18 junho 2016

PENTECOSTES «Festa da Santíssima Trindade»



PATRIARCADO ECUMÊNICO DE CONSTANTINOPLA
Arquidiocese Ortodoxa Grega de Buenos Aires e América do Sul
Igreja Anunciação da Mãe de Deus
SGAN - Quadra 910 - Módulo ‘’B’’ - CEP: 70.790-100 - Brasília-DF
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Brasília, 19 de junho de 2016.
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PENTECOSTES

«Festa da Santíssima Trindade»

(8º Domingo da Páscoa - Modo Próprio)

Memória do Santo Apóstolo São Judas Tadeu, irmão do Senhor (séc. I).
 


A Igreja comemora neste dia, a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos reunidos no cenáculo com Maria, a Mãe de Jesus, e os outros discípulos do Senhor. É a festa do Espírito Santo e de seus dons abundantes que infundem no fiel penitente e humilde para torná-lo morada da Santíssima Trindade. Por isso, após a Divina Liturgia, ou Vésperas, faz-se o RITO DE ADORAÇÃO OU «DOBRAMENTO DOS JOELHOS», para implorar os dons do Espírito Santo.

MATINAS

Tropário:
Bendito és, ó Cristo, nosso Deus, que provaste serem os pescadores, mui sábios, pois enviaste-lhes o Espírito Santo e com eles conseguiste conquistar o Universo, ó Filantropo, Glória a Ti.
Glória ao Pai †, ao Filho e ao Espírito Santo,
Bendito és, ó Cristo, nosso Deus, que provaste serem os pescadores, mui sábios, pois enviaste-lhes o Espírito Santo e com eles conseguiste conquistar o Universo, ó Filantropo, Glória a Ti.
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.
Bendito és, ó Cristo, nosso Deus, que provaste serem os pescadores, mui sábios, pois enviaste-lhes o Espírito Santo e com eles conseguiste conquistar o Universo, ó Filantropo, Glória a Ti.

Katisma – Modo variável 4º:
1ª Katisma:
Ó fiéis, vamos festejar a última festa, a qual é o fim da festa. Por que o Pentecostes é o termo da promessa que deve ser completada e nela desceu o fogo do consolador sobre a terra, como línguas e iluminou os discípulos e lhes mostrou as coisas celestiais. A luz do Salvador apareceu e Iluminou o mundo.
Glória ao Pai †, ao Filho e ao Espírito Santo. Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.
Ó fiéis, vamos festejar a última festa, a qual é o fim da festa. Por que o Pentecostes é o termo da promessa que deve ser completada e nela desceu o fogo do consolador sobre a terra, como línguas e iluminou os discípulos e lhes mostrou as coisas celestiais. A luz do Salvador apareceu e Iluminou o mundo.

2ª Katisma:
A fonte do espírito desceu dividido em línguas de fogo até a terra; espiritualmente pulverizou os apóstolos iluminando-os e tornou-se para eles um fogo fluindo de nuvem, chama de luz e frescor. Através deles receberam a graça nos foi dado pelo fogo e água: a luz do Paracleto é presente e ilumina o universo.
Glória ao Pai †, ao Filho e ao Espirito Santo. Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
A fonte do espírito desceu dividido em línguas de fogo até a terra; espiritualmente pulverizou os apóstolos iluminando-os e tornou-se para eles um fogo fluindo de nuvem, chama de luz e frescor. Através deles receberam a graça nos foi dado pelo fogo e água: a luz do Paracleto é presente e ilumina o
universo.

3ª Katisma:
Ó Cristo Salvador após sua ressurreição do túmulo e sua subida divina ao céu, enviaste sua glória a seus discípulos, ó afetuoso; e renovaste-lhes um espírito reto; por isso divulgaram claramente suas palavras, para todos; como se fosse um instrumento melodioso musical, mostrando sua mística política.
Glória ao Pai †, ao Filho e ao Espirito Santo. Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
Ó Cristo Salvador após sua ressurreição do túmulo e sua subida divina ao céu, enviaste sua glória a seus discípulos, ó afetuoso; e renovaste-lhes um espírito reto; por isso divulgaram claramente suas palavras, para todos; como se fosse um instrumento melodioso musical, mostrando sua mística política.

Ypakoí – Modo variável 4º:
1ª Antífona:
Desde a minha juventude, numerosas são as paixões que assaltam, mas tu, ó meu Salvador, protege-me e salva-me.
Ó que odiais a justiça, sede confundidos pelo Senhor. Pois, como a erva pelo fogo, serais dissecados.
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo;
Pelo Espírito Santo, toda a alma viva, pela pureza se eleva e pelo mistério sagrado da unidade Trinitária, ela se ilumina.
Agora, sempre, pelos séculos dos séculos.
Pelo Espírito Santo, transbordam as correntes da graça e irrigam o universo pela vida vivificante.

Prokimenon:
Seu justo Espírito me guia a um caminho reto (2 vezes)
Atende Senhor, minha oração.
Seu justo Espírito me guia a um caminho reto.

