15 setembro 2017

«Exaltação Universal da Santa Venerável e Vivificante Cruz»



PATRIARCADO ECUMÊNICO DE CONSTANTINOPLA

Arquidiocese Ortodoxa Grega de Buenos Aires e América do Sul
Igreja Anunciação da Mãe de Deus
SGAN - Quadra 910 - Módulo ‘’B’’ - CEP: 70.790-100 - Brasília-DF
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Brasília, 14 de setembro de 2017.
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«Exaltação Universal da Santa Venerável
e Vivificante Cruz»

Modo Próprio

Memória do Repouso de São João Crisóstomo († 407)



MATINAS

Evangelho:                                                                           Jo 12, 28-36
Evangelho de Nosso Senhor Jesus  Cristo, segundo o Evangelista São João.

Naquele tempo, Pai, glorifica o teu nome! Nisto veio do céu uma voz: Já o glorifiquei e tornarei a glorificá-lo. Ora, a multidão que ali estava, ao ouvir isso, dizia ter havido um trovão. Outros replicavam: Um anjo falou-lhe. Jesus disse: Essa voz não veio por mim, mas sim por vossa causa. Agora é o juízo deste mundo; agora será lançado fora o príncipe deste mundo. E quando eu for levantado da terra, atrairei todos os homens a mim. Dizia, porém, isto, significando de que morte havia de morrer. A multidão respondeu-lhe: Nós temos ouvido da lei que o Cristo permanece para sempre. Como dizes tu: Importa que o Filho do Homem seja levantado? Quem é esse Filho do Homem? Respondeu-lhes Jesus: Ainda por pouco tempo a luz estará em vosso meio. Andai enquanto tendes a luz, para que as trevas não vos surpreendam; e quem caminha nas trevas não sabe para onde vai. Enquanto tendes a luz, crede na luz, e assim vos tornareis filhos da luz. Jesus disse essas coisas, retirou-se e ocultou-se longe deles.

Extraído do site ecclesia.com.br


Divina Liturgia

Anunciação - Modo 4:
É hoje o começo da nossa salvação e a manifestação do mistério eterno.
O Filho de Deus torna-Se Filho da Virgem e Gabriel anuncia a graça.
Por isso, cantamos com ele à Mãe de Deus:
“Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo!”

Issodikon:
Exaltai ao Senhor, nosso Deus e prostrai-vos ante o escabelo de seus pés porque Ele é Santo.
Salva-nos, ó Filho de Deus, Tu que foste crucificado na carne, a nós, que a Ti salmodiamos: aleluia!

Tropário da Santa Cruz:
Salva, Ó Deus, o teu povo e abençoa a tua herança e concede aos nossos governantes a vitória sobre os bárbaros e guarda, com o poder da tua Cruz, todos que te pertencem.

Kondakion da Festa:
Ó Senhor que subsiste á Cruz livremente, Cristo nosso Deus, concede a Tua misericórdia ao Teu novo povo que é chamado pelo Teu nome. Alegra, com Teu poder, nossos governantes crentes, concedendo-lhes a vitória sobre seus inimigos. Que o Teu auxílio seja o escudo da paz e o triunfo invencível,

Triságion:
A Tua Cruz , ó Senhor, prostramo-nos  e a Tua Santa Ressurreição , glorificamos. (3 vezes)
Glória ao  PAI, ao FILHO e ao ESPÍRITO SANTO, agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.
E a Tua Santa Ressurreição, glorificamos.
A Tua Cruz , ó Senhor, prostramo-nos  e a Tua Santa Ressurreição , glorificamos.

Prokimenon:
Exaltai ao Senhor, nosso Deus e prostrai-vos ante o escabelo de seus pés porque ele é Santo.
O Senhor reina, alegrem-se os povos; seu trono está sobre os Querubins, vacila a terra. (Sl 99, 5)



Epístola:                                                                                Cor 1, 18-24
Leitura da 1ª Epistola de São Paulo aos Coríntios.

Irmãos, a doutrina da cruz é loucura para os que se perdem, mas é poder de Deus para os que se salvam. Consoante está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios e reprovarei a prudência dos prudentes. Onde está o sábio? Onde o letrado? Onde o pesquisador das coisas deste mundo? Não transformou Deus em loucura a sabedoria deste mundo? Uma vez que na sabedoria de Deus o mundo não o reconheceu pela sabedoria, aprouve a Deus servir-se da loucura da pregação para salvar os que creem. Porque os judeus pedem sinais, e os gregos procuram sabedoria, enquanto nós pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os pagãos, mas poder e sabedoria de Deus para os chamados, quer judeus, quer gregos

Aleluia!
Aleluia, aleluia, aleluia!
Lembra-te do teu povo que elegeste há tanto tempo; recuperaste o cetro de tua herança.
Aleluia, aleluia, aleluia!
Deus, que é nosso Rei antes dos séculos, operou a salvação no meio da terra.
Aleluia, aleluia, aleluia!

