27 abril 2013

Domingo de Ramos (28/04/2013)

DOMINGO DE RAMOS 
Entrada de Jesus em Jerusalém
(Epístola: Fl. 4: 4-9 | Evangelho: Jo. 12: 1-18)
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Hoje, Cristo entra no caminho, não só dos seus sofrimentos, mas também de sua grande solidão, que O encobrirá durante todos os dias da semana da Paixão.
A solidão começa com uma falta de compreensão: a multidão esperava que a entrada do Senhor em Jerusalém seria uma triunfal procissão como a de um líder político, de um líder que libertaria o povo da opressão, da escravidão, da impiedade. A solidão será maior ainda na medida em que Cristo não será compreendido até mesmo por seus discípulos. Na Última Ceia, quando o Salvador lhes fala pela última vez, eles estarão em constante dúvida quanto ao significado de suas palavras. E depois, quando Ele vai para o Jardim de Getsêmani, antes da temível morte que está a sua frente, seus discípulos mais próximos: Pedro, João e Tiago
– a quem Ele escolheu para ir com Ele – adormecem, deprimidos, cansados e sem esperança. O ponto culminante dessa solidão será a angústia de Cristo na cruz: “Meu Deus, Meu Deus, por que me abandonaste?" (Mt. 27:46).
Abandonado pelos homens, rejeitado pelo povo de Israel, ele encontra o extremo do abandono e morre sem Deus, sem os homens, sozinho, apenas com seu amor por Deus e pela humanidade; morrendo pela salvação dos homens e pela glória de Deus.
O início da Paixão de Cristo é a triunfal procissão triunfal de hoje. As pessoas esperavam um rei, um líder; mas encontraram o Salvador de suas almas.
Nada é tão amargo quanto uma perda, uma decepção. E isso explica porque as pessoas que deveriam tê-lo recebido como um rei, que testemunharam a ressurreição de Lázaro, que viram Seus milagres e ouviram Seus ensinamentos, que admiraram cada palavra Sua, que estavam prontos para se tornarem Seus discípulos no momento em que Ele trouxe a vitória, afastaram-se dele, viraram as costas para Ele e, alguns dias depois, gritaram: “Crucifica-o, crucifica-o”. E Cristo passou todos esses dias em solidão, sabendo o que Lhe fora reservado. Abandonado por todos, exceto pela Mãe de Deus, que se manteve em silêncio, como toda sua vida, participando da trágica ascensão à Cruz; Ela que aceitara a Anunciação, as Boas-Novas, mas que também aceitou em silêncio a profecia de Simeão de que uma espada haveria de trespassar seu coração.
Durante os próximos dias, não devemos apenas relembrar, mas também presenciar a Paixão de Cristo. Seremos parte da multidão em torno de Cristo, dos discípulos e da Mãe de Deus.
Como ouvimos as leituras do Evangelho, como ouvimos as orações da Igreja, como uma imagem após a outra nesses dias da Paixão, perguntemo-nos: “Onde eu estou, quem sou eu nesta multidão? Um fariseu? Um escriba? Um traidor, um covarde? Quem? Ou eu estou entre os Apóstolos?” Mas eles também foram tomados pelo medo. Pedro O negou três vezes; Judas O traiu; João, Tiago e Pedro dormiram quando Cristo mais precisou do amor humano; os outros discípulos fugiram. Ninguém ficou exceto João e a Mãe de Deus, que estavam ligados a Cristo pelo tipo de amor que nada teme e que está pronto para compartilhar tudo.
Mais uma vez, perguntemo-nos: quem somos e onde estamos? Qual a nossa posição nesta multidão? Permanecemos com esperança ou caímos em desespero? E, mesmo assim, se somos indiferentes, nós também somos parte dessa multidão que cercou Cristo.
Na Quinta-Feira Santa, teremos aqui a Cruz e leremos o Evangelho sobre a cruz, a crucificação e a morte de Cristo. E então, o que acontecerá? A Cruz permanecerá de pé aqui, e nós iremos para casa, para descansar, jantar, dormir e nos preparar para a Sexta-Feira da Paixão. E durante este tempo, Cristo estará na Cruz, Cristo estará no sepulcro.
Como os discípulos, talvez não sejamos capazes de passar uma noite, uma hora com Ele. Pensemos sobre isso. E se não somos capazes de fazer nada, pelo menos, devemos saber quem somos e onde estamos, e momento final, voltarmos para Cristo, com o grito, o apelo do ladrão: “Lembra-te de mim, Senhor, no teu Reino!” Amém.
Por: Metropolita Anthony de Sourozh

Boletim n. 13, 28.04.2013: 
Domingo de Ramos (Download)


PARA REFLETIR
v  A triunfal entrada de Cristo em Jerusalém. 
v  A lição de humildade de Cristo ao entrar em Jerusalém montado em um jumento.
v  O poder de Cristo sobre a morte.

PENSAMENTO
 Hieromonge Seraphim (Rose) (1934-1982)




Na confusão de nossos tempos, quando uma centena de vozes contraditórias lançam palavras em nome da Ortodoxia, é essencial saber em quem podemos confiar. Não basta falar em nome da Ortodoxia patrística, e necessário estar na mais pura tradição dos Santos Padres.

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