que vivia no deserto. Ele pediu a Deus para que afastasse
esse pensamento e teve uma revelação de que havia um ermitão que havia se instalado
no deserto antes dele e que ainda estava servindo a Deus. Na manhã seguinte, levantou-se
Antonio muito cedo e foi em busca deste eremita desconhecido. Caminhou durante todo
o dia, sem encontrar qualquer pessoa, com exceção de alguns animais que viviam no
deserto. Diante dele se entendia a grandeza infinita do deserto, mas ele não perdia
a esperança. Na manhã seguinte, bem cedo, ele prosseguiu seu caminho. De repente,
viu um lobo correndo em direção a um córrego. Santo Antonio se aproximou do riacho
e viu uma caverna ao lado dele. Enquanto se aproximava, a porta da caverna se fechou.
Durante meio dia Santo Antonio passou diante daquela porta suplicando ao ancião
que mostrasse seu rosto. Finalmente, a porta se abriu, saindo por ela um velho grisalho.
Este homem era São Paulo de Tebas. Ele vivia no deserto há cerca de 90 anos. Depois
de uma saudação fraterna, Paulo lhe perguntou como estava a humanidade. Quem estava
governando? Se ainda existiam idólatras? O fim da perseguição e o triunfo do cristianismo
no Império Romano foi uma notícia muito agradável para Paulo. Ao contrário, o surgimento
do arianismo lhe foi uma notícia muito amarga. Enquanto conversavam, apareceu um
corvo que lhe deixou um pão. «Quão generoso e misericordioso é o Senhor!» exclamou
Paulo: «Por muitos anos ele me envia metade de um pão e agora, graças a sua visita,
ele me enviou um pão inteiro». Na manhã seguinte, Paulo confessou a Antonio que
muito em breve ele deveria deixar este mundo. Por isso pediu a Antonio para que
lhe trouxesse a túnica do Bispo Atanásio (famoso por sua luta contra o arianismo),
para que seu corpo fosse coberto com ela. Antonio foi muito depressa para satisfazer
o desejo deste santo ancião. Voltou ao seu deserto muito animado e, quando os irmãos
monges lhe perguntavam sobre a razão da túnica, respondia: «Eu me considerava um
monge e sou um pecador e!» «Eu vi Elias, vi João, vi Paulo no Paraíso!» E quando
estava chegando ao lugar onde São Paulo vivia, viu como ele ia subindo ao céu, entre
muitos anjos, profetas e apóstolos. «Paulo, por que não me esperaste?» Gritou Antonio.
«Tão tarde eu te conheci e tão cedo te vás embora!» No entanto, ao entrar na caverna,
encontrou Paulo ajoelhado, rezando. Antonio também se ajoelhou e começou a rezar.
Só depois de várias horas de oração se deu conta de que Paulo já não se movia, pois
estava morto. Então, Antônio lavou piedosamente o corpo do santo e envolveu seu
corpo na túnica de Santo Atanásio. De repente, apareceram dois leões que cavaram
com suas garras uma tumba suficientemente profunda, onde Antônio enterrou o corpo
do santo eremita.
Santo
Antonio morreu com idade já bastante avançada (106 anos) no ano 356, e por seus
esforços espirituais mereceu ser chamado de o Grande. Foi o fundador da vida eremítica,
que consiste em que vários eremitas vivam em celas separadas, longe um do outro
e sob a direção de um Aba (que em hebraico significa pai). A vida dos eremitas resumia-se
em oração, jejum e trabalho. Vários eremitas reunidos sob um Aba constituíam uma
Lavra. Mas, enquanto Santo Antonio ainda vivia neste mundo, surgiu outro estilo
de vida monástica. Eles se uniam em comunidades, trabalhando juntos, cada um segundo
suas capacidades. Também compartilhavam a refeição e eram subordinados às mesmas
regras. Estas comunidades foram chamadas comunidades monásticas ou monastérios.
Os Abbas dessas comunidades passaram a se denominar arquimandritas. O fundador da
vida comunitária dos monges foi São Pacômio, o Grande.
Tradução e publicação
neste site
com permissão
de: Ortodoxia.org
Trad.: Pe. André
Tropário
(4º tom)
Imitador
do zelo de Elias, pelo teu gênero de vida
e
seguindo os retos caminhos do precursor,
tu
povoaste o deserto e consolidaste o mundo.
Em
tuas orações, ó Santo Antônio, nosso Pai,
roga
a Cristo nosso Deus pela salvação de nossas almas!
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Reverendo Ecônomo Padre Emanuel Sofoulis
Editoração e Diagramação
Antonio José
Atualização da Página na
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