PATRIARCADO
ECUMÊNICO DE CONSTANTINOPLA
Arquidiocese Ortodoxa Grega
de Buenos Aires e América do Sul
Igreja
Anunciação da Mãe de Deus
SGAN - Quadra 910
- Módulo ‘’B’’ - CEP: 70.790-100 - Brasília-DF
_____________________________________________________________________
Brasília, 13 de março de
2016.
______________________________________________________________________________________________________________________________
«Domingo do Perdão» (ou dos Lacticínios)
(7º antes da Páscoa - Modo Grave)
A expulsão de Adão e Eva do Paraíso.
Memória
da Trasladação das relíquias de S. Nicéforo, Patriarca de Constantinopla (847)
Neste dia realiza-se, nas igrejas ortodoxas, um rito especial
durante o qual todos, começando pelos sacerdotes, pedem perdão uns aos outros pelas
ofensas cometidas, intencionais ou não. A Quaresma é um tempo de intensa luta contra
o pecado e é muito importante começar o jejum com uma consciência limpa, sem o peso
de saber que estamos em dívida moral com alguém. O Evangelho nos diz que, se não
perdoarmos aos outros as suas faltas, o Pai também não nos perdoará as nossas. Neste
dia, vamos à Igreja para pôr em prática estas palavras, aproximando-nos uns dos
outros e pedindo perdão. E ouviremos a resposta tradicional: «Deus perdoará! » Com
o perdão, começamos o caminho rumo ao renascimento espiritual, e o Senhor nos ajudará
a dar este primeiro passo. «Abençoai e perdoai-me, pais, irmãos e irmãs! »
Matinas
Tropário – Modo Plagal 4
- (8º tom):
Desceste das alturas, ó misericordioso, e aceitaste
o sepultamento durante três dias, para nos livrar das paixões. Senhor, És nossa
vida e nossa ressurreição, glória a Ti.
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo,
Desceste das alturas, ó misericordioso, e aceitaste
o sepultamento durante três dias, para nos livrar das paixões. Senhor, És nossa
vida e nossa ressurreição, glória a Ti.
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.
Theotokion:
Tu, que por nossa salvação, nasceste de uma virgem
e padeceste a crucificação, ó boníssimo por Tua morte, despojaste a morte, Tu que
é Deus, nos revelaste a ressurreição, não desprezes aqueles que a Tua mão criou.
Manifesta a Tua misericórdia, ó amigo do homem; aceita as preces daqueles que deste
a Luz e salva os desesperados, ó nosso Salvador.
Katisma – Modo Plagal 4 -
(8º tom):
1ª Katisma:
Oh Vida de todos! Ressuscitaste dentre os mortos.
O Anjo resplandecente se dirigiu às mulheres, dizendo: “Deixai de chorar e anunciai
aos Apóstolos louvando e proclamando que ressuscitou Cristo, o Senhor, que se alegrou
como Deus em salvar o gênero humano!”
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo.
Verdadeiramente ressuscitou do sepulcro e ordenaste
as piedosas mulheres que anunciassem aos Apóstolos a Ressurreição, como está escrito.
Pedro correu ao sepulcro e ao ver a Luz na tumba, se estremeceu e viu o sudário,
o qual era impossível que vê-lo na obscuridade. Creu e correu exclamando: “Glória
a Ti, Cristo Deus Salvador nosso, porque nos salvou, sendo Tu em verdade o reflexo
do Pai!”
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.
Theotokion:
Louvemos a quem é a Arca e a Porta celestial; a Montanha
Santíssima e a Nuvem luminosa; a escada celeste e o Paraiso flante; a Salvadora
de Eva e Mulher única do universo; porque por seu meio se chegou a cabo a salvação
de todo mundo dos pecados de outrora. Por isso nos dirigimos a ela rogando-lhe:
Intercede ante teu filho e teu Deus, para que nos conceda o perdão dos pecados nossos
que nos prosternamos com boa fé ante teu Santíssimo parto.
2ª Katisma:
Oh Salvador, os homens selaram Teu sepulcro e o anjo
retirou a pedra da porta da tumba; as mulheres viram tua ressureição dentre os mortos
evangelizando a Teus discípulos em Sión, oh Vida de todos, e desataste as cadeias
da morte, Senhor glória a ti.
