Catecismo Breve
«Ortopráxis - maneiras de viver a Ortodoxia»
5. Os «Dípticos» (lista de Intenções)
Ao entrar
numa igreja ortodoxa, logo na entrada (nartex), sobre uma pequena mesa, ficam papéis
impressos com uma cruz no timbre. Estes papéis se chamam "dipticos", isto
é, uma lista para se escrever os nomes das pessoas ou intenções em geral pelas quais
queremos rezar. Para que esta lista de intenções seja lida de forma correta, é preciso
observar o seguinte:
Escrever de
forma clara e legível (melhor, com letras de forma), não anotando mais do que 10
nomes ou intenções.
Anotar distintamente
se é "pela saúde" de alguma pessoa viva ou "pelo descanso eterno"
de alguém já falecido. Algumas listas já tem esta separação impressa com o título
"Vivos" e "Falecidos";
Escrever os
nomes completos, não somente sobrenomes ou apelidos;
Identificar
através do respectivo título ou função, se a pessoa por quem queremos rezar for
eclesiástico ou militar.
Não é necessário
que se diga o grau de parentesco do autor(a) das intenções com a pessoa por quem
se pede orações.
Pode-se indicar
estados de enfermidade, desaparecimento, viagem, aprisionamento das pessoas pelas
quais pedimos orações. Não é necessário indicar os estados como o de "gravidez",
viuvez, virgindade, entre outros do gênero.
Até 40 dias
de falecimento, diz-se: "pelo descanso" ou "repouso"; após este
tempo, nas datas de memória, diz-se apenas "de eterna memória".
Não se reza
pelo "descanso da alma" de um santo canonizado pela Igreja.
«O sacerdote
retira as partículas de intenções da prósfora»
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A lista de
intenções pode ser entregue alguns dias antes ou, no mesmo dia da Liturgia (para
isto deve se chegar mais cedo à igreja), para que seja usada durante a "proscomidia"
(primeira parte da Liturgia na qual se faz a preparação do pão e do vinho). A cada
intenção são retiradas pequenas partículas da "prósfora" (palavra grega
que significa pequeno pão arredondado) que, após a comunhão dos fiéis, serão misturadas
ao Sangue de Cristo, enquanto o celebrante suplica a Deus pelo perdão dos pecados
daquelas pessoas em memória das quais foram retiradas. Também, estas intenções podem
ser proclamadas pelo diácono durante a procissão da Grande Entrada.
As listas
de intenções (dípticos) podem ainda ser utilizadas para outros Ofícios Litúrgicos
da Igreja, tais como os ofícios Molébens, Memoriais (pelos falecidos) etc. Neste
caso, esta mesma lista onde estão as intenções pelas quais rezamos em todas as Liturgias
são distribuídas aos sacerdotes e diáconos concelebrantes. Por isto mesmo, ter o
nome incluído em uma destas listas é uma grande graça, porém, se assim o desejamos,
devemos nos comprometer em ajudar o sacerdote ou diácono com nossas orações e em
suas necessidades.
São conhecidos
como dípticos certas placas de marfim, madeira ou metal, decoradas com relevos ou
pinturas e unidas de modo que possam prender-se do mesmo modo que as páginas de
um livro. Se são de três folhas, denominam-se trípticos e se tem mais, polípticos.
Por extensão, se chamam também trípticos e polípticos os quadros divididos em compartimentos
de maneira que imitem os verdadeiros trípticos ainda que sejam de notáveis dimensões
e não possam ficar presos.
Adotando a
Igreja desde os primeiros séculos o costume romano, teve seus dípticos eclesiásticos,
adornados por fora com temas religiosos e dispostos por dentro para escrever-se
neles (gravando-os na mesma lâmina ou escrevendo-se sobre folhas de pergaminho alí
aderidas) os nomes de pessoas beneméritas, seja da hierarquia eclesiástica e civil,
seja de mártires e de fiéis defuntos que deviam ter-se presentes na Liturgia. Havia
dípticos de vivos e dípticos de falecidos que se liam durante a Liturgia.
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