10 novembro 2014

22º Domingo depois de Pentecostes

PATRIARCADO ECUMÊNICO DE CONSTANTINOPLA
Arquidiocese Ortodoxa Grega de Buenos Aires e América do Sul
Igreja Anunciação da Mãe de Deus
SGAN - Qd. 910 - Módulo ‘’B’’ - CEP: 70.790-100 - Brasília-DF
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Brasília, 09 de novembro de 2014
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7º Domingo de Lucas

22º Domingo depois de Pentecostes

São Nectário de Éguina, Metropolita de Pentápolis († 1920)




Matinas

Tropário:
Nós, fiéis, louvemos e adoremos o Verbo igualado ao Pai e ao Espírito na eternidade, que nasceu da Virgem para nossa salvação, pois se dignou subir corporalmente à Cruz, suportar a morte e ressuscitar os mortos com sua gloriosa Ressurreição.
Glória ao Pai +, ao Filho e ao Espírito Santo,

Nós, fiéis, louvemos e adoremos o Verbo igualado ao Pai e ao Espírito na eternidade, que nasceu da Virgem para nossa salvação, pois se dignou subir corporalmente à Cruz, suportar a morte e ressuscitar os mortos com sua gloriosa Ressurreição.
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.

Theotokion:
Alegrai-Te! Porta invencível do Senhor.
Alegrai-Te! Muralha de proteção dos que recorrem a Ti!
Alegrai-Te, porto sereno que não conheceu as núpcias. Ó Tu, que deste à luz segundo a carne ao Teu criador e Teu Deus, não cessai de interceder por aqueles que glorificam e veneram o Senhor que nasceu de Ti.

Katisma:
Louvemos a cruz do Senhor exaltemos, por nossos cantos, a Santa sepultura, glorifiquemos sua divina ressurreição. Porque Ele é Deus e fez sair com Ele os mortos, de seus túmulos, despojando a morte de seu império e o demêonto de seu poder e iluminou todos aqueles que estavam nos infernos.
Glória ao Pai +, ao Filho e ao Espírito Santo.

Senhor, carregaste o nome de morto. Tu que destruíste a morte.
Foste depositado no sepulcro, Tu que esvaziaste os túmulos. Sobre a terra, os soldados guardavam Teu túmulo, abaixo da terra despertaste os que dormiam desde os séculos. Senhor todo poderoso, Senhor inconcebível.
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos.

Theotokion:
Alegra-te, ó montanha santa que o Senhor transpôs! Alegra-te sarça ardente que não se consome. Alegra-te único ponto do mundo em direção a Deus que introduz os mortais na vida eterna! Alegra-te, ó puríssima, que, sem conhecer homem, deste à luz ao salvador do mundo.


Ypakoí:
Atônitas nas mentes com a visão do Anjo, e iluminadas nas almas por Tua divina Ressurreição, as portadoras de aromas proclamaram as boas novas para os Apóstolos: proclamai entre as nações a Ressurreição do Senhor, Que fez maravilhas convosco, e nos concedeu grande misericórdia.

Antífona (sl 119):
Ó meu Salvador, como Davi, eu canto a Ti: “Na minha aflição, livra minha alma da língua falsa”. Verdadeiramente, a vida dos habitantes do deserto é feliz, porque eles são conduzidos pela Tua divina paixão.
Glória ao Pai +, ao Filho e ao Espírito Santo, agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.
Pelo Espírito Santo, toda a criação visível e invisível é preservada, porque Ele é todo poderoso, e, verdadeiramente uma das três pessoas divinas.

Prokimenon (salmo 119):
Levanta-Te, Senhor Deus, que Tua destra se eleve, porque reinarás por todos os séculos. (2 vezes).

Stichos:
Eu confesso ao Senhor, de todo o meu coração (repete a primeira).

Evangelho                                                                              Jo 21, 15-25
Evangelho de Nosso Senhor Jesus + Cristo, segundo o Evangelista São João.

