08 março 2015

1° Domingo da Quaresma


PATRIARCADO ECUMÊNICO DE CONSTANTINOPLA
Arquidiocese Ortodoxa Grega de Buenos Aires e América do Sul
Igreja Anunciação da Mãe de Deus
SGAN - Quadra 910 - Módulo ‘’B’’ - CEP: 70.790-100 - Brasília-DF
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Brasília, 01 de março de 2015.
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1° Domingo da Quaresma ou
«Domingo da Ortodoxia»

Domingo 6° antes da Páscoa

Santa Eudoxia, de Heliópolis, mártir († início do séc. II)


Em 843 um Sínodo regional (Endemousa) foi convocado sob a Imperatriz Teodora. A veneração aos ícones foi solenemente proclamada na Catedral de Santa Sofia. Monges e clérigos entraram em procissão e restituíram os ícones aos lugares estabelecidos. Este dia foi chamado de «Triunfo da Ortodoxia». Desde então este, acontecimento é comemorado cada ano em um ofício religioso especial no Primeiro Domingo da Quaresma; o «Domingo da Ortodoxia» ou o «Triunfo da Ortodoxia».



Matinas


Tropário:
Nós, fiéis, louvemos e adoremos o Verbo igualado ao Pai e ao Espírito na eternidade, que nasceu da Virgem para nossa salvação, pois se dignou subir corporalmente à Cruz, suportar a morte e ressuscitar os mortos com sua gloriosa Ressurreição.
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo,
Nós, fiéis, louvemos e adoremos o Verbo igualado ao Pai e ao Espírito na eternidade, que nasceu da Virgem para nossa salvação, pois se dignou subir corporalmente à Cruz, suportar a morte e ressuscitar os mortos com sua gloriosa Ressurreição.
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.

Theotokion:
Alegra-Te! Porta invencível do Senhor.
Alegra-Te! Muralha de proteção dos que recorrem a Ti!
Alegra-Te! Porto sereno que não conheceu as núpcias. Ó Tu, que deste à luz segundo a carne ao Teu criador e Teu Deus, não cessai de interceder por aqueles que glorificam e veneram o Senhor que nasceu de Ti.

Katisma:
Louvemos a cruz do Senhor exaltemos, por nossos cantos, a Santa sepultura, glorifiquemos sua divina ressurreição. Porque Ele é Deus e fez sair com Ele os mortos, de seus túmulos, despojando a morte de seu império e o demêonto de seu poder e iluminou todos aqueles que estavam nos infernos.
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo.
Senhor, carregaste o nome de morto. Tu que destruíste a morte.
Foste depositado no sepulcro, Tu que esvaziaste os túmulos. Sobre a terra, os soldados guardavam Teu túmulo, abaixo da terra despertaste os que dormiam desde os séculos. Senhor todo poderoso, Senhor inconcebível.
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos.

Theotokion:
Alegra-te, ó montanha santa que o Senhor transpôs! Alegra-te sarça ardente que não se consome. Alegra-te único ponto do mundo em direção a Deus que introduz os mortais na vida eterna! Alegra-te, ó puríssima, que, sem conhecer homem, deste à luz ao salvador do mundo.


Ypakoí:
Atônitas nas mentes com a visão do Anjo, e iluminadas nas almas por Tua divina Ressurreição, as portadoras de aromas proclamaram as boas novas para os Apóstolos: proclamai entre as nações a Ressurreição do Senhor, Que fez maravilhas convosco, e nos concedeu grande misericórdia.

Antífona (sl 119):
Ó meu Salvador, como Davi, eu canto a Ti: “Na minha aflição, livra minha alma da língua falsa”. Verdadeiramente, a vida dos habitantes do deserto é feliz, porque eles são conduzidos pela Tua divina paixão.
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo, agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.
Pelo Espírito Santo, toda a criação visível e invisível é preservada, porque Ele é todo poderoso, e, verdadeiramente uma das três pessoas divinas.

Prokimenon (salmo 119):
Levanta-Te, Senhor Deus, que Tua destra se eleve, porque reinarás por todos os séculos. (2 vezes).

Stichos:
Eu confesso ao Senhor, de todo o meu coração (repete a primeira).

Evangelho:                                                                                         Lc 24,12-35
Evangelho de Nosso Senhor Jesus  Cristo, segundo o Evangelista São Lucas.

