27 setembro 2013

2º Domingo de Lucas (29/09/2013)

2º DOMINGO DE LUCAS
(MATINASMc. 16, 9-20 | LITURGIA: 2Cor. 1, 21-24; 2, 1-4 e Lc. 6, 31-36)*
O amor cristão
A prova de fogo do amor não é amar nossos amigos, mas sim amar nossos inimigos. Um grande santo russo uma vez perguntou: “Como podemos saber se uma pessoa habita em Deus e é sincero em sua fé cristã? Não há outra maneira de verificar isso a não ser examinando a vida dessa pessoa para observar se ela ama seus inimigos. Onde está presente o amor pelo inimigo, Deus também está presente.” Este é o grande teste para saber se estamos em sintonia com Deus, pois é justamente isso que Deus faz: Ele tanto acolhe os justos como os injustos. Certa vez um escritor inglês (Chesterton) disse: “O amor significa amar o que é indigno de ser amado, do contrário não é nenhuma virtude.
Impraticável? Mas amar os nossos inimigos em um mundo como o nosso parece bastante impraticável. Amar um inimigo é permitir-lhe tirar uma vantagem de nós. Amar um inimigo é deixá-lo passar por cima de nós.
Assim pensávamos, até que a psicologia e a psiquiatria vieram e nos ensinaram algumas coisas sobre a hostilidade e as pessoas hostis. As duas ciências nos disseram que uma pessoa hostil odeia porque teme ser agredido; então para se proteger, ela ataca primeiro. Ela é hostil porque espera ser desprezada e odiada. A última coisa que ela espera é o amor. Assim, se ao invés de odiar, demonstrarmos o amor, essa pessoa ficará desarmada. No fundo, o amor é o que ela anseia mais do que qualquer outra coisa. O amor é a única coisa que pode acabar com sua hostilidade.
“Dê-lhe o mal!”, disse alguém a um amigo que havia sofrido uma injustiça nas mãos de um terceiro. Não obstante, a resposta que recebeu foi verdadeiramente inspirada: “Ele já está com o mal. Eu gostaria de lhe dar Deus.” Enfim, amar um inimigo é levar Deus até ele.
Mas será que Deus espera que amemos os pecados e as maldades que as pessoas cometem? Claro que não. Ele espera que odiemos o pecado, mas que amemos o pecador. Mas como distinguir entre o pecado e o pecador? Ora, a cada dia nós fazemos esta mesma distinção: nós fazemos coisas terríveis, cometemos graves erros; mas a verdade é que odiamos os erros que cometemos, e continuamos a nos amar. Faça o mesmo com os outros, disse Jesus. “Ame o seu próximo como a ti mesmo.” Abomine o pecado, ame o pecador! E alguém expressou isso da seguinte maneira: “Amar o inimigo não significa amar a lama onde se encontra a pérola, mas sim amar a pérola que está na lama.
Pe. Anthony M. CONIARIS,
Prof. emérito da Holy Cross Greek Orthodox 
School of Theology, em Brookline, MA (EUA).
Traduzido do livro: "Gems from the Sunday and Feasts Gospels"

Boletim n. 36, 29.09.2013: 
2º Domingo de Lucas (Download)

NOTA DE FALECIMENTO
No sábado passado, 20.09.2013, faleceu em Anápolis/GO, aos 81 anos, o Rev. PE. JOSÉ HOMSI HANNA ELIAS, do Patriarcado de Antioquia.
O Pe. José Homsi muito contribuiu para a elaboração do primeiro estatuto da Comunidade Grega de Brasília ainda na década de 60. Foi também um dos grandes incentivadores da criação da Comunidade Grega e da construção da Igreja Anunciação da Mãe de Deus na Asa Norte, em Brasília. Muitos ortodoxos da desta Capital também foram batizados pelo Pe. José Homsi, quando ainda não havia uma igreja ortodoxa em Brasília.
Em gratidão e honra, nosso pároco, Pe. Emanuel Sofoulis, juntamente com o presidente da Comunidade Grega de Brasília, sr. Elias Grintzos, estiveram presentes durante o ofício fúnebre em Anápolis, para elevar preces pela alma do Pe. José Homsi.
Sua memória seja eterna!

PARA REFLETIR
v  A caridade e o amor cristão.
v As responsabilidades de cada cristão.
v As alegrias e desafios diários dos que creem em Cristo.

PENSAMENTO
 São João Clímaco | Άγιος Ιωάννης της Κλίμακος (523-606)
Deus é amor, é caridade (1Jo. 4, 8); e, por isso, quem quiser defini-Lo se faz semelhante a um cego que quer contar os grãos de areia do mar. A caridade, segundo sua natureza, é a semelhança de Deus, tal qual nos homens se pode achar; porque a caridade é uma semelhança participada do Espírito Santo, o qual essencialmente é amor do Pai e do Filho, de onde nasce que, com qualquer outra virtude, não se faz o homem mais semelhante a Deus do que com esta. Mas segundo sua eficácia, a caridade é uma saudável embriaguez, que docemente transporta o homem a Deus e o tira de si; segundo sua própria virtude, a caridade é fonte de Fé, abismo de paciência e mar de humildade, não porque seja causa destas virtudes quanto à essência delas, e sim quanto ao exercício de seus atos. A caridade tudo crê, tudo espera e em tudo é humilde e na humildade eleva aquele que a tem. Finalmente, a perfeita caridade é desterro de toda má intenção e pensamento, porque a caridade, como diz o Apóstolo, não pensa mal (1Cor 13, 5).

