PATRIARCADO
ECUMÊNICO DE CONSTANTINOPLA
Arquidiocese Ortodoxa Grega
de Buenos Aires e América do Sul
Igreja
Anunciação da Mãe de Deus
SGAN - Quadra 910
- Módulo ‘’B’’ - CEP: 70.790-100 - Brasília-DF
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Brasília, 15 de novembro
de 2015.
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8º Domingo de Lucas
(24º depois de Pentecostes
- Modo Grave)
Memória dos Santos Mártires e Confessores Gurias (Esl.: Gurij),
Samonas, e Abibus, de Edessa († 299-306).
Matinas
Tropário – Modo Grave - (7º
tom):
Destruístes com a Tua Cruz a morte, abristes ao ladrão
o paraíso, transformaste o luto das mirróforas e ordenaste, aos Teus Apóstolos pregarem
que Tu ressuscitaste, ó Cristo Deus, dando ao mundo a grande misericórdia.
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo,
Destruístes com a Tua Cruz a morte, abristes ao ladrão
o paraíso, transformaste o luto das mirróforas e ordenaste, aos Teus Apóstolos pregarem
que Tu ressuscitaste, ó Cristo Deus, dando ao mundo a grande misericórdia.
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.
Theotokion:
Virgem gloriosa, tesouro de nossa ressurreição, arrancai
dos abismos do pecado aqueles que colocam a sua esperança em Ti, pois salvaste os
pecadores subjugados às suas faltas, Tu que destes nascimento à nossa salvação,
Tu que permanecestes virgem no parto, durante o parto e após o parto.
Katisma – Modo Grave - (7º
tom):
1ª Katisma:
A vida foi posta no sepulcro e o selo sobre a pedra.
Os soldados custodiaram a Cristo como ao rei que dorme; os anjos o glorificaram
como rei imortal; e as mulheres proclamaram dizendo: “Ressuscitou o Senhor dando
ao mundo grande misericórdia!”
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo.
Oh Cristo Deus, derrotaste a morte com a Tua sepultura
de três dias, e Ressuscitaste, com Tua vivificadora Ressureição, o homem corrompido.
Glória a Ti, oh Único amante da humanidade.
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.
Theotokion:
Oh Virgem Mãe de Deus, intercede sem cessar ante
Cristo Deus, quem por nós foi crucificado e ressuscitou destruindo o poder da morte
para salvar nossas almas.
2ª Katisma:
Estando selado o sepulcro ressurgiste resplandecente,
oh Vida! E estando as portas cerradas vieste a teus Discípulos, oh Cristo Deus,
ressureição de todos, e com eles nos renovaste o Espírito reto conforme a grande
misericórdia.
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espirito Santo.
As mulheres correram a teu sepulcro levando aromas
mesclados com lágrimas; e ao ver os soldados vigiando, oh Rei de todos, disseram
entre si: “Quem removerá a pedra?” Mas o grande enviado Ressuscitou, pisoteando
a morte. Onipotente Senhor, glória a Ti!
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
Theotokion:
Alegra-te, oh Virgem Mãe de Deus cheia de graça,
porto e intercessora do gênero humano, porque em ti encarnou o Salvador do mundo,
sendo tu única Mãe e Virgem. Intercede a Cristo nosso Deus, para que conceda a paz
ao mundo, oh Bendita e para sempre glorificada.
Ypakoí – Modo Grave- (7º
tom):
Obediência:
Tu que tomaste nossa imagem e semelhança e que suportaste
a crucificação em seu corpo, salva-me com Tua ressureição, oh Cristo Deus, porque
és amante da humanidade.
Anabtmo:
1ª Antífona:
Oh Salvador, Tu que salvaste a Sion do engano durante
o exílio, salva-me da escravidão das paixões e reviva-me.
O semeador, que em sua semeadura padece e derrama
lágrimas, colherá a alegria vivificante que sempre alimenta.
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo, agora, sempre
e pelos séculos dos séculos. Amém.
O Espírito Santo é a fonte dos tesouros divinos,
porque dele é a sabedoria, o respeito e o entendimento. Para Ele o louvor, a glória,
a força e toda honra.
2ª Antífona:
Se o Senhor não construísse a casa da alma, em vão
nos cansaríamos porque sem ele jamais se realizará o dito feito.
Os Santos são a recompensa do fruto do ventre, e
amadurecem em quanto o Espírito os move a crer na adoção paternal.
Glória ao Pai , ao
Filho e ao Espírito Santo, agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.
Pelo Espírito Santo se deu existência a toda criação,
porque ele tem o senhorio desde sempre. Ele é a Luz inacessível, Deus é vida de
todos.
3ª Antífona:
Os que temem ao Senhor são sempre bem aventurados,
pois encontraram o caminho da vida e a glória eterna.
O Chefe dos pastores, quando viu os filhos de seus
filhos como plantas ao redor de Sua mesa, alegrou-se, regozijou-se e ofereceu-os
à Cristo.
Glória ao Pai , ao
Filho e ao Espírito Santo, agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.
O Espírito
Santo é a fonte dos dons, a riqueza da glória, e o fundamento dos grandes mandamentos;
por isso é adorado juntamente com o Pai e o Filho na glória.
Prokimenon:
Levanta-te, Senhor e Deus
meu, estende Tua mão!
Não Te esqueça de Teus
pobres para sempre! (2 vezes).
Stichos:
Te confesso, Senhor, como
todo o meu coração.
Levanta-te, Senhor e Deus
meu, estende Tua mão! Não Te esqueça de Teus para sempre!
Kondakion
– Modo Grave - (7º tom):
O império da morte não
pode mais reter os homens, porque o Cristo para quebrar e destruir seu poder.
O inferno está acorrentado,
o coro dos profetas se rejubila. Dizei aos fiéis: Eis o Salvador, saí à frente da
ressurreição.
Ikós:
Neste dia, as profundezas
do abismo do inferno tremeram diante da Unidade da Trindade.
A terra estremeceu, os
guardas das portas infernais permaneceram terrificados ao vê-lo.
E toda a criação se rejubilou,
cantando com os profetas um cântico de vitória a Ti, nosso Deus libertador, que
destruíste as forças da morte.
Possamos clamar de alegria
e bradar a Adão e seus filhos: O madeiro da cruz te fez entrar no paraíso, saí fiéis
à frente da ressurreição.
Evangelho:
Mt 16, 1-8
Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo,
segundo o Evangelista São Mateus.
Naquele tempo, os onze discípulos
partiram para a Galiléia, para o monte que Jesus lhes tinha designado. E, quando
o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram. E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo:
É-me dado todo o poder no céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas
as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os
a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco
todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém.
Exapostilário – 2º:
As portadoras de mirra quando viram a pedra removida
e um jovem sentado no túmulo, se alegraram ao ouvi-lo dizer: “O Cristo ressuscitou;
ide, pois, dizer a seus discípulos e a Pedro para irem ao monte da Galiléia, pois,
lá, Ele apascentará a todos os seus amados como prometera”.
Theotokion – 2º:
Um anjo de paz apareceu à Virgem antes de ficar grávida
de Ti, ó Cristo. Também um anjo removeu a pedra do túmulo. O primeiro anunciou a
indescritível alegria em troca da tristeza.
O segundo anunciou aos Teus eleitos e às mulheres
a Tua ressurreição dentre os mortos, louvando-Te, ó doador da vida.
Laudes - Modo Grave - (7º
tom):
1
– Esta glória será para todos os Justos.
Cristo
ressuscitou dentre os mortos rompendo as cadeias da morte. Anuncia, oh Terra, a
grande alegria, e louvem, oh céus, a glória de Deus.
2
– Louvai a Deus em seu santuário, louvai na magnificência de seu firmamento!
Vimos
a ressurreição de Cristo, prosternemo-nos ante o Santo Senhor Jesus, Ele o único
isento de pecado.
3
– Louvai por suas proezas, louvai conforme Sua imensa grandeza!
Não
sejamos tíbios em prosternamo-nos ante a ressurreição de Cristo, porque nos salvou
de nossos pecados. Santo é o Senhor Jesus que nos mostrou Sua ressurreição.
4
– Louvai ao som da trombeta, louvai com saltério e a harpa!
