16 novembro 2013

9º Domingo de Lucas (17/11/2013)

9º DOMINGO DE LUCAS
(MATINAS: Jo. 21, 1-14 | LITURGIA: Gl. 2, 16-20 e Lc. 12, 16-21)*
Desapego: a parábola do rico insensato
Tendo dito a parábola sobre o homem que se tornou rico e planejava apenas comer, beber e festejar, e que por isso levado pela morte, não permanecendo vivo para usufruir os supostos prazeres, o Senhor concluiu: “É o que acontece com quem ajunta tesouros para si e não é rico diante de Deus”. “É o que acontece”, isto é, esse é o destino que recai sobre todos que assim agem.

   Aqueles que se tornam ricos e se esquecem Deus só têm uma coisa em mente: os prazeres da carne. Desejando evitar tal amarga sorte, não devemos “ajuntar tesouros” para nós mesmos; pelo contrário, devemos ser ricos apenas diante de Deus. Como todas as riquezas provêm de Deus, devemos, então, devotá-las a Deus; assim as santas riquezas serão disseminadas. Compartilhemos com os necessitados tudo aquilo que nos excede: isso será como o retorno a Deus daquilo que foi dado por Ele. 
   Aquele que dá a uma pessoa pobre dá ao próprio Deus. Do mesmo modo, aquele que se desfaz de suas riquezas, compartilhando-as, torna-se verdadeiramente rico: rico através de boas ações, rico diante de Deus. Ao agradar o Senhor, tornamo-nos ricos em Deus, e atraindo a Sua boa vontade, tornamo-nos ricos de Deus, Ele que faz de nós fiéis no pouco, mas governantes de muito. Assim, nós nos tornamos ricos diante de Deus, e não para nós mesmo, pois não devemos nos considerar como os senhores da casa, mas apenas como administradores, cuja única preocupação consiste em satisfazer aqueles que vêm em precisão. Por isso devemos zelar pelas riquezas, não fazendo o uso abusivo daquilo que nos foi confiado, sendo, pois, cautelosos e tementes em Deus ante os prazeres mundanos.
Teófano, o Recluso (1815-1894)
Fonte: Pravoslavie.ru (tradução livre)

Boletim n. 43, 17.11.2013: 
9º Domingo de Lucas (Download)

PENSAMENTO
 São João Clímaco | Άγιος Ιωάννης της Κλίμακος (523-606)
"Conheci no mundo alguns homens, que, vivendo com muitos cuidados, ocupações, aflições e vigílias do mundo, ainda assim escaparam dos movimentos e ardores da própria carne; entretanto, estes mesmos, entrando nos mosteiros, aí vivendo livres de preocupações, caíram torpe e miseravelmente nestes vícios. Observemo-nos muito, olhemo-nos muito para nós mesmos, a fim de que não nos aconteça que, pensando caminhar por caminho estreito e dificultoso, caminhemos por caminho largo e espaçoso, e assim vivamos enganados."
A Escada da Divina Ascensão.
 2º Degrau: do desapego, p. 15.