Tendo eles comido, Jesus perguntou a Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes? Respondeu ele: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta os meus cordeiros. Perguntou-lhe outra vez: Simão, filho de João, amas-me? Respondeu-lhe: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta os meus cordeiros. Perguntou-lhe pela terceira vez: Simão, filho de João, amas-me? Pedro entristeceu-se porque lhe perguntou pela terceira vez: Amas-me?, e respondeu-lhe: Senhor, sabes tudo, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta as minhas ovelhas. Em verdade, em verdade te digo: quando eras mais moço, cingias-te e andavas aonde querias. Mas, quando fores velho, estenderás as tuas mãos, e outro te cingirá e te levará para onde não queres. Por estas palavras, ele indicava o gênero de morte com que havia de glorificar a Deus. E depois de assim ter falado, acrescentou: Segue-me! Voltando-se Pedro, viu que o seguia aquele discípulo que Jesus amava (aquele que estivera reclinado sobre o seu peito, durante a ceia, e lhe perguntara: Senhor, quem é que te há de trair?). Vendo-o, Pedro perguntou a Jesus: Senhor, e este? Que será dele? Respondeu-lhe Jesus: Que te importa se eu quero que ele fique até que eu venha? Segue-me tu. Correu por isso o boato entre os irmãos de que aquele discípulo não morreria. Mas Jesus não lhe disse: Não morrerá, mas: Que te importa se quero que ele fique assim até que eu venha? Este é o discípulo que dá testemunho de todas essas coisas, e as escreveu. E sabemos que é digno de fé o seu testemunho. Jesus fez ainda muitas outras coisas. Se fossem escritas uma por uma, penso que nem o mundo inteiro poderia conter os livros que se deveriam escrever.

Hoje é a salvação do mundo. Louvemos Aquele que ressuscitou do túmulo, dando-nos origem a uma nova vida, porque anulou a morte com a Sua morte e nos concedeu a misericórdia de obter essa grande vitória.

Divina Liturgia

Anunciação - Modo 4:
É hoje o começo da nossa salvação e a manifestação do mistério eterno.
O Filho de Deus torna-Se Filho da Virgem e Gabriel anuncia a graça.
Por isso, cantamos com ele à Mãe de Deus:
“Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo!”.

Tropário da Ressurreição – 5º tom:
Nós, fiéis, louvemos e adoremos o Verbo igualado ao Pai e ao Espírito na eternidade, que nasceu da Virgem para nossa salvação, pois se dignou subir corporalmente à Cruz, suportar a morte e ressuscitar os mortos com sua gloriosa Ressurreição.

Kondakion - 5º tom:
Glória ao Pai +, ao Filho e ao Espírito Santo.
Desceste ao Hades, ó Salvador meu, rompendo suas portas, Tu que és Todo-poderoso, levantaste contigo os mortos, ó Criador, destruíste, ó Cristo, o aguilhão da morte. e libertaste também Adão da maldição, Tu que amas a humanidade. Por isso, clamamos, Senhor, salva-nos!

Theotokion - 5º tom:
Agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém
Alegra-te, ó Mãe de Deus, porta do Senhor!
Alegra-te, amparo e proteção para os que te procuram!
Alegra-te, ó noiva, que em teu ventre geraste teu Criador e Deus!
Roga, sem cessar, por aqueles que glorificam O que nasceu de ti.



Kondakion de São Pedro e São Paulo:
Levaste, Senhor, para descansar e gozar de teus bens, os dois infalíveis pregadores de fala divina, os príncipes dos apóstolos; pois preferiste suas provações e morte a qualquer sacrifício, Tu, o único conhecedor dos segredos dos corações.

Hino à Mãe de Deus:
Ó Admirável e Protetora dos cristãos e nossa Medianeira do Criador não desprezes as súplicas de nenhum de nós pecadores, mas apressa-te em auxiliar-nos como Mãe bondosa que és, pois te invocamos com fé: roga por nós junto de Deus, tu que defendes sempre aqueles que te veneram.

Prokimenon:
Tu, Senhor, nos guardarás e nos preservarás desta geração e para sempre. Salva-me, Senhor, porque o justo desapareceu, porque a verdade se extinguiu entre os filhos dos homens.

Epístola                                                                                              Gl. 6, 11-18
Leitura da Epistola do Apóstolo São Paulo aos Gálatas

Irmãos, vede com que grandes letras vos escrevi por minha mão. Todos os que querem mostrar boa aparência na carne, esses vos obrigam a circuncidar-vos, somente para não serem perseguidos por causa da cruz de Cristo. Porque nem ainda esses mesmos que se circuncidam guardam a lei, mas querem que vos circuncideis, para se gloriarem na vossa carne. Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo. Porque em Cristo Jesus nem a circuncisão, nem a incircuncisão tem virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura. E a todos quantos andarem conforme esta regra, paz e misericórdia sobre eles e sobre o Israel de Deus. Desde agora ninguém me inquiete; porque trago no meu corpo as marcas do Senhor Jesus. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja, irmãos, com o vosso espírito! Amém.

