14 janeiro 2016

12º Domingo de Lucas


PATRIARCADO ECUMÊNICO DE CONSTANTINOPLA
Arquidiocese Ortodoxa Grega de Buenos Aires e América do Sul
Igreja Anunciação da Mãe de Deus
SGAN - Quadra 910 - Módulo ‘’B’’ - CEP: 70.790-100 - Brasília-DF
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Brasília, 17 de janeiro de 2016.
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12º Domingo de Lucas

(33º depois de Pentecostes - Modo Plagal 4)

Comemoração de Santo Antônio, o Grande, anacoreta († 356)


Matinas

Tropário – Modo Plagal 4 - (8º tom):
Desceste das alturas, ó misericordioso, e aceitaste o sepultamento durante três dias, para nos livrar das paixões. Senhor, És nossa vida e nossa ressurreição, glória a Ti.
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo,

Desceste das alturas, ó misericordioso, e aceitaste o sepultamento durante três dias, para nos livrar das paixões. Senhor, És nossa vida e nossa ressurreição, glória a Ti.
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.

Theotokion:
Tu, que por nossa salvação, nasceste de uma virgem e padeceste a crucificação, ó boníssimo por Tua morte, despojaste a morte, Tu que é Deus, nos revelaste a ressurreição, não desprezes aqueles que a Tua mão criou. Manifesta a Tua misericórdia, ó amigo do homem; aceita as preces daqueles que deste a Luz e salva os desesperados, ó nosso Salvador.

Katisma – Modo Plagal 4 - (8º tom):
1ª Katisma:
Oh Vida de todos! Ressuscitaste dentre os mortos. O Anjo resplandecente se dirigiu às mulheres, dizendo: “Deixai de chorar e anunciai aos Apóstolos louvando e proclamando que ressuscitou Cristo, o Senhor, que se alegrou como Deus em salvar o gênero humano!”
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo.

Verdadeiramente ressuscitou do sepulcro e ordenaste as piedosas mulheres que anunciassem aos Apóstolos a Ressurreição, como está escrito. Pedro correu ao sepulcro e ao ver a Luz na tumba, se estremeceu e viu o sudário, o qual era impossível que vê-lo na obscuridade. Creu e correu exclamando: “Glória a Ti, Cristo Deus Salvador nosso, porque nos salvou, sendo Tu em verdade o reflexo do Pai!”
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.

Theotokion:
Louvemos a quem é a Arca e a Porta celestial; a Montanha Santíssima e a Nuvem luminosa; a escada celeste e o Paraiso flante; a Salvadora de Eva e Mulher única do universo; porque por seu meio se chegou a cabo a salvação de todo mundo dos pecados de outrora. Por isso nos dirigimos a ela rogando-lhe: Intercede ante teu filho e teu Deus, para que nos conceda o perdão dos pecados nossos que nos prosternamos com boa fé ante teu Santíssimo parto.

2ª Katisma:
Oh Salvador, os homens selaram Teu sepulcro e o anjo retirou a pedra da porta da tumba; as mulheres viram tua ressureição dentre os mortos evangelizando a Teus discípulos em Sión, oh Vida de todos, e desataste as cadeias da morte, Senhor glória a ti.
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espirito Santo.

Quando as mulheres chegaram ao sepulcro com os aromas do enterro, escutaram desde o sepulcro uma voz angelical que dizia: Deixai as lágrimas e recebei a alegria em vez de tristeza clamando e bradando que Cristo é Senhor ressuscitado e se alegrou como Deus em salvar o gênero humano!
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

Theotokion:
Oh cheia de graça, todo universo se alegra em ti, os coros angelicais e o gênero humano, oh Templo Santíssimo e Paraíso falante; Orgulho da Virgindade que de ti foi engendrado o Deus, que se fez menino e é nosso Deus antes dos séculos. Ele fez de seu seio trono, e tornou teu ventre mais amplo que os céus. Por isso, cheia de graça, todas as gerações contigo se alegram e te glorificam.

Ypakoí – Modo Plagal 4 - (8º tom):
Obediência:
As Mirróforas chegaram ao sepulcro do Doador da Vida buscando o Imortal entre os mortos. Receberam o anuncio do Anjo, e anunciaram aos Apóstolos que o Senhor Havia ressuscitado dando ao mundo a grande misericórdia.