Com
que recompensaremos o Senhor por tudo que nos tem dado? Porque Deus, por nós, convivem
com os humanos, e por nossa natureza corrupta o Verbo se fez carne e habitou entre
nós. Ele é o Benfeitor dos ingratos e Salvador dos cativos. Sol da justiça para
os que estão nas trevas. Ele impassível sobre a Cruz. A luz no Hades, a Vida na
morte, e a ressurreição para os caídos. Por isso clamamos: oh Deus nosso glória
a Ti.
5
– Louvai com pandeiro e a dança; louvai com cordas e flautas!
Senhor,
destruíste as portas do Hades e, com Teu poder, acabaste com a força da morte. Com
Tua divina e gloriosa ressurreição levantaste os mortos, que estavam na obscuridade
desde o princípio, porque és Rei de todos, Deus Todo-poderoso.
6
– Louvai com címbalos retumbantes; louvai com címbalos de júbilo. Tudo que respira
louve ao Senhor!
Vinde,
alegramo-nos com o Senhor e regozijemo-nos com Sua ressurreição, porque com Ele
ressuscitou os mortos livrando-os das cadeias do Hades, e com Deus outorgou ao mundo
a Vida eterna e a grande misericórdia.
7
– Levanta-Te, Senhor meu e Deus meu, que tua mão se levante e não te esqueças para
sempre de Teus pobres.
O
Anjo brilhante, sentado sobre a pedra, anunciou às Mirróforas: “O Senhor ressuscitou
como havia predito, dando ao mundo a grande misericórdia. Anunciai aos Seus Discípulos
que Ele os precederá na Galileia”.
8
– Te confesso, Senhor, como todo meu coração e proclamo todos teus milagres.
Oh
judeus transgressores, porque recusaste a Pedra Angular? Esta é a Pedra que Deus
pôs em Sion, que fez brotar a água da pedra e que fez brotar do seu lado a imortalidade.
Esta é a pedra que foi cortada da montanha virginal, sem a vontade do homem. O Filho
do Homem veio sobre as nuvens do céu, como disse Daniel na antiguidade, e seu reino
é eterno.
Eothinon – 2º:
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo.
As mulheres que estavam com Maria e levaram aromas
ficaram satisfeitas por terem conseguido o seu desejo de ir ao Sepulcro; ficaram
espantadas quando viram a pedra do túmulo rolar; um divino jovem acalmou a perturbação
de suas almas, dizendo: “O Cristo Deus já ressuscitou e anunciai aos discípulos
para irem a Galiléia, para vê-Lo ressuscitado, porque Ele, o Senhor, é o doador
da vida”.
Theotokion:
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.
Bendita e venerável és Tu, ó Mãe de Deus, em cujo
seio se encarnou Aquele que visitou o inferno, libertando Adão e Eva da maldição,
destruindo a morte e dando a vida a todos nós.
Por isso bendirei o Cristo em qualquer tempo, e sempre
o Seu louvor estará em minha boca (2 vezes).
Hoje é a salvação do mundo. Louvemos Aquele que ressuscitou
do túmulo, dando-nos origem a uma nova vida, porque anulou a morte com a Sua morte
e nos concedeu a misericórdia de obter essa grande vitória.
Divina Liturgia
Anunciação
- Modo 4:
É hoje o começo da nossa
salvação e a manifestação do mistério eterno.
O Filho de Deus torna-Se
Filho da Virgem e Gabriel anuncia a graça.
Por isso, cantamos com
ele à Mãe de Deus:
“Salve, ó cheia de graça,
o Senhor está contigo!”
Tropário da Ressurreição
– Modo Grave - (7º tom):
Destruístes com a Tua Cruz a morte, abristes ao ladrão
o paraíso, transformaste o luto das mirróforas e ordenaste, aos Teus Apóstolos pregarem
que Tu ressuscitaste, ó Cristo Deus, dando ao mundo a grande misericórdia.
Tropário da Festa - Modo
3:
Santo Apóstolo e Evangelista Mateus, suplica a Deus
misericordioso que conceda às nossas almas o perdão dos pecados.
Kondakion – Modo Grave -
(7º tom):
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo.
O domínio da morte já não pode submeter o homem pois
Cristo, descendo, aboliu e destruiu o seu poder, o Hades está vencido, e os profetas
se alegram, clamando em uníssono: "O Salvador apareceu àqueles que têm fé!
Corram, fiéis, para a Ressurreição!"
Theotokion – Modo Grave -
(7º tom):
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém
Como templo da nossa ressurreição, ó Toda-gloriosa
retira do túmulo e
da desolação aqueles que esperam em ti, tu nos salvaste da escravidão do pecado,
gerando a nossa Salvação,
permanecendo sempre virgem.
Hino à Mãe de Deus:
Ó Admirável e Protetora dos cristãos e nossa Medianeira
do Criador não desprezes as súplicas de nenhum de nós pecadores, mas apressa-te
em auxiliar-nos como Mãe bondosa que és, pois te invocamos com fé: roga por nós
junto de Deus, tu que defendes sempre aqueles que te veneram.
Prokimenon:
O Senhor dará poder a seu povo O Senhor abençoará
seu povo com a paz.
Oferecei ao Senhor, ó filhos de Deus, oferecei ao
Senhor tenros cordeiros.
Epístola: Ef 1, 14-22
Leitura
da Primeira Epístola do Apostolo São Paulo aos Efésios:
Irmãos, Cristo Jesus é a nossa
paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de separação que estava
no meio, na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia
em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz, e pela
cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades. E, vindo,
ele evangelizou a paz, a vós que estáveis longe, e aos que estavam perto; porque
por ele ambos temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito. Assim que já não sois estrangeiros,
nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus; edificados sobre
o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra
da esquina; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor.
No qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus em Espírito.
Aleluia!
Aleluia,
aleluia, aleluia!
É
bom exaltar o Senhor e cantar louvores ao teu Nome, ó Altíssimo (Sl 92, 1).
Aleluia,
aleluia, aleluia!
Proclamar
pela manhã o teu amor e a tua fidelidade pela noite (Sl 91, 2).
Aleluia,
aleluia, aleluia!
Evangelho:
Lc 10, 25-37
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo,
segundo o Evangelista São Lucas:
Naquele tempo, [enquanto
Jesus falava] levantou-se um doutor da lei e, para pô-lo à prova, perguntou: Mestre,
que devo fazer para possuir a vida eterna? Disse-lhe Jesus: Que está escrito na
lei? Como é que lês? Respondeu ele: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração,
de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu pensamento (Dt 6,5);
e a teu próximo como a ti mesmo (Lv 19,18). Falou-lhe Jesus: Respondeste bem; faze
isto e viverás. Mas ele, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: E quem é o meu
próximo? Jesus então contou: Um homem descia de Jerusalém a Jericó, e caiu nas mãos
de ladrões, que o despojaram; e depois de o terem maltratado com muitos ferimentos,
retiraram-se, deixando-o meio morto. Por acaso desceu pelo mesmo caminho um sacerdote,
viu-o e passou adiante. Igualmente um levita, chegando àquele lugar, viu-o e passou
também adiante. Mas um samaritano que viajava, chegando àquele lugar, viu-o e moveu-se
de compaixão. Aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho;
colocou-o sobre a sua própria montaria e levou-o a uma hospedaria e tratou dele.
No dia seguinte, tirou dois denários e deu-os ao hospedeiro, dizendo-lhe: Trata
dele e, quanto gastares a mais, na volta to pagarei. Qual destes três parece ter
sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos ladrões? Respondeu o doutor: Aquele
que usou de misericórdia para com ele. Então Jesus lhe disse: Vai, e faze tu o mesmo.
Kinonikón:
Caminharemos, Senhor, na luz da
glória de tua face pelos séculos.
Aleluia, aleluia, aleluia!
SINAXE
O Bom Samaritano
No Novo Testamento, samaritano é o nome dado aos
habitantes do distrito de Samaria; mas o nome tem profundos matizes religiosos.
Para os judeus, os Samaritanos eram um grupo herético e cismático e por isso, eram
repudiados e odiados mais do que os pagãos. A origem do cisma entre judeus e samaritanos
se aprofunda na primitiva história israelita. Os judeus que se estabeleceram em
Jerusalém após o Edito de Ciro (538 a.C) não consideravam a comunidade que habitava
no distrito de Samaria, e antigo centro de Israel, como verdadeiros israelitas.