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espirito Santo.
Quando as mulheres chegaram ao sepulcro com os aromas
do enterro, escutaram desde o sepulcro uma voz angelical que dizia: Deixai as lágrimas
e recebei a alegria em vez de tristeza clamando e bradando que Cristo é Senhor ressuscitado
e se alegrou como Deus em salvar o gênero humano!
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
Theotokion:
Oh cheia de graça, todo universo se alegra em ti, os
coros angelicais e o gênero humano, oh Templo Santíssimo e Paraíso falante; Orgulho
da Virgindade que de ti foi engendrado o Deus, que se fez menino e é nosso Deus
antes dos séculos. Ele fez de seu seio trono, e tornou teu ventre mais amplo que
os céus. Por isso, cheia de graça, todas as gerações contigo se alegram e te glorificam.
Ypakoí – Modo Plagal 4 -
(8º tom):
Obediência:
As Mirróforas chegaram ao sepulcro do Doador da Vida
buscando o Imortal entre os mortos. Receberam o anuncio do Anjo, e anunciaram aos
Apóstolos que o Senhor Havia ressuscitado dando ao mundo a grande misericórdia.
Anabtmo:
1ª Antífona:
Desde a minha juventude o inimigo me está provando e
com seus atrativos me está queimando; porém eu, apoiado em Ti o vencerei.
Os que odeiam a Sion será como o pasto antes de ser
seco, porque Cristo com a foice do sofrimento cortará seus pescoços.
Glória ao Pai , ao
Filho e ao Espírito Santo, agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.
Pelo Espírito
Santo todos vivem. Ele é Luz de Luz, Grande Deus; por isso o louvamos com o Pai
e o Verbo.
2ª Antífona:
Que se cubra meu coração humilde com teu temor, para que não ensoberbeça
e depois lhe humildes, oh Todo Piedoso.
Quem se apoia no Senhor não terá temor quando Ele julgar
a todos com o fogo dos sofrimentos.
Glória ao Pai , ao
Filho e ao Espírito Santo, agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.
Pelo Espírito Santo, tudo é divinizado vê e fala
do futuro e faz milagres celestiais, porque canta há um só Deus, Trino e Uno, pois
a Divindade sendo Três Luzes está unificada em um só Senhorio.
Prokimenon:
O Senhor vosso Deus, reinará para sempre, ó Sião,
de geração em geração. (2 vezes).
Stichos:
Ó minha alma, louvai o Senhor.
O Senhor vosso Deus, reinará para sempre, ó Sião,
de geração em geração.
Kondakion
– Modo 4 Plagal- (8º tom):
Tu Te elevaste do túmulo e ressuscitaste dos mortos,
elevaste Adão, Eva se rejubila em Tua ressurreição e as extremidades do mundo celebram
teu despertar de entre os mortos, ó misericordiosissimo.
Ikós:
Despojaste os palácios dos infernos e ressuscitaste
dos mortos, ó pacientíssimo, vieste ao encontro das mirróforas e em lugar, da tristeza
lhes trouxeste a alegria.
Aos apóstolos manifestaste os sinais de tua vitória,
ó meu Salvador, que dás a vida, e iluminaste a criação, ó amigo do homem.
Eis porque o universo se rejubila pelo teu despertar
de entre os mortos, ó misericordiosíssimo.
Evangelho: Jo 20, 11-18
Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo,
segundo o Evangelista São João.
Naquele tempo, Maria, ficou à entrada do sepulcro,
chorando. Enquanto chorava, curvou-se para olhar dentro do sepulcro e viu dois anjos
vestidos de branco, sentados onde estivera o corpo de Jesus, um à cabeceira e o
outro aos pés. Eles lhe perguntaram: "Mulher, por que você está chorando? "
"Levaram embora o meu Senhor", respondeu ela, "e não sei onde o puseram".
Nisso ela se voltou e viu Jesus ali, em pé, mas não o reconheceu. Disse ele: "Mulher,
por que está chorando? Quem você está procurando? " Pensando que fosse o jardineiro,
ela disse: "Se o senhor o levou embora, diga-me onde o colocou, e eu o levarei".