Aleluia!
Aleluia, aleluia, aleluia!
Eu cantarei eternamente as tuas misericórdias, Senhor; e anunciarei a tua verdade de geração em geração.
Aleluia, aleluia, aleluia!
Porque disseste: «A misericórdia elevar-se-á como um edifício eterno», e nos céus a tua verdade será solidamente estabelecida.
Aleluia, aleluia, aleluia!

Evangelho                                                                                          Lc. 8, 41-56
Evangelho de Nosso Senhor Jesus + Cristo, segundo o Evangelista São Lucas:

Naquele tempo,veio um homem chamado Jairo, um dos chefes da sinagoga e, caindo aos pés de Jesus, pediu-lhe que fosse à sua casa. Sua filha única de doze anos, estava nas últimas. Enquanto Jesus estava a caminho, a multidão o comprimia. Uma mulher que sofria hemorragias já por doze anos e gastara tudo o que possuía com médicos, sem que ninguém conseguisse curá-la, aproximou-se dele, por detrás, e tocou na barra de sua roupa. Instantaneamente a hemorragia estancou. Jesus, então. perguntou: «Quem tocou em mim»? Enquanto todos negavam, Pedro disse: «Mestre, são as multidões que te cercam e te apertam». Jesus, porém, disse: «Alguém me tocou. Eu senti uma força saindo de mim». Vendo que tinha sido descoberta, a mulher, tremendo, jogou-se por terra aos pés dele. Diante de todos, explicou a razão por que o tinha tocado, e como tinha ficado curada instantaneamente. Jesus. então, lhe disse: «Filha, a tua fé te salvou. Vai em paz»! Enquanto ainda estava falando, chegou alguém da casa do chefe da sinagoga dizendo: «Tua filha acaba de morrer. Não incomodes mais o mestre». Ouvindo isto, Jesus lhe disse: «Não tenhas medo. Somente crê, e ela será curada». Quando chegaram à casa, não deixou ninguém entrar com ele, a não ser Pedro, João, Tiago e o pai e a mãe da menina. Todos choravam e lamentavam. Mas Jesus disse: «Não choreis. Ela não está morta. mas dorme». Zombaram dele, pois sabiam que ela tinha morrido. Então ele pegou a menina pela mão e exclamou: «Menina. levanta-te»! Ela voltou a respirar e imediatamente se levantou. Jesus mandou que lhe dessem de comer. Seus pais ficaram extasiados, mas Jesus lhe ordenou que não contassem a ninguém o que tinha acontecido.

NOTA: Este Evangelho do sétimo domingo é, em certos casos, lido antes do Evangelho do quinto domingo.

Sinaxe

Mateus, Marcos e Lucas narram os milagres que se sucederam após a expulsão dos demônios na cidade de Gerasa. Aconteceram enquanto o Senhor retornava à Cafarnaúm, seguido pela multidão. Jesus estava agora diante do poder da doença e da morte.

As duas beneficiadas são mulheres. Uma sofria de uma enfermidade incurável que a arruinava e a afastava do convívio da sociedade, porque sua doença era vista como sinal de impureza e contaminação e, por isso, uma ameaça à integridade. A outra, uma menina, filha única, que não resistiu a uma doença grave.

Ao chegar na cidade uma multidão o esperava, sobretudo os curiosos e cheios de fé. Também estava lá o chefe da Sinagoga, Jairo, que pedia ao Senhor o restabelecimento da saúde de uma filha que estava a ponto de morrer. Jesus chamou Pedro, Tiago e João que o acompanhassem para serem testemunhas daquilo que iria se realizar.

No caminho que conduzia à casa de Jairo, Jesus curou uma mulher que sofria durante muitos anos por hemorragia. Sofria física e espiritualmente em consequência do desprezo e preconceito dos outros: ela era vista como impura, amaldiçoada.

Chegando à casa de Jairo, o Senhor percebeu um alvoroço pois já choravam a morte da menina. Ao entrar disse a todos: “Para que este choro? A menina não morreu, mas dorme”. Diz o Evangelista que as pessoas zombavam d'Ele. Não compreendiam que para Deus, a verdadeira morte é o pecado que mata a vida divina na alma. Para quem crê, a morte terrena é como um sono do qual se acorda em Deus.

