PATRIARCADO
ECUMÊNICO DE CONSTANTINOPLA
Arquidiocese Ortodoxa Grega
de Buenos Aires e América do Sul
Igreja
Anunciação da Mãe de Deus
SGAN - Quadra 910
- Módulo ‘’B’’ - CEP: 70.790-100 - Brasília-DF
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Brasília, 15 de março de
2015.
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3° Domingo da Quaresma
«Veneração
da Santa Cruz»
Domingo 4° antes da Páscoa
Memória
de Santo Aristóbulos, apóstolo dos 70 († séc. I).
Liturgia de São Basílio, o Grande
Matinas
Tropário:
Destruístes com a Tua Cruz a morte, abristes ao ladrão
o paraíso, transformaste o luto das miróforas e ordenaste, aos Teus Apóstolos pregarem
que Tu ressuscitaste, ó Cristo Deus, dando ao mundo a grande misericórdia.
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo,
Destruístes com a Tua Cruz a morte, abristes ao ladrão
o paraíso, transformaste o luto das miróforas e ordenaste, aos Teus Apóstolos pregarem
que Tu ressuscitaste, ó Cristo Deus, dando ao mundo a grande misericórdia.
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.
Theotokion:
Virgem gloriosa, tesouro de nossa ressurreição, arrancai
dos abismos do pecado aqueles que colocam a sua esperança em Ti, pois salvaste os
pecadores subjugados às suas faltas, Tu que destes nascimento à nossa salvação,
Tu que permanecestes virgem no parto, durante o parto e após o parto.
Katisma:
O sepulcro está aberto, o inferno se lamenta e Maria
exclama aos apóstolos prostrados: "Saí, operários da vinha, proclamai a nova
da ressurreição. O Senhor ressuscitou e deu ao mundo a grande misericórdia."
Glória ao Pai , Filho e Espírito Santo.
Ao lado de Teu sepulcro, Senhor, Maria Madalena chora
e se lamenta: Ela Te fala e, pensando que eras o jardineiro, e diz: "Onde colocaste
a vida eterna? Onde colocaste aquele que se assenta sobre o trono dos querubins?"
E quando ela viu os guardas gelados, caírem como mortos, exclamou: "Dai-me
o meu Senhor, ou então clamai comigo: glória a Ti que desceste até os mortos, glória
a que ressuscitaste dos mortos."
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos.
Theotokion:
Ó virgem Mãe de Deus, intercede por nós ao Cristo
Deus que foi crucificado por nós, e que com a Sua ressurreição destruiu o império
da morte. Intercede sem cessar, Ó Mãe de Deus, para que ele salve as nossas almas.
Ypakoí:
Porque Tu amas a humanidade, ó Cristo nosso Deus,
Tu Te puseste na forma humana e na carne sofreste a Cruz; salva-me por Tua Ressurreição.
Antífona:
Ó Tu, que resgataste os cativos de Sião de seus erros.
Ó Salvador dá-me a vida e arranca-me da escravidão das paixões. Aquele que vem do
Sul semeia as penas da abstinência e ceifará com alegria os frutos da vida eterna.
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, agora,
sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.
Do Espírito Santo, fonte dos tesouros divinos, jorra
toda sabedoria, julgamento e temor de Deus. A Ele o louvor e a glória, a honra e
o poder.
Prokimenon:
Levanta-Te, Senhor, que Teus braços se elevem e não
Te esqueças de Teus pobres até o fim dos tempos. (2 vezes).
Stichos:
Eu Te louvarei, Senhor, de todo o meu coração e celebrarei
todas as Tuas maravilhas (repete a primeira).
Evangelho: Jo 20, 1-10
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo,
segundo o Evangelista São João.