Anabtmo:
1ª Antífona:
Desde a minha juventude o inimigo me está provando e com seus atrativos me está queimando; porém eu, apoiado em Ti o vencerei.

Os que odeiam a Sion será como o pasto antes de ser seco, porque Cristo com a foice do sofrimento cortará seus pescoços.

Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo, agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.

Pelo Espírito Santo todos vivem. Ele é Luz de Luz, Grande Deus; por isso o louvamos com o Pai e o Verbo.

2ª Antífona:
Que se cubra meu coração humilde com teu temor, para que não ensoberbeça e depois lhe humildes, oh Todo Piedoso.

Quem se apoia no Senhor não terá temor quando Ele julgar a todos com o fogo dos sofrimentos.

Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo, agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.

Pelo Espírito Santo, tudo é divinizado vê e fala do futuro e faz milagres celestiais, porque canta há um só Deus, Trino e Uno, pois a Divindade sendo Três Luzes está unificada em um só Senhorio.

Prokimenon:
O Senhor vosso Deus, reinará para sempre, ó Sião, de geração em geração. (2 vezes).

Stichos:
Ó minha alma, louvai o Senhor.
O Senhor vosso Deus, reinará para sempre, ó Sião, de geração em geração.

Kondakion – Modo 4 Plagal-(8º tom):
Tu Te elevaste do túmulo e ressuscitaste dos mortos, elevaste Adão, Eva se rejubila em Tua ressurreição e as extremidades do mundo celebram teu despertar de entre os mortos, ó misericordiosissimo.

Ikós:
Despojaste os palácios dos infernos e ressuscitaste dos mortos, ó pacientíssimo, vieste ao encontro das Mirróforas e em lugar, da tristeza lhes trouxeste a alegria.
Aos apóstolos manifestaste os sinais de tua vitória, ó meu Salvador, que dás a vida, e iluminaste a criação, ó amigo do homem.
Eis porque o universo se rejubila pelo teu despertar de entre os mortos, ó misericordiosíssimo.

Evangelho:                                                                             Jo 21, 15-25
Evangelho de Nosso Senhor Jesus  Cristo, segundo o Evangelista São João.

Tendo eles comido, Jesus perguntou a Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes? Respondeu ele: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta os meus cordeiros. Perguntou-lhe outra vez: Simão, filho de João, amas-me? Respondeu-lhe: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta os meus cordeiros. Perguntou-lhe pela terceira vez: Simão, filho de João, amas-me? Pedro entristeceu-se porque lhe perguntou pela terceira vez: Amas-me?, e respondeu-lhe: Senhor, sabes tudo, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta as minhas ovelhas. Em verdade, em verdade te digo: quando eras mais moço, cingias-te e andavas aonde querias. Mas, quando fores velho, estenderás as tuas mãos, e outro te cingirá e te levará para onde não queres. Por estas palavras, ele indicava o gênero de morte com que havia de glorificar a Deus. E depois de assim ter falado, acrescentou: Segue-me! Voltando-se Pedro, viu que o seguia aquele discípulo que Jesus amava (aquele que estivera reclinado sobre o seu peito, durante a ceia, e lhe perguntara: Senhor, quem é que te há de trair?). Vendo-o, Pedro perguntou a Jesus: Senhor, e este? Que será dele? Respondeu-lhe Jesus: Que te importa se eu quero que ele fique até que eu venha? Segue-me tu. Correu por isso o boato entre os irmãos de que aquele discípulo não morreria. Mas Jesus não lhe disse: Não morrerá, mas: Que te importa se quero que ele fique assim até que eu venha? Este é o discípulo que dá testemunho de todas essas coisas, e as escreveu. E sabemos que é digno de fé o seu testemunho. Jesus fez ainda muitas outras coisas. Se fossem escritas uma por uma, penso que nem o mundo inteiro poderia conter os livros que se deveriam escrever.