Extraído do site ecclesia.com.br


Evangelho Jo. 19, 6-11; 13-20; 25-28; 30
Evangelho de Nosso Senhor Jesus † Cristo, segundo o Evangelista São João:

Naquele tempo, os sumos sacerdotes e os anciões deliberaram contra Jesus, para fazê-lo perecer. Foram então para Pilatos, dizendo: Crucifica-o! Crucifica-o! Pilatos respondeu: Levai-o, vós mesmos, para o crucificar, porque eu não encontro nele nenhuma culpa. Os judeus responderam-lhe: Nós temos uma Lei, e segundo esta Lei ele deve morrer, porque se fez Filho de Deus. Quando Pilatos ouviu isso, ficou com mais medo ainda. Entrou no palácio outra vez e perguntou a Jesus: De onde és tu? Jesus ficou calado. Então Pilatos disse-lhe: Não me respondes? Não sabes que tenho poder quer para te soltar e poder para te crucificar? Jesus respondeu: Tu não terias poder algum sobre mim, se não te fosse dado do alto. Ouvindo estas palavras, Pilatos trouxe Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar conhecido como Pavimento (em hebraico: Gábata). Era o dia da preparação da páscoa, por volta do meio dia. Pilatos disse aos judeus: Eis o vosso rei. Eles, porém, gritavam: Fora! Fora! Crucifica-o! Pilatos disse: Vou crucificar o vosso rei? Os sumos sacerdotes responderam: Não temos rei senão César. Pilatos, então, entregou Jesus para ser crucificado. E eles o levaram. Jesus, carregando ele mesmo a cruz, saiu para o lugar chamado Caveira (em hebraico: Gólgota). Lá, eles o crucificaram com outros dois, um de cada lado, ficando Jesus no meio. Pilatos tinha mandado escrever e afixar na cruz um letreiro; estava escrito assim: Jesus de Nazaré, o Rei dos Judeus. Muitos judeus leram o letreiro, porque o lugar onde Jesus foi crucificado era perto da cidade; e estava escrito em hebraico, em grego e em romano. Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe e a irmã de sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena. Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse à mãe: Mulher, eis o teu filho! Depois disse ao discípulo: Eis a tua mãe! A partir daquela hora, o discípulo a acolheu consigo. Depois disso, vendo Jesus que tudo estava consumado, Ele inclinou a cabeça e entregou o espírito. Era o dia de preparação do sábado, e este seria solene. Para que os corpos não ficassem na cruz no sábado, os judeus pediram a Pilatos que mandasse quebrar as pernas dos crucificados e os tirasse da cruz. Os soldados foram e quebraram as pernas, primeiro a um dos crucificados com ele e depois ao outro. Chegando a Jesus viram que já estava morto. Por isso, não lhe quebraram as pernas, mas um soldado golpeou lhe o lado com uma lança, e imediatamente saiu sangue e água. Aquele que viu dá testemunho, e o seu testemunho é verdadeiro.

Extraído do site ecclesia.com.br


Hirmos:
Ó Mãe de Deus, tu és o paraíso místico, pois sem ser cultivada, produziste Cristo, que plantou a árvore da Cruz. Por isso, agora O adoramos crucificado e a ti exaltamos.

Kinonikon:
Gravada está sobre nós, Senhor, a luz da tua face.
Aleluia, aleluia, aleluia!

OBS.:
  1. Em vez de «... Vimos a verdadeira luz» canta-se o Apolitikion do dia.
  2. Após a Santa Missa, procissão e cerimônia da Exaltação da Santa Cruz.
  3. Encerramento da festa no dia 21.

Extraído do site ecclesia.com.br


PROCISSÃO E ADORAÇÃO DA SANTA CRUZ

Este ofício tem sua origem nos costumes antigos da Igreja. Era feito no fim da Grande Doxologia das Matinas, antes de iniciar a Santa Liturgia. Hoje em dia, nas maiorias das igrejas, é comum celebrá-lo ao fim da Divina Liturgia, depois da Apólissis. Os cantores entoam o "Santo Deus ..." segundo o "tom lento" enquanto o sacerdote incensa a cruz colocada sobre o altar (a cruz manual ou outra, do mesmo tamanho) que, levantando-a, põe em uma bandeja com palmas e flores e sai pela porta norte precedido pelos ceroferários, turiferário e cantores. O diácono (ou um ajudante) irá incensando a cruz durante toda a procissão que seguirá circulando a Igreja. Finalmente, coloca-se diante do Iconostase e, de frente para uma pequena mesa revestida por uma toalha branca, faz em torno dela três voltas e detendo-se diante da mesa e voltado para o Oriente, diz:

S. –
Sabedoria! Estejamos atentos!

E coloca a bandeja com a cruz sobre a mesa, incensando em seguida em torno dela, enquanto canta:
Apolitikion (1º Tom)

Salva, Senhor, o teu povo
e abençoa a tua herança.
Concede à tua Igreja a vitória sobre o mal
e guarda o teu rebanho pela tua Cruz.
C. ¬
Salva, Senhor, o teu povo
e abençoa a tua herança. (2 vezes)
S. –
Tem piedade de nós, ó Deus, segundo a tua grande misericórdia,
nós te suplicamos, escuta-nos e tem piedade de nós!
C. ¬
Kyrie, eleison! (40 vezes)

E os cantores cantam a primeira série de "Kyrie, eleison" enquanto o sacerdote faz, com a bandeja e a cruz, o sinal da cruz e, prostrando-se, faz tocar a fronte no chão. Levantando-se lentamente ao ritmo da melodia do "Kyrie, eleison". O mesmo fará depois de cada uma das seguintes súplicas que são cantadas ao lado direito da mesa:
S. –
Oremos ainda pelo Brasil, nosso amado país protegido por Deus,
seus governantes e força de segurança.
C. ¬
Kyrie, eleison! (40 vezes)