Eles eram descendentes de uma população mista de assírios e mesopotâmicos. Essas
populações tinham introduzido na terra de Israel o culto a seus próprios deuses.
Essas crenças estrangeiras parecem que não sobreviveram,
pois entre as inúmeras agressões por parte dos judeus aos samaritanos, não encontramos
acusações que mostrem que os samaritanos adorassem deuses estrangeiros.
Quando a comunidade judaica iniciou a reconstrução
do Templo em Jerusalém, os samaritanos quiseram se unir para tal tarefa, mas foram
repelidos violentamente. Várias vezes, os samaritanos questionaram a forma que os
judeus se utilizavam para reconstruir o Templo. A rixa entre os judeus e samaritanos
não se limitava ao campo sócio religioso, tinha raízes políticas, igualmente. As
diferenças políticas, sociais e as disputas de poder minavam as relações de convívio.
Como era impossível unir-se para a reconstrução do Templo, os samaritanos construíram
para seu povo um novo templo na cidade de Garizim. A partir deste fato então, o
cisma entre essas dois povos tornou-se aberto e definitivo, chegando a ponto de
os samaritanos atacarem os peregrinos que por sua aldeia passavam a caminho do templo
de Jerusalém ou quando de lá retornavam.
A hostilidade entre os judeus e samaritanos emerge
diversas vezes na Bíblia. O Eclesiástico (50, 25-26) refere-se a eles como sendo
‘o povo louco’ que vivem em Siquém de “não-nação”. Alguns afirmam que a Jesus, certa
vez, foi proferido um grave insulto quando o chamaram de ‘samaritano’ (Jo 8,48).
Lucas, no capítulo nove, narra que uma aldeia samaritana
recusou hospitalidade a Jesus e a seus discípulos durante uma viagem da Judéia para
Jerusalém. Também os discípulos de Jesus, ficaram escandalizados quando viram seu
Mestre conversando com uma mulher samaritana, e, mais ainda, quando pediu-lhe água
para saciar sua sede (Jo 4).
Jesus, por sua vez quis quebrar esta barreira que
separava os filhos de Deus. Na cura dos dez leprosos elogiou a atitude de um samaritano
que retornou do Templo para agradecer-lhe o milagre (Lc 17).
Este é o panorama sócio religioso, o pano de fundo
político sobre o qual o Evangelho deste domingo é construído. Diagnosticamos assim
o grau de exigência do amor que Jesus veio revelar. É o amor não puramente humano;
é o amor divino, capaz de quebrar preconceitos históricos; o amor que lança seus
ramos para além daquilo que imaginamos ser os nossos limites. Para ilustrar esta
exigência e grandeza, Jesus responde à pergunta que um conhecedor da Lei o fez:
“o que devo fazer para herdar vida eterna?” Jesus lhe cita os mandamentos do amor
a Deus (Dt 6,5) e do amor ao próximo (Lv 19,18), coisas que o perito deveria saber!
Tentando justificar sua pergunta, ele explica a Jesus que fez tal questionamento,
não por desconhecer os mandamentos, mas porque existem dúvidas sobre quem é o "próximo".
O Evangelista São Lucas situa esta narrativa em uma viagem que Jesus fez através
da Samaria, e põe em relevo a problemática sócio cultural que ali se passava: a
questão dos samaritanos.
Então Jesus conta uma história. Alguém desce a serra
de Jerusalém em direção a Jericó, pela estrada que sai do Templo e atravessa as
escarpas inóspitas do deserto de Judá. É assaltado, e os ladrões o deixam semimorto
na beira da estrada. Passa um sacerdote de Jerusalém: desvia-se. Passa um levita
do Templo: desvia-se. E passa um samaritano. Este se aproxima, cuida das feridas
e leva o homem à hospedaria, dando ao dono uma provisão para que dele cuide nos
próximos dias. E Jesus pergunta, mineiramente: "Quem é o próximo do homem que
caiu nas mãos dos ladrões?" A resposta se impõe: "Aquele que usou de misericórdia
para com o coitado". O senhor doutor poderia ter dito diretamente: o samaritano,
mas tal palavra era difícil demais para sair de sua boca. De qualquer modo, teve
de admitir, ainda que em termos indiretos, que o próximo era um samaritano.
O “próximo” não depende de origem, raça, instrução
ou qualquer outro de nossos critérios de discriminação. Há quem seria “próximo”
por natureza, como o sacerdote e o levita, mas não se comportam assim. Há quem é
“inimigo” por natureza, como o samaritano, mas se torna próximo do judeu assaltado.
Assim como não existia ruptura mais profunda que
a entre os judeus e samaritanos, sendo dissolvida pelo amor, da mesma forma, devemos
nos deixar mover pelo amor para romper tudo o que nos possa separar. A amplitude
e a profundidade da doutrina do amor de Jesus não podia exigir ato maior de um judeu:
aceitar um samaritano como irmão. Sua doutrina continua a mesma, não se modificou
em nada. Mesmo assim há, em tempos atuais, quem queira separações, divisões, rompimentos,
distância entre os ‘perfeito’ e os pecadores, entre os ‘santos’ e os miseráveis
entre os ‘puros’ e os maculados.
Não basta que conheçamos o que Deus quer de nós,
é preciso concretizar; é preciso agir; é preciso viver.
“Filhinhos, nisto sabemos se conhecemos a Deus, se
guardamos seus mandamentos. Aquele que guarda os mandamentos de Deus, nele o amor
é verdadeiro e perfeito. Quem ama seu irmão permanece na luz. Não amemos com palavras
nem com a língua, mas com obras e em verdade.” (I Jo)
“Quem ama a Deus, não pode deixar de amar cada homem
como a si próprio independente da situação, condição e exigência”.
São Máximo o Confessor (+680)
FONTE:
KONINGS, Johan. Descobrir
a Bíblia a partir da Liturgia. São Paulo: Ed. Loyola. 1997
MACKENZE, John Dicionário
Bíblico. São Paulo: Ed Paulinas, 1983.
15 de Novembro: Santos Gorias
(Esl.: Gurij), Samonas e Habib, mártires (início do séc. IV)
Os santos Gorias e Samonas foram presos durante a
perseguição de Diocleciano. Como eles se recusassem a render sacrifícios aos deuses
pagãos, foram pendurados pelas mãos com pesos amarrados aos pés. Depois, passaram
três dias no interior de um horrível calabouço, sem comer ou beber. Quando foram
retirados de lá, Gorias estava agonizante. Samonas foi cruelmente torturado mais
uma vez, mas permaneceu firme na fé. Ambos morreram decapitados. Mais tarde, um
diácono de Edessa de nome Habib, escondeu-se durante a perseguição de Licínio, mas
finalmente se entregou para também ganhar a coroa do martírio. O magistrado perante
o qual compareceu, fez a tentativa de convencê-lo a abjurar a fé e, em troca, escapar
com vida, mas Habib se recusou a isso, sendo por isso condenado à fogueira. Sua
mãe e outros parentes acompanharam até o local da execução. Os carrascos deram permissão
para que se desse o beijo da paz entre eles, antes de serem atirados às chamas.
Os cristãos recolheram depois o corpo do mártir, que o fogo não havia consumido,
e sepultaram-no num local próximo de seus companheiros e amigos Gorias e Samonas.
As relíquias desses mártires estão conservadas num dos dois principais santuários
de Edessa, na Síria.
