PATRIARCADO
ECUMÊNICO DE CONSTANTINOPLA
Arquidiocese Ortodoxa Grega
de Buenos Aires e América do Sul
Igreja
Anunciação da Mãe de Deus
SGAN - Quadra 910
- Módulo ‘’B’’ - CEP: 70.790-100 - Brasília-DF
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Brasília, 22 de março de
2015
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4° Domingo da Quaresma
«São João
Clímaco»
Domingo 3° antes da Páscoa
Matinas
Tropário:
Desceste das alturas, ó misericordioso,
e aceitaste o sepultamento durante três dias, para nos livrar das paixões. Senhor,
És nossa vida e nossa ressurreição, glória a Ti.
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo,
Desceste das alturas, ó misericordioso,
e aceitaste o sepultamento durante três dias, para nos livrar das paixões. Senhor,
És nossa vida e nossa ressurreição, glória a Ti.
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos.
Amém.
Theotokion:
Tu, que por nossa salvação, nasceste
de uma virgem e padeceste a crucificação, ó boníssimo por Tua morte, despojaste
a morte, Tu que é Deus, nos revelaste a ressurreição, não desprezes aqueles que
a Tua mão criou. Manifesta a Tua misericórdia, ó amigo do homem; aceita as preces
daqueles que deste a Luz e salva os desesperados, ó nosso Salvador.
Katisma:
Ó vida de todos, ressuscitaste os mortos.
Um anjo resplandecente dizia às santas mulheres, "cessai de chorar, levai,
a boa nova aos Apóstolos, canta\ e c\ama\ Cristo Senhor ressuscitou! Ele se dignou
salvar o gênero humano, porque é Deus."
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo.
Na verdade ressuscitaste do túmulo e
deste as santas mulheres a ordem de anunciar aos Apóstolos a tua ressurreição, predita
pelas Escrituras. E Pedro correndo chega ao sepulcro; ele. vê a luz no túmulo e
se enche de temor, mas ele percebe no chão o lençol sem teu corpo divino e ele exclama
com fé: Glória a ti, ó Cristo Deus, nosso salvador, que salvas todos os homens.
Tu és o esplendor da glória do Pai.
Agora sempre e pelos séculos dos séculos
Amém.
Theotokion:
Nós cantamos a ti, porta do céu
Nós cantamos a ti, arca da aliança
Nós cantamos a ti, santa montanha
Nós cantamos a ti, nuvem luminosa
Tu , o grande tesouro do universo resgataste
Eva. Por ti veio a salvação e o antigo pecado foi remido. Por, isto, nós te imploramos:
ora por nós a teu filho; e teu Deus para que conceda o perdão dos pecados daqueles
que adoram, piedosamente teu santo nascimento.
Ypakoí:
Paradas no túmulo do Doador de Vida,
as portadoras de aromas procuravam o Mestre imortal entre os mortos; e ao receberem
a boa nova de alegria do Anjo, elas anunciaram aos Apóstolos que Cristo havia ressuscitado,
concedendo grande misericórdia para o mundo.
Antífona:
Desde a minha juventude o inimigo me
prova, pelos prazeres ele me seduz; mas, colocando minha esperança e Ti, Senhor,
eu o rejeito. Que os inimigos de Sião se tornem como o feno antes mesmo de ser arrancado,
porque o Cristo cortará seus pescoços com a foice dos tormentos.
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo, agora, sempre
e pelos séculos dos séculos. Amém.
Pelo Espírito Santo, todo o ser vive,
porque Ele é a Luz da Luz, o grande Deus.
Prokimenon:
O Senhor vosso Deus, reinará para sempre,
ó Sião, de geração em geração. (2x).
Stichos
Ó minha alma, louvai o Senhor (repete
a primeira).
Evangelho: Jo 20, 11-18
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo,
segundo o Evangelista São João.
Naquele tempo, Maria estava chorando
fora, junto ao sepulcro. Estando ela, pois, chorando, abaixou-se para o sepulcro.