Naquele tempo, no
primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda
escuro, e viu a pedra tirada do sepulcro. Correu, pois, e foi a Simão Pedro, e ao
outro discípulo, a quem Jesus amava, e disse-lhes: Levaram o Senhor do sepulcro,
e não sabemos onde o puseram. Então Pedro saiu com o outro discípulo, e foram ao
sepulcro. E os dois corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais apressadamente
do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro. E, abaixando-se, viu no chão os lençóis;
todavia não entrou. Chegou, pois, Simão Pedro, que o seguia, e entrou no sepulcro,
e viu no chão os lençóis, e que o lenço, que tinha estado sobre a sua cabeça, não
estava com os lençóis, mas enrolado num lugar à parte. Então entrou também o outro
discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, e viu, e creu. Porque ainda não sabiam
a Escritura, que era necessário que ressuscitasse dentre os mortos. Tornaram, pois,
os discípulos para casa.
Kondakion:
O império da morte não pode mais reter os homens,
porque o Cristo para quebrar e destruir seu poder.
O inferno está acorrentado, o coro dos profetas se
rejubila. Dizei aos fiéis: Ele o Salvador, saí à frente da ressurreição.
Ikós:
Neste dia, as profundezas do abismo do inferno tremeram
diante da Unidade da Trindade.
A terra estremeceu, os guardas das portas infernais
permaneceram terrificados ao vê-lo.
E toda a criação se rejubilou, cantando com os profetas
um cântico de vitória a Ti, nosso Deus libertador, que destruíste as forças da morte.
Possamos clamar de alegria e bradar a Adão e seus
filhos: O madeiro da cruz te fez entrar no paraíso, saí fiéis à frente da ressurreição.
Exapostilário:
Quando Maria disse: “Levaram meu Deus”, correram
ao túmulo Simão Pedro e outro discípulo, que Jesus amava, e encontraram dentro apenas
o Sudário e turbante ao lado. Eles esperaram até que viram o Senhor.
Theotokion:
Tu fizeste coisas grandes e excepcionalmente estranhas
para mim, ó misericordiosíssimo Cristo. Pois ininteligivelmente Tu nasceste duma
Virgem Donzela e aceitaste a Cruz e suportaste a morte, ressuscitando em glória
para fazer nossa natureza livre da morte. Glória a Tua glória, ó Cristo, glória
a teu poder.
Laudes:
1º
Cristo ressuscitou dos mortos e rompeu os elos da morte. Terra, clamai a boa nova
da grande alegria. Céus, cantai a glória de Deus.
2º
Nós vimos a ressurreição de Cristo, adoremos o Santo, o Senhor Jesus, o único sem
pecado.
3º
Adoremos, sem cessar, a ressurreição de Cristo, porque Ele nos livrou de nossas
iniquidades. Santo é o Senhor Jesus que nos revelou a ressurreição.
4º
O que daremos ao Senhor por tudo o que Ele nos deu? Foi por causa da natureza corrompida
que Deus veio entre os homens, que o verbo se fez carne e habitou entre nós.
Benfeitor
para os ingratos, libertador para os cativos, sol da justiça para os que estão na
noite; sobre a cruz impassível; luz para os infernos, vida na ressurreição para
os caídos. Clamemos e Ele, nosso Deus, glória a Ti.
5º
Senhor, arrombaste as portas do inferno e Tua força invencível destruiu o império
da morte. Contigo despertaste os mortos, que desde o início dormiam nas trevas,
por Tua divina e gloriosa ressurreição, ó Deus todo poderoso.
6º
Vinde e exultemos ao Senhor, regozijemo-nos em Sua ressurreição, porque Ele libertou
os mortos dos entraves do inferno, porque Ele é Deus e deu a vida
eterna
ao mundo e a sua grande misericórdia.
7º
Um anjo deslumbrante estava sentado sobre a pedra do Sepulcro, que continha a vida,
e anunciava às mulheres esta boa nova: “Cristo ressuscitou, como havia predito.
Ide dizer aos discípulos que Ele os precedeu na Galiléia e que Ele dá ao mundo a
vida eterna e a grande misericórdia”.
8º
Ó judeus sem lei, porque desprezaste a pedra angular? É esta a pedra que Deus colocou
em Sião. Aquele que fez verter água de uma pedra no deserto, fez jorrar para nós
a imortalidade de Seu lado transpassado.
É
Ele a pedra que caiu da montanha virginal, sem o desejo do homem, Aquele que vem
sobre as nuvens celestes ao ancião dos dias, como prometeu a Daniel. Eterno é o
Seu Reino!