Stichos:
Escuta Senhor minha oração, e em tua fidelidade, presta ouvido a minhas preces.
Que, em sua bondade, me guie teu Espírito pelo caminho justo.

Kondakion:
Quando desceu, o altíssimo confundiu línguas dividindo as nações; e quando distribuiu as línguas de fogo, chamou a todos para uma única união, por isso nós o glorificamos com vozes unidas, o Santo Espirito.
 
Ikós:
Concede a teus servos Oh Jesus, no meio da tristeza em que se acha nosso espírito, um cedo e firme consolo; não abandones nossas almas na aflição, nem te afastes de nossos corações postos em prova senão auxilia-nos sem cessar. Vêm a nosso lado, Senhor, do presente; como o foste com teus Apóstolos, mantém em tua bondade unido a quem te amam, a fim de que unidos a ti possamos cantar e glorificar a teu Espírito Santíssimo.

Evangelho:                                                                                                                       Jo 20, 19-23
Evangelho de Nosso Senhor Jesus † Cristo, segundo o Evangelista São João:

Naquele tempo, Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus, e pôs-se no meio, e disse-lhes: Paz seja convosco. E, dizendo isto, mostrou-lhes as suas mãos e o lado. De sorte que os discípulos se alegraram, vendo o Senhor. Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco; assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós. E, havendo dito isto, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo. «Aqueles a quem perdoardes os pecados lhes são perdoados; e àqueles a quem os retiverdes lhes são retidos.

Exapostilário – 3º:
Ó Santíssimo Espírito, que procedeu do Pai e vem pelo Filho, sobre os analfabetos discípulos; salva e santifica todos aqueles que ti escolheram como Deus.
Luz é o Pai, Luz é o verbo. Luz é o Espirito Santo que desceu sobre os Apóstolos como línguas de fogo. A qual, em todo mundo; por Ele foi iluminado para adorar a Santíssima Trindade.

Laudes - Modo 4º:
Tudo que respira louve ao Senhor!
Louvai o Senhor do Céu, louvai-o, todos os seus anjos; louvai-o todos os seus exércitos!
A ti pertence o louvor o Deus!
Cada criatura deve louvar o nome do Senhor. Louvai pois, o Senhor, do alto dos céus, louvai o Senhor das alturas; porque Ele merece ser louvado eternamente.
Louvai o Senhor, todos os seus anjos e sua força, pois Ele merece, para sempre, ser louvado.

Modo 4º
Louvá-lo por suas proezas, louvá-lo de acordo com a multiplicidade de sua grandeza.
Neste dia todas as nações viram extraordinariamente sinais, na cidade de Davi, quando o Espírito Santo, sob a forma de língua de fogo, pousou sobre os Apóstolos, segundo a descrição do Teólogo São Lucas: “Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos do mesmo lugar; de repente, veio do céu um som, como de um vento impetuoso e encheu toda a casa onde estavam assentados.
Louvai-o com o som da trombeta, Louvai-o com o saltério e a cítara.
Neste dia todas as nações viram extraordinariamente sinais, na cidade de Davi, quando o Espírito Santo, sob a forma de língua de fogo, pousou sobre os Apóstolos, segundo a descrição do Teólogo São Lucas: “Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos do mesmo lugar; de repente, veio do céu um som, como de um vento impetuoso e encheu toda a casa onde estavam assentados.
Louvai-o com os címbalos som, Louvai-o com címbalos de júbilo. Tudo o que tem fôlego que você louvar o senhor.
O Espírito Santo foi, é, e será sempre Santo porque não tem absolutamente nem início, nem fim, Mas Ele continua, junto com o Pai e o Filho, sendo considerando o reanimador da vida, doador da luz, fonte de bondade. Através dele se tornou conhecido o Pai e foi glorificado o Filho. E todos entendem que há uma só força, uma disposição e uma só adoração para a Santíssima Trindade.
Louvai-o com os címbalos som, Louvai-o com címbalos de júbilo. Tudo o que tem fôlego que você louvar o senhor.
O Espírito Santo é luz, vida, bondade; e Espírito de sabedoria, inteligente, superior e justo. Purificador das faltas, doador dos dons divinos, no qual todos os profetas, apóstolos e mártires foram coroados com sua divina mensagem e com sua divina visão.
Glória ao Pai †, ao Filho e ao Espírito Santo. Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.

Modo 2º
O Rei Celestial, consolador, Espírito de Verdade, presente em todos os lugares, enchendo todos. Tesouro da bondade e doador da vida, vem habitar em nós e purifica-nos de todas as manchas e salva, ó bondoso, nossas almas.
 
Divina Liturgia

Anunciação - Modo 4:
É hoje o começo da nossa salvação e a manifestação do mistério eterno.
O Filho de Deus torna-Se Filho da Virgem e Gabriel anuncia a graça.
Por isso, cantamos com ele à Mãe de Deus:
“Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo!”

Issodikon:
Levanta-te, Senhor, com tua potência; cantaremos e celebraremos o teu poder. Salva-nos, ó Paráclito cheio de bondade, a nós que a Ti salmodiamos: aleluia!