E viu dois anjos vestidos de branco, assentados onde jazera o corpo de Jesus, um
à cabeceira e outro aos pés. E disseram-lhe eles: Mulher, por que choras? Ela lhes
disse: Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o puseram. E, tendo dito isto,
voltou-se para trás, e viu Jesus em pé, mas não sabia que era Jesus. Disse-lhe Jesus:
Mulher, por que choras? Quem buscas? Ela, cuidando que era o hortelão, disse-lhe:
Senhor, se tu o levaste, dize-me onde o puseste, e eu o levarei. Disse-lhe Jesus:
Maria! Ela, voltando-se, disse-lhe: Raboni, que quer dizer: Mestre. Disse-lhe Jesus:
Não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai, mas vai para meus irmãos, e
dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus. Maria Madalena
foi e anunciou aos discípulos que vira o Senhor, e que ele lhe dissera isto.
Kondakion:
Tu Te elevaste do túmulo e ressuscitaste
dos mortos, elevaste Adão, Eva se rejubila em Tua ressurreição e as extremidades
do mundo celebram teu despertar de entre os mortos, ó misericordiosissimo.
Ikós:
Despojaste os palácios dos infernos e
ressuscitaste dos mortos, ó pacientíssimo, vieste ao encontro das merróforas e em
lugar, da tristeza lhes trouxeste a alegria.
Aos apóstolos manifestaste os sinais
de tua vitória, ó meu Salvador, que dás a vida, e iluminaste a criação, ó amigo
do homem.
Eis porque o universo se rejubila pelo
teu despertar de entre os mortos, ó misericordiosíssimo.
Exapostilário:
Quando Maria viu dois anjos dentro do
túmulo, admirou-Se e não reconheceu Jesus; pensando ser Ele o jardineiro, perguntou-Lhe:
“Senhor, aonde puseste o corpo de Cristo?”.
Quando Ele A chamou, reconheceu ser logo
o Salvador e ouviu a Sua recomendação: “Não Me toques, porque Eu ainda vou a Meu
Pai, mas diga o que viu aos Meus irmãos”.
Theotokion:
Tu, que por nossa salvação, nasceste
de uma virgem e padeceste a crucificação, ó boníssimo, por Tua morte despojaste
a morte; Tu que és Deus, nos revelaste a ressurreição. Não desprezes aqueles que
Tua mão criou e manifesta a Tua misericórdia, ó amigo do homem. Aceita as preces
daquele, a quem deste a Luz e salva os desprezados, ó nosso Salvador.
Laudes:
1º Senhor, compareceste perante o tribunal para ser julgado por Pilatos
e não deixaste o trono em que Te assentas com o Pai. Ressuscitado dentre os mortos,
libertaste o mundo da tirania do usurpador, porque és compassivo e filantropo.
2º Senhor, Te colocaram num Sepulcro como morto; os soldados Te guardavam
como um Rei que dorme; como sobre o tesouro da vida, eles puseram selos. Mas Tu
ressuscitaste e deste às nossas almas a grande misericórdia.
3º Senhor, Tu nos deste a cruz como uma arma contra o demônio; diante
dela, ele treme de temor, sem poder suportar a Tua força, ela que ressuscita os
mortos e destrói a morte. Nós adoramos a Ti (Tua Sepultura e Tua Ressurreição).
4º Senhor, Teu anjo, que pregou a Ressurreição, encheu os guardas de
temor e se dirigiu às mulheres: porque procuravam o vivo entre os mortos? Ele ressuscitou
e deu ao mundo a vida eterna e a grande misericórdia.
5º Tu, ó impassível, em Tua divindade, padeceste na cruz, aceitaste
permanecer três dias no sepulcro para nos dar a imortalidade e conceder-nos a vida,
por Tua ressurreição, ó Cristo, nosso Deus, amigo dos homens.
6º Eu adoro, eu glorifico, eu canto, ó Cristo, Tua ressurreição do
túmulo. Por ela, Tu nos libertaste dos elos do inferno e Tu, que és Deus, deste
ao mundo a vida eterna e a grande misericórdia.
7º Os sem lei guardavam Teu Sepulcro, que eles haviam selado, colocando
guardas. Mas Tu, Deus Imortal e todo poderoso, ressuscitaste no terceiro dia.
8º Senhor, quando chegaste às portas do inferno e as quebraste, os
cativos clamaram, dizendo: Quem é Aquele que as profundezas da Terra não podem conter,
e que anulou a prisão da morte como se fosse uma simples tenda? Eu o acolhi como
um mortal, e eu o temo como um Deus. Salvador, todo poderoso, tem piedade de nós.