Tradução e publicação no site
ecclesia.com.br
com permissão de Ortodoxia.org
Trad.: Pe. André
09 de Novembro: São Nectário de Éguina, Metropolita de Pentápolis († 1920)
São Nectário: o Santo do afeto e do perdão
Não deixará, a Santa Igreja Ortodoxa de Cristo de gerar
santos até o final dos tempos. A Igreja se rejubila pelos santos que se revelam
em nossos dias, e hoje, em especial, pelo dulcíssimo néctar da vida virtuosa, o
vaso precioso dos dons do Espírito Santo, o fiel e inspirado São Nectário, bispo
de Pentápolis. Este homem santo nasceu em 1º de outubro de 1846, em Silibría da
Trácia Oriental, recebendo o nome de Anastásio. Seus pais eram Demóstenes Kefalás
e Maria. Sua mãe, Maria, era uma fiel devota, e quando Anastásio contava com apenas
5 anos de idade já lhe ensinara o Salmo 50. Quando o menino rezava este salmo, na
altura de “ensinarei aos maus os teus caminhos”, ele repetia muitas vezes este versículo
como previsse o que Deus lhe estava reservando para mais adiante. Por razões econômicas,
concluindo a escola primária e o ciclo básico da escola secundária de sua cidade
natal, com 14 anos de idade, mudou-se para Constantinopla, indo trabalhar no comércio
de um parente seu, remunerado apenas com a comida e a habitação. Apesar das condições
adversas, encontrou refúgio no estado que foi sua fiel companhia durante toda a
sua vida. Os aforismos que julgava úteis para os clientes do comércio ele os escrevia
nas embalagens do fumo que lhes vendia. Mais tarde, trabalhou como preceptor num
estabelecimento de Constantinopla que pertencia ao Santo Sepulcro, e no qual seu
tio exercia o cargo de reitor. Apreciava muito participar dos ofícios religiosos
diários, e já sentia uma forte inclinação para a vida monástica.
Em 1868, com 20 anos de idade, deixou Constantinopla indo
morar na Ilha de Quíos onde trabalhou como funcionário público e mestre de escola
em Liti até 1873, ano em que ingressou no monastério Nea Moni. Após um tempo de
noviciado que durou três anos, recebeu a tonsura monástica com o nome de Lázaro.
No dia 15 de janeiro de 1877, data de aniversário de seu batismo, foi ordenado diácono
pelo metropolita Gregório, de Quíos, recebendo o nome de Nectário. Em Quíos, concluiu
a escola secundária, mas, por causa de um terremoto que aconteceu em 1881, viu-se
obrigado a transferir-se para Atenas onde presta seus últimos exames na escola de
Varvaquios como aluno livre e recebe seu diploma secundário.
Ainda em 1881 viaja para Alexandria, onde é recebido pelo
Patriarca Sofrônio, que lhe recomenda estudar na universidade. Isso foi possível
graças à ajuda econômica dos irmãos Joremis. Em 1822 ganhou uma bolsa da Fundação
A. G. Papadakis. Em outubro de 1885 completou sua formação universitária, diplomado
com qualificação de «bom».
Em 23 de março de 1886 foi ordenado presbítero pelo Patriarca
Sofrônio de Alexandria. Em 16 de agosto deste mesmo ano foi promovido ao ofício
de Grande Arquimandrita e confessor, sendo designado como legado patriarcal do Cairo
(Egito). Trabalhou incansavelmente, sem parar e com muita abnegação e, por isso,
a Igreja de Alexandria lhe conferiu o grau máximo do sacerdócio. Em 15 de janeiro
de 1889 é ordenado Metropolita de Pentápolis, na Igreja de São Nicolau, do Cairo
(restaurada mais tarde pelo santo), pelo Patriarca Sofrônio, pelo ex-metropolita
Antônio de Corfú e pelo metropolita Porfírio de Sineo. Como metropolita, seguiu
cumprindo as mesmas funções, agora, porém, sem nenhuma remuneração por conta da
péssima situação econômica do Patriarcado.
Participou ativamente nas celebrações das bodas de ouro
no episcopado do Patriarca, seu benfeitor e protetor, que mais adiante se tornaria
seu perseguidor.
Recebeu com muita humildade o episcopado e é notável e
digno de menção o que dizia ao Senhor em suas orações: «Senhor, porque me elevaste
a um tão alto grau e dignidade? Eu só te pedi para poder estudar teologia na escola
metropolitana. Desde a minha juventude te pedia para ser um simples trabalhador
de tua divina Palavra, e Tu, Senhor, agora me provas com tantas coisas! Porém, eu
me submeto, Senhor, à tua vontade, e te suplico que cultives em mim a humildade
e as demais santas virtudes, da maneira como me conheces, e faz-me digno de viver
todos os dias de minha vida de acordo com as palavras do bem-aventurado Paulo que
dizia: ‘Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim’». E o Senhor ouviu as
preces do humilde bispo. As virtudes deste santo foram divulgadas por todas as partes,
e todo comentavam com admiração sobre aquele tesouro com o qual Deus os havia presenteado.
As maquinações do mal, porém, o diabo, não tardou em aparecer.
Um grupo de clérigos ambiciosos que se envolveram no entorno do nonagenário patriarca,
caluniaram o santo com acusações de que agitava os fiéis com o intento de usurpar
o trono de Alexandria. Além disso, sugeriram que o justo Nectário teria incorrido
em desregramento moral. Com tudo isso, conseguiram a remoção do santo bispo como
legado patriarcal e só lhe era permitido receber alimentos da mesa comum, junto
aos demais clérigos. Pouco tempo depois foi expulso do Egito com a alegação de que
não havia se adaptado ao clima do Egito. Solicitou, em vão, uma audiência com o
Patriarca. Isso deixou os fiéis muito aflitos, pois estavam sendo privado da presença
do mais «simpático dos bispos e do melhor e mais ativo dos clérigos».
São Nectário aceitou com humildade esta injusta e amarga
prova, agradecido ao Senhor, e partiu do Egito para Atenas em 1889, sem nenhum dinheiro
e aflito, a procura de emprego para poder pagar o aluguel da casa que ocupava em
Neápolis (Exarquia). Depois de muitos esforços conseguiu que o designassem como
pregador na Ilha de Ebea. Em julho de 1893 foi transferido para o departamento de
Ftiótida-Fokida, onde trabalhou incansavelmente durante seis meses, causando a todos
ótimas impressões. Em março de 1894 foi designado como reitor da Escola Eclesiástica
Rizarios, em Atenas. Ali ele se dedicou zelosamente ao trabalho para enraizar no
zelo sacerdotal os seminaristas, visando assegurar o futuro ministerial de todos
eles, para a reorganização do programa de estudos e para melhorar a dieta e os exercícios
físicos dos estudantes. Conseguiu que lhe concedessem quatro bolsas de estudos por
ano que destinou aos alunos provenientes da Ásia Menor. Ele, em pessoa, foi um exemplo
vivo para os seminaristas. Deus especial ênfase à vida litúrgica, convertendo em
centro litúrgico a Igreja de São Jorge de Rizarios, e toda a escola num instituto
espiritual, convidando destacadas personagens da ciência para lá dar conferências.
Sua oração era o fertilizante mais importante para o florescimento da escola. Paralelamente,
exercia seu ministério litúrgico, a pregação, a confissão e a filantropia. Estabeleceu
relações com o cura Planás e participava em vigílias na capela de Santo Eliseu onde
cantavam dois famosos escritores da literatura moderna, Papadiamentis e Moraitidis.
Em julho de 1898 visitou pela primeira vez o Monte Athos
lá permanecendo durante um mês inteiro visitando os monastérios mais importantes.
Conheceu, em particular, o Ancião Daniel com quem manteve uma longa amizade. Fez
também amizades com Abba Jerônimo Simonopetritis que mais tarde sucedeu a São Savas
de Kalimnos na direção espiritual do monastério de Éguina. No verão seguinte, agosto
de 1898, viajou para Constantinopla e à sua terra natal, Silibría. Teve a oportunidade
de venerar a imagem da Virgem de Silibría e a sepultura de seus pais. Em 1904 tornou
realidade seu desejo de criar uma comunidade monástica feminina que, inicialmente,
era constituída por quatro irmãs. O santo não deixou nunca de guiá-las espiritualmente
e de sustentá-las, moral e economicamente. Em 17 de fevereiro de 1908 apresentou
sua renúncia da direção da escola de Rizarios por razões de enfermidades. Dali em
diante se consagrou à direção das monjas e à construção do monastério em Éguina,
ao estudo da Sagrada Escritura e à ajuda espiritual e econômica aos pobres habitantes
da ilha. As provações, porém, não haviam terminado. Por diversas razões o reconhecimento
canônico do monastério só aconteceu depois de sua morte. Além disso, foi injustamente
acusado de imoralidades pela mãe de uma jovem que chegou ao monastério para tornar-se
monja. Todas estas provações ele as relevava com absoluta confiança em Deus e, não
por acaso, uma de suas tarefas favoritas era confeccionar pequenas cruzes nas quais
escrevia: «Cruz, parte de minha vida».