Tropário de Pentecostes:
Bendito és, ó Cristo, nosso Deus, que provaste serem os pescadores, mui sábios, pois enviaste-lhes o Espírito Santo e com eles conseguiste conquistar o Universo, ó Filantropo, Glória a Ti.

Kondakion da Festa:
Quando, outrora, desceu à terra o Altíssimo confundiu as línguas e dispersou as nações, mas, quando distribuiu as línguas de fogo, chamou a todos os povos à unidade.
Numa só voz, glorifiquemos o Espírito de toda santidade.

Triságion:
Vós que fostes batizados em Cristo, de Cristo vos revestistes. Aleluia! (2 vezes).
Glória ao Pai ao filho e ao Espírito Santo, agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém, de Cristo Vos revestistes. Aleluia!
Vós que fostes batizados em Cristo, de Cristo vos revestistes. Aleluia! (1 vezes)

Prokimenon:
Pela palavra do Senhor firmaram-se os céus e pelo espírito de sua boca todo o seu exército. O Senhor olha do alto dos céus e vê a todos os filhos dos homens.

Epístola:                                                                                                                         At 2, 1-11
Leitura dos Atos dos Apóstolos:
 
Chegando o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um ruído, como se soprasse um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados. Apareceu-lhes então uma espécie de línguas de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem. Achavam-se então em Jerusalém judeus piedosos de todas as nações que há debaixo do céu. Ouvindo aquele ruído, reuniu-se muita gente e maravilhava-se de que cada um os ouvia falar na sua própria língua. Profundamente impressionados, manifestavam a sua admiração: Não são, porventura, galileus todos estes que falam? Como então todos nós os ouvimos falar, cada um em nossa própria língua materna? Partos, medos, elamitas; os que habitam a Macedônia, a Judéia, a Capadócia, o Ponto, a Ásia, a Frígia, a Panfília, o Egito e as províncias da Líbia próximas a Cirene; peregrinos romanos, judeus ou prosélitos, cretenses e árabes; ouvimo-los publicar em nossas línguas as maravilhas de Deus!

Aleluia!
Aleluia, aleluia, aleluia!
Pela palavra do Senhor firmaram-se os céus e pelo espírito de sua boca todo o seu exército.
Aleluia, aleluia, aleluia!
O Senhor olha do alto dos céus e vê a todos os filhos dos homens.
Aleluia, aleluia, aleluia!

Evangelho:                                                                           Jo 7, 37-52; 8, 12
Evangelho de Nosso Senhor Jesus † Cristo, segundo o Evangelista São João:

No último dia, que é o principal dia de festa, estava Jesus de pé e clamava: Se alguém tiver sede, venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura: Do seu interior manarão rios de água viva (Zc 14,8; Is 58,11). Dizia isso, referindo-se ao Espírito que haviam de receber os que cressem nele, pois ainda não fora dado o Espírito, visto que Jesus ainda não tinha sido glorificado. Ouvindo essas palavras, alguns daquela multidão diziam: Este é realmente o profeta. Outros diziam: Este é o Cristo. Mas outros protestavam: É acaso da Galiléia que há de vir o Cristo? Não diz a Escritura: O Cristo há de vir da família de Davi, e da aldeia de Belém, onde vivia Davi? Houve por isso divisão entre o povo por causa dele. Alguns deles queriam prendê-lo, mas ninguém lhe lançou as mãos. Voltaram os guardas para junto dos príncipes dos sacerdotes e fariseus, que lhes perguntaram: Por que não o trouxestes? Os guardas responderam: Jamais homem algum falou como este homem!... Replicaram os fariseus: Porventura também vós fostes seduzidos? Há, acaso, alguém dentre as autoridades ou fariseus que acreditou nele? Este poviléu que não conhece a lei é amaldiçoado!... Replicou-lhes Nicodemos, um deles, o mesmo que de noite o fora procurar: Condena acaso a nossa lei algum homem, antes de o ouvir e conhecer o que ele faz? Responderam-lhe: Porventura és também tu galileu? Informa-te bem e verás que da Galiléia não saiu profeta. Falou-lhes outra vez Jesus: Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida.

Hirmos:
A ti, que concebeste sem sofrer corrupção, e deste corpo ao Verbo, autor de todas as coisas, ó Mãe Virgem, ó Virgem Mãe de Deus, receptáculo daquele que não pode ser ocultado, morada de nosso Criador infinito, nós te glorificamos!

Kinonikón:
O teu bom Espírito me conduzirá pela terra da retidão.
Aleluia, aleluia, aleluia!

