22 abril 2016

Domingo de Ramos


 
PATRIARCADO ECUMÊNICO DE CONSTANTINOPLA
Arquidiocese Ortodoxa Grega de Buenos Aires e América do Sul
Igreja Anunciação da Mãe de Deus
SGAN - Quadra 910 - Módulo ‘’B’’ - CEP: 70.790-100 - Brasília-DF
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Brasília, 24 de abril de 2016.
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Domingo de Ramos

«Entrada Triunfal de Jesus em Jerusalém»

(Domingo antes da Páscoa - Modo Próprio)

Memória de São Savas,
o General de Roma, mártir († 372);
e Santa Elizabeti,
a Taumaturga de Constantinopla.

(Liturgia de São João Crisóstomo)



Matinas

Tropário – Modo plagal 1 - (5º tom):
Nós, fiéis, louvemos e adoremos o Verbo igualado ao Pai e ao Espírito na eternidade, que nasceu da Virgem para nossa salvação, pois se dignou subir corporalmente à Cruz, suportar a morte e ressuscitar os mortos com sua gloriosa Ressurreição.
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo,

Nós, fiéis, louvemos e adoremos o Verbo igualado ao Pai e ao Espírito na eternidade, que nasceu da Virgem para nossa salvação, pois se dignou subir corporalmente à Cruz, suportar a morte e ressuscitar os mortos com sua gloriosa Ressurreição.
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.

Theotokion:
Alegra-Te! Porta invencível do Senhor.
Alegra-Te! Muralha de proteção dos que recorrem a Ti!
Alegra-Te! Porto sereno que não conheceu as núpcias. Ó Tu, que deste à luz segundo a carne ao Teu criador e Teu Deus, não cessai de interceder por aqueles que glorificam e veneram o Senhor que nasceu de Ti.

Katisma – Modo plagal 1 - (5º tom):
1ª Katisma:
Laudamos a honorável Cruz do Senhor e com cânticos honramos Sua Santa sepultura, glorificando Sua Divina Ressurreição, porque como Deus ressuscitou os mortos dos sepulcros, e aniquilou a força da morte e o poder iluminando os que jaziam no Hades.
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo.

Senhor, de chamaram morto, e Tu deste morte a morte. Foste posto em um sepulcro, e Tu esvaziaste os sepulcros. Sobre a terra, os soldados vigiavam Teu sepulcro; E embaixo ressuscitavas aqueles que estavam mortos há séculos. Oh Senhor Onipotente e Inconcebível, glória a Ti!
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.

Theotokion:
Alegra-te, oh montanha santa pela qual o Senhor passou! Alegra-te, oh sarça ardente inconsumível! Alegra-te, oh única ponte do mundo até Deus por onde se transladam os mortos à 1ª vida eterna! Alegra-te, oh Pura Imaculada quem deu à luz ao Salvador do mundo sem matrimonio!

2ª Katisma:
Senhor, depois de Tua Ressurreição ao terceiro dia e a prosternação dos discípulos, Pedro clamou a Ti: As mulheres foram valentes, mas eu covarde e temeroso; O ladrão reconheceu Tua divindade, mas eu te neguei. Pobre de mim! Será possível que volte a me chamar discípulo, e me faças pescador no fundo? Deus meu, recebe-me arrependido e salva-me.
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espirito Santo.

Oh Piedoso Senhor, os transgressores da Lei te cravaram entre os criminosos, transpassaram o Teu lado com a lança, a Ti que abriste as portas do Hades, aceitando a sepultura e ressuscitando no terceiro dia. As mulheres correram e ver-Te e anunciaram aos Apóstolos Tua Ressurreição. Oh Altíssimo Salvador, glorificado por anjos, Senhor Bendito, glória a Ti!
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

Theotokion:
Oh Noiva que não conheceste esposo, Louvadíssima Virgem, tu mudaste a tristeza de Eva em gozo. E nós os fieis prosternando-nos te louvamos já que tu nos resgatastes da escravidão de primeira maldição. Intercede sem cessar por nossa salvação, oh Santíssima.

Ypakoí – Modo plagal 1 - (5º tom):
Obediência:
As mentes das Mirróforas se turbaram ante a visão angelical e suas almas se iluminaram com a ressurreição e a anunciaram aos Apóstolos dizendo que Deus ressuscitou dando ao mundo a grande misericórdia.

Anabtmo:
1ª Antífona:
Salvador meu, te canto como o rei Davi em seus sofrimentos: salva minha alma do engano e das más línguas.
A vida dos Eremitas é bem-aventurada, porque com amor divino sempre se eleva.
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo, agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
Com o Espirito Santo se protege toda criação visível e invisível, porque é Onipotente e porque, sem dúvidas és um da Santa Trindade.

2ª Antífona:
Vem, oh alma, vamos subir a montanha, donde chega a ajuda.
Oh Cristo que Tua direita me abrace, elevando-me e protegendo-me de todos os enganos.

Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo, agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.