Eothinon:
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito
Santo.
As sentidas lágrimas de Maria Madalena
não foram vertidas em vão. Veja como ela aprendeu dos anjos, ó Jesus, a olhar a
Tua face; mas como ela era uma fraca mulher, estava pensando em coisas mundanas,
foi impedida de tocar em Ti, ó Senhor, mas foi mandada a anunciar a Tua ressurreição
aos Teus discípulos, declarando a Tua ascensão para a perpétua herança Paternal.
Concede-nos, como foi a ela concedido, de ver o Teu aparecimento, ó Senhor Deus.
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos.
Amém.
Theotokion:
Bendita e venerável és Tu, ó Mãe de Deus, em cujo seio se encarnou
Aquele que visitou o inferno, libertando Adão e Eva da maldição, destruindo a morte
e dando a vida a todos nós.
Por isso bendirei o Cristo em qualquer tempo, e sempre o Seu louvor
estará em minha boca (2 vezes).
Ó Senhor, ressuscitado do sepulcro, rompeste
os grilhões do inferno, eliminaste o poder da morte, salvando todos dos laços do
inimigo; e quando apareceste a teus discípulos, os enviaste a evangelizar e, através
deles, deste tua paz ao mundo, tu que és o Único Misericordioso.
Divina Liturgia
Anunciação
- Modo 4:
É hoje o começo da nossa salvação e a manifestação
do mistério eterno.
O Filho de Deus torna-Se Filho da Virgem e
Gabriel anuncia a graça.
Por isso, cantamos com ele à Mãe de Deus:
“Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo!”
Tropário da Ressurreição
- 8º tom:
Descestes das alturas, ó misericordioso,
e aceitaste o sepultamento durante três dias, para nos livrar das paixões. Senhor,
És nossa vida e nossa ressurreição, glória a TI.
Tropário Próprio:
Pela abundância de tuas lágrimas, o deserto
estéril tornou-se fértil e pela tua profunda compunção, tuas obras produziram o
cêntuplo. Tornaste-te assim, para o universo, um astro brilhante pelos milagres,
ó nosso justo pai João. Intercede, pois, ao Cristo Deus, pela salvação de nossas
almas.
Kondakion – 8º tom:
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo.
Tendo ressuscitado do túmulo deste a
vida aos mortos e levantaste Adão; Eva se regozija com a tua Ressurreição, e exultam
de alegria os confins da terra, ó Misericordioso!
Theotokion – 8º tom:
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos.
Amém
Tu, que pela nossa salvação nasceste
da Sempre Virgem Maria, sofreste a crucifixão, ó Misericordioso, com a morte, venceste
a morte como Deus, revelando a Ressurreição. Não abandones a nós, criaturas de tuas
mãos, mostra a tua bondade pela humanidade, atende as preces da tua Mãe que ora
por nós, ó Misericordioso, Salva, ó Salvador, nosso povo desolado!
Kondakion Próprio:
Ofereceste-nos os teus ensinamentos como
frutos sempre maduros, que deleitam os corações dos que os ouvem com atenção, ó
sábio e bem-aventurado! São eles, com efeito, uma escada que conduz para a celeste
glória as almas dos que te honram com fé.
Outro Kondakion:
O Senhor te colocou no mais alto ponto
da renúncia, ó nosso pai e mestre João, como um astro verdadeiro e firme que ilumina
os horizontes!
Prokimenon:
Fazei votos ao Senhor nosso Deus e cumpri-os; todos
os que o cercam tragam oferendas.
Deus é conhecido na Judéia, grande é o seu nome em
Israel.
Epístola Hb 6, 13-20
Leitura da Epistola do Apóstolo São Paulo aos Hebreus.
Imãos, quando Deus fez a promessa a Abraão, não podendo jurar por alguém superior
a ele, jurou por si mesmo, dizendo: «Eu concederei a você copiosas bênçãos e o multiplicarei
em grande número.» Abraão perseverou e alcançou a promessa. Na verdade, os homens
juram por alguém superior a eles; assim, o juramento é uma garantia para eles e
põe fim a qualquer discussão. Por isso, querendo mostrar mais claramente aos herdeiros
da promessa que a sua decisão era irrevogável, Deus interveio através de juramento.
