09 setembro 2013

Sábado: Exaltação da Santa Cruz (14/09/2013)

Sábado, 14 de setembro
EXALTAÇÃO DA VENERÁVEL E VIVIFICANTE SANTA CRUZ
Η παγκόσμιος Υψωσις το Τιμίου καί Ζωοποιο Σταυρο
(MATINASJo. 12, 28-36 | LITURGIA1Cor. 1, 18-24 e Jo. 19, 6-11, 13-20, 25-28, 30)*
2º Tom | Ἦχος β΄



Tropário da Santa Cruz, 1º Tom.
Σώσον Κύριε τόν λαόν σου καί ευλόγησον τήν κληρονομίαν σου, νίκας τοίς Βασιλεύσι κατά βαρβάρων δωρούμενος καί τό σόν φυλάττων διά τού Σταυρού σου πολίτευμα.
Salva, Senhor, o teu povo e abençoa a tua herança. Concede à tua Igreja a vitória sobre o mal e guarda o teu rebanho pela tua Cruz.

Homilia para a
Exaltação da Santa Cruz


São Teodoro, o Estudita (759-826)
Aγιος Θεόδωρος ο Στουδίτης
Monastério da Santa Cruz (Ιερά
Μονή Σταυροβουνίου), nas proximidades
da cidade de Larnaca (Λάρνακα), no Chipre.
Quão preciosa é a Cruz e quão esplendorosa é sua contemplação! Na cruz, o bem e o mal não se misturam, assim como na árvore do paraíso. A Cruz é maravilhosamente linda de se observar e boa de se sentir. O fruto desta árvore não é a morte, mas a vida; não é a escuridão, mas a Luz.  Esta árvore não nos lança para fora do Paraíso; muito pelo contrário, ela abre o caminho para o nosso retorno.
    Esta foi a Árvore na qual Cristo, como um rei numa biga, derrotou o mal e libertou o gênero humano da tirania. Esta foi a árvore sobre a qual o Senhor, como um guerreiro ferido nas mãos, nos pés e no peito, curou as feridas do pecado, que a serpente do mal havia infligido em nossa natureza. Depois de termos sido mortos pelo madeiro, encontramos a vida pelo madeiro; depois de termos sido enganados pelo madeiro, é pelo madeiro que repelimos a serpente enganadora. Que incrível transformação! A vida em vez da morte, a imortalidade em vez da corrupção, a glória em vez da vergonha. Por tudo isso, o apóstolo Paulo exclamou: “Quanto a mim, não pretendo jamais gloriar-me a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, por quem o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo” (Gl. 6, 14). A suprema sabedoria que floresceu na Cruz mostrou quão insensato é o orgulho da sabedoria mundana. E o conhecimento de todo o bem, que é o fruto da Cruz, cortou fora os brotos de maldade.
As maravilhas realizadas através desta Árvore foram prenunciadas claramente por outros gêneros e figuras que existiram no passado. Meditemos sobre isso, se desejamos verdadeiramente aprender:
v  Não foi a madeira de uma árvore que permitiu Noé, por ordem de Deus, escapar da destruição do dilúvio (Gn. 6, 14)...?
v  Não foi o cajado de Moisés que prenunciou a Cruz quando transformou as água [do Nilo] em sangue (Ex. 7, 20), quando engoliu as falsas serpentes dos magos do Faraó (Ex. 7, 12) e quando dividiu o mar com um só golpe e, em seguida, restaurou as águas em seu curso normal, afogando o inimigo e salvando o povo de Deus (Ex. 14, 21-28)?
Interior da Igreja do
Monastério da Santa Cruz.
v  Não foi cajado de Aarão, que floresceu como prova de seu verdadeiro sacerdócio, uma outra figura da Cruz (Num. 17, 23)?
v  E Abraão não prenunciou a Cruz quando ele amarrou seu filho Isaac e colocou-o na pilha de lenha sobre o altar (Gn. 22, 9)?
Pela Cruz a morte foi vencida e Adão voltou à vida. A Cruz é a glória de todos os Apóstolos, a coroa dos Mártires, a santificação dos Santos. Pela Cruz nos submetemos a Cristo e deixamos de lado nosso velho “eu”. Pela Cruz nós, as ovelhas de Cristo, fomos reunidos em um só rebanho no redil do Céu.
Boletim n. 34, 14-15.09.2013: 
Exaltação da Santa Cruz (Download)

Aπόστιχα Τιμίου Σταυρού | Apóstiha da Santa Cruz*
(* Forma de se cantar certos tropários, exaltando-se alguns versos)     