Eothinon:
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.
Maria, ficaste com a razão perturbada pela obscuridade
da aurora pois, perto do túmulo, ficaste perguntando: “Aonde colocaram Jesus?”;
mas os discípulos, que também correram ao Sepulcro, como já estavam orientados sobre
a ressurreição, ao olhar o Sudário e o turbante, se lembraram do que estava escrito
nos livros a respeito do Senhor.
Por isso, por intermédio deles, alicerçamos a nossa
fé em Ti, ó Cristo doador da vida e, juntamente com eles, nós Te louvamos.
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.
Theotokion:
Bendita e venerável és Tu, ó Mãe de Deus, em cujo
seio se encarnou Aquele que visitou o inferno, libertando Adão e Eva da maldição,
destruindo a morte e dando a vida a todos nós. Por isso bendirei o Cristo em qualquer
tempo, e sempre o Seu louvor estará em minha boca (2 vezes).
Hoje é a salvação do mundo. Louvemos Aquele que ressuscitou
do túmulo, dando-nos origem a uma nova vida, porque anulou a morte com a Sua morte
e nos concedeu a misericórdia de obter essa grande vitória.
Divina Liturgia
Anunciação
- Modo 4:
É hoje o começo da nossa salvação e a manifestação
do mistério eterno.
O Filho de Deus torna-Se Filho da Virgem e
Gabriel anuncia a graça.
Por isso, cantamos com ele à Mãe de Deus:
“Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo!”
Tropário da Ressurreição
- 7º tom:
Destruístes com a Tua Cruz a morte, abristes ao ladrão
o paraíso, transformaste o luto das mirróforas e ordenaste, aos Teus Apóstolos pregarem
que Tu ressuscitaste, ó Cristo Deus, dando ao mundo a grande misericórdia.
Tropário
Próprio - Modo 4:
Salva, Senhor, o teu povo e abençoa a tua herança!
Concede à tua Igreja a vitória sobre o mal e guarda
o teu povo pela tua Cruz.
Kondakion
– 7º tom:
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo.
O domínio da morte já não pode submeter o homem pois
Cristo, descendo, aboliu e destruiu o seu poder, o Hades está vencido, e os profetas
se alegram, clamando em uníssono: "O Salvador apareceu àqueles que têm fé!
Corram, fiéis, para a Ressurreição!"
Theotokion
– 7º tom:
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém
Como templo da nossa ressurreição, ó Toda-gloriosa
retira do túmulo e
da desolação aqueles que esperam em ti, tu nos salvaste da escravidão do pecado, gerando
a nossa Salvação, permanecendo sempre virgem.
Kondakion Próprio:
Doravante, a espada de fogo não guardará mais a porta
do Éden, porque o madeiro da Cruz apagou-a de modo maravilhoso; a morte foi vencida
e a vitória dos infernos anulada. E Tu, ó meu Salvador, te dirigiste aos que nele
estavam, dizendo: "entrai de novo no paraíso!"
Kondakion
Final:
Nós, teus servos, ó Mãe de Deus, te conferimos os
lauréis da vitória, penhor de nossa gratidão, como a um general que combateu por
nós e nos salvou de terríveis calamidades. E, como tens um poder invencível, livra-nos
dos perigos de toda espécie para que te aclamemos: salve, Virgem e Esposa!
Trisagion:
Adoramos a tua Cruz
, ó Mestre, e glorificamos a tua santa Ressurreição. (3 vezes)
Glória ao PAI, ao
FILHO e ao ESPÍRITO SANTO, agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.
E glorificamos a tua santa Ressurreição.
Adoramos † a tua Cruz , ó Mestre, e glorificamos
a tua santa Ressurreição.
Prokimenon:
O Senhor dará poder a seu povo.
O Senhor abençoará seu povo com a paz.
Oferecei ao Senhor, ó filhos de Deus, oferecei ao
Senhor tenros cordeiros.
Epístola Hb 4, 14-5, 6
Leitura da Epistola do Apóstolo São Paulo aos Hebreus.
