48º ANIVERSÁRIO DA
COMUNIDADE GREGA DE BRASÍLIA
COMUNIDADE GREGA DE BRASÍLIA
(17 de junho)
Igreja Anunciação da Mãe de Deus |
No dia 17 de junho de 2013, a Comunidade
Grega de Brasília completa seus 48 anos. Para lembrar essa data e homenagear os
pioneiros e fundadores da comunidade, reeditamos uma história verídica contada
pelo primeiro e atual Presidente de nossa instituição, o Senhor Elias Grintzos.
----------
Cheguei a Brasília em janeiro do ano de
1959. A minha história em Brasília é muito longa. Sobre os primeiros gregos imigrantes,
posso dizer que aqui, no início de Brasília, chegaram mais de 2.000.
A vida não
era fácil, mas tinha trabalho e várias opções de emprego. A maior parte dos
jovens que aqui chegaram começou a trabalhar nas construções: como técnicos, engenheiros,
eletricistas, bombeiros, pedreiros, etc. Outra parte como mascates nas próprias
construtoras, outros como comerciantes lojistas na Cidade Livre, Vila Amauri e
Vila Planalto (eu particularmente passei pelas três categorias). Nossa vida era
só trabalho e o relacionamento entre nós era muito amigável (mais de 80% éramos
jovens e solteiros). A minha primeira impressão foi das melhores e bastante
segura, me sentia em casa porque o povo brasileiro é bastante hospitaleiro e
amigo.
Sobre a criação e fundação da nossa comunidade,
quero dizer que a maioria de nós tinha o pensamento e a vontade de ter um lugar
de todos para nos encontrar e continuar a cultura e a nossa religião ortodoxa.
Em abril de 1963 foi tomada a iniciativa por quatro amigos: Konstantino Detzortzis,
Nikolaos Hatzinicolau, Roberto Diacopouolos e eu, Elias Grintzos. A primeira
etapa seria adquirir um terreno para fundar a nossa sede.
Fomos atrás das autoridades competentes da
época e com muita vontade e luta conseguimos esse maravilhoso terreno que temos
hoje. Inicialmente foi passado no nome do Senhor Konstantino Detzortzis.
Iconostase da Igreja |
Assim, com grande entusiasmo, começamos a
grande luta para reunir e transmitir para nossos compatriotas residentes nessa
cidade. Passaram mais de dois anos de luta quando conseguimos reunir pela
primeira vez em 17 de junho de 1965 mais de duzentos compatriotas no Núcleo
Bandeirante, no restaurante ADELLI. Nesta data, foi eleita a primeira diretoria
provisória para elaborar o estatuto e legalizar a nossa sociedade.
A primeira diretoria da Comunidade foi à
seguinte: Elias Grintzos (Presidente), Atanasio Spanopoulos (1º Vice-Presidente),
Vassilios Lemonis (2º Vice-Presidente), Roberto Diakopoulos (1º Secretário), Pascual
Floridis (2º Secretário), Joannis Tsiamis (1º Tesoureiro), Dimitrios
Papathanassiu (2º Tesoureiro), Thomas Moutropoulos (Procurador) e Hipocrtaes
Tacopoulos (Procurador).
Em seguida essa diretoria trabalhou com muitas
reuniões para elaborar e registrar o primeiro estatuto como também arrecadar recursos
para arcar o terreno e construir uma igrejinha de madeira. Aproximadamente, em
dois meses, conseguimos essa primeira etapa. Convidamos o Excelentíssimo Senhor
Embaixador da Grécia Dimitriu no Rio de Janeiro para que ele viesse à Brasília para nomear um Cônsul entre
nós para atender nossas necessidade. Para o cargo de Cônsul Honorário indicamos
o Senhor Spillios Tzemos, o qual foi aceito pelo Senhor Embaixador.