Jesus lhe disse: "Maria! " Então, voltando-se para ele, Maria exclamou
em aramaico: "Rabôni! " (que significa Mestre). Jesus disse: "Não
me segure, pois ainda não voltei para o Pai. Vá, porém, a meus irmãos e diga-lhes:
Estou voltando para meu Pai e Pai de vocês, para meu Deus e Deus de vocês".
Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos: "Eu vi o Senhor! " E contou
o que ele lhe dissera.
Exapostilário – 8º:
Quando Maria viu dois anjos dentro do túmulo, admirou-Se
e não reconheceu Jesus; pensando ser Ele o jardineiro, perguntou-Lhe: “Senhor, aonde
puseste o corpo de Cristo?”. Quando Ele A chamou, reconheceu ser logo o Salvador
e ouviu a Sua recomendação: “Não Me toques, porque Eu ainda vou a Meu Pai, mas diga
o que viu aos Meus irmãos”.
Theotokion – 8º:
Tu, que por nossa salvação, nasceste de uma virgem
e padeceste a crucificação, ó boníssimo, por Tua morte despojaste a morte; Tu que
és Deus, nos revelaste a ressurreição. Não desprezes aqueles que Tua mão criou e
manifesta a Tua misericórdia, ó amigo do homem. Aceita as preces daquele, a quem
deste a Luz e salva os desprezados, ó nosso Salvador.
Laudes - Modo Plagal 4 -
(8º tom):
1
– Esta glória será para todos os Justos.
Senhor,
Tu que te submeteste ao juízo, para ser julgado por Pilatos, não deixaste o Trono
donde estás sentado junto ao Pai, ressuscitaste dentre os mortos livrando o mundo
da escravidão, porque és Piedoso e Amante da humanidade.
2
– Louvai a Deus em seu santuário, louvai na magnificência de seu firmamento!
Senhor,
se os judeus te puseram no sepulcro com morto, os saldados te fizeram guarda como
um rei adormecido. Como a um tesouro de vida te selaram; porem ressuscitaste dando
a imortalidade à nossas almas.
3
– Louvai por suas proezas, louvai conforme Sua imensa grandeza!
Senhor,
nos deste Tua Cruz como arma contra o inimigo, que se atemoriza e treme diante dela
não podendo resistir frente sua força, porque ressuscitou os mortos acabando com
a morte. Por isso nos prosternamos ante Tua Sepultura e Ressureição.
4
– Louvai ao som da trombeta, louvai com saltério e a harpa!
Senhor,
o Anjo que clamou em Tua ressurreição aos guardiões atemorizou, e as mulheres lhes
disse: “Porque buscais ao vivo entre os mortos? Ressuscitou com Deus dando a Vida
ao mundo.”
5
– Louvai com pandeiro e a dança; louvai com cordas e flautas!
Sofreste
sobre a Cruz, oh impassível em Tua divindade, e aceitaste a sepultura de três dias
para livrar-nos da escravidão do inimigo, e dando-nos a Vida com Tua Ressureição,
oh Cristo amante da humanidade.
6
– Louvai com címbalos retumbantes; louvai com címbalos de júbilo. Tudo que respira
louve ao Senhor!
Oh
Cristo, me prosterno ante Tua Ressureição do sepulcro glorificando e louvando; e
com a qual nos libertaste das cadeias do Hades, pois como Deus concedeste ao mundo
a Vida Eterna e a grande misericórdia.
7
– Levanta-Te, Senhor meu e Deus meu, que tua mão se levante e não te esqueças para
sempre de Teus pobres.
Os
transgressores da lei vigiaram Teu sepulcro que continha a vida, junto com os guardas
que o selaram. Porém com Tu és um Deus imortal ressuscitaste Onipotente ao terceiro
dia.
8
– Te confesso, Senhor, como todo meu coração e proclamo todos teus milagres.
