29 julho 2017

CATEQUESE



Catecismo Breve

«Ortopráxis - maneiras de viver a Ortodoxia»

3. A Cruz Ortodoxa



A cruz mais difundida na Ortodoxia é a de oito braços, que recebe também o nome de Crucifixo. Sobre a haste central (vertical) se encontram três travessões horizontais. O maior, que se encontra no centro, é onde os braços de Jesus ficaram estendidos. O superior lembra a pequena tábua com a inscrição: "Jesus Nazareno, Rei dos Judeus", escrita em três línguas: grego, latim e hebraico, e colocada sobre a Cruz de Jesus por ordem de Pilatos. Era um costume romano escrever a culpa do réu nestas tabuinhas.

Na tradição ortodoxa, os pés de Jesus não estavam atravessados por um só cravo, como é representado pelos latinos, mas por dois: um para cada pé. O que é confirmado pelas investigações sobre o santo Sudário de Turim.

A haste inferior serviu como apoio aos pés do Crucifixado. Um de seus extremos está um pouco mais elevado, apontando para o céu, para onde se dirigiu o Bom Ladrão, crucificado com Jesus. O outro extremo, ao contrário, está direcionado para baixo, o lugar destinado ao outro ladrão que não se arrependeu.

Muitas vezes, debaixo da Cruz, vê-se a imagem de uma caveira: é a cabeça de Adão que, segundo a Tradição, foi sepultado sob o Gólgota, embaixo do lugar onde Jesus foi crucifixado.

Na rachadura da rocha, sob a Cruz, cai sobre a cabeça de Adão uma gota do Sangue de Jesus Cristo, significando assim que a vida está sendo devolvida à Adão - ao homem e à humanidade.

Ao lado da Cruz está representada a Virgem Maria e o Discípulo Amado, o apóstolo João. Com freqüência, aparecem também os instrumentos da morte: a lança, com a qual lhe atravessaram seu lado, e a cana com a esponja embebida em vinagre que um soldado romano deu a Jesus Cristo.

As cruzes estão na moda, hoje em dia. A dura resistência dos ateus com respeito ao crucifixo tem contribuído para novos modismos em relação aos seus formatos. Há cruzes de diferentes formas e tamanhos, simples ou sofisticadas, que se converteram em símbolo de nosso tempo, mas não como símbolo de fé e, sim, um modo de burlar, ludibriar, confundir a fé da Igreja.


«Santo André, com sua cruz em forma de "X" e São Francisco, em quadro de El Greco» 


A cruz, o símbolo máximo do cristianismo, é o testemunho tangível de nossa redenção.

No Santo Ofício da Festa da Exaltação da Santa e Venerável Cruz, a Igreja glorifica o santo lenho com muitos louvores: "A Cruz é a proteção do Universo, a beleza da Igreja, o emblema dos monarcas, a afirmação dos fiéis, a glória dos anjos e o látego dos demônios".

Desde os primeiros séculos do cristianismo, cada fiel porta uma cruz sobre o peito lembrando as palavras do senhor: "Quem quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me". Mc 8, 34.

Após o batismo, é costume abençoar uma pequena cruz que o recém-batizado trará em seu peito como escudo da fé e arma contra os demônios. Nada é tão temido pelas forças impuras como a Cruz. Nada alegra mais ao diabo que tratar com negligência uma cruz.

As cruzes que se vendem nas Igrejas são abençoadas durante um ofício especial. Há leis canônicas que tratam das formas que podem ter as cruzes: de quatro, seis ou oito pontas onde, cada linha tem seu significado simbólico.
Na tradição russa, no lado oposto da cruz grava-se a seguinte inscrição: "salva-me e protege-me".

As cruzes que atualmente se encontram no comércio em geral, frequentemente não apresentam a forma da cruz do Gólgota na qual padeceu nosso Salvador.

A cruz abençoada deve ser portada com o devido respeito. As coisas sagradas, quando usadas sem a honra devida constituem atos de profanação e sacrilégio e, em vez de atraírem a ajuda divina, desagradam a Deus.

A cruz não é um pingente comum, tão pouco um adereço de luxo. Deus não pode ser burlado (Gl 6, 7).

Não existem normas quanto ao material a ser usado na confecção de uma cruz. São aceitáveis os metais preciosos, pois para o cristão não há nada mais precioso que a Cruz. Sem dúvida, porém, as cruzes mais simples, de madeira ou de metal, são espiritualmente mais adequadas à Cruz do Senhor.

Não há diferença se a cruz é sustentada por um cordão simples ou um fio mais resistente (corrente de metal mais nobre). O que importa é que a cruz esteja firmemente colocada.

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