No Antigo Testamento, a concepção de morte, apresentada sobretudo em Gênesis, Salmos, Sabedoria, Provérbios, é uma concepção israelita: a morte constituía um mero fim. A pessoa humana era vista como um corpo que era animado pela alma que lhe dava vida. Quando uma pessoa morria, a alma que lhe dava vida desaparecia e a pessoa continuava a existir naquele corpo inanimado. Por isso Jesus dizia que o nosso Deus não é um Deus dos mortos mas sim de vivos (Mt 22,32). A morte ideal, acreditavam os judeus, era aquela que vinha após longa vida, ou seja obedecendo o ciclo natural das coisas. Quando alguém morria "antes da hora" parecia que se quebrava a normalidade e o falecido e sua família eram vistos como menos abençoados por Deus. É forte também o pensamento de que a morte existia como consequência do pecado dos primeiros pais, sendo preciso passar por ela para chegar até Deus. Quando uma jovem morria, como a filha de Jairo, acrescentava à família uma culpa enorme por consequência de uma grave falta cometida por algum de seus antepassados.

O Senhor disse: “não morreu a menina, apenas dorme”. Estava morta para os homens que não podiam despertá-la. Para Deus, a menina dormia porque a sua alma vivia submetida ao poder divino, e a carne descansava para a ressurreição.
No Novo Testamento, Paulo em suas cartas, afirma que de fato a morte é consequência e castigo do pecado, pois ela veio ao mundo por causa de um só homem que pecou (Rm 5,12). No entanto, continua ele, fomos resgatados da morte por Cristo, uma vez que em Adão todos morremos e fomos trazidos de volta à vida pelo Redentor (1Cor 15,22). Um segundo alicerce sobre o qual está baseado a concepção da morte é constituído pela afirmação de que Jesus superou a morte com sua própria morte. A morte foi o último inimigo que Cristo teve que superar (1Cor 15,25). Cristo despojou a morte de seu poder (2Tm 1,10); destruiu pela morte o dominador da morte, o diabo (Hb 2,14). A lei do Espírito da Vida em Cristo nos libertou da Lei do Pecado e da Morte (Rm 8,2). Cristo morreu e ressuscitou tornando-se Senhor dos mortos e dos vivos (Rm 14,9). Ressuscitado dos mortos, a morte não tem mais domínio sobre Ele.

O cristão experimenta a vitória de Jesus sobre a morte, pelos sacramentos. O cristão é batizado na morte de Jesus, pois somente nestas condições é que pode ressuscitar com Jesus para a nova vida. No sacramento do Batismo ele vive a morte e a ressurreição de Cristo quando submerge três vezes na pia batismal, renascendo para a vida nova em Cristo, recebendo assim a veste branca. Participar da morte de Cristo significa "tornar-se uma só coisa com Ele" (Rm 6,5). A fé em Cristo não priva o homem da morte física mas lhe dá a certeza de que esta experiência não se resume ao fim, mas ao começo de uma nova vida.

São João Crisóstomo comenta este Evangelho dizendo: “As ressurreições feitas por Jesus são certamente fatos excepcionais; ocultam todavia a realidade maior que se dará no fim dos tempos para todos os homens, como professamos ao rezarmos o Credo: a ressurreição dos corpos. A filha de Jairo tempos depois morreu novamente, mas certamente depois experimentou a Ressurreição verdadeira em Deus”.

Fonte:
Carvajal, Francisco F. «Falar com Deus». Editora Quadrante. S. Paulo, 1991.
Bíblia do Peregrino. Editora Paulus


09 de Novembro: São Nectário de Éguina, Metropolita de Pentápolis († 1920)




São Nectário: o Santo do afeto e do perdão

Não deixará, a Santa Igreja Ortodoxa de Cristo de gerar santos até o final dos tempos. A Igreja se rejubila pelos santos que se revelam em nossos dias, e hoje, em especial, pelo dulcíssimo néctar da vida virtuosa, o vaso precioso dos dons do Espírito Santo, o fiel e inspirado São Nectário, bispo de Pentápolis. Este homem santo nasceu em 1º de outubro de 1846, em Silibría da Trácia Oriental, recebendo o nome de Anastásio. Seus pais eram Demóstenes Kefalás e Maria. Sua mãe, Maria, era uma fiel devota, e quando Anastásio contava com apenas 5 anos de idade já lhe ensinara o Salmo 50. Quando o menino rezava este salmo, na altura de “ensinarei aos maus os teus caminhos”, ele repetia muitas vezes este versículo como previsse o que Deus lhe estava reservando para mais adiante. Por razões econômicas, concluindo a escola primária e o ciclo básico da escola secundária de sua cidade natal, com 14 anos de idade, mudou-se para Constantinopla, indo trabalhar no comércio de um parente seu, remunerado apenas com a comida e a habitação. Apesar das condições adversas, encontrou refúgio no estado que foi sua fiel companhia durante toda a sua vida. Os aforismos que julgava úteis para os clientes do comércio ele os escrevia nas embalagens do fumo que lhes vendia. Mais tarde, trabalhou como preceptor num estabelecimento de Constantinopla que pertencia ao Santo Sepulcro, e no qual seu tio exercia o cargo de reitor. Apreciava muito participar dos ofícios religiosos diários, e já sentia uma forte inclinação para a vida monástica.