Pelo Espirito Santo falamos divinamente, dizendo: Tu és Deus e vida, amor e Luz; Tu és bondade e reina pelos séculos.

3ª Antífona:
Me alegrei quando me disseram: Vamos à casa do Senhor oferecendo orações sem tibieza.

Na casa de Davi, surpreendentes maravilhas ocorrerem porque há um fogo ardente que consome toda mente mal.
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo, agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.

Cada coisa viva é animada pelo Espírito Santo, que, com o Pai e o Verbo, é o início da vida.

Prokimenon:
Levanta-te, Senhor Deus meu, por que você reinais para sempre. (2 vezes).

Stichos:
Te confesso, Senhor, como todo o meu coração.
Levanta-te, Senhor meu e Deus meu, porque Tu reina pelos séculos.

Kondakion – Modo plagal 1 - (5º tom):
Ó meu Salvador, desceste ao inferno e lá quebraste as portas, porque és todo poderoso.
Ressuscitaste contigo os mortos, porque és o Criador; destruíste o aguilhão da morte e Adão ficou livre do sofrimento, ó amigo do homem.
Nós também Te clamamos: "Senhor, salva-nos".

Ikós:
Tendo entendido as palavras do anjo, as santas mulheres cessaram as suas lamentações, cheias de alegria e de temor diante da ressurreição; e eis que o Cristo se aproximou delas e disse:
"Alegrai-vos! Tende confiança, eu venci o mundo e livrei os cativos”.
“Apressai-vos, pois, para ir dizer aos discípulos que eu vos precederei na Galiléia, para lá pregar".
Nós também clamamos: Senhor, salva-nos!

Evangelho:                                                                                                                  Mt 21,1-11; 15-17
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, segundo o Evangelista São Mateus:

Naquele tempo, quando se aproximaram de Jerusalém, e chegaram a Betfagé, ao Monte das Oliveiras, enviou Jesus dois discípulos, dizendo-lhes: Ide à aldeia que está defronte de vós, e logo encontrareis uma jumenta presa, e um jumentinho com ela; desprendei-a, e trazei-nos. E, se alguém vos disser alguma coisa, respondei: O Senhor precisa deles; e logo os enviará. Ora, isso aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta: Dizei à filha de Sião: Eis que aí te vem o teu Rei, manso e montado em um jumento, em um jumentinho, cria de animal de carga. Indo, pois, os discípulos e fazendo como Jesus lhes ordenara, trouxeram a jumenta e o jumentinho, e sobre eles puseram os seus mantos, e Jesus montou. E a maior parte da multidão estendeu os seus mantos pelo caminho; e outros cortavam ramos de árvores, e os espalhavam pelo caminho. E as multidões, tanto as que o precediam como as que o seguiam, clamavam, dizendo: Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas alturas! Ao entrar ele em Jerusalém, agitou-se a cidade toda e perguntava: Quem é este? E as multidões respondiam: Este é o profeta Jesus, de Nazaré da Galiléia. Vendo, porém, os principais sacerdotes e os escribas as maravilhas que ele fizera, e os meninos que clamavam no templo: Hosana ao Filho de Davi, indignaram-se e perguntaram-lhe: Ouves o que estes estão dizendo? Respondeu-lhes Jesus: Sim; nunca lestes: Da boca de pequeninos e de criancinhas de peito tiraste perfeito louvor? E deixando-os, saiu da cidade para Betânia, e ali passou a noite.
 
Exapostilário – 2º:
As portadoras de mirra quando viram a pedra removida e um jovem sentado no túmulo, se alegraram ao ouvi-lo dizer: “O Cristo ressuscitou; ide, pois, dizer a seus discípulos e a Pedro para irem ao monte da Galiléia, pois, lá, Ele apascentará a todos os seus amados como prometera”.

Theotokion – 2º:
Um anjo de paz apareceu à Virgem antes de ficar grávida de Ti, ó Cristo. Também um anjo removeu a pedra do túmulo. O primeiro anunciou a indescritível alegria em troca da tristeza.
O segundo anunciou aos Teus eleitos e às mulheres a Tua ressurreição dentre os mortos, louvando-Te, ó doador da vida.

Laudes - Modo plagal 1 - (5º tom):
1 – Esta glória será para todos os Justos.
Oh Senhor, embora o sepulcro estivesse selado saíste dele como nasceste da Virgem; Teus Anjos incorpóreos não sabiam como assumiste um corpo, assim também os saldados que te vigiavam não se deram conta quando ressuscitaste, porque estas duas coisas são impossíveis para os questionadores; mais estes milagres foram revelados aos que se prosternam com fé ante o mistério. Presenteia-os aos que louvam a alegria e a grande misericórdia.

2 – Louvai a Deus em seu santuário, louvai na magnificência de seu firmamento!
Oh Senhor, Tu liberaste os aprisionados temporais, rompeste as cadeias e ressuscitaste do sepulcro deixando na mirra os lençóis, testemunhas de Tua verdadeira sepultura de três dias e Te adiantaste até a Galiléia. Oh Tu que estiveste em uma cova, grande é Tua misericórdia! Oh Salvador inalcançável, tem piedade de nós.