Exapostilário – 11º:
Quando o Senhor depois de sua ressureição perguntou à Pedro três vezes: “Tu me amas?”, e o investiste pastor de suas ovelhas; e este, ao ver o outro Discípulo que Jesus amava seguindo-lhe perguntou ao Senhor, dizendo: “E quanto a este?” E lhe respondeu: “Se eu quero que este permaneça, que te importa, Pedro querido?”



Theotokion – 11º:
Que surpreendente mistério! Que grande milagre! Pois a morte foi aniquilada pelo reino. Quem não louva, e se prosterna diante de tua ressureição, oh Verbo, e ante a Mãe de Deus que te engendrou em corpo com pureza? Por sua intercessão Senhor, salva-nos a todos do Hades.

Laudes - Modo Plagal 4 - (8º tom):
1 – Esta glória será para todos os Justos.
Senhor, Tu que te submeteste ao juízo, para ser julgado por Pilatos, não deixaste o Trono donde estás sentado junto ao Pai, ressuscitaste dentre os mortos livrando o mundo da escravidão, porque és Piedoso e Amante da humanidade.

2 – Louvai a Deus em seu santuário, louvai na magnificência de seu firmamento!
Senhor, se os judeus te puseram no sepulcro com morto, os saldados te fizeram guarda como um rei adormecido. Como a um tesouro de vida te selaram; porem ressuscitaste dando a imortalidade à nossas almas.

3 – Louvai por suas proezas, louvai conforme Sua imensa grandeza!
Senhor, nos deste Tua Cruz como arma contra o inimigo, que se atemoriza e treme diante dela não podendo resistir frente sua força, porque ressuscitou os mortos acabando com a morte. Por isso nos prosternamos ante Tua Sepultura e Ressureição.

4 – Louvai ao som da trombeta, louvai com saltério e a harpa!
Senhor, o Anjo que clamou em Tua ressurreição aos guardiões atemorizou, e as mulheres lhes disse: “Porque buscais ao vivo entre os mortos? Ressuscitou com Deus dando a Vida ao mundo.”

5 – Louvai com pandeiro e a dança; louvai com cordas e flautas!
Sofreste sobre a Cruz, oh impassível em Tua divindade, e aceitaste a sepultura de três dias para livrar-nos da escravidão do inimigo, e dando-nos a Vida com Tua Ressureição, oh Cristo amante da humanidade.

6 – Louvai com címbalos retumbantes; louvai com címbalos de júbilo. Tudo que respira louve ao Senhor!
Oh Cristo, me prosterno ante Tua Ressureição do sepulcro glorificando e louvando; e com a qual nos libertaste das cadeias do Hades, pois como Deus concedeste ao mundo a Vida Eterna e a grande misericórdia.



7 – Levanta-Te, Senhor meu e Deus meu, que tua mão se levante e não te esqueças para sempre de Teus pobres.
Os transgressores da lei vigiaram Teu sepulcro que continha a vida, junto com os guardas que o selaram. Porém com Tu és um Deus imortal ressuscitaste Onipotente ao terceiro dia.

8 – Te confesso, Senhor, como todo meu coração e proclamo todos teus milagres.
Senhor, quando transpassaste as portas do Hades, as destruíste, e o cativo exclamou dizendo: “Quem é este que não se julga debaixo da terra, senão aquele que transformou o cárcere da morte em uma tenda? Este que recebeu morto e atemorizou como Deus?” Oh Salvador Todo-poderoso, tem piedade de nós.

Eothinon – 11º:
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo.
Ó Salvador quando apareceste ao teu sepulcro, após a ressureição, concedeste a Simão a missão de pastorear as Tuas ovelhas, renovando a virtude de caridade, dizendo-lhe: “Pedro se Tu és meu amigo, apascenta, pois, meus cordeiros e ovelhas”, e ele viu também o seguia outro discípulo, mostrando seu excessivo amor. Pela Tua ressurreição, Ó Cristo, guarda Teu rebanho dos corruptos.

Theotokion:
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.
Bendita e venerável és Tu, ó Mãe de Deus, em cujo seio se encarnou Aquele que visitou o inferno, libertando Adão e Eva da maldição, destruindo a morte e dando a vida a todos nós.
Por isso bendirei o Cristo em qualquer tempo, e sempre o Seu louvor estará em minha boca (2 vezes).