Naquele tempo, Pedro, levantando-se, correu ao sepulcro e, abaixando-se, viu só os lençóis ali postos; e retirou-se, admirando consigo aquele caso. E eis que no mesmo dia iam dois deles para uma aldeia, que distava de Jerusalém sessenta estádios, cujo nome era Emaús. E iam falando entre si de tudo aquilo que havia sucedido. E aconteceu que, indo eles falando entre si, e fazendo perguntas um ao outro, o mesmo Jesus se aproximou, e ia com eles. Mas os olhos deles estavam como que fechados, para que o não conhecessem. E ele lhes disse: Que palavras são essas que, caminhando, trocais entre vós, e por que estais tristes? E, respondendo um, cujo nome era Cléopas, disse-lhe: És tu só peregrino em Jerusalém, e não sabes as coisas que nela têm sucedido nestes dias? E ele lhes perguntou: Quais? E eles lhe disseram: As que dizem respeito a Jesus Nazareno, que foi homem profeta, poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo; e como os principais dos sacerdotes e os nossos príncipes o entregaram à condenação de morte, e o crucificaram. E nós esperávamos que fosse ele o que remisse Israel; mas agora, sobre tudo isso, é já hoje o terceiro dia desde que essas coisas aconteceram. É verdade que também algumas mulheres dentre nós nos maravilharam, as quais de madrugada foram ao sepulcro; e, não achando o seu corpo, voltaram, dizendo que também tinham visto uma visão de anjos, que dizem que ele vive. E alguns dos que estavam conosco foram ao sepulcro, e acharam ser assim como as mulheres haviam dito; porém, a ele não o viram. E ele lhes disse: Ó néscios, e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura não convinha que o Cristo padecesse estas coisas e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras. E chegaram à aldeia para onde iam, e ele fez como quem ia para mais longe. E eles o constrangeram, dizendo: Fica conosco, porque já é tarde, e já declinou o dia. E entrou para ficar com eles. E aconteceu que, estando com eles à mesa, tomando o pão, o abençoou e partiu-o, e lho deu. Abriram-se-lhes então os olhos, e o conheceram, e ele desapareceu-lhes. E disseram um para o outro: Porventura não ardia em nós o nosso coração quando, pelo caminho, nos falava, e quando nos abria as Escrituras? E na mesma hora, levantando-se, tornaram para Jerusalém, e acharam congregados os onze, e os que estavam com eles, os quais diziam: Ressuscitou verdadeiramente o Senhor, e já apareceu a Simão. E eles lhes contaram o que lhes acontecera no caminho, e como deles fora conhecido no partir do pão.

Kondakion:
Ó meu Salvador, desceste ao inferno e lá quebraste as portas, porque és todo poderoso.
Ressuscitaste contigo os mortos, porque és o Criador; destruíste o aguilhão da morte e Adão ficou livre do sofrimento, ó amigo do homem.
Nós também Te clamamos: "Senhor, salva-nos."

Ikós:
Tendo entendido as palavras do anjo, as santas mulheres cessaram as suas lamentações, cheias de alegria e de temor diante da ressurreição; e eis que o Cristo se aproximou delas e disse:
"Alegrai-vos! Tende confiança, eu venci o mundo e livrei os cativos.
Apressai-vos, pois, para ir dizer aos discfpulos que eu vos precederei na Galiléia, para lá pregar."
Nós também clamamos: Senhor, saJva-nos!

Exapostilário:
Ó Cristo, que és o caminho da vida, após Tua ressurreição, acompanhaste Lucas e Cleófas, que só Te reconheceram quando, no caminho, lhes falavas a respeito dos Teus sofrimentos. Por isso clamamos como eles: “Ó Senhor, verdadeiramente ressuscitaste e apareceste a Simão Pedro”.

Theotokion:
Louvamos a Tua incalculável piedade ó meu Criador, porque quiseste Te revestir da desgraçada natureza humana para salvá-la. Aceitaste ser igual a mim, embora saindo da pura e jovem Mãe; desceste ao inferno para me salvar. Pela intercessão da Tua Mãe, salva-me.