Senhor,
quando transpassaste as portas do Hades, as destruíste, e o cativo exclamou dizendo:
“Quem é este que não se julga debaixo da terra, senão aquele que transformou o cárcere
da morte em uma tenda? Este que recebeu morto e atemorizou como Deus?” Oh Salvador
Todo-poderoso, tem piedade de nós.
Eothinon – 8º:
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo.
As sentidas lágrimas de Maria Madalena não foram
vertidas em vão. Veja como ela aprendeu dos anjos, ó Jesus, a olhar a Tua face;
mas como ela era uma fraca mulher, estava pensando em coisas mundanas, foi impedida
de tocar em Ti, ó Senhor, mas foi mandada a anunciar a Tua ressurreição aos Teus
discípulos, declarando a Tua ascensão para a perpétua herança Paternal. Concede-nos,
como foi a ela concedido, de ver o Teu aparecimento, ó Senhor Deus.
Theotokion:
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.
Bendita e venerável és Tu, ó Mãe de Deus, em cujo
seio se encarnou Aquele que visitou o inferno, libertando Adão e Eva da maldição,
destruindo a morte e dando a vida a todos nós.
Por isso bendirei o Cristo em qualquer tempo, e sempre
o Seu louvor estará em minha boca (2 vezes).
Tropário:
Ó Senhor, ressuscitado do sepulcro, rompeste os grilhões
do inferno, eliminaste o poder da morte, salvando todos dos laços do inimigo; e
quando apareceste a teus discípulos, os enviaste a evangelizar e, através deles,
deste tua paz ao mundo, tu que és o Único Misericordioso.
Divina Liturgia
Anunciação
- Modo 4:
É hoje o começo da nossa
salvação e a manifestação do mistério eterno.
O Filho de Deus torna-Se
Filho da Virgem e Gabriel anuncia a graça.
Por isso, cantamos com
ele à Mãe de Deus:
“Salve, ó cheia de graça,
o Senhor está contigo!”
Tropário
da Ressurreição – Modo 4 Plagal- (8º tom):
Desceste das alturas, ó misericordioso, e aceitaste
o sepultamento durante três dias, para nos livrar das paixões. Senhor, És nossa
vida e nossa ressurreição, glória a Ti.
Kondakion – Modo 4 Plagal
- (8º tom):
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo.
Tendo ressuscitado do túmulo deste a vida aos mortos
e levantaste Adão; Eva se regozija com a tua Ressurreição, e exultam de alegria
os confins da terra, ó Misericordioso!
Theotokion – Modo 4 Plagal - (8º tom):
Agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém
Tu, que pela nossa salvação nasceste da Virgem, sofreste
a crucifixão, ó Misericordioso, e com a morte venceste a morte, como Deus, revelando
a Ressurreição; não abandones a nós, criaturas de tuas mãos!
Mostra a tua bondade pela humanidade, atende as preces
da tua Mãe, que roga por nós, ó Misericordioso, e salva, ó Salvador, nosso povo
desolado!
Kondakion Próprio:
Tu, Senhor, Orientador para a sabedoria e Doador
da prudência, Mestre dos ignorantes e amparo dos desafortunados, fortalece meu coração
e dota-o de compreensão. Dá-me o poder da palavra, ó Verbo do Pai, pois não deterei
meus lábios para te aclamar: «Tem piedade de mim, ó Misericordioso!»
Prokimenon:
Fazei votos ao Senhor nosso Deus e cumpri-os; todos
os que o cercam tragam oferendas.
Deus é conhecido na Judéia, grande é o seu nome em
Israel.
Epístola: Rm 13,11-14,4
Leitura
da Epístola do Apostolo São Paulo aos Romanos:
Irmãos, Isso é tanto mais
importante porque sabeis em que tempo vivemos. Já é hora de despertardes do sono.
A salvação está mais perto do que quando abraçamos a fé. A noite vai adiantada,
e o dia vem chegando. Despojemo-nos das obras das trevas e vistamo-nos das armas
da luz. Comportemo-nos honestamente, como em pleno dia: nada de orgias, nada de
bebedeira; nada de desonestidades nem dissoluções; nada de contendas, nada de ciúmes.