Ó Senhor, ressuscitado do sepulcro, rompeste os grilhões do inferno, eliminaste o poder da morte, salvando todos dos laços do inimigo; e quando apareceste a teus discípulos, os enviaste a evangelizar e, através deles, deste tua paz ao mundo, tu que és o Único Misericordioso.


Divina Liturgia

Anunciação - Modo 4:
É hoje o começo da nossa salvação e a manifestação do mistério eterno.
O Filho de Deus torna-Se Filho da Virgem e Gabriel anuncia a graça.
Por isso, cantamos com ele à Mãe de Deus:
“Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo!”

Tropário da Ressurreição – Modo 4 Plagal-(8º tom):
Desceste das alturas, ó misericordioso, e aceitaste o sepultamento durante três dias, para nos livrar das paixões. Senhor, És nossa vida e nossa ressurreição, glória a Ti.

Tropário de Santo Antão – Modo 4:
Imitador do zelo de Elias, pelo teu gênero de vida e seguindo os retos caminhos do precursor, tu povoaste o deserto e consolidaste o mundo. Em tuas orações, ó Santo Antônio, nosso Pai, roga a Cristo nosso Deus pela salvação de nossas almas!

Kondakion – Modo 4 Plagal - (8º tom):
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo.
Tendo ressuscitado do túmulo deste a vida aos mortos e levantaste Adão; Eva se regozija com a tua Ressurreição, e exultam de alegria os confins da terra, ó Misericordioso!

Theotokion – Modo 4 Plagal - (8º tom):
Agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém
Tu, que pela nossa salvação nasceste da Virgem, sofreste a crucifixão, ó Misericordioso, e com a morte venceste a morte, como Deus, revelando a Ressurreição; não abandones a nós, criaturas de tuas mãos!
Mostra a tua bondade pela humanidade, atende as preces da tua Mãe, que roga por nós, ó Misericordioso, e salva, ó Salvador, nosso povo desolado!

Prokimenon:
Fazei votos ao Senhor nosso Deus e cumpri-os; todos os que o cercam tragam oferendas.
Deus é conhecido na Judéia, grande é o seu nome em Israel.

Epístola:                                                                                 Hb 13, 17-21
Leitura da Epistola de São Paulo aos Hebreus:


Irmãos, obedecei a vossos guias, sendo-lhes submissos; porque velam por vossas almas como quem há de prestar contas delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil. Orai por nós, porque estamos persuadidos de que temos boa consciência, sendo desejosos de, em tudo, portar-nos corretamente. E com instância vos exorto a que o façais, para que eu mais depressa vos seja restituído. Ora, o Deus de paz, que pelo sangue do pacto eterno tornou a trazer dentre os mortos a nosso Senhor Jesus, grande pastor das ovelhas, vos aperfeiçoe em toda boa obra, para fazerdes a sua vontade, operando em nós o que perante ele é agradável, por meio de Jesus Cristo, ao qual seja glória para todo o sempre. Amém.

Aleluia!
Aleluia, aleluia, aleluia!

Vinde, regozijemo-nos no Senhor, cantemos as glórias de Deus, nosso Salvador!

Aleluia, aleluia, aleluia!
Apresentamo-nos diante d'Ele com louvor, e celebremo-lo com salmos!
Aleluia, aleluia, aleluia!

Evangelho:                                                                             Lc 17, 12-19
Evangelho de Nosso Senhor Jesus  Cristo, segundo o Evangelista São Lucas:

Naquele tempo, Jesus estava para entrar num povoado, quando dez leprosos vieram ao seu encontro. Pararam a certa distância e gritaram: Jesus, Mestre, tem compaixão de nós! Ao vê-los, Jesus disse: Ide apresentar-vos aos sacerdotes. Enquanto estavam a caminho, aconteceu que ficaram curados. Um deles, ao perceber que estava curado, voltou glorificando a Deus em alta voz; caiu de rosto aos pés de Jesus e Lhe agradeceu. E este era um samaritano. Então Jesus lhe perguntou: Não foram dez os curados? E os outros nove, onde estão? Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser este estrangeiro? E disse-lhe: Levanta-te e vai! Tua fé te salvou.