Παρακλητικός Κανών Τιμίου και Ζωοποιού Σταυρού
Cânone da Santa Cruz

14 de setembro: 
Exaltação Universal da Santa Cruz
Madre Maria DONADEO.
O Ano Litúrgico Bizantino. Ed. Ave Maria: 2008.
No dia 14 de setembro, os cristãos do Ocidente e do Oriente se encontram para juntos exaltar a santa Cruz, uma festa que deve ligar-se à dedicação da basílica da Ressurreição, erguida sobre o sepulcro de Cristo em Jerusalém († 335), mas que, mais tarde, entre os fiéis de tradição constantinopolitana, teve como objeto a invenção da santa Cruz e a sua primeira apresentação ao povo pela imperatriz Helena, mãe de Constantino, e do bispo local São Macário. Também o ícone da festa evoca tal acontecimento: no meio está a Cruz sustentada pelo bispo de Jerusalém, à esquerda (de quem olha) estão duas figuras coroadas, protagonistas da busca e do achado da preciosa relíquia, à direita aparece a figura do miraculado e do povo. A tradição, com efeito, narra que quando foram descobertas nas escavações três cruzes, para distinguir a de Jesus Cristo das dos ladrões, foi colocado o cadáver de um homem e, ao simples contato com o madeiro que sustentou o Salvador do mundo, ele foi milagrosamente ressuscitado.
Nenhum dos ritos conhecidos pode disputar ao rito bizantino o lugar especialíssimo que ele reserva à Cruz, seja no calendário litúrgico, seja na literatura eclesiástica criada pelos Padres da Igreja e pelos Hinógrafos sacros, através dos séculos, para cantar e louvar as virtudes, as glórias e o inefável papel da cruz redentora.
Todas as quartas e sextas-feiras do ano são dedicadas à santa Cruz. Cantam-se, então, os seguintes tropário e kontákíon:
Tropário (1o tom).
“Salva, Senhor, teu povo e abençoa a tua herança; concede às tuas Igrejas vitória sobre os inimigos e protege, pela tua Cruz, este povo que é teu.”
Kontákion (4º tom).
“Cristo Deus, que voluntariamente foste levantado na Cruz, tem compaixão do teu povo que traz o teu nome. Alegra, pelo teu poder, os nossos fiéis governantes, dando-lhes a vitória sobre os inimigos: encontrem na tua aliança uma arma de paz, um troféu invencível.”
Essas duas orações são as mais importantes também na celebração do 14 de setembro. No meio da Quaresma temos outra festa dedicada à Cruz . Outras duas comemorações se fazem no dia 12 de agosto e em 7 de maio, porém a festa máxima permanece mesmo a de 14 de setembro, cuja importância é evidenciada pela sua mesma denominação: festa da Universal Exaltação da venerável e vivificante Cruz. Ela é precedida por um dia de vigília e se conclui em 21 de setembro. O próprio das Vésperas começa com estes hinos:
A Cruz exaltada convida toda a criação a cantar hinos à paixão imaculada daquele que sobre ela foi erguido: sobre a Cruz ele levou à morte quem nos tinha dado a morte, ressuscitou os mortos e, tendo-os purificado, em sua compaixão e infinita bondade os fez dignos de viver nos céus; alegremo-nos, pois, exaltemos seu nome e magnifiquemos a sua extrema condescendência." "Erguendo os braços para o alto e pondo em fuga o tirano Amalek, Moisés te prefigurou, ó Cruz veneranda, glória dos fiéis, sustentáculo dos mártires, ornamento dos apóstolos, defesa dos justos, salvação de todos os santos. Por isso à vista da tua exaltação, a criação se alegra e exulta glorificando a Cristo, cuja extrema bondade reuniu, por teu meio, o que estava dividido.
Em muitos outros hinos da festa encontramos profundidade teológica, exultação de louvores, riqueza de referências bíblicas. No final, enquanto os fiéis vão beijar a Cruz, bem ornamentada, exposta sobre o proskinetáríon no meio da igreja, canta-se o hino que segue, indicado nos livros litúrgicos como obra do "imperador Leão" († 912):
Vinde, fiéis, adoremos o madeiro vivificante: sobre ele Cristo, Rei da glória, estendeu os braços e nos reergueu para a primitiva bem-aventurança, da qual o inimigo, aliciando-nos, nos havia despojado, afastando-nos da presença de Deus. Vinde, fiéis, adoremos o madeiro graças ao qual somos julgados dignos de esmagar as cabeças dos inimigos invisíveis. Vinde, famílias de todos os povos, veneremos com nossos cânticos a Cruz do Senhor. Salve, ó Cruz, perfeita libertação do Adão decaído; em ti se glorificam os nossos piíssimos reis, pois é pelo teu poder que submetem à força o povo de Ismael. Beijando-te agora com reverência, nós, cristãos, glorificamos ao Deus que sobre ti foi pregado, clamando: Senhor, que foste crucificado sobre ela, tem piedade de nós, tu o Bom e Amigo dos homens.
Segue-se o rito, simples, mas com um significado cósmico evidente' no qual o sacerdote faz a "exaltação" da Cruz: eleva-a ao máximo que puder acima de sua cabeça e depois a abaixa até tocar o chão, em direção dos quatro pontos cardeais, pronunciando intenções de preces as quais o povo responde com insistência: Kyrie, eleíson, ou Góspodí, pomilui (= Senhor, piedade).
Conforme prescrevem os livros litúrgicos, essa invocação repete-se 100 vezes para cada uma das 4 direções.
Mesmo sendo uma festa do Senhor, é praxe, nas orações bizantinas, lembrar vivamente a Mãe de Deus; eis um breve hino da Ode nona do Cânon:
“Tu és, ó Mãe de Deus, o místico jardim que sem ter sido cultivado germinou o Cristo, para o qual foi plantada a árvore vivificante da Cruz. Por isso hoje, ao exaltá-la, adoramos a ele e a ti glorificarnos.”
O dia 14 de setembro, mesmo quando cai num domingo, é celebrado pelo Oriente bizantino com jejum e abstinência por causa da alusão direta à paixão do Salvador. No entanto a hinografia se caracteriza pelo tom de triunfo ao apresentar a Cruz como instrumento de salvação e de vitória sobre os inimigos da Igreja e dos cristãos. Alguns elementos textuais talvez firam a nossa sensibilidade moderna, como também a referência a alguma tradição lendária, mas é preciso imergir na realidade cultural dos fiéis e observar a participação numerosa e atenta às celebrações dessa festa para entender seu valor educativo. A salvação vem da Cruz de Cristo; por isso a Igreja quer que ela seja admirada pelo olhar dos fiéis e meditada no íntimo dos que repetidamente aclamam:
"Adoramos a tua Cruz, Senhor, e glorificamos a tua santa ressurreição!"