Irmãos, nós temos
um sumo sacerdote eminente, que atravessou os céus: Jesus, o Filho de Deus. Por
isso, mantenhamos firme a fé que professamos. De fato, não temos um sumo sacerdote
incapaz de se compadecer de nossas fraquezas, pois ele mesmo foi provado como nós,
em todas as coisas, menos no pecado. Portanto, aproximemo-nos do trono da graça
com plena confiança, a fim de alcançarmos misericórdia, encontrarmos graça e sermos
ajudados no momento oportuno. Todo sumo sacerdote, escolhido entre os homens, é
constituído para o bem dos homens nas coisas que se referem a Deus. Sua função é
oferecer dons e sacrifícios pelos pecados. Desse modo, ele é capaz de sentir justa
compaixão por aqueles que ignoram e erram, porque também ele próprio está cercado
de fraqueza; e, por causa disso, ele deve oferecer sacrifícios, tanto pelos próprios
pecados como pelos pecados do povo. Ninguém pode atribuir a si mesmo essa honra,
se não for chamado por Deus, como o foi Aarão. Da mesma forma, Cristo não atribuiu
a si mesmo a glória de ser sumo sacerdote; esta lhe foi conferida por aquele que
lhe disse: «Você é o meu Filho, eu hoje o gerei.» E, noutra passagem da Escritura,
ele diz: «Você é sacerdote para sempre, segundo a ordem do sacerdócio de Melquisedec.»
Aleluia!
Aleluia, aleluia, aleluia!
É bom exaltar o Senhor e cantar louvores ao teu Nome,
ó Altíssimo (Sl 92, 1).
Aleluia, aleluia, aleluia!
Proclamar pela manhã o teu amor e a tua fidelidade
pela noite (Sl 91, 2).
Aleluia, aleluia, aleluia!
Evangelho Mc 8, 34-9, 1
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo,
segundo o Evangelista São Marcos.
Naquele tempo, Jesus chamou a multidão e os discípulos.
E disse: «Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga.
Pois, quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas, quem perde a sua vida por
causa de mim e da Boa Notícia, vai salvá-la. Com efeito, que adianta ao homem ganhar
o mundo inteiro, se perde a própria vida? Que é que um homem poderia dar em troca
da própria vida? Se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras diante dessa
geração adúltera e pecadora, também o Filho do Homem se envergonhará dele, quando
vier na glória do seu Pai com seus santos anjos». E Jesus dizia: «Eu garanto a vocês:
alguns dos que estão aqui, não morrerão sem ter visto o Reino de Deus chegar com
poder.»
Hirmos:
Ó cheia de graça, em ti rejubila-se toda a Criação.
A assembléia dos anjos e o gênero humano te glorificam, ó templo santificado, paraíso
espiritual e glória das virgens, na qual Deus se encarnou e da qual tornou-se Filho
Aquele que é nosso Deus antes dos séculos. Porque fez de teu seio um trono e as
tuas entranhas, mais vastas do que os céus. Ó cheia de graça, em ti rejubila-se
toda a Criação e te glorifica!
Sinaxe
No calendário Litúrgico Bizantino há duas datas nas
quais veneramos a Santa Cruz, tamanha é a relevância e o simbolismo deste instrumento
de morte que se transformou em instrumento de vida e salvação para os cristãos:
14 de setembro (festa principal) e no Terceiro Domingo da Quaresma.
A Santa Cruz transformou-se, no decorrer dos acontecimentos
da vida da Igreja, no arquétipo da ação salvífica de Deus e no modelo de resposta
do homem. Deus salva os homens pela Cruz, através de seu Filho que, obediente à
vontade do Pai, a abraçou restaurando aos homens a dignidade filial perdida.
Os primeiros cristãos, conforme relata São Paulo
em suas cartas, começavam a descobrir as riquezas do mistério da morte de Jesus
na cruz, quando à luz da Ressurreição a vislumbravam como meio de salvação e não
como instrumento de perdição. Já que o Senhor havia morrido numa cruz, em obediência
à vontade do Pai, ela foi acolhida como sinal de humildade e sujeição aos desígnios
de Deus. A resposta do homem ante a vontade divina passou a ser dada de maneira
consistente: a fé no Ressuscitado movia os corações a uma plena compreensão do plano
salvífico.