SINAXE

«O homem atingido pela lepra andará com as vestes rasgadas, os cabelos em desordem e a barba coberta, gritando: 'Impuro! Impuro!' Durante todo o tempo em que estiver leproso será impuro; e, sendo impuro, deve ficar isolado e morar fora do acampamento» [...] (Lev 13, 45-46)

Esta era a situação a que os enfermos de lepra deveriam se submeter, segundo os códigos religiosos do Templo. Os doentes não tinham outra identidade além da lepra; a doença vergonhosa que os cobria desestruturava-os socialmente, fazendo com que fossem marginalizados. Estavam condenados a viver à distância, fora dos povoados, em bairros afastados do resto da população, não podendo manter contato com ela, nem assistir às cerimônias religiosas.

Além desta doença terrível, os samaritanos traziam o jugo do desprezo pelo simples fato de povoarem a região da Samaria, região central da Palestina. Entre samaritanos e judeus, existia uma forte rivalidade que remontava ao ano 721 a. C. Neste ano, o imperador Sargão II tomou militarmente a cidade da Samaria e deportou para a Assíria a mão-de-obra qualificada, povoando a região conquistada com colonos assírios, como conta o segundo livro dos Reis (cap. 17). Com o decorrer do tempo, estes colonos se misturaram com a população da Samaria, dando origem a uma raça mista que, naturalmente, mesclou também as crenças.

Por esta razão a Samaria era considerada pelos judeus como uma região diferente, com uma população de sangue misturado (por isso impuro) e sincréticos. Chamar um judeu de «samaritano» era um grave insulto.

Nada, no entanto, incomodava mais ao povo judeu do que a relação de Jesus com os samaritanos. Esse era um povo odiado pelos judeus. Suas relações eram tão hostis que o evangelista São João, o Teólogo, se vê obrigado a explicar: «...os judeus não se davam com os samaritanos» (Jo 4.9). Esta hostilidade não se enraizava nas diferenças sociais como acontecia nas suas relações com o povo romano. Não eram diferenças morais como no caso dos publicanos e prostitutas, nem tampouco diferenças geográficas, como as que nutriam em relação ao resto do mundo (os gentios). O que tornava essa relação tão amarga eram suas diferenças religiosas. Parece que nada divide tanto as pessoas quanto suas convicções religiosas.


Este é o panorama encontrado por Jesus, ao passar pela Samaria e Galiléia. Quando estava para entrar num povoado, dez leprosos vieram ao seu encontro. Pararam à distância, e gritaram: «Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!» E, ao vê-los, Jesus disse: «Ide apresentar-vos aos sacerdotes'. Enquanto caminhavam, aconteceu que ficaram curados».

Uma das funções do sacerdote do Templo era diagnosticar certas enfermidades que, por serem contagiosas, exigiam que o enfermo se retirasse por um tempo da vida pública para não contagiar outros com sua infecção. Uma vez curado, este devia apresentar-se ao sacerdote para que lhe desse uma espécie de certificado de cura que lhe permitisse a reintegração na sociedade, através de um ritual que exigia o sacrifício de um animal.

Mas o relato do Evangelho não termina com a cura. «Um deles, ao perceber que estava curado, voltou glorificando a Deus em alta voz; atirou-se aos pés de Jesus, com o rosto por terra, e Lhe agradeceu. E este era um samaritano. Então Jesus lhe perguntou: 'Não foram dez os curados? E os outros nove, onde estão? Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser este estrangeiro?' E disse-lhe: 'Levanta-te e vai! Tua fé te salvou!'» (Lc 17, 11-17).

A consciência de ter sido curado fez do samaritano um homem agradecido. Enquanto os outros nove foram cumprir o preceito religioso de mostrar ao sacerdote sua cura, o samaritano privilegiou a ação de graças e o louvor. Coube a ele o reconhecimento mais perfeito, pois, liberto de sua enfermidade, estava livre para manifestar sentimentos de adoração agradecida, ajoelhando-se diante de Jesus para glorificar a Deus (vv.15-16).

Quando o samaritano não mais viu suas feridas em seu corpo, seu olhar fixou naquele que o curou. O agradecimento ou ação de graças brotou, então, de um coração também curado, um coração novo, liberto das feridas e das chagas, capaz de reconhecer o agir divino e de atitudes concretas de agradecimento.