3 – Louvai por suas proezas, louvai conforme Sua imensa grandeza!
Oh Cristo que sofreste, as mulheres correram até o Teu sepulcro para ver-Te e quando chegaram encontraram um Anjo sentado sobre a pedra removida, quem com temor exclamou dizendo: “Ide, anunciai aos discípulos que Ele ressuscitou dentre os mortos, Ele o Salvador das almas.

4 – Louvai ao som da trombeta, louvai com saltério e a harpa!
Oh Senhor Salvador, entraste onde teus Discípulos ali se encontravam estando as portas cerradas, assim como saíste do sepulcro estando selado, mostrando-lhes as chagas do Teu corpo que aceitaste por Tua infinita paciência. Oh Tu que és da descendência de Davi, que padeceste as dores com paciência livrando o mundo como filho de Deus grande é Tua misericórdia! Oh salvador inalcançável, tem piedade de nós.

5 – Louvai com pandeiro e a dança; louvai com cordas e flautas!
Oh Senhor, Rei dos séculos e criador de tudo, que aceitaste a crucifixão e a sepultura em seu corpo por todos nós para libertar-nos do Hades, Tu és nosso
Deus e não conhecemos a outro.

6 – Louvai com címbalos retumbantes; louvai com címbalos de júbilo. Tudo que respira louve ao Senhor!
Oh Senhor Deus, quem pode falar de Teus milagres e publicá-los? Ou quem pode narrar Teus mistérios? Tu que Te fizeste homem por nós por tua própria vontade, mostrando Tua onipotência. Com Tua Cruz abriste o paraíso ao ladrão; com Tua sepultura acabaste com as cadeias do inferno, e com Tua ressureição enriqueceste toda a criação. Oh Piedoso, glória a Ti!

7 – Levanta-Te, Senhor meu e Deus meu, que tua mão se levante e não te esqueças para sempre de Teus pobres.
As Mirróforas foram ao Teu sepulcro de madrugada desejando ungir-Te com a mirra, oh Deus e Verbo imortal. E quando o Anjo lhes anunciou a boa nova voltaram com alegria para anuncia-la aos Apóstolos dizendo-lhes que ressuscitaste, oh Vida de todos dando ao mundo o perdão e a grande misericórdia.

8 – Te confesso, Senhor, como todo meu coração e proclamo todos teus milagres.
Os guardas que vigiavam o sepulcro que continha Deus, disseram aos judeus: “Que insensatos!” Fizeram todo o possível para conter à Aquele que é incontenível, em vão se cansaram tratando de ocultar a ressureição do crucificado, mostrando-a com maior claridade. Oh Sinédrio de más intenções, porque confabularam o que é impossível de se ocultar? O melhor é escutarmos e aceitar com fé o acontecido, porque o Anjo resplandecente com o relâmpago desceu do céu e removeu a pedra, e de medo caímos como mortos. Ele disse às Mirróforas com firme convicção: “Não veem os guardas como mortos, os selos partidos e o Hades vazio? Por quê querem encontrar entre os mortos o vivo, o que acabou com o domínio do Hades e arrancou a espinha da morte? Ide sem demora e anunciai aos Apóstolos a ressureição, e clamem sem temor: Em verdade ressuscitou o Senhor da grande misericórdia!

Eothinon – 2º:
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo.
As mulheres que estavam com Maria e levaram aromas ficaram satisfeitas por terem conseguido o seu desejo de ir ao Sepulcro; ficaram espantadas quando viram a pedra do túmulo rolar; um divino jovem acalmou a perturbação de suas almas, dizendo: “O Cristo Deus já ressuscitou e anunciai aos discípulos para irem a Galiléia, para vê-Lo ressuscitado, porque Ele, o Senhor, é o doador da vida”.

Theotokion:
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.

Bendita e venerável és Tu, ó Mãe de Deus, em cujo seio se encarnou Aquele que visitou o inferno, libertando Adão e Eva da maldição, destruindo a morte e dando a vida a todos nós.
Por isso bendirei o Cristo em qualquer tempo, e sempre o Seu louvor estará em minha boca (2 vezes).

Tropário:
Hoje é a salvação do mundo. Louvemos Aquele que ressuscitou do túmulo, dando-nos origem a uma nova vida, porque anulou a morte com a Sua morte e nos concedeu a misericórdia de obter essa grande vitória.


Divina Liturgia

Anunciação - Modo 4:
É hoje o começo da nossa salvação e a manifestação do mistério eterno.
O Filho de Deus torna-Se Filho da Virgem e Gabriel anuncia a graça.
Por isso, cantamos com ele à Mãe de Deus:
“Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo!”