São Paulo não se limitou apenas a ensinar sobre o
poder que tem a Cruz de libertar os homens do pecado, do egoísmo e da morte. Ele
foi além dessas verdades estendendo o seu significado. Deu à Cruz a dimensão de
Redenção, vendo nela o meio necessário para que fosse selada a Nova Aliança entre
Deus e os homens.
Todo cristão, por participar do amor e da obediência
de Cristo na Cruz, morre para o pecado que o impede de amar a Deus e aos homens
de forma plena e livre. Santo Inácio de Antioquia ( + 117) e São Policarpo (+ 165)
lembravam os sofrimentos de Cristo constantemente em suas pregações, para enfatizar
a todos os cristãos que no escândalo da Cruz se ocultava o profundo amor de Deus
pelos homens. Na cruz trilhava-se o caminho para se chegar à Ressurreição. Por isso,
os cristãos do Oriente veneram a Cruz como símbolo da vitória sobre a morte.
Todo sofrimento, angústia, desespero e morte tornam-se
secundários diante da magnitude da Ressurreição.
O cristão ortodoxo contempla a Cruz resplandecente,
mergulhado no espírito pascal: o Senhor não terminou sua missão na Cruz, mas fez
dela um instrumento de passagem para se chegar à Vida.
A Cruz para um cristão que esteja imbuído deste espírito
torna-se fonte de bênçãos. A loucura da Cruz de Cristo ganha a dimensão do amor
infinito e totalmente oblativo. Hoje em dia são muitos os que tem dificuldade em
compreender a teologia da Cruz. Parecem fugir dela por medo de sofrer. O sofrimento
e a dor fazem parte da humanidade. Sofremos ao nascer, sofremos durante a vida e
a morte virá com muito ou pouco sofrimento, mas virá com ele. Não podemos mudar
esta realidade que nos é inerente por natureza. Como cristãos podemos mudar a compreensão
que damos ao sofrimento.
A Cruz, antes vista como horror e escândalo, passou
a ser compreendida como instrumento de salvação. Para que cheguemos a este amadurecimento
espiritual é necessário o encontro com o Senhor Crucificado que padeceu os horrores
da dor, para que Ele mesmo nos conduza às alegrias da Ressurreição.
Venerar a Cruz é venerar a história humana. Contemplar
a Cruz é contemplar os seres humanos nos mais diversos continentes do mundo. Venerar
a Cruz gloriosa e vivificante é restabelecer à história humana sua grandeza na História
da Salvação. A Cruz sem Deus revela o abandono e a morte. A Cruz com Deus é sinal
de esperança e vida nova.
Neste terceiro Domingo da Quaresma a Igreja nos convida
a refletir sobre a dimensão que damos à Cruz e ao sofrimento em nossas vidas. Nossa
postura frente à Cruz e ao sofrimento humano deve assemelhar-se à postura de Maria
e a de João, o discípulo do amor. Estavam em pé diante do Crucificado, contemplando
Aquele que era a Ressurreição e a Vida. Mesmo sem entender o que estava acontecendo
conservavam tudo isso no coração. Não procuravam uma explicação racional e uma lógica
que os fizessem compreender o sofrimento de Jesus. A lógica que os fazia silenciar
e aceitar os desígnios de Deus era a obediência e a entrega à vontade do Pai.
Quando racionalmente procuramos explicações para
o sofrimento e a cruz, fatalmente cairemos em subjetivismos perigosos que nos poderão
levar a erros e a desvios da fé apostólica. O homem por si só não pode explicar
os mistérios de Deus. A lógica divina não obedece os parâmetros racionais humanos.
A Cruz para a Igreja é sinal e instrumento de Salvação. Por isso, os cristãos de
tradição bizantina a veneram gloriosa e vivificante, despida dos sentimentos mórbidos
que poderiam ofuscar a sua magnitude. O sofrimento, as dores e a morte que o Senhor
sofreu por meio dela, por mais terríveis que pudessem ser, fez dela veículo da nossa
salvação.