Como antes, faz a grande metania e enquanto o coro canta, vai até o lado oriental da mesa e, voltando-se para o Ocidente, diz:
S. –
Oremos ainda pelo nosso santo Pai, Dom Tarásios Arcebispo,
pelos sacerdotes, diáconos, monges, religiosos
e por todos os nossos irmãos e irmãs em Cristo.
C. ¬
Kyrie, eleison! (40 vezes)

Após a reverência o sacerdote dirige-se ao lado Sul e, voltando-se para o Norte diz:
S. –
Oremos também por todos os fiéis cristãos ortodoxos,
pela saúde, salvação e pelo perdão de seus pecados.
C. ¬
Kyrie, eleison! (40 vezes)

O sacerdote repete a reverência, dirigindo-se em seguida para o lado ocidental da mesa e, voltado para o Oriente, diz:
S. –
Oremos ainda pelos benfeitores desta santa Igreja,
pelos que nela se afadigam e cantam
e por este povo aqui presente, que espera de Deus
a sua grande e abundante misericórdia.
C. ¬
Kyrie, eleison! (40 vezes)

O sacerdote faz novamente uma reverência profunda enquanto o coro canta a quinta série de "Kyrie, eleison". Levanta-se em seguida e, elevando a bandeja com a cruz e as flores, diz:
Kondakion
S. –
Ó Cristo Deus, que voluntariamente foste suspenso à Cruz,
tem compaixão do povo que traz o teu nome.
Alegra, pelo teu poder, a tua santa Igreja
dando-lhe a vitória sobre o mal.
Que tua aliança seja para nós
uma arma de paz e um troféu de vitória.

Abençoa com a cruz os fiéis e, colocando a bandeja sobre a mesa, canta:
Triságion:
S. –
Diante da tua Cruz, ó Mestre, nos prostramos
e glorificamos a tua santa Ressurreição. (3 vezes)
Glória ao Pai...
E glorificamos a tua santa Ressurreição.
Diante da tua Cruz, ó Mestre, nos prostramos
e glorificamos a tua santa Ressurreição.

O sacerdote faz uma inclinação e adora a santa Cruz, sendo seguido por todos os fiéis. Enquanto isso, as flores são distribuídas a todos os que se aproximam da santa Cruz, enquanto o coro canta:
C. ¬
Vinde fiéis! Adoremos o Madeiro que dá a vida,
no qual, Cristo, o Rei da glória,
estendeu voluntariamente seus braços,
restaurando em nós a felicidade primitiva;
nós que, dominados pelo mal e pelas paixões
estávamos afastados de Deus.
Vinde, adoremos a Cruz,
que nos dá a vitória sobre o mal.
Vinde, povos da terra,
honremos com hinos a Cruz do Senhor, cantando:
«Salve ó Cruz, libertação de Adão decaído,
porque em ti, toda a Igreja se alegra!»

Nós, fiéis, a venerar-te com respeito e devoção,
glorificamos a Deus que em ti foi fixado, dizendo:
Senhor que foste crucificado, tem piedade de nós,
porque Tu és bom e amas a humanidade!

Glória ao Pai†, ao Filho e ao Espírito Santo,
agora e sempre, pelos séculos dos séculos. Amém.
S. –
Cumprida, Senhor foi a palavra de teu profeta Moisés:
«Vereis vossa Vida suspensa a vossos olhos».
Hoje, a Cruz é exaltada e o mundo se liberta do erro.
Hoje, renova-se a ressurreição de Cristo;
regozijam-se os confins da terra,
e, com hinos e salmos, como outrora Davi, exclamam:
«Realizaste hoje, a salvação do mundo,
passando pela Cruz e a Ressurreição,
pelas quais nos libertaste, Senhor Nosso Deus!»
Ó Tu, que amas a humanidade, Senhor, glória a Ti!

E conclui o ofício com a Apólissis.

Extraído do site ecclesia.com.br


SINAXE

Pe. Paulo A. Tamanini

A Festa da Exaltação da Santa Cruz

A pregação da Cruz é uma necessidade para os que se perdem; mas para os que se salvam - para nós - é força de Deus. Por que diz a Escritura:
Destruirei a sabedoria dos sábios, e inutilizarei a inteligência dos inteligentes. Onde está o sábio? Onde o douto? Onde o sofista deste mundo? De fato, como o mundo através de sua própria sabedoria não conheceu Deus na divina sabedoria, quis Deus salvar os crentes através da necessidade da pregação.
Assim, enquanto os judeus pedem sinais e os gregos buscam sabedoria, nós pregamos a Cristo crucificado: escândalo para os judeus e loucura para os pagãos, mas para os chamados, tanto judeus quanto gregos, um Cristo, força de Deus e sabedoria de Deus. (1)
As palavras do apóstolo Paulo, lidas na solenidade da Exaltação da veneranda e santificadora Cruz, marcam o sentido inequívoco que, desde o princípio, tivera para os cristãos o patíbulo dos malfeitores, que era a cruz. Por que, pois, estranhar-se que a Igreja a tenha considerado objeto de culto particular?
Romano o Melode, imaginando um diálogo entre o diabo e o inferno, põe na boca do primeiro as palavras:
Belial, é tempo de abrires o ouvido. A hora presente far-te-á ver o império da Cruz, e o grande poder do Crucificado. Para ti, a Cruz não é senão loucura; porém toda a Criação a considera como um trono desde que, nela cravado, escuta Cristo como juiz em atividade. (2)
A forma de cruz das igrejas antigas, inclusive hoje nas de tradição bizantina, evoca a virtude ou força da ação redentora desse sinal.
A Cruz defende a todos do maligno e de seus ataques. Os marcados com o sinal de Cristo têm a esperança confiante de entrar no paraíso. (3)
Nas igrejas bizantinas, atrás do altar e no ponto mais alto do Iconostase, destaca-se a Crucifixão, (4) com o objetivo de que, de qualquer ponto do templo e a todo momento, possa atrair o olhar dos fiéis para a Árvore da Vida, plantada no novo paraíso universal, frondosa e muito mais honorável que a do Éden. (5)
De modo que, instruídos sobre a adoração da Cruz, feita de matéria comum, rendamos nossa adoração, não à matéria, mas àquele nela crucificado. (6)
Após ter degustado a morte sob a árvore proibida, Adão volta à vida sob a árvore da Cruz. Pode, Senhor, de agora em diante saborear de novo as delícias do paraíso.
Em Adão está representada toda a linguagem humana, pelo que, também nós, gozamos de idêntico benefício, pois, como outro paraíso, a Igreja possui atualmente uma árvore da vida: a Cruz vivificadora de Cristo. Saboreando seu fruto, alcançamos a imortalidade. (7)
Além dessas citações, por assim dizer externas, são vários os Ofícios que recordam a importância da Cruz na economia de nossa salvação.
O ciclo litúrgico semanal dedica-lhe a Sexta-feira; e cada dia, na liturgia das Horas, a Hora Nona, que foi a da morte na Cruz. (8)
Encontramos, além disso, no calendário, algumas festas dedicadas à Cruz ou nas quais se celebra o mistério: umas são móveis, outras fixas. (9)