E assim, dois atos irrevogáveis, nos quais é impossível Deus mentir, trazem poderoso
encorajamento para nós que tudo deixamos para nos agarrar firmemente à esperança
que nos foi oferecida. A esperança é como âncora para a nossa vida. Ela é segura
e firme, é penetrante até o outro lado da cortina do santuário, onde Jesus entrou
por nós como precursor, tendo-se tornado sumo sacerdote para sempre, segundo a ordem
do sacerdócio de Melquisedec.
Aleluia!
Aleluia, aleluia, aleluia!
É bom exaltar o Senhor e cantar louvores ao teu Nome, ó Altíssimo
(Sl 92, 1).
Aleluia, aleluia, aleluia!
Proclamar pela manhã o teu amor e a tua fidelidade pela noite
(Sl 91, 2).
Aleluia, aleluia, aleluia!
Evangelho Mc 9, 17-31
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo,
segundo o Evangelista São Marcos.
Naquele tempo, um homem veio a Jesus
e disse: «Mestre, eu trouxe a ti meu filho que tem um espírito mudo. Cada vez que
o espírito o ataca, joga-o no chão e ele começa a espumar, range os dentes e fica
completamente rijo. Eu pedi aos teus discípulos para expulsarem o espírito, mas
eles não conseguiram.» Jesus disse: «Ó gente sem fé! Até quando deverei ficar com
vocês? Até quando terei que suportá-los? Tragam o menino aqui.» E levaram o menino.
Quando o espírito viu Jesus sacudiu violentamente o menino, que caiu no chão e começou
a rolar e a espumar pela boca. Jesus perguntou ao pai: «Desde quando ele está assim?»
O pai respondeu: «Desde criança. E muitas vezes já o jogou no fogo e na água para
matá-lo. Se podes fazer alguma coisa, tem piedade de nós e ajuda-nos.» Jesus disse:
«Se podes!... Tudo é possível para quem tem fé.» O pai do menino gritou: «Eu tenho
fé, mas ajuda a minha falta de fé». Jesus viu que a multidão corria para junto dele.
Então ordenou ao espírito mau: «Espírito mudo e surdo, eu lhe ordeno que saia do
menino e nunca mais entre nele.» O espírito sacudiu o menino com violência, deu
um grito e saiu. O menino ficou como morto e por isso todos diziam: «Ele morreu!»
Mas Jesus pegou a mão do menino, levantou-o, e o menino ficou de pé. Depois que
Jesus entrou em casa, os discípulos lhe perguntaram à parte: «Por que nós não conseguimos
expulsar o espírito?» Jesus respondeu: «Essa espécie de demônios não pode ser expulsa
de nenhum modo, a não ser pela oração». Partindo daí Jesus e seus discípulos atravessavam
a Galiléia. Jesus não queria que ninguém soubesse onde ele estava, porque estava
ensinando seus discípulos. E dizia-lhes: «O Filho do Homem vai ser entregue na mão
dos homens, e eles o matarão. Mas, quando estiver morto, depois de três dias ele
ressuscitará.»
Sinaxe
Homilia
para o «4º Domingo da Santa e Grande Quaresma» de S. Emncia. Revma. Dom TARASIOS,
Arcebispo Metropolita de Buenos Aires, Primaz e Exarca da América do Sul
Neste Quarto Domingo da Grande
Quaresma, no episódio que ouvimos hoje do Evangelho, Nosso Senhor Jesus Cristo nos
ensina e fala acerca da fé. Detenhamo-nos um momento para refletir sobre isso. O
pai do menino possesso se aproxima do Senhor para lhe pedir sua ajuda, dizendo:
«se podes fazê-lo». E a imediata resposta do Senhor Jesus é que «tudo é possível
para os que crêem».
Vivemos num mundo cada vez mais
cético, onde os seres humanos vão se desumanizando, onde a exploração do homem pelo
homem é cada vez mais agressiva, tentando anulá-lo totalmente, destruindo a sua
dignidade como imagem de Deus.