Laudes:
1º Senhor, saíste do túmulo, que os sem lei haviam selado, da mesma forma como nasceste da virgem. Os anjos incorpóreos não puderam compreender a Tua encarnação; os soldados, guardas de Teu túmulo, não perceberam Tua ressurreição.
As duas maravilhas ficam seladas para o espírito curioso, mas o mistério é revelado aos que Te adoram com fé. Concede a alegria e a grande misericórdia a nós que Te glorificamos.
2º Senhor, quebraste as portas eternas, rompeste as amarras e ressuscitaste do túmulo, no qual deixaste o Teu lençol, como testemunho dos três dias em que estiveste verdadeiramente sepultado. Precedeste Teus discípulos na Galiléia, enquanto Teu túmulo era guardado. Grande é a Tua misericórdia, inconcebível Salvador; tem piedade de nós, e salva-nos.
3º Senhor, as Santas mulheres acorreram ao Teu Sepulcro para ver-Te, ó Cristo, que sofreste por nós.
Chegando ao túmulo elas encontraram um anjo sentado sobre a pedra que havia rolado no tremor. E ele exclama: “O Senhor ressuscitou! Ide e anunciai aos discípulos que o Senhor ressuscitou dos mortos para salvar as nossas almas”.
4º Senhor, como saíste do Sepulcro, entraste no meio de Teus discípulos, estando as portas fechadas, e mostrando em Teu corpo os sinais da paixão que havias sofrido, ó Salvador longânime. Como filho de Davi, assumiste o sofrimento; como filho de Deus, salvaste o Mundo. Grande é a Tua misericórdia, ó incompreensível Salvador! Tem piedade de nós e salva-nos.
5º Senhor, tu és o Rei dos séculos e criador de todas as coisas. Aceitaste a crucificação e a sepultura por nós, para livrar a todos do inferno, porque és o nosso Deus; nós não conhecemos outro a não ser Tu.
6º Senhor, quem proclamará Teus milagres luminosos, quem confessará Teus insondáveis mistérios? Tu Te encarnaste pela nossa salvação, como o quiseste, mostraste a força de Teu poder pela Tua cruz, abriste o paraíso ao bom ladrão pela Tua Sepultura, destruíste os ferrolhos do inferno e, pela Tua ressurreição, cumulaste de bens toda a criação.
Glória a Ti, ó misericordiosíssimo!
7º De manhã, bem cedo, as mulheres santas, portadoras de aromas, chegaram ao Teu túmulo. Elas queriam ungir o Teu corpo, ó Verbo imortal. Mas elas retornaram com grande alegria para proclamar aos Apóstolos as palavras que o anjo lhes havia instruído; que Tu, vida de todos, havias ressuscitado, dando ao mundo a reconciliação e a grande misericórdia.
8º Os guardas do Sepulcro que continha Deus diziam aos judeus: “Quão vãos são os vossos conselhos! Querendo ocultar a ressurreição do crucificado, mais evidente a tornais. Ó vãos conselhos de nosso Sinédrio! É melhor escutar e crer naquele que verdadeiramente chegou: um anjo desceu do céu, sua veste era resplandecente, rolou a pedra e nós ficamos tomados de temor. Mas as Santas mulheres não tremiam. Ele, dirigindo-se a elas, disse: Não vedes os guardas aterrorizados, os selos rompidos e os infernos vazios?”.
Aquele que frustrou o inferno de sua vitória, que destruiu o aguilhão da morte, porque o procurais entre os mortos? Ide, levai aos Apóstolos a boa nova da ressurreição, clamai sem temor: verdadeiramente o Senhor ressuscitou, o Senhor da grande misericórdia.

Eothinon:
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.
Ó Cristo, como é admirável a Tua justiça e Teu arbítrio. Ao conceder a Pedro o entendimento de Tua ressurreição, pelo simples olhar do Teu Santo Sudário!
Porém, acompanhando e conversando com Lucas e Cleófas não deixaste que eles Te reconhecessem; por isso eles menosprezaram-Te, considerando-Te o único, estando em Jerusalém, que não sabia o que tinha acontecido. Mas, de acordo com o entendimento deles, lhes explicaste tudo o que foi dito pelos Profetas sobre Ti!
Ao partires o pão, se lhes abriram os olhos e Te reconheceram, pois estavam aflitos para isso. Voltaram, porém, para Jerusalém, onde se achavam reunidos os discípulos e anunciaram claramente a Tua ressurreição. É confiando nela, ó Senhor, que nós Te pedimos: tem piedade de nós.
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.