OBS.:
Em vez de “Vimos a verdadeira luz...”, canta-se o Apolitikion da festa;
Bênção Final: “...Que enviou do céu seu Espírito Santo sobre seus santos discípulos e apóstolos sob forma de línguas de fogo...”
Encerra-se a festa no sábado seguinte.
Extraído do site ecclesia.com.br

SINAXE

Pe. Paulo A. Tamanini

O PENTECOSTES

Era o quinquagésimo (em grego: pentikosti) dia após a Páscoa judaica, mas também o quinquagésimo dia após a Ressurreição de Cristo. Era o dia em que os judeus comemoravam com uma grande festa a entrega das tábuas da Lei a Moisés sobre o monte Sinai; assim, Jerusalém estava repleta de estrangeiros, judeus vindos de todas as partes do mundo então conhecido - eram chamados a «Diáspora» - para celebrar a festa. Alguns dias antes, os discípulos «reunidos em número de cerca de cento e vinte pessoas» à volta dos Apóstolos e da Mãe de Jesus haviam procedido, conforme a proposta de Pedro, à substituição de Judas com a escolha de um décimo segundo apóstolo: foram indicados dois discípulos - José, o Justo e Mathias - que haviam acompanhado os apóstolos desde o batismo de João até o dia da Ascensão e que podiam, portanto, ser testemunhas de Sua Ressurreição; após terem orado, a fim de que o Senhor «mostrasse qual dos dois havia de ser escolhido», tiraram a sorte e esta apontou a Mathias. Esses discípulos aguardavam em Jerusalém, como Jesus lhes havia instruído, a vinda desse «outro Consolador» que o Mestre lhes prometera antes de Sua Ascensão. Espera repleta de uma esperança radiosa. Eles iriam enfim conhecer Aquele de quem Jesus havia dito:
«Convém a vós que eu vá; porque se eu não for o Consolador não virá a vós, mas se eu for envia-lo-ei» (Jo16, 7).
Já que Jesus havia partido, já que agora Ele estava sentado à direita do Pai (Mc 16, 19), Ele guardaria a Sua promessa. E, portanto, no dia em que Moisés lhes dera a Lei, Jesus vem lhes dar o Espírito, pois «a Lei foi dada por Moisés, a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo». (Jo 1,17) 1
Cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar; e, de repente, veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem. E em Jerusalém estavam habitando judeus, varões religiosos, de todas as nações que estão debaixo do céu. E, correndo aquela voz, ajuntou-se uma multidão e estava confusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua. E todos pasmavam e se maravilhavam, dizendo uns aos outros: Pois quê! Não são galileus todos esses homens que estão falando? Como, pois, os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que somos nascidos? Cretenses, e árabes, todos os temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus. E todos se maravilhavam e estavam suspensos, dizendo uns para os outros: Que quer isto dizer? E outros, zombando, diziam: Estão cheios de mosto. Pedro, porém, pondo-se em pé com os onze, levantou a voz e disse-lhes: Varões judeus e todos os que habitais em Jerusalém, seja-vos isto notório, e escutai as minhas palavras. Estes homens não estão embriagados, como vós pensais, sendo esta a terceira hora do dia. Mas isto é o que foi dito pelo profeta Joel: «E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne; e os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos jovens terão visões, e os vossos velhos sonharão sonhos; e farei aparecer prodígios em cima no céu e sinais em baixo na terra: sangue, fogo e vapor de fumaça. O sol se converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes de chegar o grande e glorioso Dia do Senhor; 21e acontecerá que todo aquele que invocar o Nome do Senhor será salvo». (At 2, 1-8; 11-17; 19-21)
E Pedro exaltava o nome de Jesus, o Nazareno: «esse homem ... que tomando-o, vós o crucificastes e matastes pelas mãos de injustos (os romanos); ao qual Deus ressuscitou, soltas as cadeias da morte (textualmente: o Hades)...» (At 2, 22-24).
Davi vira com antecedência essa vitória e anunciara a Ressurreição do Cristo (Sl 16) e, com efeito, não foi abandonado no Hades e sua carne não viu a corrupção (cf. At 2, 25-27):
«Deus ressuscitou a este Jesus, do que todos nós somos testemunhas. De sorte que, exaltado pela destra de Deus, e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis ... Saiba pois, com certeza, toda a casa de Israel, que a esse Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo ... Arrependei-vos e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para o perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo; porque a promessa vos diz respeito a vós, aos vossos filhos, e a todos os que estão longe»... «De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase 3 mil almas» (At 2, 32-33; 36; 38-39; 41).

Esse é o relato do Pentecostes que nos é feito por Lucas no segundo capítulo dos Atos dos Apóstolos e que nós relembramos com alegria ao cantar o «Tropário de Pentecostes»:
Tu és bendito, ó Cristo Nosso Deus,
que enchestes os pescadores do lago de sabedoria
enviando-lhes o Espírito Santo.
Por eles, Tu tomastes o Universo em sua rede.
Glória a Ti, ó Amigo do Homem!
Tropário de Pentecostes (Modo Plagal 4):