Isódicon:
O Senhor é Deus e a nós se revelou, bendito o que vem em nome do senhor!
Salva-nos, ó Filho de Deus, que estás sentado sobre um jumentinho, a nós que a Ti cantamos: aleluia!

Tropário:
Ó Cristo Deus, dando-nos, antes da tua Paixão, uma garantia da ressurreição geral, ressuscitaste Lázaro dos mortos; por isso, nós também, como os filhos dos hebreus, levamos os símbolos da vitória, clamando: Ó vencedor da morte, hosana nas alturas! Bendito o que vem em nome do Senhor!

Tropário – Modo 4:
Fomos sepultados contigo pelo batismo, ó Cristo Deus, e pela tua Ressurreição, merecemos a vida eterna. Por isso, a Ti cantamos em alta voz: hosana nas alturas! Bendito o que vem em nome do Senhor!

Hípico:
Os Judeus, louvaram primeiro a Cristo Deus com ramos e, em seguida, prenderam-no com varapaus. Quanto a nós, honremo-lo sempre como benfeitor e com fé inabalável, clamemos: bendito és tu que vieste para fazer Adão reviver!

Kondakion:
Ó Cristo Deus, que nos céus estás sentado num trono, e na terra montado num jumentinho, recebeste com agrado o canto dos Anjos e o louvor das crianças que te aclamavam: bendito és, tu que vieste para fazer Adão reviver!

Prokimenon:
O Senhor é Deus e a nós se revelou. Bendito o que vem em nome do senhor!
Louvai o Senhor, porque ele é bom, porque a sua misericórdia é eterna.

Epístola:                                                                                                                                    Fp 4,4-9
Leitura da Epístola do Apostolo São Paulo aos Filipenses:

Irmãos, alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: alegrai-vos! Seja conhecida de todos os homens a vossa bondade. O Senhor está próximo. Não vos inquieteis com nada! Em todas as circunstâncias apresentai a Deus as vossas preocupações, mediante a oração, as súplicas e a ação de graças. E a paz de Deus, que excede toda a inteligência, haverá de guardar vossos corações e vossos pensamentos, em Cristo Jesus. Além disso, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é nobre, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, tudo o que é virtuoso e louvável, eis o que deve ocupar vossos pensamentos. O que aprendestes, recebestes, ouvistes e observastes em mim, isto praticai, e o Deus da paz estará convosco.

Aleluia!
Aleluia, aleluia, aleluia!

Cantai ao Senhor um cântico novo, porque ele operou maravilhas!
Aleluia, aleluia, aleluia!

As extremidades da terra viram a salvação de nosso Deus.
Aleluia, aleluia, aleluia!

Evangelho:                                                                                                                            Jo 12, 1-18
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, segundo o Evangelista São João:

Naquele tempo, seis dias antes da Páscoa, foi Jesus a Betânia, onde vivia Lázaro, que ele ressuscitara. Deram ali uma ceia em sua honra. Marta servia e Lázaro era um dos convivas. Tomando Maria uma libra de bálsamo de nardo puro, de grande preço, ungiu os pés de Jesus e enxugou-os com seus cabelos. A casa encheu-se do perfume do bálsamo. Mas Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, aquele que o havia de trair, disse: Por que não se vendeu este bálsamo por trezentos denários e não se deu aos pobres? Dizia isso não porque ele se interessasse pelos pobres, mas porque era ladrão e, tendo a bolsa, furtava o que nela lançavam. Jesus disse: Deixai-a; ela guardou este perfume para o dia da minha sepultura. Pois sempre tereis convosco os pobres, mas a mim nem sempre me tereis. Uma grande multidão de judeus veio a saber que Jesus lá estava; e chegou, não somente por causa de Jesus, mas ainda para ver Lázaro, que ele ressuscitara. Mas os príncipes dos sacerdotes resolveram tirar a vida também a Lázaro, porque muitos judeus, por causa dele, se afastavam e acreditavam em Jesus. No dia seguinte, uma grande multidão que tinha vindo à festa em Jerusalém ouviu dizer que Jesus se ia aproximando. Saíram-lhe ao encontro com ramos de palmas, exclamando: Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor, o rei de Israel! Tendo Jesus encontrado um jumentinho, montou nele, segundo o que está escrito: Não temas, filha de Sião, eis que vem o teu rei montado num filho de jumenta (Zc 9,9). Os seus discípulos a princípio não compreendiam essas coisas, mas, quando Jesus foi glorificado, então se lembraram de que isto estava escrito a seu respeito e de que assim lho fizeram. A multidão, pois, que se achava com ele, quando chamara Lázaro do sepulcro e o ressuscitara, aclamava-o. Por isso o povo lhe saía ao encontro, porque tinha ouvido que Jesus fizera aquele milagre.

Hirmos:
O Senhor é Deus e a nós se revelou!
Celebrai a festa e alegrai-vos, e vinde, glorifiquemos a Cristo, levando palmas e ramos de oliveira e cantando-lhe hinos, dizendo: bendito o que vem em nome do Senhor, nosso Salvador!