Theotokion:
Bendita e venerável és Tu, ó Mãe de Deus, em cujo seio se encarnou Aquele que visitou o inferno, libertando Adão e Eva da maldição, destruindo a morte e dando a vida a todos nós.
Por isso bendirei o Cristo em qualquer tempo, e sempre o Seu louvor estará em minha boca. (2 vezes).
Hoje é a salvação do mundo. Louvemos Aquele que ressuscitou do túmulo, dando-nos origem a uma nova vida, porque anulou a morte com a Sua morte e nos concedeu a misericórdia de obter essa grande vitória.



Divina Liturgia



Anunciação - Modo 4:
É hoje o começo da nossa salvação e a manifestação do mistério eterno.
O Filho de Deus torna-Se Filho da Virgem e Gabriel anuncia a graça.
Por isso, cantamos com ele à Mãe de Deus:
“Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo!”

Tropário da Ressurreição – 5º tom:
Nós, fiéis, louvemos e adoremos o Verbo igualado ao Pai e ao Espírito na eternidade, que nasceu da Virgem para nossa salvação, pois se dignou subir corporalmente à Cruz, suportar a morte e ressuscitar os mortos com sua gloriosa Ressurreição.

Kondakion - 5º tom:
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo.
Desceste ao Hades, ó Salvador meu, rompendo suas portas, Tu que és Todo-poderoso, levantaste contigo os mortos, ó Criador, destruíste, ó Cristo, o aguilhão da morte. e libertaste também Adão da maldição, Tu que amas a humanidade. Por isso, clamamos, Senhor, salva-nos!

Theotokion - 5º tom:
Agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém
Alegra-te, ó Mãe de Deus, porta do Senhor!
Alegra-te, amparo e proteção para os que te procuram!
Alegra-te, ó noiva, que em teu ventre geraste teu Criador e Deus!
Roga, sem cessar, por aqueles que glorificam O que nasceu de ti.

Prokimenon:
Tu, Senhor, nos guardarás e nos preservarás desta geração e para sempre.
Salva-me, Senhor, porque o justo desapareceu, porque a verdade se extinguiu entre os filhos dos homens.


Epístola                                                                                              Hb 12,1-10
Leitura da Epistola do Apóstolo São Paulo aos Hebreus.

Irmãos, nós também, que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta, Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus. Considerai, pois, aquele que suportou tais contradições dos pecadores contra si mesmo, para que não enfraqueçais, desfalecendo em vossos ânimos. Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado. E já vos esquecestes da exortação que argumenta convosco como filhos: Filho meu, não desprezes a correção do Senhor, E não desmaies quando por ele fores repreendido; porque o Senhor corrige o que ama,E açoita a qualquer que recebe por filho. Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, e não filhos. Além do que, tivemos nossos pais segundo a carne, para nos corrigirem, e nós os reverenciamos; não nos sujeitaremos muito mais ao Pai dos espíritos, para vivermos? Porque aqueles, na verdade, por um pouco de tempo, nos corrigiam como bem lhes parecia; mas este, para nosso proveito, para sermos participantes da sua santidade.

Aleluia!
Aleluia, aleluia, aleluia!
Eu cantarei eternamente as tuas misericórdias, Senhor; e anunciarei a tua verdade de geração em geração.
Aleluia, aleluia, aleluia!
Porque disseste: «A misericórdia elevar-se-á como um edifício eterno», e nos céus a tua verdade será solidamente estabelecida.
Aleluia, aleluia, aleluia!

Evangelho                                                                                          Jo 1, 43-51
Evangelho de Nosso Senhor Jesus  Cristo, segundo o Evangelista São João.

Naquele tempo, Jesus quis partir para a Galiléia. Ele encontrou Filipe que era de Betsaida, a cidade de André e de Pedro. Filipe encontrou-se com Natanael e disse-lhe: Encontramos Jesus, o filho de José, de Nazaré, aquele sobre quem escreveram Moisés, na Lei, e os Profetas. Natanael perguntou: De Nazaré pode sair alguma coisa boa? Filipe respondeu: Vem e vê! Jesus viu Natanael que vinha ao seu encontro e declarou a respeito dele: Este é um verdadeiro israelita, no qual não há falsidade! Natanael disse-lhe: De onde me conheces? Jesus respondeu: Antes que Filipe te chamasse, quando estavas debaixo da figueira, eu te vi. Natanael exclamou: Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel! Jesus lhe respondeu: Estás crendo só porque falei que te vi debaixo da figueira? Coisas maiores verás. E disse-lhe ainda: Em verdade, em verdade, vos digo: vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem!