Em 1868, com 20 anos de idade, deixou Constantinopla indo morar na Ilha de Quíos onde trabalhou como funcionário público e mestre de escola em Liti até 1873, ano em que ingressou no monastério Nea Moni. Após um tempo de noviciado que durou três anos, recebeu a tonsura monástica com o nome de Lázaro. No dia 15 de janeiro de 1877, data de aniversário de seu batismo, foi ordenado diácono pelo metropolita Gregório, de Quíos, recebendo o nome de Nectário. Em Quíos, concluiu a escola secundária, mas, por causa de um terremoto que aconteceu em 1881, viu-se obrigado a transferir-se para Atenas onde presta seus últimos exames na escola de Varvaquios como aluno livre e recebe seu diploma secundário.

Ainda em 1881 viaja para Alexandria, onde é recebido pelo Patriarca Sofrônio, que lhe recomenda estudar na universidade. Isso foi possível graças à ajuda econômica dos irmãos Joremis. Em 1822 ganhou uma bolsa da Fundação A. G. Papadakis. Em outubro de 1885 completou sua formação universitária, diplomado com qualificação de «bom».

Em 23 de março de 1886 foi ordenado presbítero pelo Patriarca Sofrônio de Alexandria. Em 16 de agosto deste mesmo ano foi promovido ao ofício de Grande Arquimandrita e confessor, sendo designado como legado patriarcal do Cairo (Egito). Trabalhou incansavelmente, sem parar e com muita abnegação e, por isso, a Igreja de Alexandria lhe conferiu o grau máximo do sacerdócio. Em 15 de janeiro de 1889 é ordenado Metropolita de Pentápolis, na Igreja de São Nicolau, do Cairo (restaurada mais tarde pelo santo), pelo Patriarca Sofrônio, pelo ex-metropolita Antônio de Corfú e pelo metropolita Porfírio de Sineo. Como metropolita, seguiu cumprindo as mesmas funções, agora, porém, sem nenhuma remuneração por conta da péssima situação econômica do Patriarcado.
Participou ativamente nas celebrações das bodas de ouro no episcopado do Patriarca, seu benfeitor e protetor, que mais adiante se tornaria seu perseguidor.

Recebeu com muita humildade o episcopado e é notável e digno de menção o que dizia ao Senhor em suas orações: «Senhor, porque me elevaste a um tão alto grau e dignidade? Eu só te pedi para poder estudar teologia na escola metropolitana. Desde a minha juventude te pedia para ser um simples trabalhador de tua divina Palavra, e Tu, Senhor, agora me provas com tantas coisas! Porém, eu me submeto, Senhor, à tua vontade, e te suplico que cultives em mim a humildade e as demais santas virtudes, da maneira como me conheces, e faz-me digno de viver todos os dias de minha vida de acordo com as palavras do bem-aventurado Paulo que dizia: ‘Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim’». E o Senhor ouviu as preces do humilde bispo. As virtudes deste santo foram divulgadas por todas as partes, e todo comentavam com admiração sobre aquele tesouro com o qual Deus os havia presenteado.

As maquinações do mal, porém, o diabo, não tardou em aparecer. Um grupo de clérigos ambiciosos que se envolveram no entorno do nonagenário patriarca, caluniaram o santo com acusações de que agitava os fiéis com o intento de usurpar o trono de Alexandria. Além disso, sugeriram que o justo Nectário teria incorrido em desregramento moral. Com tudo isso, conseguiram a remoção do santo bispo como legado patriarcal e só lhe era permitido receber alimentos da mesa comum, junto aos demais clérigos. Pouco tempo depois foi expulso do Egito com a alegação de que não havia se adaptado ao clima do Egito. Solicitou, em vão, uma audiência com o Patriarca. Isso deixou os fiéis muito aflitos, pois estavam sendo privado da presença do mais «simpático dos bispos e do melhor e mais ativo dos clérigos».