Kinonikon:
O Senhor é Deus e a nós se revelou.
Bendito o que vem em nome do Senhor.
Aleluia, aleluia, aleluia!

OBS.: Em vez de "Vimos a verdadeira luz ..." canta-se o 1º Apolitíkion.

Extraído do site ecclesia.com.br



SINAXE

Pe. Paulo A. Tamanini

«O Domingo de Ramos»

No ponto de vista litúrgico, o sábado de Lázaro se apresenta como a preparação do Domingo de Ramos; dia em que se celebra a entrada do Senhor em Jerusalém. Essas duas festas têm um tema em comum: o triunfo e a vitória. O sábado revelou o Inimigo que é a morte; o domingo anuncia a vitória, o triunfo do Reino de Deus e a aceitação pelo mundo de seu único Rei, Jesus Cristo. A entrada solene na cidade santa foi, na vida de Jesus, seu único triunfo visível; até aí, ele tinha recusado qualquer tentativa de ser glorificado e é apenas seis dias antes da Páscoa que ele não só aceitou de bom grado, como provocou mesmo o acontecimento. Cumprindo ao pé da letra o que dissera o profeta Zacarias )— "Eis o teu Rei que vem montado numa jumenta" (Zac. 9:9), ele mostra claramente que queria ser reconhecido e aclamado como o Messias, Rei e Salvador de Israel. O texto do Evangelho sublinha, com efeito, os traços messiânicos: os ramos, o canto de Hosanna, a aclamação de Jesus como Filho de Davi e Rei de Israel. A história de Israel chega ao seu fim: tal é o sentido deste acontecimento. O sentido desta história era o de anunciar e preparar o Reino de Deus, a vinda do Messias. Hoje é o dia em que isto se cumpre, pois eis que o Rei entra em sua cidade santa e nele todas as profecias e toda a espera de Israel encontram seu término: ele inaugura seu Reino.

A liturgia deste dia comemora este acontecimento; com os ramos nas mãos, nós nos identificamos com o povo de Jerusalém, com o qual saudamos o humilde Rei, recitando-lhe nossa Hosanna. Mas, qual é o sentido disto para nós, hoje?

Primeiramente, nós proclamamos que o Cristo é nosso Rei e nosso Senhor. Muito frequentemente nós nos esquecemos que o Reino de Deus já foi inaugurado, que no dia do nosso Batismo nós fomos feitos cidadãos dele, e que nós prometemos colocar nossa fidelidade a esse Reino acima de qualquer outra. Não esqueçamos que, durante algumas horas, o Cristo foi verdadeiramente Rei sobre a terra, Rei neste mundo que é o nosso. Por algumas horas apenas e numa única cidade. Mas, da mesma maneira que em Lázaro nós reconhecemos a imagem de todo homem, podemos ver nesta cidade o centro místico do mundo e de toda a criação. Tal é o sentido bíblico de Jerusalém, a cidade, o ponto focal de toda a história da salvação e da redenção, a santa cidade do Advento de Deus. O Reino inaugurado em Jerusalém é, pois, um Reino universal, abraçando todos os homens, e a criação inteira. .. por algumas horas, e, entretanto, essas horas são decisivas; é a hora de Jesus, a hora do cumprimento por Deus de todas as suas promessas e de todas as suas vontades. Essas horas são o término de toda a longa preparação revelada pela Bíblia e o cumprimento de tudo aquilo que Deus quis fazer pelos homens. E assim, este breve momento de triunfo terrestre do Cristo adquire uma significação eterna. Ele introduz a realidade do Reino de Deus no nosso tempo, em cada uma de nossas horas, fazendo deste Reino aquilo que dá ao tempo o seu sentido, sua finalidade última. A partir dessa hora, o Reino é revelado ao mundo e sua presença julga e transforma a história humana. E quando do momento mais solene da celebração litúrgica, nós recebemos um ramo das mãos do padre, nós renovamos nossa promessa a nosso Rei, e nós confessamos que o seu Reino é o único objetivo de nossa vida, a única coisa que dá um sentido a ela. Nós confessamos também que tudo, na nossa vida e no mundo, pertence ao Cristo, que nada pode ser subtraído ao único e exclusivo Mestre e que nenhum domínio de nossa existência escapa de seu império e de sua ação redentora. Enfim, nós proclamamos a universal e total responsabilidade da Igreja com relação à história da humanidade e nós afirmamos sua missão universal.

No entanto, nós sabemos, o Rei que os judeus aclamam hoje, e nós com eles, se encaminha para o Gólgota, para a cruz e para o túmulo. Nós sabemos que esta breve triunfo é apenas o prólogo de seu sacrifício. Os ramos em nossas mãos significam, desde então, nosso ardor em segui-lo no caminho do sacrifício, nossa aceitação do sacrifício e nossa renúncia a nós mesmos, em que reconhecemos a única estrada real que conduz ao Reino.