Tom da semana: 4º Tom
(Ἦχος δ΄ – Ἑωθινόν Ι΄)
† MATINAS
10º Eothinon (ωθινόν Ι΄)
EVANGELHO SEGUNDO SÃO JOÃO
Aparição no lago de Tiberíades
(Jo. 21, 1-14)
Naquele tempo, Jesus tornou a mostrar-se aos discípulos junto ao mar de Tiberíades. E apareceu assim: Estavam juntos Simão Pedro e Tomé chamado Dídimo, Natanael de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos. Simão Pedro disse: “Eu vou pescar”. Os outros disseram: “Nós também vamos contigo”. Eles saíram e entraram no barco, mas naquela noite não pescaram nada. Chegada a manhã, Jesus estava na praia, mas os discípulos não O reconheceram.
Jesus perguntou: “Moços, tendes alguma coisa para comer?” Eles responderam: “Não”. Jesus lhes disse: “Lançai a rede à direita do barco e achareis”. Lançaram, pois, a rede, e foi tão grande a quantidade de peixes que não podiam arrastá-la. O discípulo a quem Jesus amava disse então a Pedro: “É o Senhor”. Assim que Pedro ouviu que era o Senhor, vestiu a roupa – pois estava nu – e se jogou na água. Os outros discípulos vieram de barco – pois não estavam distantes da terra senão uns cem metros – puxando a rede com os peixes.
Assim que desceram à terra, viram brasas acesas e um peixe sobre elas, e pão. Jesus lhes disse: “Trazei alguns dos peixes que apanhastes agora”. Simão Pedro subiu ao barco e arrastou a rede para a terra com cento e cinquenta e três grandes peixes. Apesar de serem tantos, a rede não se rompeu. Jesus lhes disse: “Vinde comer”. Nenhum dos discípulos se atreveu a perguntar-Lhe: “Quem és tu?”, sabendo que era o Senhor. Jesus aproximou-se, tomou o pão e deu para eles, e também o peixe. Esta foi a terceira vez que Jesus apareceu aos discípulos, depois de ressuscitado dos mortos. 
† DIVINA LITURGIA
EPÍSTOLA DE SÃO PAULO AOS GÁLATAS
Discurso de São Paulo
(Gl. 2, 16-20)
Irmãos, aprendemos que o homem se justifica não pelas obras da Lei, mas pela fé em Jesus Cristo. É por isso que temos fé em Jesus Cristo, esperando sermos justificados pela fé em Cristo e não pelas obras da Lei, pois, pelas obras da Lei, homem algum é justificado. Mas, se procurando ser justificados por Cristo, ainda somos tidos por pecadores, será que Cristo é ministro do pecado? De maneira alguma! Se torno a edificar o que destruí, confesso-me transgressor. Na realidade, pela Lei morri para a Lei, a fim de viver para Deus. Estou pregado à cruz de Cristo. Eu vivo, mas já não sou eu, é Cristo que vive em mim. Minha vida presente na carne, eu a vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim.
EVANGELHO SEGUNDO SÃO LUCAS
Desapego: a parábola do rico insensato
(Lc. 12, 16-21)
Disse o Senhor esta parábola: “Havia um homem rico, cujas terras lhe deram grande colheita. Ele pensava consigo mesmo: ‘O que vou fazer? Não tenho onde guardar a colheita!’ Disse então: ‘Já sei o que vou fazer; vou derrubar os celeiros e construir maiores, para ali guardar todo o trigo e os meus bens. Então poderei dizer a mim mesmo: Meu caro, tens muitos bens armazenados para muitos anos. Descansa, come, bebe, festeja’. Deus, porém, lhe disse: ‘Insensato! Ainda nesta mesma noite tirarão a tua vida, e para quem ficará tudo que acumulaste?’ É o que acontece com quem ajunta tesouros para si e não é rico diante de Deus’."   
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Anotações
Gl. 2, 16-20:

  1. Cap. 2, V. 16. "Pelas obras da Lei": i.e, pelos ritos do código mosaico.
  2. V. 18. "o que destruí": as obras da Lei (ritos e sacrifícios).
  3. V. 19.  A lei devia conduzir a Cristo. Uma vez atingida sua finalidade, ficava ela sem efeito, i.e., morta, ou na linguagem judaica, estavam mortos para a lei todos os que nçao tinham mais obrigação de segui-la. Neste sentido, os que encontraram a Cristo estavam mortos para a lei.
Lc. 12, 16-21:
  1. Cap. 12. Reuniu S. Lucas, neste capítulo, instruções de Jesus aos discípulos (1-12), ao povo (13-21), aos discípulos (22-53) e ao povo (54-59) sobre o cuidado com a salavaçãoi eterna e vigilância em consegui-la.    
Mons. José Castro PintoNotas in: Bíblia Sagrada,
Novo Testamento. Barsa: 1967, p. 62 e 166.

* Leituras conforme o Typikon do Patriarcado Ecumênico (Τυπικν τς Μεγάλης το Χριστο Εκκλησίας): Typikon 17-nov-2013. 

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