A saúde do santo foi sempre frágil e, no início do ano
de 1919, uma infecção na próstata tornou seu estado ainda pior. A pedido das monjas
foi internado no dia 20 de setembro no Hospital Areteio de Atenas onde permaneceu
internado durante cinquenta dias. No domingo, 08 de novembro de 1905, próximo da
meia noite, entregou, pleno da paz celestial, sua ditosa alma nas mãos do Deus vivo
a quem amava desde a sua juventude e a quem glorificou ao longo de toda a sua vida,
até a ida de 74 anos. Dos restos mortais do pobre santo exalavam um aroma de celestial
fragrância. Nesse mesmo dia seu corpo foi levado a Éguina, para seu pequeno monastério
onde se deu o ofício fúnebre e foi sepultado em meio a uma grande afluência de clero
e de povo. Sua sepultura foi repetidamente aberta nos anos seguintes e, depois de
mais de 20 anos, seu corpo encontrava-se ainda intacto e incorrupto, exalando um
perfume indescritível de santidade como um receptáculo do Espírito Santo. Depois,
porém, se consumiu inexplicavelmente, por razões que só Deus as conhece, assim como
aconteceu também inexplicavelmente muitas outras relíquias de santos até então intactas.
No dia 2 de setembro de 1953 aconteceu a exumação das relíquias
do santo pelo metropolita Procópio de Hidra, estando presentes muitos clérigos,
monges e monjas, além de uma grande multidão de fiéis. Um perfume indescritível
inundava todo o local. Em 1961 foi realizado o solene reconhecimento de sua santidade
pelo Patriarca Ecumênico de Constantinopla.
«Grande é o Senhor nosso, e sua grandeza não tem limite,
que glorifica aos que lhe glorificaram», como o anunciou sem desmentir. Com efeito,
São Nectário é o santo do século XX. Doce, manso, isento de maldade, humilde, e
por tudo isso, recebeu e recebe a graça do Senhor da glória. Que este simpático
santo conceda a cada um de nós, em todo tempo e lugar, sua proteção e socorro paternal
e salvífico. Amém.
Tradução e publicação neste
site
com permissão de: Ortodoxia.org
Trad.: Pe. André
São Nectários de Aegina
Tradução: Pedro
Ravazzano
O divino Nectário de Aegina é
um do mais conhecidos Santos Ortodoxos Gregos. Ele nasceu em primeiro de Outubro
de 1846 em Silyvria, na Ásia Menor (agora ocupada pela Turquia). No Santo Batismo
deram-lhe o nome de Anastácio. Os seus pais eram simples Cristãos piedosos. Eles
criaram-no em uma maneira que agrada a Deus e fizeram com meios muito limitados
para continuar sua educação formal. Tendo concluído escola elementar na sua cidade
natal, ele partiu para a grande cidade de Constantinopla com 14 anos de idade. Lá,
ele encontrou o emprego como um ajudante de loja e foi capaz de viver uma vida parca.
Ele ia regularmente assistir à Divina Liturgia, e lia as Sagradas Escrituras e os
Escritos dos Anciãos da Igreja diariamente. Em 1866, com 20 anos de idade, Anastásio
foi à ilha de Chios, onde tornara-se um professor. Depois de 7 anos, ele estabeleceu
o mosteiro local, aos cuidados do venerável Pacómio. Depois de 3 anos como noviço,
Atanásio foi tonsurado Monge recebendo o nome Lázaro.
Um ano depois, ele foi ordenado
Diácono e recebeu o nome Nectário. O Ancião Pacómio, e um rico benfeitor local convenceram
o jovem monge a concluir os seus estudos superiores em Atenas. Daí o Diácono Nectários
foi à Alexandria, onde conquistou a simpatia do Patriarca da Alexandria, Sofrônio.
O Patriarca insistiu que Nectário concluísse seus estudos Teológicos, e então em
1885 ele licenciou-se na Escola de Teologia de Atenas. O Patriarca da Alexandria
ordenou o Diácono Nectário ao Sacerdócio em 1886. O seu grande serviço à Igreja,
escritos e ensinos prolíficas e, energia e zelo levaram o franco Nectário a ser
ordenado como Metropolita de Pentápolis no Egito.
Como Metropolita ele foi muito
admirado e amado pelo seu rebanho por causa da sua virtude e pureza de vida. Mas
esta grande admiração pela gente levantou a inveja de certos altos funcionários,
que conspiraram e tiveram sucesso em ter o Abençoado Metropolita retirado do seu
ofício em 1890 - sem uma prova ou qualquer explicação. Ele voltou à Grécia para
se tornar monge e Pregador, aperfeiçoando a moral do povo. Lá o Abençoado Metropolita
continuou a escrever os seus agora famosos livros.
Em 1904, o nosso Santo fundou
um mosteiro de mulheres em Aegina, o Convento da Santíssima Trindade. Sob sua orientação
o Convento floresceu. Em 1908, Abençoado Nectário, com 62 anos de idade, saindo
da Escola Eclesiástica Rizarios e retirou-se no Convento em Aegina. Lá, viveu o
resto da sua vida como um verdadeiro monge e asceta. Serviu como confessor e guia
espiritual às freiras e até sacerdotes da longe Atenas e Pirineus. A sua santa e
piedosa vida seguiu adiante com uma direção iluminadora a todos perto dele. Muitos
lhe buscariam atrás de curas. São Nectário foi um grande andarilho durante a vida.
No dia 20 de Setembro de 1920
uma das freiras levou-o ao hospital local, apesar do seu protesto. Ele convulsionava
na dor de uma doença existente há muito tempo. Foi admitido, e colocado em uma ala
reservada para pobres e renegados. Lá ele ficou durante dois meses entre a vida
e a morte. Às 10:30 da manhã do dia 8 de Novembro, embora no meio de dores terríveis,
na paz e na oração ele abandonou o seu espírito para Deus com 74 anos de idade.
Logo após seu repouso, uma enfermeira
veio prepará-lo para a transferência para o enterro em Aegina. Esta retirou o suéter
do Santo, inadvertidamente colocou-o na cama ao lado, na qual um paralítico estava.
E Oh! Grande maravilha, o paralítico imediatamente começou a recuperar a sua força
e saiu curado de sua cama, glorificando a Deus.
Algum tempo depois do seu repouso,
estranhamente uma bela fragrância foi emitida pelo seu corpo Sagrado, enchendo a
sala. Muitos vieram para venerar as suas santas relíquias antes do seu enterro.
Com estupefação, os fiéis observaram um fluído fragrante que ensopara o seu cabelo
e barba. Mesmo depois de 5 meses, quando as freiras do convento abriram a sepultura
do Santo para construir um túmulo de mármore, eles encontraram o corpo intacto em
todos os aspectos e emitindo um maravilhosa e celeste aroma. De mesmo modo três
anos depois, as Relíquias Sagradas estavam ainda inteiras e exalando o mesmo abençoado
cheiro.
A Igreja Ortodoxa o proclamou
Santo no dia 20 de Abril de 1961. A sua Abençoada Memória é celebrada pela Igreja
no dia 9 de Novembro.
Hino «Agni Parthene»
O hino Agni Parthene foi composto
por São Nektários de Egina, bispo ortodoxo, e se conta que, após sua morte, ninguém
sabia mais a melodia. Então, anjos teriam descido do céu cantando o "Agni Parthene".
Tradução para o português
por Fábio Lins
Ó Virgem Pura e Rainha,
Imaculada, Theotokos!
Ave, Esposa Inesposada!
Mãe Virgem e Rainha,
Manto Orvalhado cobre-nos!
Ave, Esposa Inesposada!
Ó Altíssima, mais que os céus,
ó Luminosa, mais que o sol!
Ave, Esposa Inesposada!
Ó deleite dos santos virginais,
maior que os celestiais!
Ave, Esposa Inesposada!
Ó luz dos céus mais brilhante,
mais pura e radiante!
Ave, Esposa Inesposada!
Ó mais Santa e angelical,
ó Santíssimo altar celestial!
Ave, Esposa Inesposada!
Imaculada, Theotokos!
Ave, Esposa Inesposada!
Mãe Virgem e Rainha,
Manto Orvalhado cobre-nos!