Um coração contrito e humilde é o que quer o Senhor nosso Deus e não sacrifícios e holocaustos. O agradecimento brota do coração do homem simples, humilde e contrito, ciente dos limites que lhe são próprios. Por isso, nelas Deus se faz morada. O orgulhoso não tem tempo para agradecer, preferindo mostrar aos outros sua cura externa, ocultando o verdadeiro autor deste prodígio. Para este será sim necessário oferecer sacrifícios em holocausto, pois não se encontra liberto da velha lei que oprime. Sua cura exterior se realizou, mas o coração que carrega o orgulho e a vaidade, continua doente, não se abriu à graça da cura. Para o samaritano, sua contrição e humildade substituíram qualquer outro sacrifício.

FONTES DE CONSULTA:
WACH, Joaquim. Sociologia da Religião. São Paulo: Ed. Paulinas, 1990.
GUTIERREZ, Gustavo. O Deus da Vida. São Paulo: Ed Loyola, 1990.

S. Antônio, o Grande, anacoreta († 356)

Santo Antonio nasceu no Egito, por volta do ano 250, em uma família rica e nobre e foi educado na fé cristã. Aos 18 anos ele perdeu seus pais, ficando órfão com uma irmã sob sua proteção. Certo dia dirigia-se à Igreja e, enquanto caminhava, pensava nos Santos Apóstolos, em suas vidas, em como tinham deixado tudo neste mundo para seguir o Senhor e servi-Lo. Ao entrar na igreja ouviu as palavras do Evangelho: «Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me» (Mt 19, 21). Estas palavras impressionaram Antonio de tal forma como se fossem faladas pelo Senhor a ele pessoalmente. Pouco tempo depois, Antonio renunciou a sua parte da herança em favor dos pobres de sua cidade, mas não sabia com quem poderia deixar sua irmã. Preocupado com isso, foi novamente à igreja e lá, novamente escuta as palavras do Salvador, como se lhe falasse diretamente: « Não vos inquieteis, pois, pelo dia amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal» (Mt 6, 34). Antonio confiou a guarda de sua irmã a algumas conhecidas virgens cristãs e deixou a cidade para viver em solidão e servir unicamente a Deus.

O afastamento de Santo Antonio do mundo não aconteceu de repente, mas de forma gradual. No início ele passou a viver nos arredores da cidade, na casa de um piedoso eremita, já com idade avançada, e procurava imitá-lo em sua vida. Santo Antonio também visitava outros eremitas que viviam nos arredores da cidade, e seguia seus conselhos. Já nesta época, ele era tão conhecido por seus esforços espirituais, que o chamavam de «amigo de Deus». Então ele decidiu-se então mudar-se para um lugar mais distante. Convidou o velho ermitão para acompanhá-lo. Como o ermitão tivesse se recusado, despediu-se e partiu instalando-se em uma caverna distante. Ocasionalmente, algum amigo trazia-lhe comida. Finalmente, Santo Antonio afastou-se dos lugares habitados; cruzou o Nilo e se estabeleceu nas ruínas de uma fortificação militar. Levou com ele uma reserva de pão para seis meses, passando depois a receber alimentos de seus amigos através de uma abertura no teto.



É impossível imaginar quantas tentações suportou e quanta luta teve de enfrentar este grande eremita. Ele sofria de fome e sede, frio e calor. Mas a tentação mais terrível que um ermitão pode enfrentar, nas palavras do próprio Antonio, é a nostalgia do mundo e a desordem emocional. A tudo isso se acrescente os horrores e as tentações do demônio. Frequentemente, o Devoto Santo ficava sem forças e prestes a cair em desânimo. Então se apresentava a ele o próprio Senhor ou um anjo enviado por Ele para fortalecê-lo. «Onde estavas, Santo Jesus, por que não vieste mais cedo para acabar com meu sofrimento?» Implorava Antonio ao Senhor, quando, após uma terrível provação lhe apareceu o Senhor. «Eu estava aqui mesmo, respondeu o Senhor, e esperava ver teu esforço espiritual». Certa vez, durante uma luta terrível com seus pensamentos, Antonio gritou: «Senhor, eu quero me salvar, mas meus pensamentos não me deixam fazê-lo!» De repente, ele viu que alguém, que se parecia com ele, trabalhava sentado em uma cadeira. Então, se levantou e rezou, e depois seguiu trabalhando. «Faça o mesmo e te salvarás!» Disse o Anjo do Senhor.