Hirmos:
Ó cheia de graça, em ti rejubila-se toda a Criação. A assembléia dos anjos e o gênero humano te glorificam, ó templo santificado, paraíso espiritual e glória das virgens, na qual Deus se encarnou e da qual tornou-se Filho Aquele que é nosso Deus antes dos séculos. Porque fez de teu seio um trono e as tuas entranhas, mais vastas do que os céus. Ó cheia de graça, em ti rejubila-se toda a Criação e te glorifica!


Sinaxe


O que pode pensar um ortodoxo sobre o Domingo da Ortodoxia? A maioria dos pensamentos para esta ocasião tem caráter confessional, destacando a Ortodoxia sobre as demais confissões cristãs. As religiões são, em geral, caminhos divinos através dos quais Deus vem até o homem e o faz elevar-se para Si.
A investigação das religiões é um tema que vai além do que podemos falar, mas não há dúvida que todas as religiões ajudam o homem a praticar uma boa moral, a escutar a voz de sua consciência, a viver em paz e a conviver melhor com os seus semelhantes, sobretudo as que professam um Deus único. Todas estas religiões são como que "fios condutores" nas mãos de Deus, através dos quais Ele atrai a Si os homens.
Não obstante, o Cristianismo é a revelação divina mais profunda e representa o caminho mais curto que conduz ao céu. A Ortodoxia conservou a Tradição Cristã sem mancha e é, entre as "tradições" cristãs, a mais segura. A doutrina cristã passou ao longo da História, por muitos exames e provas, introduzindo-se, às vezes, elementos humanos e sofrendo desvios, também por causa dos homens. A Ortodoxia conservou a fé ao longo da História e a transmitiu de geração em geração e, a isto, chamamos «Tradição».
«Tradição» não é o mesmo que «tradições». «Tradição» não quer dizer história antiga ou ensinamentos herdados. Tradição significa «transmissão» dos ensinamentos de uma geração a outra. Pois, «Deus é o Deus de nossos pais». E, por isso, a Tradição é movimento e não herança estática.