E, finalmente, os ramos, essa celebração, proclamam nossa fé na vitória final do Cristo. Seu Reino ainda está oculto e o mundo o ignora. O mundo vive como se o acontecimento decisivo jamais tivesse ocorrido, como se Deus não tivesse morrido na cruz e como se, nele, o homem não tivesse ressuscitado dentre os mortos. Mas nós, cristãos, cremos, na chegada desse Reino onde Deus será tudo em todos, e onde o Cristo aparecerá como o único Rei.

As celebrações litúrgicas nos relembram acontecimentos passados; mas todo o sentido e toda a virtude da liturgia consistem precisamente em transformar a lembrança em realidade. Neste Domingo de Ramos, a realidade em questão é a nossa própria implicação neste Reino de Deus, é nossa responsabilidade a seu respeito. O Cristo não entra mais em Jerusalém; ele o fez de uma vez por todas. Ele não cuidou do "símbolo" e, certamente, não foi para que nós possamos perpetuamente "simbolizar" sua vida, que ele morreu na cruz. O que ele espera de nós, é um real acolhimento do Reino que ele nos trouxe. . . e se nós não estivermos prontos a sermos totalmente fiéis ao juramento que renovamos a cada ano, o Domingo de Ramos, se de fato não estivermos decididos a fazer do Reino a base de toda nossa vida, então nossa celebração é vã, vãos e sem significado são os ramos que levamos da igreja para nossas casas.

FONTE:
Alexandre Schmémann, Olivier Clément. «O Mistério Pascal - Comentários Litúrgicos»

Extraído do site ecclesia.com.br


 

23 de Abril: «Sábado de Lázaro:

O Prelúdio da Cruz»



«Tendo completado o percurso dos 40 dias...
nós suplicamos ver a Semana Santa da tua paixão».

Com essas palavras, cantadas nas vésperas da sexta-feira de Ramos, é que termina a quaresma, e que entramos na comemoração anual dos sofrimentos de Cristo, de sua morte e de sua ressurreição. Ela começa no sábado de Lázaro. A festa da ressurreição de Lázaro, somada à da entrada do Senhor em Jerusalém, é chamada nos textos litúrgicos: «Prelúdio da Cruz». É portanto no contexto da grande semana que o significado desta festa dupla fica mais claro. O tropário comum à esses dois dias nos diz:

- «Ressuscitando Lázaro,
o Cristo confirmou a verdade
da Ressurreição Universal».

Aqueles que estão familiarizados com a liturgia ortodoxa, conhecem o caráter singular e paradoxal dos ofícios desse sábado de Lázaro. Esse sábado é celebrado como um domingo, quer dizer que se celebra aí o ofício da Ressurreição quando, normalmente, o sábado é consagrado à comemoração dos defuntos. A alegria que ressoa no ofício sublinha o tema principal: a vitória próxima de Cristo sobre o Hades. Na Bíblia, o Hades significa a morte e seu poder universal, a noite inevitável e a destruição que traga toda a vida, envenenando com suas trevas devastadoras o mundo inteiro. Mas eis que, pela ressurreição de Lázaro, «a morte começa a tremer»; é o começo de um duelo decisivo entre a vida e a morte, um duelo que nos dá a chave de todo o mistério litúrgico da Páscoa. Para a Igreja primitiva, o sábado de Lázaro era, o «anúncio da Páscoa»; de fato, esse sábado proclama e já faz aparecer a maravilhosa luz e a paz do sábado seguinte: o grande e santo Sábado, o dia do túmulo vivificante que dá a vida.

Compreendemos logo que Lázaro, «o amigo de Jesus», personifica cada um de nós e toda a humanidade, e que Betânia, «a casa» do homem Lázaro, é o símbolo de todo o universo, habitat do homem. Todo homem foi criado amigo de Deus e chamado a esta amizade divina que consiste no conhecimento de Deus, na comunhão com ele, o compartilhar da mesma vida: «A vida estava nele, e a vida era a luz dos homens» (Jo 1:4). E, portanto este amigo bem amado de Deus, criado por amor, ei-lo destruído, aniquilado por um poder que Deus não criou: a morte. Deus é afrontado em sua obra por um poder que a destrói e torna nulo seu desígnio. A criação é apenas tristeza, lamentação, lágrimas e finalmente morte. Como é possível? Essas questões se encontram latentes no texto detalhado que João nos faz da vinda de Jesus à tumba de seu amigo. «Uma vez chegado à tumba de seu amigo», diz o evangelista, «Jesus chorou» (Jo 11:35). Por que ele chora, uma vez que ele sabe que dentro de um instante ele ressuscitará Lázaro à vida?