Em recente entrevista à Revista 30 Dias, assim se
expressou Sua Santidade o Patriarca Ecumênico Bartolomeu I, referindo-se a relação
existente entre a Igreja e a Cruz:
«A Igreja deve apoiar a sua
força na sua fraqueza humana, na loucura da Cruz (escândalo para os Judeus, loucura
para os Gregos), e a sua esperança na ressurreição de Cristo. Privada de todo poder
mundano, perseguida e entregue cotidianamente à morte, a Igreja faz com que surjam
santos, que guardam a Graça de Deus em vasos de argila, que vivem dentro da luz
da Transfiguração e são conduzidos por Deus ao martírio e ao sacrifício.»
Um cristão, à Luz da Ressurreição, carrega sua cruz
subindo o Calvário para a Santidade. O madeiro que sustentou o corpo do Senhor Crucificado
tornou-se Árvore da Vida, pois nele foi selado o Novo Testamento, a Nova Aliança.
Deus pôs no santo Lenho da Cruz a salvação da humanidade, para que a vida ressurgisse
de onde viera a morte.
Durante o Rito de veneração à Santa e Vivificante
Cruz, entoa-se um canto que nos convida a contemplar o madeiro sagrado que nos deu
a vitória sobre o mal:
«Vinde, fiéis! Adoremos o
Madeiro que dá a vida, no qual Cristo, o Rei da Glória, estendeu voluntariamente,
seus braços, restaurando em nós a felicidade primitiva.
Vinde,adoremos a Cruz que
nos dá a vitória sobre o mal.»
Mais forte é o significado da segunda parte deste
mesmo hino que nos faz compreender a dimensão e a grandeza da Cruz de Cristo:
«Hoje, a Cruz é exaltada
e o mundo se liberta do erro.
Hoje, renova-se a Ressurreição
de Cristo, regozijam-se os confins da terra..."
Na Cruz renova-se a Ressurreição. Pela Cruz a Vida
nos é possível. Pela Cruz a Santidade é uma realidade presente. Basta o encontro
com o Senhor e nossa entrega total a Vontade de Deus.
O silêncio e a meditação nos auxiliarão, nesta Quaresma,
a ver na Cruz e no sofrimento riquezas espirituais nunca antes vislumbradas por
nós, mas já vividas pelos santos. Meditando sobre a Cruz à luz da Ressurreição,
"adoramos a tua Cruz, ó Mestre e glorificamos a tua Santa ressurreição."
Bibliografia:
DE FIORES, Stefano. Dicionário
de Espiritualidade, São Paulo: Ed. Paulinas, 1989,
15 de Março: Santo Aristóbulos, apóstolo [dos 70] († séc. I)
Irmão do Santo Apóstolo Barnabé, Santo Aristóbulos era um dos
setenta discípulos do Senhor. Ele acompanhou São Paulo em suas viagens missionárias,
auxiliando em sua missão de proclamar o Santo Evangelho aos gentios. Foi enviado
em missão às ilhas britânicas, que eram na época habitadas por povos idólatras,
selvagens. Como consequência de sua missão, foi frequentemente torturado e arrastado
em público. Mas lutou bravamente, fundando igrejas e ordenando diáconos e presbíteros.
Tendo assim semeado os valores da vida cristã, os frutos de sua missão vieram alguns
séculos depois do seu adormecimento em Cristo.
Também é comemorado em 31 de outubro.
Na sua Epístola aos Romanos, o Apóstolo São Paulo
faz referência à «casa de Aristóbulos» (Rm 16,10). Com base neste texto, alguns
chegaram a pensar que Aristóbulo pudesse ser de família nobre, talvez até mesmo
pai de Herodes Agripa.
Alguns ainda afirmam que ele foi martirizado na Grã-Bretanha.
Trad.: Pe. Pavlos Tamanini
Folheto
Dominical da Igreja Anunciação da Mãe de Deus
Responsável
Reverendo Ecônomo Padre Emanuel Sofoulis
Editoração e Diagramação
Antonio José
Atualização da Página na
internet
Jean Stylianoudakis
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Pavuna – Rio de Janeiro – RJ – Brasil
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