A Tradição morre se não for transmitida. Recebemos gratuitamente e gratuitamente devemos transmití-la. A Tradição não é conjunto de ensinamentos, mas o movimento do Espírito Santo na Igreja que transmite a fé, é o «depósito» que se assemelha aos talentos sobre os quais nos ensinou o Senhor que não devemos ocultá-los.
Por isso, quando insistimos que, para a Ortodoxia, a Tradição desempenha um papel importante, queremos dizer que o ensinamento recebido dos Santos padres da Igreja são fundamentais para nós mesmos e para as gerações futuras. Queremos dizer também que a Tradição, na Ortodoxia não é como um museu, mas uma missão. O tempo da Tradição é o tempo importante do passado e é também o tempo do futuro que goza da mesma importância.
A Ortodoxia, portanto, em seu caráter de tradição cristã pura, quer dizer a doutrina reta de acordo com a fé recebida dos santos Padres e, ainda, que se encontra no mesmo nível de importância que a evangelização. A retidão da doutrina é uma face da moeda e a outra face é a evangelização. A doutrina reta é a garantia de um fundamento correto da evangelização; a evangelização, por sua vez, é a continuidade natural e viva da reta doutrina.
O Espírito de evangelização não é uma atividade adicional na vida da Igreja Ortodoxa, e o desejo de transmitir a Verdade e a Tradição aos demais, não é só uma ocupação a mais da Igreja, mas o indicador genuíno de que o Corpo de Cristo (a Igreja) está vivo, cresce, permanece e se move. A falta de evangelização não é apenas um defeito parcial da vida da Igreja, mas indica a presença de uma fé corrompida e a adulteração da verdade.
Quando, no Evangelho de hoje, Filipe encontra a Jesus, sai imediatamente em busca de Natanael e, encontrando-o, diz: «Encontramos Jesus, o Filho de José, de Nazaré, Aquele sobre quem escreveram Moisés na Lei, e os Profetas». Quem encontra Jesus, se faz imediatamente apóstolo. Ele mesmo, Jesus, disse a seus discípulos, que os enviou como luz ao mundo e como sal à terra. A Ortodoxia é segurança para a evangelização e a verdadeira evangelização é o indício de uma Ortodoxia viva. Por isso São Paulo nos diz: «Ai de mim se não evangelizo».
A Igreja é, segundo a Ortodoxia, o Reino de Deus vivo sobre a terra. A Igreja não é, nem uma instituição nem uma organização. A Igreja é, segundo a Tradição Ortodoxa, o «mundo no mundo». É o «fermento que leveda toda a massa».
A Igreja está em diálogo com o mundo exterior e não é seu extremo oposto. Este é a parte dela que ainda não foi levedada. O mundo inteiro foi criado por Deus para ser a «Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica». Em outras palavras, o crente no mundo deve cooperar com a encarnação de Cristo e com a construção de seu Corpo vivo no mundo. O mundo se faz então nosso objetivo e nossa meta. Assumimos como tarefa fazer de todo mundo uma só Igreja.
Se, neste Domingo da Ortodoxia, dirigimos o olhar ao mundo que nos cerca, veremos, todavia, que estamos só no início do caminho, e que o mundo necessita de nós. A Igreja, então, estabelece diálogo e relação com o mundo exterior num gesto de fermentação e cristianização. A evangelização é o vínculo. E se realiza através do diálogo contínuo e com intenções de quem ama, é fiel e sincero com o outro, com as demais religiões, com o ateísmo e com qualquer outra expressão exterior à Igreja.
Todos necessitam de nossa fé. A evangelização não foi nem nunca será para a Ortodoxia um meio de expansão, de autoritarismo, de conquista ou de hegemonia. A evangelização é luz, é um presente, é um dom. A Igreja não é uma instituição que quer expandir-se, mas uma Verdade que deve ser propagada e, quem a recebe, não se torna seu proprietário, mas deixa-se orientar por ela.
A história da evangelização da Rússia no primeiro milênio depois de Cristo dá testemunho de que, os russos convertidos ao cristianismo partiram imediatamente para evangelizar os demais.
A evangelização se dá em dois campos diferentes: o primeiro é o campo externo que já mencionamos. O segundo é o campo interno.
Relata-se que São João Kronstadt sonhava em sua infância crescer para ir à China auxiliar na evangelização. No entanto, quando entrou na faculdade de teologia, deu-se conta de que sua família e seus vizinhos eram carentes de evangelização. A evangelização interna é uma necessidade pois, um número não pequeno de fiéis tem uma fé superficial. São os que receberam a fé como algo externo e acidental. A mesma Igreja Ortodoxa necessita que os seus filhos sejam evangelizados e, por isso, temos o pregação (sermão), a catequese, a vida pastoral e o fazer com mais força os sacramentos da Igreja na vida de seus filhos. A evangelização interior é necessária na vida pessoal de cada um. Assim também, devemos propagar nossa fé tal como nos é transmitida pela Tradição Ortodoxa, como vida e profundidade, como conhecimento de si mesmo e enamoramento de Deus. A tradição monástica e os modelos de vida pastoral que nos transmitiu esta Tradição e que passaram a fazer parte da mesma, afirmam que hoje é necessário «ir ao mais profundo» da evangelização interior, da pastoral e da ascética.
A evangelização interior é necessária nas igrejas e confissões cristãs. Por muitos fatores e interesses o Corpo de Cristo tem sido fragmentado ao longo da História. O diálogo é uma missão e uma instância fiel à Ortodoxia. A aproximação entre as diversas confissões cristãs é um gesto ortodoxo natural e honesto. O diálogo entre as igrejas não é só uma necessidade, mas uma obrigação de fidelidade à ortodoxia.
Sobre o que deve refletir então um ortodoxo no «Domingo da Ortodoxia»?
A Ortodoxia não é, nem um muro de separação e nem tampouco um ambão por detrás do qual falamos com os demais do alto. A Ortodoxia é um depósito que recebemos tão casualmente como foi privado aos demais. O ortodoxo não tem mérito pelo que pudesse ter recebido este depósito. Mas, tendo-o recebido, tem a responsabilidade de transmiti-lo. O talento nos foi dado como um dom e o fiel deve saber investi-lo bem.
Muitas vezes medimos nossa relação com Deus em base a um comportamento ético simples. O pecado passa a ser a omissão de um dia de jejum ou ter caído em ira etc. Sim, tudo isto é pecado, mas o pecado maior é o que cometemos quando nos omitimos da pregação, ou seja, escondemos o talento recebido. Enquanto que aqueles pecados enfraquecem nossa relação com Deus, ocultar ou esconder o talento nos separa de Deus. Os mandamentos divinos podem ser sintetizados no amor. A Lei tem como objetivo o amor. O objetivo da ética é chegar a sentir paixão pelas coisas divinas. O amor exige do outro. Conhecer a Deus é amá-Lo e, amá-Lo leva necessariamente a anunciá-Lo.
O Kondakion deste domingo nos expressa que a encarnação do Filho de Deus uniu nossa imagem à beleza divina e nos levou a confessar a salvação (a conhecê-la), a proclamá-la e a propagá-la (evangelizar) em palavras e obras.
Que função desempenhamos então em toda esta missão? O que é que devemos examinar todos os anos quando celebramos o «Domingo da Ortodoxia»? A epístola de hoje faz referência a todos aqueles que foram torturados das mais diversas formas e submetidos às prisões. Outros ainda que foram apedrejados, postos a prova ou mortos ao fio da espada. São Paulo menciona os que suportaram tudo isto pela Tradição e pela Fé Ortodoxa, antes e depois de Cristo. Eles, padecendo toda espécie de sofrimentos e torturas, ou até mesmo dando suas vidas para transmitir fielmente o depósito, constituíram-se em modelos para todos nós. Moisés é um dos melhores exemplos pois, recusou ser chamado filho do Faraó, preferindo ser maltratado junto ao povo de Deus, a desfrutar por algum tempo no pecado. Hb 11, 25.
A Ortodoxia é paixão e missão para o fiel, desde que não a tome para si, mas se ponha à seu serviço. O dever de todo o fiel ortodoxo é propagar a Ortodoxia e elegê-la em lugar do gozo temporal do pecado. Acaso não nos alegramos quando chegamos a conhecer a fé e seu passado e a pregamos para o futuro? Os sofrimentos a que muitos são submetidos por causa do Evangelho e de sua pregação constitui a alegria da festa de hoje.