Esse relato nos leva, sem duvida, a colocar algumas perguntas que permitirão aprofundar e meditar sobre o texto bíblico: - Por que se diz que «as línguas de fogo dividiam-se e pousavam sobre cada um deles?»
O dom do Espírito Santo é pessoal, ou seja, é recebido pessoalmente por cada um dos discípulos. E, no entanto, há apenas um Espírito Santo. É o mesmo Fogo divino que desce sobre todos (relembremos o Fogo do céu que, no tempo de Elias, desceu sobre sua oferenda), mas Ele divide-se para mostrar que cada um recebe esse Espírito Único.
Também em Babel as línguas foram divididas! Exatamente! O que se passa no Pentecostes é exatamente o contrário do que se passou em Babel. Em Babel, por orgulho, foram as línguas dos homens que se dividiram, de modo que eles não se compreendiam mais e foram, por isso, divididos, separados, dispersos. Em Pentecostes é o dom de Deus que se divide para estender-se a cada um e reuni-los a todos: a partir desse momento os homens que receberam o Espírito Santo anunciam todos a mesma palavra, a Palavra de Deus, e fazem-se compreender por todos os homens pois falam todas as línguas. As barreiras linguísticas são ultrapassadas pela Palavra do Deus Único, tornada compreensível a todos pelo dom das línguas. É o que nos explica o kondakion [1] de Pentecostes:
Quando o Altíssimo desceu para confundir as línguas,
dispersou os gentios;
quando partilhou as línguas de fogo,
Ele nos chamou a unidade.
Com uma única voz, louvemos o Espírito Santo.
kondakion [1] de Pentecostes:

Por que as línguas de fogo não desceram sobre todos os homens, mas apenas sobre os discípulos? Elas desceram sobre aqueles que Jesus havia preparado para receber o Espírito Santo, sobre aqueles que estavam reunidos, com um único coração, na fé do Senhor Jesus Ressuscitado: é necessário crer no Doador para receber o dom. O Espírito não desceu sobre o mundo todo. «O Espírito de Verdade que o mundo não pode receber, porque não O vê nem O conhece» (Jo14, 17) Ele desceu sobre aqueles que o Senhor Jesus havia reunido porque creram n'Ele. Ele desceu sobre a Igreja. Certamente um dom pessoal, que cada um recebeu em particular, mas porque estavam unidos, em comunhão - e justamente «no dia de Pentecostes estavam todos reunidos no mesmo lugar» (At 2, 1) - e sofreram uma transformação radical: repentinamente tomaram consciência da Palavra de Deus em seu seio e puseram-se a comunicar em todas as línguas as maravilhas de Deus. Donde o discurso de Pedro anunciando com audácia a Ressurreição do Crucificado àqueles mesmos que O crucificaram.
O Pentecostes continua. A descida do Espírito Santo perpetua-se depois, vindo consagrar os testemunhos da Ressurreição do Cristo, até o final dos tempos, como testemunha São Simeão, o Novo Teólogo, no século X:
«Eu ouvi certa vez de um hieromonge, que me confidenciou que jamais iniciara os ofícios litúrgicos sem antes ter visto o Espírito Santo, da mesma forma que O vira quando o metropolita pronunciara sobre ele a oração de consagração e que o santo Evangelho fora colocado sobre sua cabeça. Eu lhe perguntei como O vira, sob que forma? Ele disse: 'Primitivo e sem forma, todavia como uma luz'. E quando eu próprio vi o que jamais havia visto antes, fui surpreendido e comecei a refletir: 'o que poderia ser isto'. Então, misteriosamente, mas com uma voz clara, Ele me disse: 'Eu desço assim sobre todos os profetas e apóstolos, como também sobre todos os atuais eleitos de Deus e dos santos; pois Eu sou o Espírito Santo' [2]
Bem, essa assembleia dos testemunhos da Ressurreição do Cristo, esses eleitos atuais de Deus que o Espírito Santo consagra à Igreja, e cada um de nós, é chamado a ser um desse eleitos. A Igreja é o Pentecostes que continua. [3]
«Não fostes vós que me escolhestes; eu vos escolhi, e vos destinei a ir e dar fruto, um fruto que permaneça; assim, o que pedirdes ao Pai em meu nome, eu vo-lo concederei.» Jo 16.

Notas:
[1] Kondákion: pequeno cântico (kondós em grego = curto) cantado após a sexta ode das Matinas e durante a Pequena Entrada, na Liturgia e que resume o sentido da festa.
[2] Simeão o Novo Teólogo, Sermão 184, Sermões, traduzido do russo, t.II, pp.569-570.4
[3] Igreja: em grego Ecclesia, a assembleia daqueles que são convocados, chamados.

Fonte:
Extraído do livro Dieu est Vivant. Paris: Ed. du Cerf, 1979
 Extraído do site ecclesia.com.br

Meditando com os Ícones:

«PENTECOSTES»