As festas móveis são:

a) A grande Sexta-Feira Santa. No Ofício da Paixão, e cantando o hino:

Hoje foi colocado no lenho
aquele que sustém a terra sobre as águas.
É coroado de espinhos o Rei dos anjos.
Púrpura injuriosa é a veste
de quem cobrira o céu de nuvens.
Recebe cusparadas
aquele que no rio Jordão
libertou Adão de seu pecado.
Cravado é o Esposo da Igreja,
transpassado pela lança o Filho da Virgem.
Teus sofrimentos, Cristo, hoje veneramos;
mostra-nos também a glória de tua ressurreição.
(10)

Leva-se processionalmente a Cruz, depositando-a depois no centro da nave para que possa ser venerada pelo clero e o povo fiel. (11)

b) Terceiro Domingo da Quaresma. Denomina-se, por isso, Domingo da Adoração da Cruz. Trata-se de uma festa tipicamente constantinopolitana, que teve origem no translado de uma relíquia insigne da Cruz para a capital do Império. Segundo alguns liturgistas, tal festa tinha nascido relacionada com a reposição da verdadeira Cruz de Jerusalém pelo imperador Heráclito, no dia 21 de março de 631, após tê-la resgatado dos persas, que a tinham roubado como despojo de guerra. (12)

A cerimônia litúrgica segue o seguinte programa: no sábado, após as Vésperas, translada-se a relíquia da Santa Cruz para o altar, onde fica exposta durante toda a noite. Os cânticos de Matinas compostos por Teodoro Studita (758-826), (13) vão expressando os temas da festa:

Dia de adoração da Santa Cruz!
Todos se acercam para adorá-la!
Vede-a exposta perante nós:
brilha com os esplendores
da ressurreição de Cristo.
Vamos, pois, com alegria espiritual,
render-lhe veneração.

Terminadas as Matinas, o celebrante faz uma procissão na própria igreja, carregando a Cruz no alto para colocá-la finalmente na peanha diante do Iconostase.
Vão todos se aproximando para adorar a sagrada relíquia, enquanto cantam:

Tua Cruz, Senhor, adoramos
e proclamamos tua santa ressurreição.
Salva teu povo, Senhor,
e abençoa tua herança;
concede aos governantes
(14)
vitória sobre os bárbaros;
e dá-nos, por tua Cruz, parte em teu reino.

A homilética sobre essa festividade insiste no seguinte:
Hoje, mostra-se a Igreja de Cristo como novo paraíso: ao expor o santo madeiro da Cruz, antecipa a Paixão e a Ressurreição. (15)
As duas solenidades móveis vêm coroadas de outras três fixas, com a ordem seguinte, no calendário bizantino: (16)

a) A Exaltação (17) universal da veneranda e vivificadora Cruz, que se celebra no dia 14 de setembro e da qual falaremos mais extensamente.

b) A memória da aparição celeste do sinal da Cruz, cuja celebração tem lugar no dia 7 de maio. Comemora-se, então, a aparição, no céu de Jerusalém, do sinal da Cruz quando era imperador Constâncio, filho de Constantino o Grande, durante o episcopado de São Cirilo de Jerusalém.