Pelo que te pedimos, Senhor,
que nos concedas morrer por ti todos os dias,
e que teu nome seja anunciado
para que todos os povos da terra
voltem-se para ti, Senhor!
Faze, Senhor, que o mundo todo te conheça de verdade. Amém.
Arcebispo Paulo Yazigi
Metropolita de Alepo-Siria



01 de Março Santa Eudoxia, mártir († início do séc. II)






Santa Eudoxia era natural de Samaria e viveu em Heliópolis, Fenícia ( ao norte das montanhas do Líbano na Palestina) na época do imperador romano Trajano (89-117). Em sua juventude, era muito bonita e elegante e levava uma vida pecaminosa de prostituição. Ricos pretendentes e admiradores vinham de diferentes países para ver Eudoxia. Com o passar dos anos ficou muito rica e era respeitada pelo poder local. O Senhor, querendo salvar a sua alma da perdição eterna, fez com que um velho monge, chamado Germano, visitasse o lugar em que vivia Eudoxia. Germano tinha o costume de ler em voz alta as Sagradas Escrituras. Aconteceu que Eudoxia ouviu a passagem da segunda vinda de Cristo e sobre o Juízo Final, ficando muito impressionada e ao mesmo tempo incomodada porque entendia que aquelas palavras lhe tocavam e esperava dela a penitência. Eudoxia conheceu Germano e através dele conheceu a fé cristã e as promessas de vida eterna. As palavras do monge caíram em terra fértil. Eudoxia, aos poucos, começou a crer com todo seu coração em Cristo e se batizou. Doou todas as riquezas aos pobres e se fez monja de um monastério próximo. Durante muitos anos viveu nesse monastério dedicando-se a uma vida de jejum, orações e penitências. Com o passar dos anos alcançou maturidade espiritual e foi eleita superiora do monastério. Ao assumir o cargo de superiora, dedicava-se a realizar boas obras, alimentava e vestia aos peregrinos que visitavam o monastério e, com suas orações, curava os doentes; assim viveu durante 56 anos. No ano 152, no governo do imperador Antonino, terminou sua vida como mártir. Por divulgar a fé cristã foi caluniada de bruxarias e superstições. Sem ser julgada, foi decapitada. Santa Eudoxia, por viver praticando boas obras e as regras monásticas e por se tornar mártir por causa de sua fé, mereceu a tríplice coroa no Reino dos Céus.
Tradução e publicação neste site
com permissão de www.ortodoxia.org
Trad.: Pe. Pavlos Tamanini



Folheto Dominical da Igreja Anunciação da Mãe de Deus


Responsável

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Editoração e Diagramação

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Atualização da Página na internet

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Pavuna – Rio de Janeiro – RJ – Brasil
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