Tradução: Monges da Comunidade Monástica São João, o Teólogo

A festa
A Festa de Pentecostes ou das «Semanas», como a chama o Pentateuco, era para os judeus a «Festa das Primícias» de trigo ou a «Festa da colheita». A Festa, de origem estritamente agrícola, assumiu sucessivamente um sentido histórico-salvacional, ligado às Alianças. Esta acepção, a partir da segunda metade do século II a. C, foi assumida pela Sinagoga que, por sua vez, centrou memória na Aliança do Sinai.
A Igreja Primitiva, por sua vez, não preservou para si estas memórias judaicas, porque teve sua experiência própria: a descida do Espírito Santo. O período sagrado dos cinquenta dias, recorda o tempo de espera e a efusão do Espírito Santo sobre os Apóstolos, ocorrida no quinquagésimo dia após a celebração da Páscoa da Ressurreição, marcando o início da missão evangelizadora.
O Pentecostes, dia do nascimento da Igreja, é o momento em que o verdadeiro significado da Cruz e da Ressurreição de Cristo se manifesta e a nova humanidade retorna à comunhão com Deus.
A Festa da Aliança do Sinai, que se celebra no mundo hebreu, recordando a entrega das Tabuas da Lei, se converteu, com o cristianismo, na festa dos Dons das Línguas, porque, através delas, cada povo ou nação pode receber o anúncio e retornar à primitiva unidade que se rompeu em Babel. Desde o dia de Pentecostes, a Igreja tomou consciência da Nova Páscoa, segundo havia predito o próprio Senhor: «O consolador, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará cada coisa e vos recordará tudo o que eu vos disse».
Pela herança da tradição primitiva da Igreja, os cinquenta dias, após a Páscoa constituem uma só festa, celebrados com grande júbilo, porque formavam um único acontecimento e tinham a mesma importância do domingo em que celebramos a Ressurreição com toda a solenidade.
Na segunda metade do século IV, a celebração indiferenciada do Mistério pascal, sofreu algumas modificações, obedecendo a ordem cronológica dos eventos da salvação, segundo a narração dos Atos dos Apóstolos. Naquela época, como se deduziu do relato de Egeria, em Jerusalém, o último domingo da cinquentena se celebrava, conjuntamente, tanto o envio do Espírito Santo sobre os Apóstolos, como a Ascensão. Em outras Igrejas, contudo, ia-se estabelecendo a festa da Ascensão no quadragésimo dia após a Páscoa e no quinquagésimo dia, a Festa da descida do Espírito Santo.

A iconografia
A iconografia, para a Festa de Pentecostes, é constante, ainda que se registrem variantes mais ou menos significativas, que foram discutidas por teólogos e historiadores da Arte. A mais importante é a presença da Mãe de Deus no centro da reunião dos Apóstolos. A presença da Mãe de Deus no cenáculo é encontrada inicialmente na iconografia dos primeiros séculos como, por exemplo, no Evangeliário sírio de Rábula de 587 e que, mais tarde, foi proposta novamente ao final do século XVI. Sua presença tem sido explicada de diversos modos: referindo à narração dos Atos dos Apóstolos ou no sentido dedutivo, isto é, tendo presente que o evento aconteceu em Sião, lugar onde a Virgem vivia, supõe-se que ela participava do grupo dos Apóstolos.
As razões de sua ausência na iconografia bizantina e na ocidental, durante muito tempo, também têm suas explicações: Maria concebeu pelo Espírito Santo, logo foi transformada por ele, estando plena do Espírito Santo; os textos litúrgicos não oferecem indicações relacionadas, de forma clara e pontual sobre a sua presença e papel, no momento da descida do Espírito Santo. Posteriormente, a reintrodução da presença de Maria na Descida do Espírito Santo, pelo Ocidente e sucessivamente por alguns filões iconográficos bizantinos, trouxe como consequência novo significado para o Ícone de Pentecostes e o crescimento do culto mariano.

O cenáculo e as línguas de fogo
Na parte superior do ícone estão pintadas duas casas, semelhantes a torres. Desde modo, quer se dar a entender que a cena se desenvolveu no piso superior, onde aconteceu a Última Ceia, que após a Ressurreição do Senhor se converteu em lugar de encontro dos discípulos e de reunião e de oração dos Apóstolos.
Os edifícios, simétricos, apresentam aberturas somente na parte superior, seguindo as direções das línguas de fogo que são emanadas da esfera celeste, donde partem doze raios.

«Aparecendo em línguas de fogo, o Espírito o faz recordar as palavras de salvação que Cristo recebeu do Pai e transmitiu aos Apóstolos». Assim se entoa no Cânon das Matinas da Festa.
Os Apóstolos começaram a anunciar a Palavra a partir do momento em que receberam o Espírito Santo e, por estarem unidos, representavam a unidade espiritual dos Sínodos futuros. De forma análoga os ícones que representam os Concílios Ecumênicos reproduzem o mesmo esquema iconográfico.