Os hinógrafos bizantinos não souberam compreender o sentido verdadeiro dessas lágrimas, atribuindo-as à sua natureza humana, uma vez que, de sua natureza divina ele detinha o poder de ressuscitar os mortos. Entretanto, a Igreja ortodoxa ensina claramente que todas as ações de Cristo são teândricas, isto é, ao mesmo tempo divinas e humanas, sendo as ações do único e mesmo Deus-Homem, o Filho de Deus encarnado. É o Homem-Deus que vemos chorar, é o Homem-Deus que fará sair Lázaro de seu túmulo. Ele chora.... são lágrimas divinas; ele chora porque contempla o triunfo da morte e da destruição da criação saída das mãos de Deus. «Ele já cheira mal», dizem os judeus, como para impedir Jesus de se aproximar do corpo; terrível advertência que vale para todo o universo, para toda a Vida. Deus é Vida e Doador de Vida, ele chamou o homem para esta realidade divina da vida, e eis "que ele cheira mal." O mundo foi criado para refletir e proclamar a glória de Deus, e eis «que ele cheira mal»! No túmulo de Lázaro Deus encontra a morte, a realidade da antivida, da destruição e do desespero. Ele se encontra face à face com seu Inimigo que lhe arrebatou a criação, que era sua, para tornar-se o Príncipe. Nós que seguimos Jesus se aproximando do túmulo, entramos com ele na sua Hora, aquela que ele anunciou freqüentemente como o apogeu e o cumprimento de toda sua obra. Neste curto versículo do Evangelho: «Jesus chorou», é a Cruz que é anunciada, sua necessidade e seu significado universal. Compreendemos agora que é porque «Jesus chorou», melhor dizendo porque ele amava seu amigo Lázaro, que ele tem o poder de o chamar à vida. A ressurreição não é a simples manifestação de um poder divino, mas antes o poder de um amor, o amor tornado poder. Deus é Amor e Amor é Vida, ele é criador de vida... É o Amor que chora sobre o túmulo e é o Amor também que dá a vida; lá está o sentido das lágrimas divinas de Jesus. Elas nos mostram o amor de novo à obra, recriando, resgatando e restaurando a vida humana presa das trevas: "Lázaro, sai para fora!...»

Eis porque esse sábado de Lázaro inaugura ao mesmo tempo a cruz como supremo sacrifício de Amor, e a ressurreição como seu último triunfo:

«O Cristo é para todos alegria, verdade, luz e vida,
Ele é a ressurreição do mundo,
n'Ele o amor apareceu para aqueles que estão na terra,
imagem da ressurreição,
concedendo a todos o perdão divino».

 (Kondakion do Sábado de Lázaro)

Fonte: Alexandre Schmémann, Olivier Clément. «O Mistério Pascal» - Comentários Litúrgicos

Extraído do site ecclesia.com.br


24 de Abril: São Savas, o General de Roma, mártir († 372); e Santa Elizabeti, a taumaturga († ?)


 
No século III, os godos cruzaram o Danúbio e se estabeleceram nas províncias romanas de Dacia e Moesia, de onde partiam para expedições na Ásia Menor, especialmente à Galícia e Capadócia, trazendo muitos escravos cristãos, tanto sacerdotes como leigos. Os prisioneiros, pouco a pouco, tentavam converter seus senhores e construíram várias igrejas. Em 370, um dos chefes godos, para vingar-se iniciou uma forte perseguição aos cristãos que, dentre eles, se destacavam São Savas e São Nicetas. Savas tinha se convertido ao cristianismo ainda muito jovem e servia a Igreja como cantor e leitor. No início das perseguições, os magistrados deram ordem aos cristãos que comessem a carne oferecida aos ídolos. Alguns pagãos que tinham parentes entre os cristãos, persuadiram os guardas de que os fizessem comer somente a carne que não tinha sido oferecida aos ídolos. Savas denunciou corajosamente a estratégia usada: não só se negou comer a carne como também declarou que quem comesse seria réu de traição. Alguns cristãos aprovaram seu procedimento, outros, porém, se rebelaram e o obrigaram a sair da cidade. Pouco tempo depois, Savas retornou à cidade. Um ano mais tarde as perseguições aos cristãos se intensificaram, e alguns dos mais conhecidos da cidade estavam para prestar um juramento de que na cidade já não havia mais nenhum cristão. Foi quando São Savas se apresentou e disse: «Não jureis por mim, pois eu sou cristão». O juiz perguntou aos presentes se Savas era rico, e ao saber que o único bem que possuía era suas vestes, o deixou em liberdade, dizendo: «este pobre diabo não pode fazer nem bem nem mal».