A Escada da Divina Ascensão
30º Degrau: a fé, a esperança e a caridade, p. 323.
Tom da semana: 5º Tom
(χος πλ. α΄ – ωθινόν Γ΄)
† MATINAS
3º Eothinon (ωθινόν Γ΄)
EVANGELHO SEGUNDO SÃO MARCOS
Aparições à Maria Madalena e aos discípulos e Ascensão do Senhor
(Mc. 16, 9-20)
Naquele tempo, tendo Jesus ressuscitado na manhã do primeiro dia da semana, apareceu primeiro a Maria Madalena, da qual havia expulsado sete demônios. Foi ela que deu a notícia aos que tinham vivido com Ele, mas que estavam de luto e choravam. Quando ouviram dizer que Jesus estava vivo e tinha sido visto por ela, não acreditaram. Mais tarde, Jesus apareceu de outra forma a dois discípulos que se dirigiam para o interior. Eles também voltaram e deram a notícia aos outros, mas nem mesmo neles acreditaram. 
    Por fim apareceu aos Onze, quando estavam à mesa. Repreendeu-lhes a incredulidade e dureza de coração, por não terem acreditado nos que o tinham visto ressuscitado dos mortos. E lhes disse: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo. Mas quem não crer será condenado. Os sinais que acompanharão os que crerem são estes: em meu nome expulsarão demônios, falarão línguas novas, pegarão serpentes e, se beberem veneno, não lhes fará mal. Imporão as mãos sobre os enfermos, e estes serão curados”. 
    Depois de lhes falar, o Senhor Jesus foi elevado ao céu e sentou-se à direita de Deus. Os discípulos partiram e pregaram por toda parte. O Senhor cooperava com eles e confirmava a Palavra com os sinais que a acompanhavam. Amém.
† DIVINA LITURGIA
SEGUNDA EPÍSTOLA DE SÃO PAULO AOS CORÍNTIOS
Mudança do itinerário de Paulo
(2Cor. 1, 21-24; 2, 1-4)
São Paulo
Irmãos, aquele que nos mantém firmes convosco em Cristo e que nos deu a unção, é Deus. Foi Ele também que nos marcou com seu selo e nos colocou no coração, como um primeiro sinal, o Espírito. Invoco a Deus por testemunha sobre minha alma de que para vos poupar é que ainda não fui a Corinto. Não porque pretendamos dominar vossa fé, mas porque queremos contribuir para vossa alegria. Pois, quanto à fé, estais firmes. 
   Decidi, pois, não tornar a visitar-vos na tristeza. Porque, se vos contristasse, quem me alegraria senão quem se teria entristecido por minha causa? Portanto eu vos escrevi naqueles termos para que, quando for ter convosco, não tenha de entristecer-me com aqueles que deveriam alegrar-me. Confio em todos vós que minha alegria é também vossa. Eu vos escrevi levado por grande aflição e ansiedade de coração, com muitas lágrimas, não para vos entristecer, mas para conhecerdes o grande amor que vos tenho.
EVANGELHO SEGUNDO SÃO LUCAS
Sermão da Montanha: o amor ao próximo**
(Lc. 6, 31-36)
Disse o Senhor: o que desejais que os outros vos façam, fazei-o também a eles. Se amais quem vos ama, que recompensa tereis? Porque os pecadores também amam os que os amam. E se fazeis o bem a quem o faz a vós, que recompensa tereis? O mesmo fazem também os pecadores. Se emprestais àqueles de quem esperais receber, que recompensa tereis? Também os pecadores emprestam aos pecadores, para deles receberem igual favor. Ao contrário, amai os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai sem nada esperar em troca, e grande será a vossa recompensa. Assim sereis filhos do Altíssimo, porque ele também é bondoso para com ingratos e maus. Sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso.
__________________
Anotações: 
2Cor. 1, 21-24; 2, 1-4:
  1. Cap. 1, V. 21: O que nos ungiu ["que nos deu a unção"]: refere-se sem dúvida à conversão e vocação, como se dissesse: Fui batizado pelo próprio Cristo.
  2.  V. 22Também nos selou ["nos marcou com seu selo"], i.e., me confirmou com os dons do Espírito Santo.
  3. Cap. 2, os vv. 1-4, juntamento com 1, 23s, contêm a principal razão por que S. Paulo adiou sua visita. Assim procedeu não por leviandade, mas para não ter que se apresentar a eles com severidade, reprimindo defeitos. Preferiu fazer isto por escrito (v. 3) para que em sua visita pudesse se alegrar com as virtudes daqueles que tanto amava. 
Lc. 6, 31-36:
  1. Cap. 6, V. 31: ["O que desejais que os outros vos façam, fazei-o também a eles"]: É a regra de ouro da caridade cristã. 
Mons. José Castro Pinto. Notas in: Bíblia Sagrada,
Novo Testamento. Barsa: 1967, p. 55; 156-157.

* Leituras conforme o Typikon do Patriarcado Ecumênico (Τυπικν τς Μεγάλης το Χριστο Εκκλησίας): Typikon 29-set-2013. 
** O Sermão da Montanha completo compreende Lc. 6, 20-49.

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