O rei


No centro do semicírculo, imerso na obscuridade, aparece um ancião, com trajes régios e que segura entre suas mãos um grande lenço branco. Em alguns ícones, sobre ele, aparecem doze rolos que simbolizam as pregações apostólicas. O significado desta figura não é unívoco. Parece ter tomado forma a partir do século X. Anteriormente, em seu lugar figurava um aglomerado de povos, de distintas línguas e nacionalidades, como narra os Atos dos Apóstolos. Quando seu nome é indicado, é chamado de “O Kosmos” (o mundo). O velho Rei, pretendia representar o conjunto dos povos e nações que tinham na pessoa do Imperador Bizantino, seu ponto de referência. Tal significado, fruto da evolução conceitual de caráter histórico-político, pode ser mais direto e imediato se o enquadrarmos na estrutura que a rodeia, na assim chamada «Bema Sírio».
Na tradição arquitetônica das Igrejas Sírias e caldéias, encontramos, com efeito, um elemento do qual resta hoje somente algum sinal: o ambão ou o bema no centro da Igreja. Trata-se de uma tribuna em forma de ferradura colocado no centro da Igreja em frente ao abside e o santuário. Sobre este acontecia a liturgia da Palavra, o anuncio à Jerusalém e ao mundo, onde tomavam acentos os celebrantes. O Rei, então, no centro do semicírculo é o mundo, posto que ele detém o mandato celeste sobre a terra.
O ancião está representado de forma a lembrar a figura do rei David, que representa os «muitos profetas e justos que desejaram ver o que vistes e não viram, e escutar o que escutastes, e não escutaram».
Em outros casos, o Rei é identificado com o Profeta Joel. O motivo é de natureza litúrgica. Pois, na grande vésperas de Pentecostes, a segunda Leitura vetero-testamentária está extraída precisamente de Joel: «Eu infundirei meu espírito sobre vós, e profetizarão vossos filhos e vossas filhas, e vossos anciãos terão sonhos, e vossos moços terão visões». Profecia esta que foi mencionada por Pedro para justificar o comportamento dos Apóstolos frente aos “homens da Judéia” e a todos aqueles que se encontravam em Jerusalém depois da descida do Espírito Santo.

Os doze

Os doze estão em geral dispostos nas duas alas do semicírculo e entre os dois grupos está um lugar vazio. O trono vazio simboliza o trono preparado para a segunda vinda de Cristo. Neste caso, a representação assume o significado do Juízo Final, onde os doze se sentarão para julgar as tribos de Israel. Há ícones onde aparece a pomba, símbolo do Espírito Santo; ela é o sinal tangível da realização da economia da salvação com a manifestação trinitária.
O Mistério de Pentecostes, com efeito, não é a encarnação do Espírito, mas a efusão dos dons que comunicam a graça incriada à pessoa humana, a cada membro do corpo de Cristo. A unidade que se realiza na comunhão eucarística é por excelência, um dom do Espírito Santo.