Já fazia 20 anos que Antonio vivia em solidão, recluso, quando alguns amigos, descobrindo onde estava, vieram ao seu encontro planejando permanecer com ele. Por um longo tempo ficaram batendo na porta, suplicando a Antonio que deixasse sua reclusão voluntária. Finalmente, quando pensavam arrombar a porta, ela se abriu e saiu Antonio. Eles ficaram surpresos de não encontrar nele qualquer vestígio de fadiga, embora tivesse se submetido a duras provas. A paz celestial reinava em sua alma e refletia em seu rosto. Tranquilo, moderado e muito amável com todos, este ancião se tornou logo o pai e mestre de muitos. O deserto recebeu vida. Por todos os lados da montanha apareciam os refúgios dos monges. Muita gente cantava, estudava, fazia jejum, rezava, trabalhava e ajudava aos pobres Santo Antonio não impôs aos seus alunos as regras especiais para a vida monástica. Ele estava preocupado apenas em fortalecer neles um devoto estado de ânimo, e lhes inspirava a fidelidade à vontade de Deus, a oração, a renúncia a todas as coisas terrenas e o trabalho incessante. Mas a vida no deserto entre as pessoas, pesava demais para Santo Antonio, e ele começou a procurar um novo isolamento. «Para onde queres fugir?» Ouviu de uma voz do céu, quando, na costa do rio Nilo, ele estava esperando o barco para se afastar para longe do povo. «Alta Tebaida», disse Antonio. Mas a mesma voz respondeu: «Então, estás planejando ir para o alto da Tebaida ou para baixo, na Bucolia; pois não encontrarás tranquilidade em nenhum desses lugares. Vá para o interior do deserto – assim se chamava o deserto localizado perto do Mar Vermelho. Então Antonio se dirigiu para lá, seguindo uma caravana.

Depois de caminhar por três dias, encontrou uma alta montanha desabitada, com uma fonte e algumas palmeiras no vale. Ali se instalou., começando a cultivar uma pequena área, de modo que ninguém precisasse mais lhe trazer pão. Ocasionalmente, visitava os eremitas. Um camelo lhe levava pão e água para manter suas forças durante essas difíceis viagens pelo deserto. No entanto, os admiradores de Santo Antonio, também descobriram este seu último refúgio. Começou então a chegar a muitas gentes que procurava por suas orações e conselhos. Traziam-lhe seus enfermos, e ele os curava com suas orações.