Ave, Esposa Inesposada!
Ó Altíssima, mais que os céus,
ó Luminosa, mais que o sol!
Ave, Esposa Inesposada!
Ó deleite dos santos virginais,
maior que os celestiais!
Ave, Esposa Inesposada!
Ó luz dos céus mais brilhante,
mais pura e radiante!
Ave, Esposa Inesposada!
Ó mais Santa e angelical,
ó Santíssimo altar celestial!
Ave, Esposa Inesposada!
Maria Sempre Virgem,
Senhora da Criação!
Ave, Esposa Inesposada!
Ó Imaculada Esposa Virgem,
ó Puríssima Nossa Senhora!
Ave, Esposa Inesposada!
Maria, Esposa e Rainha,
fonte da nossa alegria!
Ave, Esposa Inesposada!
Venerável Virgem Donzela,
Santíssima Mãe e Rainha!
Ave, Esposa Inesposada!
Mais venerável que os Querubins,
mais gloriosa que os Serafins!
Ave, Esposa Inesposada!
És mais alta em plena glória,
que toda a hoste incorpórea!
Ave, Esposa Inesposada!
Senhora da Criação!
Ave, Esposa Inesposada!
Ó Imaculada Esposa Virgem,
ó Puríssima Nossa Senhora!
Ave, Esposa Inesposada!
Maria, Esposa e Rainha,
fonte da nossa alegria!
Ave, Esposa Inesposada!
Venerável Virgem Donzela,
Santíssima Mãe e Rainha!
Ave, Esposa Inesposada!
Mais venerável que os Querubins,
mais gloriosa que os Serafins!
Ave, Esposa Inesposada!
És mais alta em plena glória,
que toda a hoste incorpórea!
Ave, Esposa Inesposada!
Ave hino dos arcanjos,
Ave música dos anjos!
Ave, Esposa Inesposada!
Ave, canto dos Querubins,
Ave canto dos Serafins!
Ave, Esposa Inesposada!
Ave, paz e alegria, alegrai-vos,
Ave, porto da salvação!
Ave, Esposa Inesposada!
Do Verbo santo, quarto nupcial;
Flor, fragrância da Incorrupção!
Ave, Esposa Inesposada!
Ave, deleite do Paraíso,
Ave, Vida Imortal!
Ave, Esposa Inesposada!
Ave, Árvore da Vida,
e Fonte da Imortalidade!
Ave, Esposa Inesposada!
Ave música dos anjos!
Ave, Esposa Inesposada!
Ave, canto dos Querubins,
Ave canto dos Serafins!
Ave, Esposa Inesposada!
Ave, paz e alegria, alegrai-vos,
Ave, porto da salvação!
Ave, Esposa Inesposada!
Do Verbo santo, quarto nupcial;
Flor, fragrância da Incorrupção!
Ave, Esposa Inesposada!
Ave, deleite do Paraíso,
Ave, Vida Imortal!
Ave, Esposa Inesposada!
Ave, Árvore da Vida,
e Fonte da Imortalidade!
Ave, Esposa Inesposada!
Imploro-te, ó Rainha,
eu te suplico!
Ave, Esposa Inesposada!
Peço-te ó Rainha da Criação,
imploro tua benção!
Ave, Esposa Inesposada!
Ó Virgem Pura Venerável,
ó Santíssima Senhora
Ave, Esposa Inesposada!
Com fervor eu te suplico,
ó Templo Sagrado!
Ave, Esposa Inesposada!
Percebe-me, ajudai-me,
livra-me do inimigo!
Ave, Esposa Inesposada!
Intercede por mim
para que eu tenha a Vida Eterna!
Ave, Esposa Inesposada!
eu te suplico!
Ave, Esposa Inesposada!
Peço-te ó Rainha da Criação,
imploro tua benção!
Ave, Esposa Inesposada!
Ó Virgem Pura Venerável,
ó Santíssima Senhora
Ave, Esposa Inesposada!
Com fervor eu te suplico,
ó Templo Sagrado!
Ave, Esposa Inesposada!
Percebe-me, ajudai-me,
livra-me do inimigo!
Ave, Esposa Inesposada!
Intercede por mim
para que eu tenha a Vida Eterna!
Ave, Esposa Inesposada!
13 de Novembro: São João Crisóstomo, arcebispo de Constantinopla († 407)
São João Crisóstomo nasceu na cidade de Antioquia, cresceu
no meio da multidão sem se deixar contaminar por ela. Conheceu os pobres e desafortunados
e soube amá-los como eram. Sua família era culta e possuía muitos bens. O pai de
João, oficial de alto nível, morrera jovem. Desde criança foi educado pela mãe,
mulher admirável que, aos vinte anos, sacrificou sua juventude, renunciou a novas
núpcias, para dedicar-se inteiramente a seu filho. João recebeu o Batismo mais ou
menos aos dezoito anos de idade. Concluídos de forma brilhante os seus estudos de
cultura geral, retórica e filosofia, renunciou a uma carreira que se apresentava
promissora para receber as ordens menores. Quis partir para o deserto, mas sua mãe,
que por ele sacrificara tudo, não lho permitiu. Fugiu, então, da agitação de Antioquia
e estabeleceu-se fora das portas da cidade, a fim de encontrar a paz, consagrando-se
à ascese e ao estudo bíblico. Antioquia era um centro teológico de grande reputação.
João aprende lá de forma brilhante a exegese bíblica. Depois passou a viver nas
montanhas entre monges uma vida austera a ponto de prejudicar sua saúde. Após algum
tempo nas montanhas, achou-se preparado para enfrentar a ação missionária. O amor
aos outros, mais do que sua saúde abalada, fê-lo voltar a Antioquia, onde o bispo
Melécio o ordenou diácono, em 381.
Escreveu aos 34 anos o tratado sobre o Sacerdócio, que
é conhecido e estudado até os nossos dias. Com 39 anos foi ordenado padre. Consagrou-se
à pregação, substituindo o bispo, nas homilias pois esse era pouco dotado para falar.
Durante doze anos, pregou ao povo contra o paganismo e
tinha esperança de transformá-lo em gente de fé cristã. É dele a frase: “Basta um
só homem, para reformar todo um povo.”
Sua tarefa era séria. Precisava denunciar os abusos existentes
no interior da Igreja e na sociedade; defender os pobres, clamar contra as injustiças
sociais. Manteve ainda uma intensa atividade literária, respondendo a todos os que
lhe pediam conselho.
A maioria de suas homilias era comentários a respeito do
Antigo e o Novo Testamento: explicou o Gênesis, comentou Isaías e os Salmos. O que
fazia com mais agrado era pregar sobre o Evangelho. Comentou longamente o de Mateus
e o de João. São Paulo era seu autor preferido: sentia afinidade com o Apóstolo
dos gentios. Cognominaram no de o “novo Paulo”.
Resta-nos, de João Crisóstomo, uma série de catequeses
batismais, que preparavam os catecúmenos para o batismo. As últimas foram reencontradas
em 1955, no monte Atos. João Crisóstomo era um orador nato e igualmente um moralista
que analisava os segredos do coração em profundidade e com rara psicologia. O povo
de Antioquia sabia que João só repreendia para corrigir e para converter.
Inúmeras vezes João tomou a defesa dos pobres e dos infelizes,
dos que morriam de fome e sede. Com veemência, João-Boca-de-Ouro ergueu sua voz
contra os flagelos sociais, o luxo e a cobiça. Lembrou a dignidade do homem, mesmo
pobre, e os limites da propriedade. Dizia: “Libertai o Cristo da fome, da necessidade,
das prisões, da nudez.”
A fama de João ultrapassava as fronteiras de Antioquia
e chegava à nova capital do império. Em 397, o bispo da capital, Nectário, que sucedera
a Gregório Nazianzeno, acabava de morrer. Intimado a comparecer à Capital do Império,
foi eleito o Bispo de Constantinopla, a Sé do Oriente. João começou uma grande reforma,
desembaraçando a casa episcopal do luxo, fazia suas refeições sozinho e acabou com
as recepções suntuosas. Reformou as ordens de vida dos clérigos e dos monges, organizou
a Reforma Litúrgica com a preocupação de levar Deus aos homens pela Divina Liturgia.