Dois ou três anos mais tarde as perseguições recomeçaram. Três dias depois da Páscoa, chegou à cidade um pelotão de soldados a mando de Ataridio que, imediatamente foi a casa do sacerdote Sansala onde estava Savas descansando, depois das festas. Os soldados amarraram Sansala a um leito que foi puxado por um carro. Amarraram também Savas sobre a cama e o arrastaram nu sobre arbustos espinhosos. Na manhã seguinte, Savas disse aos perseguidores: «Não é possível que vocês tenham arrastado meu corpo durante toda a noite sobre espinhos, se não há feridas ou cicatrizes?» Os soldados então viram que em sua pele não havia nenhum arranhão. Enfurecidos, ataram seus braços e pés sobre um carro e o torturaram durante grande parte da noite. Quando estavam cansados, pararam e a mulher em cuja casa estavam alojados, movida de compaixão, desatou Savas, mas este se negou fugir. Na manhã seguinte, os carrascos amarraram as mãos de Savas em uma das vigas da casa. Puseram diante de Savas e Sansala a carne oferecida aos ídolos. Ambos se recusaram comê-la e Savas exclamou: «Esta carne é tão suja e impura quanto Ataridio que no-la enviou». Um dos soldados o golpeou tão violentamente que todos acreditavam que o havia matado. Porém Savas não sentiu o golpe e disse: «Crês haver-me matado? Pois te confesso que tua arma parece lã que não me fez nenhum mal». Quando Ataridio soube do acontecido, mandou que jogassem Savas no rio. Ao chegar às margens, um dos soldados disse aos seus companheiros: «Deixemos escapar este inocente, pois sua morte não trará nenhum bem a Ataridio». Savas, porém, persuadiu o soldado a que cumprisse a ordem dizendo: «Eu vejo o que tu não vês. Do outro lado do rio há uma multidão que está esperando minha alma para conduzi-la a glória; basta que minha alma se separe do corpo». Então os soldados o jogaram no rio com um peso atado ao seu pescoço.  Narra-se que o lugar do martírio de São Savas foi em Targovisto, ao noroeste da cidade de Bucareste.

Tradução e publicação neste site
com permissão de www.ortodoxia.org
Trad.: Pe. Pavlos Tamanini

Extraído do site ecclesia.com.br


 Santa Elizabeti, a taumaturga († ?)


Santa Elizabeth foi dada por Deus a seus pais, cristãos devotos de uma nobre família de Heracléia, na Trácia, após uma intervenção miraculosa de Santa Glicéria, Virgem e Mártir (13 de maio). Desde sua infância, ela conservou em seu coração os ensinamentos dos santos, procurando viver segundo os ensinamentos de evangelho, revelando um espírito de liderança. Quando, na idade de doze anos, ficou órfã, distribuiu sua herança aos mais necessitados, libertou seus escravos e entrou para o convento de São Jorge, conhecido como «Pequena Colina», em Constantinopla, que era dirigido por sua tia paterna. Abraçou zelosamente todas as obras de vida ascética, tornando-se rapidamente um vaso eleito de graça. Os olhos de seu coração estavam constantemente fixos na beleza divina, razão pela qual, durante três anos inteiros, manteve olhar fixo no chão, sem deixá-lo vaguear à esmo. Usava apenas um casaco e caminhava descalça, mesmo no rigor do inverno, mas o amor de Deus que ardia em seu coração substituía o casaco e a manta.
As lágrimas que derramava quando orava, exalava uma fragrância mais suave que os perfumes de banhos. Seu principal alimento era o pão descido céu, dado em comunhão na Divina Liturgia. Quando a superiora do convento estava prestes a deixar esta vida, apontou para Elizabeth como sua sucessora, e o Santo Patriarca Gennadius (458-471), foi quem lhe conferiu a investidura. Deus, então, redobrou os efeitos de sua graça e a Santa operava muitos milagres: cura de doenças graves, expulsão de demônios e profecia. Assim, ela profetizou ao imperador Leão I o terrível incêndio que destruiu a capital em 465*, também previsto por São Daniel Estilita (11/12), e foi através da intercessão destes dois santos que a cidade foi preservada da destruição total. Em sinal de reconhecimento, o Imperador ordenou a construção de um Monastério nas terras de São Babylas, próximo ao palácio de L’Hebdomon. Grandes milagres aconteceram na região e a fama do poder da santa se espalhou rapidamente em todo o território da cidade imperial. Muitos doentes que acorriam a ela ficaram livres de seus males. Um dia, durante a Divina Liturgia, ela entrou em êxtase e viu o Espírito Santo descer como uma grande lâmina de luz branca a rodear o altar. Já perto do final de sua vida, Santa Elizabeth retornou à sua terra natal, Heraclea, para venerar os santuários. Santa Glicéria apareceu-lhe, recordando a proteção concedida a ela desde a sua infância e convidando-a para habitar em seu lar celestial, um dia após a festa de São Jorge. Voltando ao seu mosteiro, Elizabeth passou suas instruções finais e, depois de os Sagrados Mistérios (Eucaristia), seu rosto se iluminou como o sol e ela elevou suas mãos com alegria para o céu, repetindo as palavras do profeta São Simeão: «Agora, ó Soberano Senhor, deixa o teu servo ir, porque meus olhos viram a tua Salvação!». E, serenamente, entregou a sua alma a Deus. O corpo de Santa Elizabeth, que permaneceu incorrupto por muitos séculos, tornou-se uma fonte de cura.

* Esta catástrofe é comemorada no Synaxarion em 1º de setembro.

Trad.: Pe. André Sperandio

Extraído do site ecclesia.com.br



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