Ao contrário, revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não façais caso da carne nem
lhe satisfaçais aos apetites. Acolhei aquele que é fraco na fé, com bondade, sem
discutir as suas opiniões. Um crê poder comer de tudo; outro, que é fraco, só come
legumes. Quem come de tudo não despreze aquele que não come. Quem não come não julgue
aquele que come, porque Deus o acolhe do mesmo modo. Quem és tu, para julgares o
servo de outros? Que esteja firme, ou caia, isto é lá com o seu senhor. Mas ele
estará firme, porque poderoso é Deus para o sustentar.
Aleluia!
Aleluia, aleluia, aleluia!
Vinde, regozijemo-nos no Senhor,
cantemos as glórias de Deus, nosso Salvador!
Aleluia, aleluia, aleluia!
Apresentamo-nos diante d'Ele com louvor, e celebremo-lo
com salmos!
Aleluia, aleluia, aleluia!
Evangelho: Mt 6, 14-21
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo,
segundo o Evangelista São Mateus:
Naquele tempo, o Senhor disse:
«Se vós perdoardes aos outros as suas faltas, vosso Pai que está nos céus também
vos perdoará. Mas, se vós não perdoardes aos outros, vosso Pai também não perdoará
as vossas faltas. Quando jejuardes, não fiqueis de rosto triste como os hipócritas.
Eles desfiguram o rosto, para figurar aos outros que estão jejuando. Em verdade
vos digo: já receberam sua recompensa. Tu, porém, quando jejuares, perfuma a cabeça
e lava o rosto, para que os homens não vejam que estás jejuando, mas somente teu
Pai, que está no escondido. E o teu Pai, que vê no escondido, te dará a recompensa.
Não ajunteis tesouros aqui na terra, onde a traça e a ferrugem destroem e os ladrões
assaltam e roubam. Ao contrário, ajuntai para vós tesouros no céu, onde a traça
e a ferrugem não destroem, nem os ladrões assaltam e roubam. Pois onde estiver o
teu tesouro, aí estará também o teu coração».
SINAXE
Pe. Paulo A. Tamanini
A Quaresma, é o tempo em que a Graça de Deus se manifesta
com maior intensidade ante nossos olhos, uma vez que a liturgia, as orações, os
jejuns e a penitência contribuem muito para que sintamos em nossas vidas a misericórdia
divina, o perdão que nos é dado e um convite à conversão contínua. É o tempo da
espera, da meditação, do silêncio. É um tempo onde o exterior torna-se secundário
diante da realeza que se descobre ao penetrarmos nossa interioridade. É tempo de
parar, de refletir, de meditar, de silenciar os ruídos do dia-a-dia, para ouvir
atentamente o que o Senhor nos fala.
A Quaresma é o tempo do deserto e da ausência. Experienciamos
o vazio, a solidão, o abandono das coisas mundanas, experenciamos a ausência do
barulho e das preocupações que assolam a nossa vida, para nos encontrar conosco
mesmos. É o retiro tão necessário para a edificação de nossa vida espiritual.
«Em cada pedra
vejo um sinal da presença de Deus, e a ausência dos ruídos, que poderiam me afastar
do Senhor. Em cada noite escura me agasalho na proteção do Altíssimo, sentindo apenas
que o Senhor me envolve com sua mão poderosa». (Santo Epifânio, monge e bispo de
Chipre)
O tempo do «deserto» nos torna conscientes de nossa
realidade mais essencial: somos filhos amados de Deus no seu Filho, feitos à imagem
e semelhança, d'Ele, nosso Criador.
A necessidade de recuperarmos esta «imagem e semelhança»
nos inquieta e nos move em direção ao "deserto". Necessitamos nos encontrar
com o Pai e nos identificar com Ele. A Quaresma é o tempo propício para este encontro
que nos faz recuperar a consciência de nossa verdadeira e mais profunda identidade.
Não somos do mundo, mas estamos no mundo, para transformá-lo. Fermento na massa,
como disse Nosso Senhor. Tomar consciência de nossa verdadeira natureza nos faz
pessoas diferentes.