A aparição deu-se precisamente no dia 7 de maio de 351, na terça-feira antes da Ascensão, pelas nove horas da manhã: foi visível durante muitas horas e para todos. Marcava no céu o espaço compreendido entre o Gólgota e o Monte das Oliveiras. (18)
O caráter protetor e salvífico da Cruz, como determinante dessa festividade, vem sintetizá-lo a oração própria desse dia que assim diz:
Abre-me os lábios, ó Rei dos séculos, ilumina minha mente e meu espírito, e santifica minha alma para poder, ó Verbo, louvar tua Cruz venerada; envia teu Espírito e instrui-me, de sorte que possa exclamar com amor:

Salve, ó Cruz, glória do universo!
Salve, ó Cruz, fortaleza da Igreja!
Salve, inexpugnável bastião dos sacerdotes!
Salve, diadema dos reis!
Salve cetro do soberano Criador de todas as coisas!
Salve, ó Cruz, na qual Cristo aceitou padecer e morrer!
Salve, grande consolo dos aflitos, arma invencível no meio da luta!
Salve, Cruz, ornato dos anjos e proteção dos fiéis!
Salve, ó Cruz, pela qual foi o inferno derrotado!
Salve, ó Cruz, pela qual fomos redimidos!
Salve, lenho bem-aventurado!
(19)

c) A procissão da preciosa e vivificadora Cruz, que se celebra no dia primeiro de agosto. Tal como a que coincide com o Terceiro Domingo da Quaresma, também essa festa teve origem em Constantinopla. A relíquia da Cruz ia expondo-se em diversas igrejas, retomando ao palácio imperial a 14 de agosto; longa procissão estacional, pois, com demoradas estações nas várias igrejas. A finalidade era conjurar as enfermidades motivadas pelos calores estivais, por um lado, e santificar, por outro, as ruas da "cidade construída por Deus". (20)

Um dos hinos da festa nos manifesta a profunda veneração de que era objeto nesse dia a Cruz do Senhor, assim como a confiança depositada nela:

Veneremos a Cruz preciosa,
remédio universal
e fonte de santidade.
É lenitivo das dores,
desterra a enfermidade
e livra de todo sofrimento os enfermos.

E agora, após breve análise sobre as festas litúrgicas, nas quais as igrejas de tradição bizantina dedicam especial atenção à Cruz, detenhamo-nos para refletir sobre a festividade da Exaltação:
A festa da "Exaltação Universal da preciosa e vivificadora Cruz" surge em Jerusalém. Lê-se em um discurso do monge Alexandre (21) sobre essa festividade que a imperatriz:
Helena - mãe de Constantino, o Grande - assegurava ter tido uma visão celeste, na qual se ordenava ir a Jerusalém para descobrir os santos lugares durante tanto tempo ignorados (.. .). Ante a dúvida e as vacilações de não poucos, exorta todos a uma fervorosa oração. Logo vem a ser descoberto por aquele bispo o lugar da divina Paixão, onde se tinha colocado a estátua da impuríssima Vênus. Com a autoridade que lhe outorga seu cargo, a imperatriz mandou, então, destruir o templo do demônio. Feito isso, de imediato descobriu-se o sepulcro de Jesus Cristo, aparecendo, pouco depois, três cruzes. Após busca diligente, encontraram-se também os cravos.
A imperatriz quis saber imediatamente qual das três cruzes era a de Jesus Cristo. Achando-se ali gravemente enferma, quase à morte, uma nobre dama, aplicando-lhe as cruzes, pôde-se saber, no mesmo instante, qual era a Cruz desejada, uma vez que, com a aplicação da Cruz de Jesus Cristo, tocada pela graça divina, ergue-se do leito a enferma completamente curada e glorificando ao Senhor em altas vozes (...).
O imperador pede ao então bispo, Macário, que apresse a edificação das respectivas basílicas, enviando-lhe um arquiteto e grande soma em dinheiro, com a ordem expressa de que os sagrados edifícios (no Gólgota, em Belém, e no Monte das Oliveiras) se decorassem com o maior esplendor, de sorte que não houvesse nada igual no mundo. (22)
No século V, o dia 13 de setembro é aniversário da dedicação das basílicas constantinianas. Segundo a peregrina Egéria, tinha-se determinado esse dia, alguns anos antes - talvez em 335 - por ser a data do descobrimento da Cruz. (23)
Cirilo de Jerusalém, na XIII Catequese, que se realizara provavelmente em 347, diz textualmente:

A Paixão é real: verdadeiramente foi crucificado. E não nos envergonhemos disso. Foi crucificado. E não o negamos; pelo contrário, comprazemo-nos em afirmá-lo. Chegaria a envergonhar-me, se me atrevesse a negar o Gólgota que temos à vista; afastaria dos olhos o madeiro da Cruz que dessa cidade distribuiu-se como relíquias pelo mundo todo.

Reconheço a Cruz, porque conheço a ressurreição. Se o Crucificado tivesse permanecido em tal situação, não reconheceria a Cruz; apressar-me-ia, pelo contrário, em escondê-la, juntamente com meu Mestre. Como após a Cruz vem a Ressurreição, não me envergonho de falar longamente da mesma. (24)

A festa da Cruz, a 14 de setembro, difundiu-se rapidamente por todo o Oriente, eclipsando a comemoração da dedicação da basílica constantiniana. (25) Em Roma, no século VI, celebrava-se a Exaltação no dia 3 de maio. Posteriormente - no século VII - começou a apresentar-se o madeiro da Cruz à veneração do povo, no dia 14 de setembro. (26)