Em seguida nós preparamos os trabalhos para
a Pedra Fundamental que foi realizada em 9 de janeiro de 1966. Nesta
comemoração foram convidadas muitas autoridades governamentais e eclesiásticas
locais como também participou por parte do Governo Grego o Excelentíssimo
Cônsul de São Paulo. Da Igreja Ortodoxa participou o nosso Bispo Aristias
Meletios de Buenos Aires.
A primeira missa da nossa Igreja foi
realizada pelo reverendo Padre Joseph Ohmse Hanna Elias da Igreja Ortodoxa
Antioquina de Anápolis.
A maioria dos patrícios naquele tempo morava
no Núcleo Bandeirante assim como também sete dos nove membros da Diretoria e
como conheciam o pessoal da Administração local conseguiram doação de um
terreno de mil metros quadrados na 3ª Avenida da Cidade. O Senhor Atanásio Spanopoulos,
como 1º Vice-Presidente, convocou uma reunião com única pauta o assunto de
aceitar este terreno de mil metros quadrados. No entanto, para isso, era
necessário cancelar o terreno de vinte mil metros da Asa Norte. A questão foi colocada
em votação e o resultado foi de 6 votos a favor e 2 contra (eu e o Senhor Joannis
Tsiamis). O Secretário Roberto Diacopoulos, por motivo de viagem, ausentou-se
da reunião, e o livro de atas estava com ele. Por esse motivo não foi lavrada a
ata sobre a decisão.
No dia seguinte, eu e o Senhor Joannis Tsiamis
procuramos um amigo que era contador de alguns patrícios, o Senhor George
Abraam, e pedimos a ele uma orientação. Ele imediatamente chamou um advogado
vizinho o qual nos orientou para derrubar a atual diretoria para convocar eleições
para eleger uma nova diretoria.
As eleições para a nova diretoria foi marcada
para o dia 14 de janeiro de 1966.
Nesta data foi eleita a nova diretoria, composta
por: Elias Grintzos (Presidente), Elefterios Caralis (1º Vice-Presidente), Petros
Passalidis (2º Vice-Presidente), Crsitos Cristacos (1º Secretário), Andreas
Koutsoris (2º Secretário), Joannis Tsiamis (1º Tesoureiro), Joannis
Polizopoulos (2º Tesoureiro), Pantelis Georgalas (Procurador) e Dimitri Luizos (Procurador).
Os Sacerdotes que por aqui passaram foram:
1º) Pe. Christos Stratis, 2º) Pe. Georgios, de São Paulo, 3º) Pe. Georgios, da
Igreja Antioquina do Rio de Janeiro, 4º) Pe. Dimitrios Contonicolau, 5º) Arquimandrita
Dionisios Petrakis, 6º) Pe. Evangelos Kotsis, 7º) Pe. Emanuel Moscolidakis e 8º)
Ecônomo Pe. Emmanuel Sofoulis, conosco desde 1983.
Sobre a importância da Igreja a minha avaliação
é fundamental e importantíssima para a Comunidade de Brasília.
Posso dizer que a antiga geração colocou
alicerces bem firmes para garantir a união, harmonia e o entendimento entre nós
e tenho certeza que as novas gerações continuarão com os mesmo valores que nós
trouxemos da nossa Terra Natal.
Os projetos para o futuro da nossa comunidade
posso dizer que são muito prósperos. Para finalizar, quero agradecer todos os
patrícios e amigos pelo apoio e colaboração e principalmente ao Pe. José Homsi
Hanna Elias como também a todos os amigos da Comunidade Sírio-Libanesa, muitos
amigos brasileiros e várias autoridades que até hoje continuam participando e
colaborando para a melhoria de nossa Comunidade. A nossa intenção inicial não
era fazer algo com grande beleza material e sim cultural.
Espero que os mais jovens e as novas gerações
façam o possível para que a Comunidade Helênica de Brasília seja um centro da
divulgação da cultura grega.
Elias Grintzos
* Texto extraído da revista Mensagens
Cristã-Ortodoxas, editada pela Igreja Anunciação da Mãe de Deus (Ano II, vol. 4,
n. 3, mar-abr 2008, pp. 10-12).
Nenhum comentário:
Postar um comentário