O Perdão é o tema central do Evangelho deste Domingo
que também é conhecido como «Domingo da Abstinência de Laticínios». A Igreja, Mãe
e Mestra, propõe a seus filhos que se abstenham de certos alimentos, não para nos
punir, mas para nos educar, porque nos ama a todos. Uma das grandes dimensões do
amor verdadeiro, além das manifestações singelas de carinho e afeto, é a correção.
A Igreja nos ama como filhos. Amando-nos nos corrige para nos levar à santidade.
Se deixarmos nossas vontades agirem livremente, aos poucos, nos tornaremos seus
escravos. Deixar de comer carne ou produtos derivados do leite não são apenas preceitos,
mas atitudes que podem revelar o quanto somos dominados ou não pelas inclinações
da carne. O excesso de comida ou de bebida «destrói a obra de Deus», nos diz o apóstolo
Paulo. (Rm 14). Na Epístola deste domingo, o mesmo apóstolo nos admoesta:
«Despojemo-nos,
pois, das obras das trevas e nos revistamos das armaduras da luz. Revesti-vos do
Senhor Jesus e não façais caso da carne para satisfazer os apetites». (Rm 13).
O Pai misericordioso está sempre pronto a estender
a todos o perdão divino. No entanto, a condição para merecê-lo, é que também nós
estejamos prontos a estender o mesmo perdão aos nossos irmãos devedores. No gesto
de perdão, revelamos nossa identidade de cristãos, manifestando a misericórdia de
nosso Deus. Perdoar é alcançar o estágio mais elevado do amor pelo inimigo. É o
amor que cura as feridas e restaura nossas dores a partir de dentro. Amar nossos
inimigos, preceito máximo da doutrina de Jesus, é ser capaz de perdoar os que nos
causaram o mal. O perdão substituiu a vingança e a justiça baseada nas mensurações
puramente humanas, pelo amor. O perdão se baseia na lei do Amor, por isso muitas
vezes não é compreendido.
Artur da Távola, teólogo e filósofo da atualidade,
em crônica publicada no jornal O Dia do Rio de janeiro em 28 de março de 2002 com
título: «Como é difícil perdoar!» nos faz uma triste constatação logo no início:
diz o autor: «Pouca gente, mesmo entre cristãos, compreende o sentido profundo do
perdão. A maioria pensa que é forma de anistia do sentimento, ato interno capaz
de compreender o ofensor e desculpá-lo no fundo do coração misericordioso. Este
primeiro degrau do perdão já é difícil de ser galgado. E a propósito da Semana Santa,
quero dizer o seguinte: O verdadeiro sentido da revolução cristã do perdão, porém,
é outro, e bem mais radical: mais que ausência de ódio no coração do ofendido, o
perdão é ação de amor na direção do ofensor. O cristianismo é tão revolucionário
que exige do ser humano não apenas a grandeza de compreender e desculpar o ofensor,
mas a capacidade de amá-lo. Perdoar é perdoar, isto é, "doar amor através (per)
do ofensor».
«Perdoar é doar amor através
do ofensor»
Quem doa amor ao ofensor dá-lhe as condições profundas
de contrição, compunção, compaixão e arrependimento, os quatro caminhos através
dos quais o ser humano pode renascer de si mesmo e das trevas, trocando a morte
pela vida.
Por ser o gesto mais difícil e elevado, o perdão
é a única forma de permitir ao ofensor a entrada de amor no seu coração. Qualquer
forma de cobrança, punição e vingança aferra a crueldade do ofensor e, de certa
forma, fá-lo sentir-se justificado. A doação objetiva e concreta de amor poderá
não ser eficaz, adiante, porém é a única forma através da qual o ofensor tem a chance
de se arrepender sinceramente e reencontrar um caminho que lhe faz falta e é a única
maneira de se redimir, crescer como pessoa, transformar-se.
Ser bom, fazer-se seguidor das religiões, sentir-se
justo, fraterno, solidário, honesto, tudo isso - embora exija esforços - é relativamente
fácil e em geral alimenta o ego. Difícil é perdoar o ofensor, não apenas desculpando-o,
mas sendo capaz de o amar na integralidade do seu ser. Por isso, aliás, o cristianismo
em essência encontra tanta dificuldade de se implantar entre os homens: exige a
descoberta da grandeza humana, da virtude no sentido de exercício da única força
capaz de mudar o mundo: o amor real. Não há revolução maior. Quem é capaz?