Recentemente, veiculou uma notícia
nos jornais, dando conta que, em alguns países da Europa, e também da América do
Sul, os trabalhadores que ocupam funções nos caixas dos supermercados são proibidos
de irem ao banheiro, vendo-se obrigados a usar fraldas, como bebês. Este é apenas
um exemplo do que está acontecendo. Deus já não aparece na vida daqueles que o substituíram
por outros «deuses» e ídolos, tais como a ânsia de fazer mais e mais dinheiro e
da vontade de poder absoluto.
Então, pessoas como as do exemplo,
são excluídas, suas vidas são usurpadas, sofrem de stress e depressão pelo medo
de perder seu trabalho, seu sustento. À estas pessoas também chegam a incredulidade,
que as conduz a um círculo vicioso, o mesmo em que estão seus exploradores.
Mas o Senhor nos diz que tudo
é possível para quem crê, ou seja, para o que tem fé. Isto não é uma possibilidade,
mas uma certeza que se pode reverter o que está acontecendo. No Evangelho, escutamos
que o Senhor liberta o menino do demônio mudo. Com Sua autoridade e poder, ordena
que saia da criança.
Ainda quando, pelas circunstâncias
da vida em que a pessoa se encontre, se tão somente tivesse fé do tamanho de um
semente de mostarda, com certeza, teria o auxílio de Deus em sua vida.
Sabemos, porém, que os fortes
vendavais que sopram por todos os lados do mundo, podem levar para longe esta já
frágil fé e, por isso, a exemplo deste pai do menino possuído, devemos suplicar
ao Senhor: «Ajuda-me, porque tenho pouca fé».
Somente Jesus Cristo, através
de Sua graça na Sua Igreja, pode ajudar a fortalecê-la, a torná-la sólida como a
casa construída sobre a rocha, tal como nos relata o Evangelho de São Mateus (cf.
Mt 7, 24-29).
Como podemos conseguir? O mesmo
Senhor Jesus responde: aquele que me ouve e faz o que eu digo (Mt 7, 24). Aqui está
o único que pode nos libertar, como já disse acima, da ansiedade, da angústia, da
depressão, das preocupações que nos conduzem a nada do que é bom, senão, destrói
a pessoa. É Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, que nos conhece a cada um
pelo nome, pessoal e individualmente, que sabe das nossas necessidades, antes mesmo
de abrirmos a nossa boca para gritar por sua ajuda.
Assim como na passagem do Evangelho
que acabamos de ouvir, o menino foi libertado do espírito mudo da mesma forma também
Nosso Senhor pode nos libertar de tudo o que nos emudece neste incrédulo mundo,
de tudo o que nos causa sofrimento e dor, porque só Ele pode tornar as nossas vidas
plenas e preencher as nossas necessidades espirituais e materiais.
Neste período quaresmal, é justo
e necessário que nos aproximemos da Semana Santa e da Páscoa vindo e participando
em nossa Igreja, dispondo-nos a ouvir a Sua voz, a escutar a Sua palavra e o seu
ensinamento e sobre elas refletir. Apropriemo-nos da graça e preparemos nossa libertação
e ressurreição, com e em Cristo, Aquele nos dá a verdadeira dignidade de seres humanos,
de filhos de Deus, que nos transforma e nos faz participar da Sua Realeza, da vida
eterna, em Seu Reino Celestial.
Boa Páscoa!
Buena Pascua!
São João Clímaco
São João Clímaco nasceu por volta
de 579 e morreu no Egito, no ano 649. Aos 60 anos foi eleito abade do Mosteiro do
Sinai. Seu nome "Clímaco" é um codinome derivado da obra escrita em grego,
intitulada "Klimax tou Paradeisou". Sua obra ficou tão afamada que rapidamente
o autor era referido como "João da Escada" ou, "João Clímaco".
Escreveu esta obra quando ainda
era abade. Em 30 capítulos ou 30 degraus, como preferia chamar, explicava quais
os vícios perigosos para os monges e quais as grandes virtudes que os distinguiam.
O próprio João Clímaco comparava sua obra à escada de Jacó ou também aos 30 anos
da vida de Jesus.
A obra encontrou aceitação e rápida
divulgação: atesta-se a existência de 33 manuscritos gregos, muitas traduções latinas,
siríacas, armênias, eslavas e árabes. Junto à obra, como apêndice, está um importante
documento que orienta os abades a exercer santamente sua autoridade dentro do monastério.