São Nectário aceitou com humildade esta injusta e amarga prova, agradecido ao Senhor, e partiu do Egito para Atenas em 1889, sem nenhum dinheiro e aflito, a procura de emprego para poder pagar o aluguel da casa que ocupava em Neápolis (Exarquia). Depois de muitos esforços conseguiu que o designassem como pregador na Ilha de Ebea. Em julho de 1893 foi transferido para o departamento de Ftiótida-Fokida, onde trabalhou incansavelmente durante seis meses, causando a todos ótimas impressões. Em março de 1894 foi designado como reitor da Escola Eclesiástica Rizarios, em Atenas. Ali ele se dedicou zelosamente ao trabalho para enraizar no zelo sacerdotal os seminaristas, visando assegurar o futuro ministerial de todos eles, para a reorganização do programa de estudos e para melhorar a dieta e os exercícios físicos dos estudantes. Conseguiu que lhe concedessem quatro bolsas de estudos por ano que destinou aos alunos provenientes da Ásia Menor. Ele, em pessoa, foi um exemplo vivo para os seminaristas. Deus especial ênfase à vida litúrgica, convertendo em centro litúrgico a Igreja de São Jorge de Rizarios, e toda a escola num instituto espiritual, convidando destacadas personagens da ciência para lá dar conferências. Sua oração era o fertilizante mais importante para o florescimento da escola. Paralelamente, exercia seu ministério litúrgico, a pregação, a confissão e a filantropia. Estabeleceu relações com o cura Planás e participava em vigílias na capela de Santo Eliseu onde cantavam dois famosos escritores da literatura moderna, Papadiamentis e Moraitidis.

Em julho de 1898 visitou pela primeira vez o Monte Athos lá permanecendo durante um mês inteiro visitando os monastérios mais importantes. Conheceu, em particular, o Ancião Daniel com quem manteve uma longa amizade. Fez também amizades com Abba Jerônimo Simonopetritis que mais tarde sucedeu São Savas de Kalimnos na direção espiritual do monastério de Éguina. No verão seguinte, agosto de 1898, viajou para Constantinopla e à sua terra natal, Silibría. Teve a oportunidade de venerar a imagem da Virgem de Silibría e a sepultura de seus pais. Em 1904 tornou realidade seu desejo de criar uma comunidade monástica feminina que, inicialmente, era constituída por quatro irmãs. O santo não deixou nunca de guiá-las espiritualmente e de sustentá-las, moral e economicamente. Em 17 de fevereiro de 1908 apresentou sua renúncia da direção da escola de Rizarios por razões de enfermidades. Dali em diante se consagrou à direção das monjas e à construção do monastério em Éguina, ao estudo da Sagrada Escritura e à ajuda espiritual e econômica aos pobres habitantes da ilha. As provações, porém, não haviam terminado. Por diversas razões o reconhecimento canônico do monastério só aconteceu depois de sua morte. Além disso, foi injustamente acusado de imoralidades pela mãe de uma jovem que chegou ao monastério para tornar-se monja. Todas estas provações ele as relevava com absoluta confiança em Deus e, não por acaso, uma de suas tarefas favoritas era confeccionar pequenas cruzes nas quais escrevia: «Cruz, parte de minha vida».

A saúde do santo foi sempre frágil e, no início do ano de 1919, uma infecção na próstata tornou seu estado ainda pior. A pedido das monjas foi internado no dia 20 de setembro no Hospital Areteio de Atenas onde permaneceu internado durante cinquenta dias. No domingo, 08 de novembro de 1905, próximo da meia noite, entregou, pleno da paz celestial, sua ditosa alma nas mãos do Deus vivo a quem amava desde a sua juventude e a quem glorificou ao longo de toda a sua vida, até a ida de 74 anos. Dos restos mortais do pobre santo exalavam um aroma de celestial fragrância. Nesse mesmo dia seu corpo foi levado a Éguina, para seu pequeno monastério onde se deu o ofício fúnebre e foi sepultado em meio a uma grande afluência de clero e de povo. Sua sepultura foi repetidamente aberta nos anos seguintes e, depois de mais de 20 anos, seu corpo encontrava-se ainda intacto e incorrupto, exalando um perfume indescritível de santidade como um receptáculo do Espírito Santo. Depois, porém, se consumiu inexplicavelmente, por razões que só Deus as conhece, assim como aconteceu também inexplicavelmente muitas outras relíquias de santos até então intactas.
No dia 2 de setembro de 1953 aconteceu a exumação das relíquias do santo pelo metropolita Procópio de Hidra, estando presentes muitos clérigos, monges e monjas, além de uma grande multidão de fiéis. Um perfume indescritível inundava todo o local. Em 1961 foi realizado o solene reconhecimento de sua santidade pelo Patriarca Ecumênico de Constantinopla.