Já havia se passado quase 70 anos desde que Santo Antonio começou a viver no deserto. Involuntariamente, um pensamento arrogante começou a confundi-lo. Pensava que era o mais antigo eremita que vivia no deserto. Ele pediu a Deus para que afastasse esse pensamento e teve uma revelação de que havia um ermitão que havia se instalado no deserto antes dele e que ainda estava servindo a Deus. Na manhã seguinte, levantou-se Antonio muito cedo e foi em busca deste eremita desconhecido. Caminhou durante todo o dia, sem encontrar qualquer pessoa, com exceção de alguns animais que viviam no deserto. Diante dele se entendia a grandeza infinita do deserto, mas ele não perdia a esperança. Na manhã seguinte, bem cedo, ele prosseguiu seu caminho. De repente, viu um lobo correndo em direção a um córrego. Santo Antonio se aproximou do riacho e viu uma caverna ao lado dele. Enquanto se aproximava, a porta da caverna se fechou. Durante meio dia Santo Antonio passou diante daquela porta suplicando ao ancião que mostrasse seu rosto. Finalmente, a porta se abriu, saindo por ela um velho grisalho. Este homem era São Paulo de Tebas. Ele vivia no deserto há cerca de 90 anos. Depois de uma saudação fraterna, Paulo lhe perguntou como estava a humanidade. Quem estava governando? Se ainda existiam idólatras? O fim da perseguição e o triunfo do cristianismo no Império Romano foi uma notícia muito agradável para Paulo. Ao contrário, o surgimento do arianismo lhe foi uma notícia muito amarga. Enquanto conversavam, apareceu um corvo que lhe deixou um pão. «Quão generoso e misericordioso é o Senhor!» exclamou Paulo: «Por muitos anos ele me envia metade de um pão e agora, graças a sua visita, ele me enviou um pão inteiro». Na manhã seguinte, Paulo confessou a Antonio que muito em breve ele deveria deixar este mundo. Por isso pediu a Antonio para que lhe trouxesse a túnica do Bispo Atanásio (famoso por sua luta contra o arianismo), para que seu corpo fosse coberto com ela. Antonio foi muito depressa para satisfazer o desejo deste santo ancião. Voltou ao seu deserto muito animado e, quando os irmãos monges lhe perguntavam sobre a razão da túnica, respondia: «Eu me considerava um monge e sou um pecador e!» «Eu vi Elias, vi João, vi Paulo no Paraíso!» E quando estava chegando ao lugar onde São Paulo vivia, viu como ele ia subindo ao céu, entre muitos anjos, profetas e apóstolos. «Paulo, por que não me esperaste?» Gritou Antonio. «Tão tarde eu te conheci e tão cedo te vás embora!» No entanto, ao entrar na caverna, encontrou Paulo ajoelhado, rezando. Antonio também se ajoelhou e começou a rezar. Só depois de várias horas de oração se deu conta de que Paulo já não se movia, pois estava morto. Então, Antônio lavou piedosamente o corpo do santo e envolveu seu corpo na túnica de Santo Atanásio. De repente, apareceram dois leões que cavaram com suas garras uma tumba suficientemente profunda, onde Antônio enterrou o corpo do santo eremita.

Santo Antonio morreu com idade já bastante avançada (106 anos) no ano 356, e por seus esforços espirituais mereceu ser chamado de o Grande. Foi o fundador da vida eremítica, que consiste em que vários eremitas vivam em celas separadas, longe um do outro e sob a direção de um Aba (que em hebraico significa pai). A vida dos eremitas resumia-se em oração, jejum e trabalho. Vários eremitas reunidos sob um Aba constituíam uma Lavra. Mas, enquanto Santo Antonio ainda vivia neste mundo, surgiu outro estilo de vida monástica. Eles se uniam em comunidades, trabalhando juntos, cada um segundo suas capacidades. Também compartilhavam a refeição e eram subordinados às mesmas regras. Estas comunidades foram chamadas comunidades monásticas ou monastérios. Os Abbas dessas comunidades passaram a se denominar arquimandritas. O fundador da vida comunitária dos monges foi São Pacômio, o Grande.
Tradução e publicação neste site
com permissão de: Ortodoxia.org
Trad.: Pe. André
Tropário (4º tom)
Imitador do zelo de Elias, pelo teu gênero de vida
e seguindo os retos caminhos do precursor,
tu povoaste o deserto e consolidaste o mundo.
Em tuas orações, ó Santo Antônio, nosso Pai,
roga a Cristo nosso Deus pela salvação de nossas almas!


Folheto Dominical da Igreja Anunciação da Mãe de Deus


Responsável

Reverendo Ecônomo Padre Emanuel Sofoulis


Editoração e Diagramação

Antonio José

Atualização da Página na internet

Jean Stylianoudakis

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Apoio

- Rodrigo Marques – Membro do Coro da Igreja
- Alessandra Sofia Kiametis Wernik – Membro do Coro da Igreja

- Folheto da Comunidade Ortodoxa de São Pedro e São Paulo
Pavuna – Rio de Janeiro – RJ – Brasil
http://comunidadeortodoxaspsp.blogspot.com.br/


Igreja Anunciação da Mãe de Deus
SGAN - Quadra 910 - Módulo ‘’B’’ - Asa Norte
Brasília-DF - CEP: 70.790-100
Telefones (61) 3344-0163 e Celular (61) 9396-1652

Matinas Dominical das 10h às 10h30
Liturgia Dominical das 10h30 às 12h



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