PARA REFLETIR
v  A Santa Cruz na vida de cada cristão.
v A Santa Cruz que antecedeu à Ressurreição.
v A Santa Cruz e a Ressurreição como guias para nossas vidas diárias.

PENSAMENTO
 São Marcos, o Ascético (ou Eremita) (Séc. 5º).

31. Não busques a perfeição dessa lei [da lei espiritual] nas virtudes humanas, pois estas não são perfeitas. A perfeição dessa lei está escondida na Cruz de Cristo.


Sobre a lei espiritual. In: Philokalia. V1, p. 112.
† MATINAS
EVANGELHO SEGUNDO SÃO JOÃO
Últimas revelações públicas sobre o Messias
(Jo. 12, 28-36)
Disse o Senhor: “Pai, glorifica o teu nome”. Veio, então, uma voz do céu: “Já o glorifiquei e tornarei a glorificá-lo”. A multidão, que ali se encontrava e tinha ouvido isto, dizia: “Trovejou”. Outros diziam: “Um anjo falou com ele”. Jesus disse: “Não é para mim que esta voz se fez ouvir, mas para vós. Agora é o julgamento deste mundo. Agora o príncipe deste mundo será lançado fora. E quando eu for levantado da terra, atrairei todas as pessoas a mim”. Jesus dizia isso para indicar de que morte haveria de morrer. A multidão lhe respondeu: “Nós sabemos pela Lei que o Cristo vai permanecer para sempre. Como podes dizer que é necessário que o Filho do homem seja levantado? Quem é esse Filho do homem?” Jesus lhes disse: “Por pouco tempo ainda a luz está no vosso meio. Caminhai enquanto tendes luz, para que a escuridão não vos surpreenda, pois quem caminha na escuridão não sabe para onde vai. Enquanto tendes luz, crede na luz, para serdes filhos da luz”. Depois de assim falar, Jesus retirou-se e se escondeu deles.
† DIVINA LITURGIA
Tropário, 1º Tom
Salva, Senhor, o teu povo e abençoa a tua herança. Concede à tua Igreja a vitória sobre o mal e guarda o teu rebanho pela tua Cruz.