«Grande é o Senhor nosso, e sua grandeza não tem limite, que glorifica aos que lhe glorificaram», como o anunciou sem desmentir. Com efeito, São Nectário é o santo do século XX. Doce, manso, isento de maldade, humilde, e por tudo isso, recebeu e recebe a graça do Senhor da glória. Que este simpático santo conceda a cada um de nós, em todo tempo e lugar, sua proteção e socorro paternal e salvífico. Amém.

São Nectários de Aegina

Tradução por Pedro Ravazzano


O divino Nectário de Aegina é um do mais conhecidos Santos Ortodoxos Gregos. Ele nasceu em primeiro de Outubro de 1846 em Silyvria, na Ásia Menor (agora ocupada pela Turquia). No Santo Batismo deram-lhe o nome de Anastácio. Os seus pais eram simples Cristãos piedosos. Eles criaram-no em uma maneira que agrada a Deus e fizeram com meios muito limitados para continuar sua educação formal. Tendo concluído escola elementar na sua cidade natal, ele partiu para a grande cidade de Constantinopla com 14 anos de idade. Lá, ele encontrou o emprego como um ajudante de loja e foi capaz de viver uma vida parca. Ele ia regularmente assistir à Divina Liturgia, e lia as Sagradas Escrituras e os Escritos dos Anciãos da Igreja diariamente . Em 1866, com 20 anos de idade, Anastásio foi à ilha de Chios, onde tornara-se um professor. Depois de 7 anos, ele estabeleceu o mosteiro local, aos cuidados do venerável Pacómio. Depois de 3 anos como noviço, Atanásio foi tonsurado Monge recebendo o nome Lázaro.

Um ano depois, ele foi ordenado Diácono e recebeu o nome Nectário. O Ancião Pacómio, e um rico benfeitor local convenceram o jovem monge a concluir os seus estudos superiores em Atenas. Daí o Diácono Nectários foi à Alexandria, onde conquistou a simpatia do Patriarca da Alexandria, Sofrônio. O Patriarca insistiu que Nectário concluísse seus estudos Teológicos, e então em 1885 ele licenciou-se na Escola de Teologia de Atenas. O Patriarca da Alexandria ordenou o Diácono Nectário ao Sacerdócio em 1886. O seu grande serviço à Igreja, escritos e ensinos prolíficas e, energia e zelo levaram o franco Nectário a ser ordenado como Metropolita de Pentápolis no Egito.
Como Metropolita ele foi muito admirado e amado pela seu rebanho por causa da sua virtude e pureza de vida. Mas esta grande admiração pela gente levantou a inveja de certos altos funcionários, que conspiraram e tiveram sucesso em ter o Abençoado Metropolita retirado do seu ofício em 1890 - sem uma prova ou qualquer explicação. Ele voltou à Grécia para se tornar monge e Pregador, aperfeiçoando a moral do povo. Lá o Abençoado Metropolita continuou a escrever os seus agora famosos livros.
Em 1904, o nosso Santo fundou um mosteiro de mulheres em Aegina, o Convento da Santíssima Trindade. Sob sua orientação o Convento floresceu. Em 1908, Abençoado Nectário, com 62 anos de idade, saindo da Escola Eclesiástica Rizarios e retirou-se no Convento em Aegina. Lá, viveu o resto da sua vida como um verdadeiro monge e asceta. Serviu como confessor e guia espiritual às freiras e até sacerdotes da longe Atenas e Pirineus. A sua santa e piedosa vida seguiu adiante com uma direção iluminadora a todos perto dele. Muitos lhe buscariam atrás de curas. São Nectário foi um grande andarilho durante a vida.
No dia 20 de Setembro de 1920 uma das freiras levou-o ao hospital local, apesar do seu protesto. Ele convulsionava na dor de uma doença existente há muito tempo. Foi admitido, e colocado em uma ala reservada para pobres e renegados. Lá ele ficou durante dois meses entre a vida e a morte. Às 10:30 da manhã do dia 8 de Novembro, embora no meio de dores terríveis, na paz e na oração ele abandonou o seu espírito para Deus com 74 anos de idade.
Logo após seu repouso, uma enfermeira veio prepará-lo para a transferência para o enterro em Aegina. Esta retirou o suéter do Santo, inadvertidamente colocou-o na cama ao lado, na qual um paralítico estava. E Oh! Grande maravilha, o paralítico imediatamente começou a recuperar a sua força e saiu curado de sua cama, glorificando a Deus.
Algum tempo depois do seu repouso, estranhamente uma bela fragrância foi emitida pelo seu corpo Sagrado, enchendo a sala. Muitos vieram para venerar as suas santas relíquias antes do seu enterro. Com estupefação, os fiéis observaram um fluído fragrante que ensopara o seu cabelo e barba. Mesmo depois de 5 meses, quando as freiras do convento abriram a sepultura do Santo para construir um túmulo de mármore, eles encontraram o corpo intacto em todos os aspectos e emitindo um maravilhosa e celeste aroma. De mesmo modo três anos depois, as Relíquias Sagradas estavam ainda inteiras e exalando o mesmo abençoado cheiro.