O texto da Divina Liturgia (Santa Missa) que toda a Igreja
Ortodoxa celebra em todo o mundo, é conhecida como sendo de São João Crisóstomo.
Empreendeu a evangelização das zonas agrícolas e esforçou-se
para trazer à ortodoxia aos pagãos, que eram numerosos na região. Combateu as seitas
heréticas com intransigência e rudeza.
Em 402, São João Crisóstomo foi deposto e exilado acusado
de não coadunar os interesses da Igreja com as do Império. O bispo foi detido em
sua catedral, durante a celebração pascal. Depois de uma palavra de despedida, João
deixou a sua igreja que jamais haveria de rever. O exílio foi penoso. João foi enviado
para uma aldeia, Cucusa, na fronteira com a Armênia.
A saúde do bispo achava-se enfraquecida. O clima era duro
e desfavorável para o seu estado. A maior parte de suas cartas data dessa época.
Este homem atingido em cheio pela provação procurou mais consolar do que ser consolado.
No sofrimento, pensava nos outros. Finalmente morreu, no
dia 14 de setembro de 407, festa da Exaltação da Santa Cruz. Suas últimas palavras
foram: “Glória a Deus por tudo.”
Os contemporâneos descrevem-nos João Crisóstomo como um
homem de estatura baixa, de rosto magro, de testa enrugada, de cabeça calva. Tinha
voz fraca. As austeridades comprometeram definitivamente sua saúde. Não falava para
ser escutado, falava para instruir, exortar, reformar, preocupado com o combate
aos costumes pagãos e com a instauração da moral do Evangelho. Era um reformador,
um missionário. Se não era um teólogo original, era um pastor incomparável. Sua
pregação desempenhou na liturgia bizantina o mesmo papel que a de Agostinho no Ocidente.
Ele foi lido, copiado, traduzido, imitado. De todos os Padres da Igreja, São João
Crisóstomo é aquele cuja pregação menos envelheceu. Sua pregação moral e social
parece escrita hoje.
A honra da Igreja consiste em contar com homens, como João
Crisóstomo, que não pactuaram com o poder, com o dinheiro, e que souberam tomar
o partido dos pobres. Toda a fé deste homem exprime-se em sua palavra. E esta palavra
vive sempre.
São João Crisóstomo é considerado o príncipe dos oradores
da Igreja, recebeu o cognome – Crisóstomo, ―Boca de Ouro‖, do grego antigo chrysos=ouro
e Stoma=boca, é também reconhecido como um exegeta, um moralista e reformador genial,
um grande pedagogo, um defensor da justiça diante das arbitrariedades do despotismo,
um bispo exemplar, um pai dos pobres que pregou pela palavra e pelo exemplo, e um
mártir da verdade.
João nasceu em 344 na cidade de Antioquia, seu pai chamava-se
Secundo, ostentava o título de Magister Militum Orientis (general dos exércitos
do Oriente), morreu pouco depois do nascimento de João. Coube a sua mãe de nome
Antusa, viúva aos 20 anos de idade, a missão de criá-lo junto com a irmã mais velha.
João aprendeu com a mãe a doutrina cristã, e a Sagrada Escritura serviu-lhe de silabário
para as primeiras letras. Quando contava com dezesseis anos começou a frequentar
os Centros de Ensino, assistiu aulas de filosofia com Andragácio. Na disciplina
de retórica, que na época dava uma formação jurídica, foi aluno de Libânio. João
exerceu a profissão de advogado dos 20 aos 25 anos.
No ano de 370, João abandonou a profissão forense e recebeu
o batismo das mãos do bispo de Antioquia, Melécio que o confiou à orientação de
Diodoro, um erudito, mais tarde, bispo de Tarso, que dirigia uma ―escola de ascetas‖,
dedicado ao estudo da Sagrada Escritura. Diodoro conferiu-lhe a ordem de leitor,
o que equivalia a torná-lo clérigo, e confiando-lhe a guarda dos rolos da Bíblia.
Após a morte da mãe, por volta de 374, João pôs em prática
enfim o seu projeto longamente acalentado de retirar-se para um Mosteiro localizado
na montanha nas proximidades de Antioquia, antes, porém, liquidou todo o seu patrimônio,
vendendo e distribuindo entre os pobres. Por quatro anos ficou no Mosteiro, sob
a direção de Syro, um monge ancião. Sentindo crescer em si a sede de solidão, o
jovem monge retirou-se ainda mais para dentro das montanhas, até uma gruta isolada,
vivendo por dois anos em absoluta solidão. Neste retiro João escreveu alguns dos
seus mais belos livros. Certo dia, ao acordar, percebeu que tinha ambas as pernas
paralisadas e teve de arrastar-se até o eremitério vizinho, onde foi socorrido,
viu-se, pois, obrigado a contragosto a suspender aquele gênero de vida e a regressar
a Antioquia. Capital da Síria, segunda maior cidade do Império Oriental. Estima-se
que no século IV sua população beirava os trezentos mil habitantes. Foram cinco
anos de repouso e convalescença para que se repusesse do seu esgotamento físico
devido a experiência monástica. Período que serviu a Igreja como diácono e enriqueceu
as letras cristãs com mais alguns livros, sua obra intitulada Tratado sobre o Sacerdócio,
dividida em seis volumes, já no ano de 386, corria de mão em mão e o nome do seu
autor de boca em boca. O bispo de Antioquia, Flaviano, ordena-o presbítero e o nomeia
mestre de pregadores, pois passava a fazer as vezes do bispo nessa função.
Doze anos durou seu magistério, João impôs a sua personalidade
àquele mundo empanturrado de novidades, ressoava agora pela cidade uma palavra que
reunia em sumo grau os dons do pedagogo, a palavra fluida, veemente, colorida, dotada
do ardor da mais viva paixão e as iluminações do doutor. Em 387 a fama do presbítero
João haveria de aumentar ainda mais, aureolando-se com a fama de salvador. O episódio
foi consequência de um grande motim ocorrido em Antioquia devido a ordem do imperador
Teodósio para que a população pagasse tributos extraordinários. O governador Tisameno
ordenou uma sangrenta repressão, os cidadãos voltaram-se para o presbítero João,
já não apenas porque o admiravam, mas porque viam nele a tábua de salvação. João
rogou ao bispo Flaviano que se dirigisse a Constantinopla para interceder diretamente
diante do imperador, e preparou o discurso que o prelado deveria ler, deu-lhe instruções
precisas sobre o modo de agir, o eixo principal era uma alusão à glória imperecedoura
e à grandeza do perdão: ―É fácil ao amo castigar uns súditos rebeldes; mas é raro
e difícil perdoá-los. Se o fizerdes, dareis um grande exemplo aos séculos sem fim‖.
O imperador decretou uma anistia geral a todos os implicados, e mal chegou aos ouvidos
dos antioquenhos o perdão imperial, a alegria transbordou por toda a cidade, quando
as prisões se abriram, os cativos caíram numa multidão de braços que os esperavam
e foram passeados em triunfo com clamores de júbilo, uns e outros se abraçavam pelas
ruas sem se conhecerem; banquetes e várias manifestações sucediam. João deu um glorioso
arremate ao incidente com um sermão em que entoou um hino de ação de graças a Deus
e tirou de todo o acontecido uma preciosa lição moral: ―Não esqueçais, se sois cristãos,
que vossa pátria não se encontra na terra.
Toda essa fama não podia deixar de chegar à capital do
Império Bizantino. Quando vagou a sede de Constantinopla, devido ao falecimento
do patriarca Néctário em 397, apareceram logo o biógrafo de João Crisóstomo. Apesar
de vários pretendentes, da difícil missão de convencê-lo aceitar o episcopado e
por última barreira, conseguir que o povo de Antioquia concordasse em perder o seu
ídolo. Na primavera, 26 de fevereiro de 398, João foi apresentado aos sufrágios
do clero local e dos fiéis e sagrado bispo de Constantinopla. Ao tomar posse da
residência episcopal, desterrou dali, todo o luxo, mandou vender os tesouros e aplicou
o produto com os pobres: o dinheiro reunido com a venda da tapeçaria foi destinado
à construção de um hospital; o dos móveis, candelabros, banheiras de mármore, espelhos
e quadros, à de um albergue para peregrinos; e a cozinha com todas as instalações,
foi para um asilo, por fim, a cama de seda, veludo e madeiras exóticas seguiu o
destino do resto do mobiliário, sendo substituída por um leito de taboas com um
único cobertor. Quando o pessoal do serviço ousou recordar-lhe que o patriarca de
Constantinopla era o segundo bispo mais importante do mundo, e devia por isso respeitar
o protocolo, recebendo altas personalidades e o próprio casal imperial, João respondeu-lhes
que sua função não era a de estalajadeiro, mas médico e pai espiritual. E dispensou
a todos. Também chamou a si o controle do erário eclesiástico. As receitas vultuosas,
eram por vezes mal destinadas, quer por incúria, quer por má vontade administrativa.