Para São João Clímaco, o ideal
monástico é uma vida hesycasta onde trava-se uma guerra invisível e constante contra
os maus pensamentos para que eles não atrapalhem a vida de oração do monge. Ele
era um bom conhecedor dos Antigos Padres - dos solitários do deserto egípcio aos
Padres da Palestina. Considerava a vida monástica como necessária para a vida da
Igreja, não só como um apostolado, mas como exemplo de vida a ser seguida.
Para João Clímaco, os monges devem
influenciar a Igreja por viverem uma vida angelical, embora ainda possuíssem um
corpo material e corruptível. Dizia que o chamado à vida monástica é para poucos
e não para todos.
Após termos vivido as riquezas
da celebração do "Domingo da Venerável e Vivificante Cruz", o domingo
posterior nos convida a descobrir os valores da oração, do sacrifício e dos jejuns,
tendo como exemplo São João Clímaco. Não é difícil encontrarmos cristãos que pensem
que a prática da oração constante e do jejum seja um dever exclusivamente daqueles
que abraçaram a vida religiosa.
Parece que num mundo tão materializado,
a prática da oração e do jejum são relegados ao esquecimento. A Igreja enfatiza
que tais práticas são extensivas a todos os cristãos, pois através delas encontraremos
caminhos que nos levam à santidade. Embora a vida monástica não seja para todos,
como dizia São João Clímaco, alguns exemplos porém, devem ser seguidos . Entre eles
estão a oração e o jejum. Assim dizia a respeito:
«A Oração é o jejum da mente,
pois quando rezamos afastamos dela pensamentos mundanos para nos elevar até Deus.
O Jejum e a abstinência de certos alimentos é a oração do corpo, pois educamos nossa
vontade corporal para se chegar à perfeição espiritual. O jejum refreia a tagarelice.
Ele nos fará misericordiosos e dispostos a obedecer; destrói os pensamentos maus
e elimina a insensibilidade do coração.O jejum é uma maneira de exprimir o amor
e a generosidade; através dele, sacrificam-se os prazeres da terra, para obter as
alegrias do céu».
No jejum, o homem fundamenta sua
vida em Deus e não em si mesmo. Através de um corpo educado pela vontade, buscamos
a Deus Uno e Trino, verdadeiro alimento e verdadeira água viva.
São João Clímaco definia a oração
como uma profunda amizade com Deus. O amigo sente necessidade de estar com o seu
amigo. Desta forma a saudade de se estar com Deus é amenizada pela oração. A oração
é o oxigênio da alma. É o hálito do Espírito Santo que perpassa todo o interior
da pessoa.
«Orai sem cessar», dizia São Paulo.
Este conselho paulino não pode ser entendido como o afastamento completo de nossas
responsabilidades nem como escusa no cumprimento de nossos compromissos. Devemos
rezar em nossos momentos de trabalho. Fazer do nosso trabalho um ato de louvor ao
Criador é um ideal.
Grandes monges de longa experiência
de vida em oração, nos dão algumas orientações para que possamos chegar ao amadurecimento
espiritual. Para iniciarmos uma vida de oração são necessários alguns cuidados:
devemos esforçar para evitar tudo o que agita o nosso coração, tudo que é causa
de falta de atenção, de super excitação, tudo o que desperta as paixões ou nos torna
ansiosos. Na medida do possível, devemos nos libertar do barulho, da agitação e
da inquietação. Basta termos certeza que a graça de Deus nos é suficiente e a Ele
nos entregar.
Não menos importante é nos libertar
das inquietações internas: nossa alma deve estar apaziguada, tranqüila e serena.
Não podemos nos apresentar diante de Deus para rezar possuindo sentimentos de rancor,
ódio, frieza no coração.
São João Clímaco também nos orienta
que para se viver uma vida de oração verdadeira é preciso antes sermos obedientes
à voz de nossa alma. Devemos obedecer à voz de nossa alma quando nosso corpo exige
que se satisfaça suas vontades. A obediência é um instrumento indispensável, na luta contra a própria
vontade.