Ruben Alves
Extraído do site ecclesia.com.br
13 de Março: Trasladação das relíquias de São Nicéforo, Patriarca de Constantinopla (847)
Este santo é comemorado no dia 02 de junho. Depois que
o imperador Constantino IV e a imperatriz Irene restabeleceram a veneração das santas
imagens, o jovem Nicéforo lhes foi apresentado e, de pronto, por suas grandes qualidades,
conquistou-lhes a simpatia. Na corte, distinguiu-se por sua oposição aos iconoclastas,
tendo sido secretário no Segundo Concílio de Nicéia e comissário imperial. Mesmo
sendo em brilhante orador, filósofo, músico, com todas as qualidades de um estadista,
sempre teve uma forte inclinação para a vida religiosa, isolada, e mesmo estando
envolvido nos assuntos públicos, construiu um monastério num lugar isolado próximo
ao Mar Negro. Após a morte de Tarásios, patriarca de Constantinopla, não foi encontrado
ninguém mais apto a sucedê-lo que Nicéforo. Sendo leigo, houve algumas objeções
à sua eleição, qualificando-a como contrária aos cânones, e só a pedido expresso
do imperador, pode ser persuadido a ser ordenado sacerdote e a aceitar o cargo.
Durante a sua consagração, realizada em 12 de abril, no ano 802, manteve em mãos
o tratado que ele havia escrito em defesa da veneração aos ícones e, no final da
cerimônia, depositou-o ao lado do altar, como uma promessa de que seria sempre defensor
da tradição da Igreja. Não demorou muito tempo até que o novo patriarca tivesse
de enfrentar-se novamente com os que lhe eram hostis. Suas principais obras foram
uma Apologia para o ensino ortodoxo em relação com os santos ícones e outro extenso
tratado em duas partes: a primeira, uma defesa da Igreja contra a acusação de idolatria;
e a segunda, conhecida como «Antiherética», uma refutação aos escritos de Constantino
V sobre as imagens sagradas. Além de vários outros tratados, a maioria sobre a iconoclastia,
deixou duas obras históricas conhecidas como Breviarium e Cronografia; a primeira
é uma breve história do reinado, de Mauricio à Constantino IV e Irene; a outra,
uma crônica com os principais acontecimentos, desde o início do mundo. Na compilação
dos concílios é possível ainda encontrar-se os dezessete cânones de Nicéforo, sendo
que no segundo declara ilícito viajar aos domingos sem necessidade. Em 2 de junho
do ano 828 o santo morreu, e em 13 de março do ano 846, por ordem da Imperatriz
Teodora e do Patriarca São Metódio, os restos mortais de São Nicéforo foram transferidos
da Ilha de Prokenesis para Constantinopla, tendo sido depositado Igreja dos Santos
Apóstolos.
Tradução e publicação
neste site com permissão de www.ortodoxia.org
Trad.: Pe. André
Sperandio
Folheto
Dominical da Igreja Anunciação da Mãe de Deus
Responsável
Reverendo Ecônomo Padre Emanuel Sofoulis
Editoração e Diagramação
Antonio José
Atualização da Página na
internet
Jean Stylianoudakis
Solicite o envio do Boletim Mensagens Cristão-Ortodoxas por e-mail.
Apoio
- Rodrigo Marques – Membro do Coro da Igreja
- Alessandra Sofia Kiametis Wernik – Membro do Coro da Igreja
- Folheto da Comunidade Ortodoxa de São Pedro e São Paulo
Pavuna – Rio de Janeiro – RJ – Brasil
http://comunidadeortodoxaspsp.blogspot.com.br/
Igreja
Anunciação da Mãe de Deus
SGAN
- Quadra 910 - Módulo ‘’B’’ - Asa Norte
Brasília-DF
- CEP: 70.790-100
Telefones (61) 3344-0163 e Celular (61) 9396-1652
Matinas Dominical das 10h às 10h30
Liturgia Dominical das 10h30 às 12h
Nenhum comentário:
Postar um comentário