DOMINGO DE RAMOS
Entrada de Jesus em Jerusalém
(Epístola: Fl. 4: 4-9 | Evangelho: Jo. 12: 1-18)
(Epístola: Fl. 4: 4-9 | Evangelho: Jo. 12: 1-18)
Hoje,
Cristo entra no caminho, não só dos seus sofrimentos, mas também de sua grande
solidão, que O encobrirá durante todos os dias da semana da Paixão.
A solidão começa com uma falta de compreensão: a
multidão esperava que a entrada do Senhor em Jerusalém seria uma triunfal
procissão como a de um líder político, de um líder que libertaria o povo da
opressão, da escravidão, da impiedade. A solidão será maior ainda na medida em
que Cristo não será compreendido até mesmo por seus discípulos. Na Última Ceia,
quando o Salvador lhes fala pela última vez, eles estarão em constante dúvida
quanto ao significado de suas palavras. E depois, quando Ele vai para o Jardim
de Getsêmani, antes da temível morte que está a sua frente, seus discípulos
mais próximos: Pedro, João e Tiago– a quem Ele escolheu para ir com Ele – adormecem, deprimidos, cansados e sem esperança. O ponto culminante dessa solidão será a angústia de Cristo na cruz: “Meu Deus, Meu Deus, por que me abandonaste?" (Mt. 27:46).
Abandonado pelos homens, rejeitado pelo povo de
Israel, ele encontra o extremo do abandono e morre sem Deus, sem os homens,
sozinho, apenas com seu amor por Deus e pela humanidade; morrendo pela salvação
dos homens e pela glória de Deus.
O início da Paixão de Cristo é a triunfal
procissão triunfal de hoje. As pessoas esperavam um rei, um líder; mas
encontraram o Salvador de suas almas.
Nada é tão amargo quanto uma perda, uma
decepção. E isso explica porque as pessoas que deveriam tê-lo recebido como um
rei, que testemunharam a ressurreição de Lázaro, que viram Seus milagres e
ouviram Seus ensinamentos, que admiraram cada palavra Sua, que estavam prontos
para se tornarem Seus discípulos no momento em que Ele trouxe a vitória,
afastaram-se dele, viraram as costas para Ele e, alguns dias depois, gritaram:
“Crucifica-o, crucifica-o”. E Cristo passou todos esses dias em solidão,
sabendo o que Lhe fora reservado. Abandonado por todos, exceto pela Mãe de
Deus, que se manteve em silêncio, como toda sua vida, participando da trágica
ascensão à Cruz; Ela que aceitara a Anunciação, as Boas-Novas, mas que também
aceitou em silêncio a profecia de Simeão de que uma espada haveria de
trespassar seu coração.
Durante os próximos dias, não devemos
apenas relembrar, mas também presenciar a Paixão de Cristo. Seremos parte da
multidão em torno de Cristo, dos discípulos e da Mãe de Deus.
Como ouvimos as leituras do Evangelho,
como ouvimos as orações da Igreja, como uma imagem após a outra nesses dias da
Paixão, perguntemo-nos: “Onde eu estou, quem sou eu nesta multidão? Um
fariseu? Um escriba? Um traidor, um covarde? Quem? Ou eu estou entre os
Apóstolos?” Mas eles também foram tomados pelo medo. Pedro O negou três
vezes; Judas O traiu; João, Tiago e Pedro dormiram quando Cristo mais precisou
do amor humano; os outros discípulos fugiram. Ninguém ficou exceto João e a Mãe
de Deus, que estavam ligados a Cristo pelo tipo de amor que nada teme e que
está pronto para compartilhar tudo.
Mais uma vez, perguntemo-nos: quem somos
e onde estamos? Qual a nossa posição nesta multidão? Permanecemos com esperança
ou caímos em desespero? E, mesmo assim, se somos indiferentes, nós também somos
parte dessa multidão que cercou Cristo.
Na Quinta-Feira Santa, teremos aqui a
Cruz e leremos o Evangelho sobre a cruz, a crucificação e a morte de Cristo. E
então, o que acontecerá? A Cruz permanecerá de pé aqui, e nós iremos para casa,
para descansar, jantar, dormir e nos preparar para a Sexta-Feira da Paixão. E
durante este tempo, Cristo estará na Cruz, Cristo estará no sepulcro.
Como os discípulos, talvez não sejamos capazes de passar uma noite, uma hora com Ele. Pensemos sobre isso. E se não somos capazes de fazer nada, pelo menos, devemos saber quem somos e onde estamos, e momento final, voltarmos para Cristo, com o grito, o apelo do ladrão: “Lembra-te de mim, Senhor, no teu Reino!” Amém.
Como os discípulos, talvez não sejamos capazes de passar uma noite, uma hora com Ele. Pensemos sobre isso. E se não somos capazes de fazer nada, pelo menos, devemos saber quem somos e onde estamos, e momento final, voltarmos para Cristo, com o grito, o apelo do ladrão: “Lembra-te de mim, Senhor, no teu Reino!” Amém.
Por: Metropolita Anthony de Sourozh
Boletim n. 13, 28.04.2013:
Domingo de Ramos (Download)
v A triunfal entrada de Cristo em Jerusalém.
v A lição de humildade de Cristo ao entrar em Jerusalém montado em um jumento.
v O poder de Cristo sobre a morte.
PENSAMENTO
† Hieromonge Seraphim (Rose) (1934-1982)
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