O resgate da Cruz pelo imperador Heráclito em 631 não veio senão incrementar e consolidar um culto já amplamente difundido.
As igrejas de tradição bizantina relacionaram a festa do dia 14 de setembro entre as do Senhor (despotika) - de primeira classe - e, portanto, entre as 12 grandes festividades litúrgicas. É precedida de uma vigília (preortia) e seguida de sete dias pós-festivos (meteortia), mais outro oitavo de despedida da festa (apodosis), que coincide com o dia 21 do referido mês de setembro.
A celebração litúrgica, muito simples em si, tem seu ponto mais alto no gesto do celebrante, que podemos ver refletido no Ícone. Vejamo-lo em detalhes.
No dia da festa, o celebrante, após pequena procissão, para no centro da igreja; e levanta então, ao alto, a relíquia da Cruz.
A assembleia faz, ao mesmo tempo, a mais simples de todas as orações e mais própria de uma criatura ante a misericórdia do Deus criador: "Piedade, Senhor!" Repete-se 100 vezes a oração.
Repete o celebrante o gesto de elevar ao alto a Cruz, voltando-se para os quatro pontos cardeais, enquanto o povo reza, canta e exclama 100 vezes: "Piedade, Senhor!"
Deposita-se depois a Cruz em um grande recipiente cheio de flores e coloca-se sobre um tetrapodium no centro da igreja. O Clero e todos os fiéis, prostrando-se de joelhos, vão adorando a Cruz e recebendo uma flor das que serviram de enfeite à relíquia.

«Adoração da Cruz»

Pôde-se observar como os hinos e toda essa exposição falam sempre de «adoração» da Cruz. Pela única razão de que muito rapidamente a Cruz veio a ser a imagem do Crucificado e da sua Ressurreição: dois aspectos distintos, porém, inseparáveis, de um só mistério.

«Adoramos, Senhor, tua Cruz e glorificamos tua santa Ressurreição», é o tema mais comum dos hinos. Eis mais um exemplo do que foi dito

“Na Cruz, Cristo deu morte ao autor de nossa morte.
Devolveu a vida e a beleza a quem as tinha perdido;
e, num desdobramento de bondade e misericórdia,
restituiu-lhes o direito de cidadania no céu.

Na Cruz cancelaste, Senhor, o assentamento de nossa dívida.
Cantado entre os mortos, prendeste o tirano que reinava sobre eles; e com tua ressurreição, libertaste-nos dos laços da morte. (27)

Sobre o que deveriam ser tributadas as honras à Cruz, pronunciaram-se dois Concílios:

No Concílio Quinissesto de 692, os Padres prescreveram que se rendesse à santa Cruz «a adoração em espírito, nos lábios e nos sentidos». (28) E no segundo Concílio de Nicéia (787), concretiza-se a natureza exata da referida adoração: à santa Cruz, como aos ícones, deve-se tributar «adoração honorífica», «não culto propriamente dito» reservado somente a Deus. Porque «a honra dirigida à imagem passa ao protótipo, e o que adora a imagem, adora a pessoa nela representada». (29)
Os textos litúrgicos, homiléticos e epigráficos documentam como semelhante prescrição conciliar estava profundamente enraizada nos usos e costumes. (30)
André de Creta (660-740), por exemplo, disse claramente:
Nós adoramos a Cruz,
uma vez que nela bendizemos ao Crucificado. (31)
Os mesmos atestam outros textos de origem mais humilde e, por isso, sem dúvida maiores expressões da verdadeira piedade dos fiéis. Seria bom exemplo a inscrição do século Vil, que faz falar assim à própria Cruz:
Sou a Cruz, salvaguarda do universo;
minha morada é a eternidade,
onde gozo de igual veneração à do Corpo imortal. (32)