Fonte:
El Arca de Noé
 Extraído do site ecclesia.com.br


19 de Junho: São Judas, irmão do Senhor


O Santo Apóstolo Judas foi um dos doze apóstolos do Senhor, e sua origem é a tribo de Judá, de onde descende também David e Salomão. São Judas nasceu em Nazaré, Galiléia, filho de José, o Justo, a quem a Puríssima Virgem Maria desposou. Segundo a tradição, a mãe de Judas foi Salomé, filha de Hagai. Este, por sua vez, era filho de Baraquiá, irmão de São Zacarias, o pai do precursor do Senhor, o Profeta São João Batista. Judas era irmão do apóstolo São Tiago, o Justo, o primeiro hierarca da Igreja de Jerusalém. O Santo Apóstolo era mais conhecido como «Judas de Tiago», ou seja, o irmão do apóstolo Tiago. Ele, em sua grande humildade, preferia este sobrenome, pois se considerava indigno de ser chamado irmão do Senhor, segundo a carne, porque julgava-se pecador diante de Deus por sua falta de fé e de amor fraterno.
O Santo Evangelista João, o Teólogo, atesta este pecado de Judas, a sua falta de fé, quando escreve: «Nem seus irmãos creram nele» (Jo 7,5). Explicando esta passagem do Evangelho, São Teofilacto interpreta que os irmãos aqui mencionados eram os filhos de José. E assinala: «Nem mesmo os seus irmãos, os filhos de José (entre os quais, Judas) creram nele – isto é, em Jesus. E, de onde vem esta incredulidade? Da tola falta de vontade e da inveja, porque é mais comum nas pessoas sentirem inveja de seus próprios parentes que de estranhos». Fica, portanto, claro, que Judas pecou contra o Senhor por causa da sua pouca fé.
Do mesmo modo, Judas mostrou a sua falta de amor fraterno para com Jesus quando José, no seu regresso do Egito, decidiu dividir suas terras entre os filhos nascidos de sua primeira esposa. Queria também dar uma parte para Jesus, que era ainda apenas um menino, nascido de maneira sobrenatural da Puríssima Virgem Maria. Porém, os três filhos de José não admitiram compartilhar com Cristo, já que havia nascido de outra mãe; somente São Tiago, o quarto filho, concordou que Jesus fosse seu coproprietário da parte que lhe coube, pelo que, mais tarde, foi chamado de «Irmão de Jesus». Consciente dos seus pecados anteriores, pela sua falta de fé e de amor fraterno, Judas não se atreveu a se chamar o «irmão de Cristo», mas somente «irmão de Tiago», como escreve em sua epístola: «Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago». (Jd 1,1)
Além de ser chamado «Apóstolo irmão de Tiago», Judas tinha ainda outros títulos. O evangelista Mateus o chamava Lebeu e Tadeu. Estes nomes lhe foram atribuídos com razão, pois, Lebeu significa «fervoroso». No apóstolo Judas, este título significaria que, após ter cometido pecados contra o Cristo Deus por sua incredulidade, mais tarde veio a crer em Jesus como o verdadeiro Messias, e se uniu a ele de todo o seu coração. O Apóstolo Judas era também chamado «Tadeu», que significa «aquele que presta louvor», porque ele glorificou e confessou a Cristo Deus, proclamando o seu Evangelho a muitas nações.
Muito pouco se sabe sobre a vida e as atividades do Santo Apóstolo Judas, além do fato de que ele se casou com uma mulher chamada Miriam. Tudo o que se sabe, além disso, é que durante o reinado de Domeciano (81-96 d.C.), dois netos de Judas, que trabalhavam a terra com suas próprias mãos, foram levados pelo mesmo Imperador, por calúnias feitas por hereges, dado que eram descendentes de Davi e parentes do Senhor. Mas, depois que o Imperador teve a certeza de que não significariam qualquer risco político para ele, foram postos em liberdade.
Tal como os outros «irmãos do Senhor, o apóstolo Judas empreendeu muitas missões, levando e difundindo o evangelho de Cristo. Pouco depois da ascensão aos céus do Senhor Jesus Cristo, o apóstolo Judas, tal como fizeram todos os demais apóstolos de Cristo, saiu em viagens missionárias para levar o Evangelho de Cristo. O testemunho do historiador eclesiástico Nicéforo, assinala que: «O divino Judas, que tinha o duplo título de Tadeu e Lebeu, filho de José e irmão de Tiago (que foi jogado do pináculo do templo de Jerusalém), pregou o Evangelho e propagou o Cristianismo, em primeiro lugar na Judéia, Galiléia, Samaria, Idumea e, em seguida, na Arábia, Síria e na Mesopotâmia. Finalmente, ele chegou à cidade de Edessa, que pertencia ao rei Abgar, onde o Evangelho já havia sido anunciado por outro Tadeu, um dos setenta Apóstolos. Lá, o apóstolo Judas empreendeu e concluiu o que o outro Tadeu não tinha terminado”.
Existem algumas indicações que permitem presumir que o Santo Apóstolo Judas tenha pregado o Cristianismo também na Pérsia, onde escreveu sua epístola universal em língua grega. A ocasião ou razão para que tenha escrito esta epístola, não se sabe. Tais fatos foram ocultados por essa gente ímpia, entre a comunidade dos crentes que, convertendo a graça de Deus numa oportunidade para praticar o mal e pecar, e, sob o pretexto e disfarce da liberdade religiosa, permitiram-se cometer todo o tipo de ações abomináveis. Esta curta epístola contém muitos pensamentos profundos e muita doutrina edificante. Em parte, trata de ensinamentos dogmáticos: o mistério da Santíssima Trindade, a encarnação do Filho de Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo, a diferença entre bons e maus anjos, e o terrível Juízo que está por vir; de outra parte, trata de ensinamentos morais: a exortação a evitar a impureza do pecado – a injúria carnal, blasfêmia, orgulho, desobediência, inveja, ódio, rancor e traição. O Apóstolo aconselha a todos a permanecer fiéis em seus deveres, a sua fé, oração e amor; recomenda que nos preocupemos em corrigir os errantes e de evitar os hereges, cuja moral, espiritualmente daninha, descreve ele claramente, explicando que os hereges perecerão como o povo de Sodoma (Jd 1,7 ss).
Além disso, o Apóstolo São Judas afirma em sua epístola que, para a nossa salvação, não é suficiente a conversão do paganismo ao cristianismo, mas que, além da fé, é preciso realizar as obras apropriadas aos cristãos e dignas de salvação; cita então, como exemplo, os anjos e homens que foram punidos por Deus: aos anjos que não conservaram a sua dignidade, Deus lhes prendeu com eternas correntes, submetendo-os à escuridão eterna até o dia do terrível Juízo (Jd 1,16). Deus também, depois de ter retirado a salvo o seu povo do Egito, fez perecer aos incrédulos, que o negaram e caíram em depravação, não vivendo de acordo com a lei de Deus (Jd 1,5), Em suma, o apóstolo Judas revela, com poucas palavras, grandes verdades em sua epístola.
O Santo Apóstolo Judas visitou ainda muitas outras terras, pregando o Evangelho, convertendo os povos à fé cristã e guiando-os pelo caminho da salvação. Assim fazendo, chegou às terras situadas no entorno do Monte Ararat, onde converteu muita gente da idolatria ao cristianismo. Despertou, portanto, o mal-estar dos sacerdotes pagãos contra ele. Estes o agarraram e, depois de submetê-lo a numerosas torturas, suspenderam-no numa cruz atravessando em seu corpo lanças. Assim terminou a luta e a vida do Santo Apóstolo Judas, que partiu para junto de Cristo Deus para receber dele a coroa da eterna recompensa no céu.
 Tradução e publicação neste site
com permissão de www.ortodoxia.org
Trad.: Pe. André

Extraído do site ecclesia.com.br

 

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