"Ela é a condenação à morte dos membros do nosso corpo, em benefício
da vida do espírito. Ela é ainda a sepultura da vontade própria, e a ressurreição
da humildade"
(Escada, Degrau 3:3).
Por mais que façamos jejuns e ofereçamos nossa oração a Deus, é necessário
termos consciência de que Deus não precisa do nosso jejum, nem tem necessidade da
nossa oração. Ele é perfeito, nada lhe falta, e não pode precisar de coisa alguma
que nós, suas criaturas, possamos lhe oferecer. Nada temos para lhe dar; mas, diz
São João Crisóstomo, «Ele aceita que lhe apresentemos as nossas ofertas, para nossa
própria santificação».
A maior oferenda que podemos apresentar ao Senhor, somos nós mesmos;
e, só o poderemos fazer, entregando-lhe nossa vontade. Aprendemos isso pela obediência;
e aprendemos a obedecer pela prática. Estar ciente destas verdades e ainda assim
sermos pessoas de oração e de jejuns significa que o orgulho e a vaidade foram dominados.
A oração é uma das asas que nos erguem para o céu; a outra é a fé.
Com uma asa só, não se pode voar: a fé sem a oração é tão vã quanto a oração sem
a fé. Mas, se nossa fé for frágil demais, é bom clamarmos: "Senhor, dai-nos
a fé!".
Sem a oração, não esperemos encontrar o que tanto procuramos: Deus.
A vida de oração é exercitada pela prática constante. Podemos iniciar a passos lentos
mas profundos. Cada passo um após o outro deverá ser sinal de progresso na vida
espiritual. O tempo é o que menos conta, a qualidade de nossa oração é que faz a
diferença.
Quando oramos, nosso "eu" deve calar-se. Segundo São Basílio,
nossa oração deve conter quatro elementos: adoração, ação de graças, confissão dos
pecados e pedido de salvação. Tanto a oração e o jejum nos auxiliam para a nossa
salvação e santificação. A Igreja nos convida a prosseguir nesta caminhada de riquezas
que nos fazem sentir encorajados a prosseguir rumo à perfeição. Que Deus nos ilumine
e nos dirija nestes santos propósitos.
BIBLIOGRAFIA:
BERARDINO, Ângelo. Dicionário
Patrístico e de Antiguidades Cristãs. Petrópolis: Ed. Vozes, 2002.
São Basílio de Ancira, hieromártir (†
363)
Em
meados do século IV, quando arianos e semiarianos propagavam suas heresias,
Basílio era então sacerdote em Ancira. Era um santo homem que recebeu sua
formação na verdadeira doutrina da Igreja pelo bispo Marcelo. Depois que o
bispo Marcelo foi desterrado pelo imperador Constâncio, e que um semiariano
chamado Basílio ocupou a sede de Ancira, o sacerdote Basílio não cessou de
exortar seu povo a permanecer fiel à sua fé. Em 360, os arianos radicais
dominaram a região e depuseram o bispo semiariano, proibindo Basílio de,
sequer, assistir aos ofícios religiosos. Contudo, desobedecendo estas
imposições e apoiado por seus fiéis, Basílio conseguiu recuperar muitos dos que
haviam sido enganados e defendeu a fé, desafiando as ordens do imperador
Constâncio.
Quando Juliano,
o Apóstata chegou ao trono, a perseguição explicita cessou temporariamente, pois
o imperador quis empregar métodos mais sutis para combater os cristãos e minar sua
fé. Contudo, em alguns casos perdeu a paciência e autorizou alguns castigos aos
cristãos. Basílio, que continuava seus esforços contra a política imperial de Ancira,
foi preso e acusado de incitar o povo contra os deuses pagãos, e de falar abertamente
contra o imperador e a sua religião. Basílio professou sua fé e foi martirizado
na prisão. Não se deve confundir Basílio, presbítero de Ancira com seu oponente
Basílio, bispo (semiariano) de Ancira.
Tradução e publicação neste site com permissão de Ortodoxia.org
Trad.: Pe. Pavlos Tamanini
Folheto
Dominical da Igreja Anunciação da Mãe de Deus
Responsável
Reverendo Ecônomo Padre Emanuel Sofoulis
Editoração e Diagramação
Antonio José
Atualização da Página na
internet
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