Fonte:
PASSARELLI, Gaetano. O Ícone da Exaltação da Cruz. AM Edições

Extraído do site ecclesia.com.br


Notas:
(1). 1Cor 1 18-23
(2). Hino, n. 38 (SC), tr. 9.
(3). Romano o Melode, Hino, n. 39 (SC), tr. 23.
(4). Cf. Passarelli, G., Ícone da crucifixão (Iconostásio 9), AM edições, São Paulo (prelo).
(5). Cf. Gn 2, 16; Êx 31, 8; Ap 2, 7, Passarelli, G., Macario Crisocefalo, l' omelia sullafesta dell'Ortodossia e Ia basilica di S. Giovanni di Filadelfia (OCA, 210), Roma, 1980, 161,20.
(6). Passarelli, G., ibid., 169,41.
(7). Da hinografia da festa.
(8). Cf. Mt 27, 45ss.; Lc 23,46. A hora que precede as Vésperas. A hora nona corresponde aproximadamente às 15 horas (3 p.m.).
(9). Cf. Frolow, A., La Reiique de ia Vraie Croix. Recherches sur ie déveioppement d'un culte (AGC, 7), Paris, 1961; Bornert, R., "La céiébration de ia sainte Croix dans ie rire byzantin ", em La sainte Crou, La Maison-Dieu 75, 3 (1963), 92-108; Janeras, S., Le Vendredi-saint dans ia Tradition liturgique byzantine. Structure et Histoire de ses Offices (Studia Anselmiana, 99), Roma, 1988.
(10). Trata-se de hino originário do século VII, cf. Bomert, 94; Janeras, 297.
(11). Trata-se de costume melkita que tinha origem no Ofício estacional da Paixão hierosolirnitana, adotado oficialmente em Constantinopla pelo patriarca Sofrônio 11 em 1864 e hoje em uso entre os gregos.
(12). O patriarca Nicéforo deixou-nos um bem detalhada descrição da circunstância em que se restituíra a Cruz ao Santo Sepulcro. A relíquia estava guardada numa caixa lacrada. O clero examinou os lacres e, após comprovar que não se tinha violado, o bispo Modesto abriu a caixa com as chaves que se havia guardado. Prostrando-se todos, procedeu-se à cerimônia da Exaltação. Cf. Frolow, "La Vraie Croix et les expéditions d' Héraclius en Perse", em Revue des Études Byzantinesll (1953), 88-105; Grumel, y., "La reposition de Ia Vraie Croix à Jérusalem parHéraclius, lejouretl'année", em Byzantinische Forschungen 1 (1966), 139-149; Bornert, 99-101; Janeras, 298-299.
(13). Legislador monástico, que viveu no célebre mosteiro de Studios em Constantinopla. Foi um dos mais insignes defensores do culto aos ícones.
(14). Antigamente dizia-se: "Conhecei o Imperador", hoje substituído por "govemantes" ou por "Igreja".
(15). PG 52,835 C. Repete-se a adoração na segunda-feira, na quarta-feira e sexta-feira, guardando a relíquia, a seguir, no tesouro do santuário.
(16). O calendário bizantino, vigente ainda liturgicamente nas Igrejas desta tradição, começa a primeiro de setembro.
(17). Cf. Jo 3, 14.
(18). PG 33, 1169 A.
(19). La croce nella Preghiera Bizantina, Bréscia, 1990,48.
(20). Constantino VII, Profirogênito, Etlibra de tas Ceremanias,
11, 8 (PG 112, 1005 C-99A).
(21). Não sabemos a época nem conhecemos outras obras desse autor. É talvez anterior ao século X.
(22). Pennacchinni, P. C., Discorso storico dell'invenzione della Croce, deI monacoAlessandro, Grottaferrata, 1913,59-60; cf. Righetti, M., L'anno liturgico. Il breviario, Milão, 1969,343344.
(23). Diario di viaggio, SC 296, 316-317.
(24). PG 33, 775B.
(25). A festa da Exaltação celebra-se no dia 14 de setembro pelos bizantinos, latinos, coptas e siro-jacobitas; no dia 13, pelos siro-nestorianos, e no domingo que tem lugar entre os dias 11 e 17 pelos armênios.
(26). Jounel, P., "Le culte de Ia Croix dans Ia liturgie romaine", em La sainte Croix, La Maison-Dieu 75, 3 (1963),75-82,87-91.
(27). Ofício da Paixão, antífona 15. O recibo de nossa dívida é o título que aparece nas mãos de Cristo em diversos ícones. Veja se a propósito, por exemplo, CI 2, 14: "Cancelou a nota de dívida que tinha contra nós, a das prescrições com cláusulas desfavoráveis, e suprimiu-a cravando-a na cruz". Romano o Melode, Hinos, tr. 10: "Consente em deixar-se crucificar e destrói a nota de penhor, tu que vieste para chamar novamente Adão"; e tr. 11: "Espera tão-somente libertar-me da pesada dívida"(Hino, Akathistos). "Ele que perdoa as dívidas a todos os homens, querendo perdoar as antigas culpas, voluntariamente se entrega aos desertores de sua graça e, rasgando o quirógrafo do pecado, ouve a todos exclamar: Aleluia!" Para outras fontes, cf. Lampe, G. W. H., A pat.ristic greek Lexikon, Oxford, 1972, palavras Cheirographon e Proselio. Cf. Passarelli, Ícone da Mãe de Deus, (Iconostásio 1), AM edições (prelo).
(28). Can 73 (Mansi, XI, 975).
(29). Denzinger, H. A. e Schoenmetzer, A., Enchiridion Symbolorum, Barcinone-Friburgi Br. e Romae-Neo Eboraci 1977, n. 601. Cita-se, ali, São Basílio, Tratado sobre el Espiritu Santo, c. 18, par 45 (SC 17, 194). Acolheram-se nesse concílio os graus da "aproskynesis", que deve render-se a Deus, aos santos, às relíquias, aos ícones e aos imperadores, estabelecida por São João Damasceno.
(30). Cf. Bomert, 106; Frolow, ob. cit., passim.
(31). Homilia sobre ia Exaitación de ia Cruz, PG 97, 1033A.
(32). Frolow, ob. cit., 48; Bome11, 106. No trabalho de Frolow podem ler-se muitos outros testemunhos.

Extraído do site ecclesia.com.br


«Assim é preciso que o Filho do Homem seja elevado, para que todo o que nele crê seja salvo»

Hoje, nosso Senhor Jesus Cristo está pregado na Cruz e nós estamos em festa, para que saibais que a Cruz é uma festa e uma celebração espiritual. Outrora, a Cruz designava um castigo; agora tornou-se objeto de honra. Outrora símbolo de condenação, ei-la hoje princípio de salvação. Porque ela é para nós causa de bens sem conta: livrou-nos do erro, iluminou-nos as trevas, reconciliou-nos com Deus; tínhamo-nos tornado, para com Ele, inimigos e estrangeiros longínquos. Para nós, ela é hoje a destruição da inimizade, o penhor da paz, o tesouro de mil bens.
Graças a ela, já não erramos nos desertos, porque conhecemos o caminho verdadeiro. Não ficamos fora do palácio real, porque encontramos a porta. Não tememos as armas inflamadas do diabo, porque descobrimos a fonte. Graças a ela, já não estamos na viuvez, pois encontramos o Esposo. Não temos medo do lobo, pois encontramos o bom pastor. Graças à Cruz, não tememos o usurpador, pois nos sentamos ao lado do Rei.
Eis porque estamos em festa ao celebrarmos a memória do Cruz. O próprio São Paulo nos convida para a festa em honra da Cruz: "Celebremos esta festa", diz ele, "não com fermento velho, nem com o fermento da malícia e da perversidade, mas com os ázimos da pureza e da verdade" (1 Co 5,8). E ele explica-nos a razão dizendo: "Porque Cristo, nossa Páscoa, foi imolado por nós". (1 Co 5,7).
S. João Crisóstomo (cerca de 345-407),
Bispo de Antioquia, depois de Constantinopla, doutor da Igreja