Kontákion, 4º Tom
Tu, ó Cristo Deus, que, voluntariamente, foste erguido na Cruz, tem compaixão do povo que traz o teu Nome. Alegra, pelo teu poder, a tua santa Igreja e concede-lhe a vitória sobre o mal. Que tua aliança seja para nós uma arma de paz e um troféu de vitória!

PRIMEIRA EPÍSTOLA DE SÃO PAULO AOS CORÍNTIOS
Falsa concepção da sabedoria cristã
(1Cor. 1, 18-24)
Irmãos, porque a doutrina da cruz é loucura para os que se perdem, mas é poder de Deus para os que se salvam. Consoante está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios e reprovarei a prudência dos prudentes. Onde está o sábio? Onde o letrado? Onde o pesquisador das coisas deste mundo? Não transformou Deus em loucura a sabedoria deste mundo? Uma vez que na sabedoria de Deus o mundo não o reconheceu pela sabedoria, aprouve a Deus servir-se da loucura da pregação para salvar os que creem. Porque os judeus pedem sinais, e os gregos procuram sabedoria, enquanto nós pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os pagãos, mas poder e sabedoria de Deus para os chamados, quer judeus, quer gregos.
EVANGELHO SEGUNDO SÃO JOÃO
Última interrogação e condenação | A crucificação | Últimas palavras e morte do Messias
(Jo. 19, 6-11, 13-20, 25-28, 30)
Naquele tempo, os sumos sacerdotes e os guardas gritaram: “Crucifica-o, crucifica-o”! Pilatos lhes disse: “Tomai-o vós e crucificai-o, pois não encontro nele crime algum”. Os judeus responderam: “Nós temos uma Lei e, segundo a Lei, ele deve morrer porque se fez Filho de Deus”. Ao ouvir essas palavras Pilatos ficou com mais medo ainda. Entrou novamente no palácio e perguntou a Jesus: “Donde és tu?”Jesus não lhe deu resposta. Disse-lhe então Pilatos: “Tu não me respondes? Não sabes que tenho poder para te soltar e poder para te crucificar?
Quando Pilatos ouviu essas palavras, trouxe Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado Pavimento de pedra (em hebraico Gábata). Era véspera da Páscoa, por volta do meio-dia [hora sexta]. Pilatos disse aos judeus: “Aqui está o vosso rei”! Mas eles gritaram: “Fora com ele! Crucifica-o!” Pilatos perguntou: “Vou crucificar o vosso rei?” Os sumos sacerdotes responderam: “Nós não temos outro rei senão César”. Então Pilatos o entregou a eles para que fosse crucificado. Levaram então Jesus consigo. Jesus saiu carregando a cruz para o lugar chamado Caveira (em hebraico Gólgota). Ali o crucificaram, juntamente com outros dois, um de cada lado e Jesus no meio. Pilatos mandou escrever um letreiro e colocá-lo no alto da cruz. Estava escrito: Jesus Nazareno, o rei dos judeus. Muitos judeus leram o letreiro, porque ficava perto da cidade o lugar onde Jesus foi crucificado, e o letreiro estava escrito em hebraico, grego e latim.
Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria de Cléofas e Maria Madalena. Vendo a mãe e, perto dela o discípulo a quem amava, Jesus disse para a mãe: “Mulher, aí está o teu filho”. Depois disse para o discípulo: “Aí está a tua mãe”. E desde aquela hora o discípulo tomou-a sob seus cuidados. Em seguida, sabendo que tudo estava consumado e para se cumprir plenamente a Escritura, Jesus disse: “Tenho sede”.
Depois de provar o vinagre, Jesus disse: “Tudo está consumado”. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.
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Anotações (Jo. 19, 6-11, 13-20, 25-28, 30):
  1. Cap. 19, V. 14. Naquele ano a Páscoa caiu em um sábado, e o dia da preparação era a véspera, i.e., sexta-feira. Hora sexta, i.e., meio-dia.  
  2. VV. 26-27. Mulher: era então o tratamento de respeito, equivalente ao nosso atual "Senhora!". S. João que perscruta o sentido mais profundo das palavras e acontecimentos, registra nestes vv. algo mais do que a simples expressão do afeto filial de Jesus, a saber: o mistério divino da maternidade espiritual de Maria. 
  3. V. 28. Sl. 68 [69], 22. Ao que parece, a sede era um dos piores suplícios dos crucificados. 
Mons. José Castro Pinto. Notas in: Bíblia Sagrada, 
Novo Testamento. Barsa: 1967, pp. 96-97. 

* Leituras conforme o Typikon do Patriarcado Ecumênico (Τυπικν τς Μεγάλης το Χριστο Εκκλησίας): Typikon 14-set-2013.

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