A Igreja Ortodoxa o proclamou Santo no dia 20 de Abril de 1961. A sua Abençoada Memória é celebrada pela Igreja no dia 9 de Novembro.







Tropário de São Nectário de Éguina (tom 4º)

Fiéis, honremos o filho da Silíbria e protetor da Igreja,
coluna da Ortodoxia e verdadeiro amigo da virtude.
São Nectário de Eguina, vivendo em tempo recente,
é um servo inspirado de Cristo e dele brota todo o gênero de curas
para aqueles que exclamam com fé:
Glória a Cristo que te glorificou!
Glória aquele que fez de ti taumaturgo!
Glória aquele que por ti concede a todos a cura!

Tradução e publicação neste site com permissão de:
Ortodoxia.org Trad.: Padre André
Hino «Agni Parthene»
O hino Agni Parthene foi composto por São Nektários de Egina, bispo ortodoxo, e se conta que, após sua morte, ninguém sabia mais a melodia. Então, anjos teriam descido do céu cantando o "Agni Parthene".
Tradução em português por Fábio Lins



Ó Virgem Pura e Rainha,
Imaculada, Theotokos!
Ave, Esposa Inesposada!
Mãe Virgem e Rainha,
Manto Orvalhado cobre-nos!
Ave, Esposa Inesposada!
Ó Altíssima, mais que os céus,
ó Luminosa, mais que o sol!
Ave, Esposa Inesposada!
Ó deleite dos santos virginais,
maior que os celestiais!
Ave, Esposa Inesposada!
Ó luz dos céus mais brilhante,
mais pura e radiante!
Ave, Esposa Inesposada!
Ó mais Santa e angelical,
ó Santíssimo altar celestial!
Ave, Esposa Inesposada!
Maria Sempre Virgem,
Senhora da Criação!
Ave, Esposa Inesposada!
Ó Imaculada Esposa Virgem,
ó Puríssima Nossa Senhora!
Ave, Esposa Inesposada!
Maria, Esposa e Rainha,
fonte da nossa alegria!
Ave, Esposa Inesposada!
Venerável Virgem Donzela,
Santíssima Mãe e Rainha!
Ave, Esposa Inesposada!
Mais venerável que os Querubins,
mais gloriosa que os Sereafins!
Ave, Esposa Inesposada!
És mais alta em plena glória,
que toda a hoste incorpórea!
Ave, Esposa Inesposada!
Ave hino dos arcanjos,
Ave música dos anjos!
Ave, Esposa Inesposada!
Ave, canto dos Querubins,
Ave canto dos Serafins!
Ave, Esposa Inesposada!
Ave, paz e alegria, alegrai-vos,
Ave, porto da salvação!
Ave, Esposa Inesposada!
Do Verbo santo, quarto nupcial;
Flor, fragrância da Incorrupção!
Ave, Esposa Inesposada!
Ave, deleite do Paraíso,
Ave, Vida Imortal!
Ave, Esposa Inesposada!
Ave, Árvore da Vida,
e Fonte da Imortalidade!
Ave, Esposa Inesposada!
Imploro-te, ó Rainha,
eu te suplico!
Ave, Esposa Inesposada!
Peço-te ó Rainha da Criação,
imploro tua benção!
Ave, Esposa Inesposada!
Ó Virgem Pura Venerável,
ó Santíssima Senhora
Ave, Esposa Inesposada!
Com fervor eu te suplico,
ó Templo Sagrado!
Ave, Esposa Inesposada!
Percebe-me, ajudai me,
livra-me do inimigo!
Ave, Esposa Inesposada!
Intercede por mim
para que eu tenha a Vida Eterna!
Ave, Esposa Inesposada!





Folheto Dominical da Igreja Anunciação da Mãe de Deus


Responsável

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