Essa atitude granjeou-lhe alguns inimigos, mas permitiu-lhe dispor de somas respeitáveis
para organizar as suas obras de caridade. A residência episcopal ficou reduzida
a uma pobreza cenobítica, a única obra de arte, que mereceu graças aos seus olhos
foi um retrato de São Paulo. Relativamente às refeições, atinha-se aos mesmos dos
tempos de eremita: legumes, que preparava sozinho ou com ajuda de algum monge. Empregava
o seu tempo em cumprir os seus deveres. Umas vezes, no altar, no enevoado cume dos
mistérios divinos, proferindo com lágrimas as palavras da consagração; outras, na
tribuna, desempenhando as funções de doutor e de profeta, numa gama que ia da conversação
familiar à inspiração arrebatada; outras ainda, nas prisões, que visitava com frequência,
levando pão e consolo aos presos, ou nos tugúrios dos miseráveis; algumas vezes
na casa dos magnatas e dos poderosos para interceder por um escravo, ou por algum
devedor garroteado pela usura. É verdade que investir contra os ricos era um dos
temas prediletos do pregador, mas João não condenava nem a riqueza nem o capital;
unicamente assinalava os abusos. ‖Não pretendo afirmar que a riqueza seja um pecado
– afirma numa das homilias -; pecado é não ajudar os pobres e fazer mal-uso delas
– […] As riquezas não são um mal; mal é a estreiteza do espírito que transforma
o rico em avarento.
Porém os seus inimigos iam se infiltrando por toda parte,
dois eram os principais Teófilo, patriarca de Alexandria, conhecido como ―o faraó
eclesiástico‖ movido pela paixão da inveja, o luminar da igreja de Santa Sofia feria-lhe
os olhos e também não achava razoável que a Igreja de Alexandria, que remontava
ao Evangelista Marcos, tivesse de tratar de igual para igual a de Constantinopla,
nascida na véspera. E o mais terrível dos inimigos, a imperatriz Eudoxia que recebia
censuras públicas pelo seu comportamento. A imperatriz e o patriarca conspiraram
para eliminá-lo. Num povoado dos arredores de Calcedônia conhecido como ―o Carvalho‖
reuniram-se uma trintena de bispos egípcios como se estivesse montado um concílio
e tendo o apoio do imperador julgaram o bispo João, impondo-lhe as mais sórdidas
calúnias. Encerrando o conciliábulo do Carvalho dirigiram a carta ao imperador:
―….as acusações o tornam culpado do crime de lesa-majestade, de modo que Vossa Majestade
deve desterrar o culpado… ) Na Semana Santa de 404 João Crisóstomo foi preso dentro
da Igreja de Santa Sofia pelo exército imperial, quando celebrava a cerimônia de
batizado de algumas centenas de catecúmenos vestidos de branco. Houve resistência
dos fiéis. O historiador Sozomeno escreveu: ―as águas da regeneração dos homens
tingiram-se de vermelho com o sangue humano‖. João foi levado para o exílio, o ponto
de destino era Cucuso, um misérrimo vilarejo perdido num dos inúmeros recôncavos
da cordilheira do Tauro na Armênia. Foram três anos e três meses de sofrimento e
privações convivendo em terras cercadas por povos bárbaros e assassinos, o clima
frio e a altitude de mais de 1400 metros, foram debilitando a já frágil saúde de
João, e no dia 13 de setembro de 407 seu coração parou de bater. A notícia da morte
propagou-se por todo o Império com uma velocidade insólita para a época. Juntamente
com a notícia do falecimento, começaram a conhecer-se os antecedentes e a circunstâncias
que o tinham acompanhado, o que suscitava o mais amargo juízo sobre o Império e
os seus dirigentes. O bispo de Roma Papa Inocêncio escreveu ao imperador Arcádio
uma epístola serena e firme: ―…atreveste-te a levantar uma violenta perseguição
contra Deus e a sua Igreja. Antes que a sua causa fosse julgada, expulsaste do seu
trono episcopal um grande doutor do universo, e na sua pessoa perseguiste o próprio
Jesus Cristo …..Por esta causa, eu, a quem foi confiada a Cátedra do grande Apóstolo
apesar da minha vileza e dos meus pecados, te separo e te rechaço da participação
nos imaculados Sacramentos de Cristo nosso Deus, e não somente a ti, mas a todos
os bispos e clérigos de qualquer grau que dispuserem a administrá-los a ti à reveria
das nossas proibições.‖ Passado mais de 1600 anos de sua morte, as suas palavras
e obras se mantêm vivas, não apenas nos países do Oriente, mas no continente Europeu
e em terras jamais imagináveis pelo filho de Antioquia; o continente da América
do Sul onde há Igrejas que celebram a Santa Liturgia de Rito Bizantino no modelo
de São João Crisóstomo. ―Todo o mundo se empenha em que os filhos sejam instruídos
nas artes, nas letras e na eloquência, mas a ninguém ocorre pensar em como exercitar-lhes
a alma (….) antes de mais nada, eduques bem vossos filhos.
14 de Novembro: São Felipe, apóstolo (séc. I)
Filipe era um dos doze Apóstolos. Todos os evangelistas
fazem referência a ele, porém, São João o citou mais que os outros, provavelmente,
porque fosse amigo muito próximo de Filipe. Os textos evangélicos mostram que Filipe
teve contato São João Batista; talvez até tenha sido um de seus discípulos e tenha
ouvido da boca de João: «Eis aqui o Cordeiro de Deus!» [Jo. Santo do dia, Synaxarion,
Hagiografia, Santos, São Filipe apóstolo, Santo André, 36].
Outros dos discípulos de Jesus era André, o Primeiro Chamado,
conforme reconhece a Tradição. Ambos, Filipe e André, juntos, como nos revelam os
capítulos 6 e 12 do evangelho de São João; mais provavelmente é que ambos fizessem
parte de um grupo que estudava as Leis e os Profetas, e discutiam sobre o perfil
do Messias esperado. Natanael também pertencia a este grupo, pois Filipe, ao encontrar
o Senhor, foi ao seu encontro para dizer-lhe: «Aquele sobre o qual escreveu Moisés
na Lei e também os Profetas, nós o encontramos: Jesus, o filho de José…»
O caráter de Filipe, como é manifestado no Evangelho segundo
São João, em certo sentido, parece ao de Tomé: um homem tranquilo, espontâneo, prático,
que buscava fazer sua própria experiência e ser convencido mais pelo toque que pelas
palavras. Tanto é que, quando Jesus falava aos discípulos acerca do Pai que «…desde
agora o conheceis, e o tendes visto»… Filipe disse: «Senhor, mostra-nos o Pai, o
que nos basta»… Mas, Jesus o repreendeu, orientando a sua fé: «Estou há tanto tempo
convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes
tu: Mostra-nos o Pai?»
A respeito de sua pregação depois da Ascensão de Senhor
e de Pentecostes, a Tradição nos informa que esteve pregando na Ásia Menor, junto
com Bartolomeu, tendo alcançado lá tanto êxito a ponto de converter a própria esposa
do governador da Ásia. Furiosos, os pagãos o tomaram, arrastando-o pelas ruas da
cidade e, finalmente, o crucificaram com a cabeça voltada para o chão. Seu martírio
aconteceu nos anos 80 da era cristã. Mais tarde, suas relíquias foram trasladadas
à Roma.
Pelas intercessões do Apóstolo São Filipe, Senhor Jesus
Cristo nosso Deus, tem piedade de nós e salva-nos!
Tradução e publicação
neste site
com permissão
de: Ortodoxia.org
Trad.: Pe. André
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