«A cruz, árvore de vida»

Como é bela a imagem da cruz! A sua beleza não oferece mistura de mal e de bem, como outrora a árvore do jardim do Éden. Toda ela é admirável, “uma delícia para os olhos e desejável” (Gn 3, 6). É uma árvore que dá a vida e não a morte; a luz, não a cegueira. Leva a entrar no Éden, não a sair dele. Esta árvore, à qual subiu Cristo, como um rei para o seu carro de triunfo, derrotou o diabo, que tinha o poder da morte, e libertou o gênero humano da escravidão do tirano. Foi sobre esta árvore que o Senhor, qual guerreiro de eleição, ferido nas mãos, nos pés e no seu divino peito, curou as cicatrizes do pecado, quer dizer, a nossa natureza ferida por Satanás.
Depois de termos sido mortos pelo madeiro, encontramos a vida pelo madeiro; depois de termos sido enganados pelo madeiro, é pelo madeiro que repelimos a serpente enganadora. Que permutas surpreendentes! A vida em vez da morte, a imortalidade em vez da corrupção, a glória em vez da ignomínia. Por este motivo, o apóstolo Paulo exclamou: “Toda a minha glória está na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo” (Gl 6, 14) … Mais do que qualquer sabedoria, esta sabedoria que floresceu na cruz tornou ignóbeis as pretensões da sabedoria do mundo (1 Cor 1, 17s) …
É pela cruz que a morte foi morta e Adão restituído à vida. É pela cruz que todos os apóstolos foram glorificados, todos os mártires coroados, todos os santos santificados. É pela cruz que fomos reconduzidos como as ovelhas de Cristo, e fomos reunidos no redil do alto.
São Teodoro Estudita (759-826),
monge em Constantinopla

Fonte:
O Evangelho Cotidiano

Extraído do site ecclesia.com.br

14 de Setembro: «Festa da Exaltação da Santa, Venerável e Vivificante Cruz»




A Igreja celebra hoje a festa da Exaltação da Santa Cruz. É uma festa que se liga à dedicação de duas importantes basílicas construídas em Jerusalém por ordem de Constantino, filho de Santa Helena. Uma foi construída sobre o Monte do Gólgota; por isso, se chama Basílica do Martyrium ou Ad Crucem. A outra foi construída no lugar em que Cristo Jesus foi sepultado pelos discípulos e foi ressuscitado pelo poder de Deus; por isto é chamada Basílica Anástasis, ou seja, Basílica da Ressurreição.

A dedicação destas duas basílicas remonta ao ano 335, quando a Santa Cruz foi exaltada ou apresentada aos fiéis. Encontrada por Santa Helena, foi roubada pelos persas e resgatada pelo imperador Heráclito. Segundo contam, o imperador levou a Santa Cruz às costas desde Tiberíades até Jerusalém, onde a entregou ao Patriarca Zacarias, no dia 3 de Maio de 630. Tal festividade lembra aos cristãos o triunfo de Jesus, vencedor da morte e ressuscitado pelo poder de Deus.


A pregação da Cruz é uma necessidade para os que se perdem; mas para os que se salvam – para nós – é força de Deus. Por que diz a Escritura: «Destruirei a sabedoria dos sábios, e inutilizarei a inteligência dos inteligentes. Onde está o sábio? Onde o douto? Onde o sofista deste mundo? De fato, como o mundo através de sua própria sabedoria não conheceu Deus na divina sabedoria, quis Deus salvar os crentes através da necessidade da pregação». Assim, enquanto os judeus pedem sinais e os gregos buscam sabedoria, nós pregamos a Cristo crucificado: escândalo para os judeus e loucura para os pagãos, mas para os chamados, tanto judeus quanto gregos, um Cristo, força de Deus e sabedoria de Deus. As palavras do apóstolo Paulo, lidas na solenidade da Exaltação da veneranda e santificadora Cruz, marcam o sentido inequívoco que, desde o princípio, tivera para os cristãos o patíbulo dos malfeitores, que era a cruz. Por que, pois, estranhar-se que a Igreja a tenha considerado objeto de culto particular?

Romano o Melode, imaginando um diálogo entre o diabo e o inferno, põe na boca do primeiro as palavras: «Belial, é tempo de abrires o ouvido. A hora presente far-te-á ver o império da Cruz, e o grande poder do Crucificado. Para ti, a Cruz não é senão loucura; porém toda a Criação a considera como um trono desde que, nela cravado, escuta Cristo como juiz em atividade».

A forma de cruz das igrejas antigas, inclusive hoje nas de tradição bizantina, evoca a virtude ou força da ação redentora desse sinal. A Cruz defende a todos do maligno e de seus ataques. Os marcados com o sinal de Cristo têm a esperança confiante de entrar no paraíso. Nas igrejas bizantinas, atrás do altar e no ponto mais alto do Iconostase, destaca-se a Crucifixão, 4 com o objetivo de que, de qualquer ponto do templo e a todo momento, possa atrair o olhar dos fiéis para a Árvore da Vida, plantada no novo paraíso universal, frondosa e muito mais honorável que a do Éden […]

Tradução e publicação neste site
com permissão de: www.ortodoxia.org
Trad.: pe. André

Extraído do site ecclesia.com.br



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