25 julho 2015

8º Domingo de Mateu


PATRIARCADO ECUMÊNICO DE CONSTANTINOPLA
Arquidiocese Ortodoxa Grega de Buenos Aires e América do Sul
Igreja Anunciação da Mãe de Deus
SGAN - Quadra 910 - Módulo ‘’B’’ - CEP: 70.790-100 - Brasília-DF
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Brasília, 26 de julho de 2015.
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8º Domingo de Mateus

(8º depois de Pentecostes - Modo Grave)

Memória dos Santos Hieromártir Hermolau e Mártires Hermipo e Hermocrates em Nicomédia († 305-312).


Matinas
Tropário:
Destruístes com a Tua Cruz a morte, abristes ao ladrão o paraíso, transformaste o luto das mirróforas e ordenaste, aos Teus Apóstolos pregarem que Tu ressuscitaste, ó Cristo Deus, dando ao mundo a grande misericórdia.
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo,

Destruístes com a Tua Cruz a morte, abristes ao ladrão o paraíso, transformaste o luto das mirróforas e ordenaste, aos Teus Apóstolos pregarem que Tu ressuscitaste, ó Cristo Deus, dando ao mundo a grande misericórdia.
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.

Theotokion:
Virgem gloriosa, tesouro de nossa ressurreição, arrancai dos abismos do pecado aqueles que colocam a sua esperança em Ti, pois salvaste os pecadores subjugados às suas faltas, Tu que destes nascimento à nossa salvação, Tu que permanecestes virgem no parto, durante o parto e após o parto.

Katisma:
O sepulcro está aberto, o inferno se lamenta e Maria exclama aos apóstolos prostrados: "Saí, operários da vinha, proclamai a nova da ressurreição. O Senhor ressuscitou e deu ao mundo a grande misericórdia."
Glória ao Pai , Filho e Espírito Santo.

Ao lado de Teu sepulcro, Senhor, Maria Madalena chora e se lamenta: Ela Te fala e, pensando que eras o jardineiro, e diz: "Onde colocaste a vida eterna? Onde colocaste aquele que se assenta sobre o trono dos querubins?" E quando ela viu os guardas gelados, caírem como mortos, exclamou: "Dai-me o meu Senhor, ou então clamai comigo: glória a Ti que desceste até os mortos, glória a que ressuscitaste dos mortos."
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos.

Theotokion:
Ó virgem Mãe de Deus, intercede por nós ao Cristo Deus que foi crucificado por nós, e que com a Sua ressurreição destruiu o império da morte. Intercede sem cessar, Ó Mãe de Deus, para que ele salve as nossas almas.

Ypakoí:
Porque Tu amas a humanidade, ó Cristo nosso Deus, Tu Te puseste na forma humana e na carne sofreste a Cruz; salva-me por Tua Ressurreição.

Antífona:
Ó Tu,que resgataste os cativos de Sião de seus erros. Ó Salvador dá-me a vida e arranca-me da escravidão das paixões. Aquele que vem do Sul semeia as penas da abstinência e ceifará com alegria os frutos da vida eterna.

Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.

Do Espírito Santo, fonte dos tesouros divinos, jorra toda sabedoria, julgamento e temor de Deus. A Ele o louvor e a glória, a honra e o poder.

Prokimenon:
Levanta-Te, Senhor, que Teus braços se elevem e não Te esqueças de Teus pobres até o fim dos tempos. (2 vezes).

Stichos:
Eu Te louvarei, Senhor, de todo o meu coração e celebrarei todas as Tuas maravilhas (repete à primeira).

Evangelho:                                                                                         Jo 20, 11-18
Evangelho de Nosso Senhor Jesus  Cristo, segundo o Evangelista São João.

Naquele tempo, Maria estava chorando fora, junto ao sepulcro. Estando ela, pois, chorando, abaixou-se para o sepulcro. E viu dois anjos vestidos de branco, assentados onde jazera o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. E disseram-lhe eles: Mulher, por que choras? Ela lhes disse: Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o puseram. E, tendo dito isto, voltou-se para trás, e viu Jesus em pé, mas não sabia que era Jesus. Disse-lhe Jesus: Mulher, por que choras? Quem buscas? Ela, cuidando que era o hortelão, disse-lhe: Senhor, se tu o levaste, dize-me onde o puseste, e eu o levarei. Disse-lhe Jesus: Maria! Ela, voltando-se, disse-lhe: Raboni, que quer dizer: Mestre. Disse-lhe Jesus: Não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai, mas vai para meus irmãos, e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus. Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos que vira o Senhor, e que ele lhe dissera isto.

Kondakion:
Tu Te elevaste do túmulo e ressuscitaste dos mortos, elevaste Adão, Eva se rejubila em Tua ressurreição e as extremidades do mundo celebram teu despertar de entre os mortos, ó misericordiosíssimo.
Ikós:
Despojaste os palácios dos infernos e ressuscitaste dos mortos, ó pacientíssimo, vieste ao encontro das mirróforas e em lugar, da tristeza lhes trouxeste a alegria.
Aos apóstolos manifestaste os sinais de tua vitória, ó meu Salvador, que dás a vida, e iluminaste a criação, ó amigo do homem.
Eis porque o universo se rejubila pelo teu despertar de entre os mortos, ó misericordiosíssimo.

Exapostilário:
Quando Maria viu dois anjos dentro do túmulo, admirou-Se e não reconheceu Jesus; pensando ser Ele o jardineiro, perguntou-Lhe: “Senhor, aonde puseste o corpo de Cristo?”.
Quando Ele A chamou, reconheceu ser logo o Salvador e ouviu a Sua recomendação: “Não Me toques, porque Eu ainda vou a Meu Pai, mas diga o que viu aos Meus irmãos”.

Theotokion:
Tu, que por nossa salvação, nasceste de uma virgem e padeceste a crucificação, ó boníssimo, por Tua morte despojaste a morte; Tu que és Deus, nos revelaste a ressurreição. Não desprezes aqueles que Tua mão criou e manifesta a Tua misericórdia, ó amigo do homem. Aceita as preces daquele, a quem deste a Luz e salva os desprezados, ó nosso Salvador.

Laudes:
Senhor, compareceste perante o tribunal para ser julgado por Pilatos e não deixaste o trono em que Te assentas com o Pai. Ressuscitado dentre os mortos, libertaste o mundo da tirania do usurpador, porque és compassivo e filantropo.

Senhor, Te colocaram num Sepulcro como morto; os soldados Te guardavam como um Rei que dorme; como sobre o tesouro da vida, eles puseram selos. Mas Tu ressuscitaste e deste às nossas almas a grande misericórdia.

Senhor, Tu nos deste a cruz como uma arma contra o demônio; diante dela, ele treme de temor, sem poder suportar a Tua força, ela que ressuscita os mortos e destrói a morte. Nós adoramos a Ti (Tua Sepultura e Tua Ressurreição).

Senhor, Teu anjo, que pregou a Ressurreição, encheu os guardas de temor e se dirigiu às mulheres: porque procuravam o vivo entre os mortos? Ele ressuscitou e deu ao mundo a vida eterna e a grande misericórdia.
Tu, ó impassível, em Tua divindade, padeceste na cruz, aceitaste permanecer três dias no sepulcro para nos dar a imortalidade e conceder-nos a vida, por Tua ressurreição, ó Cristo, nosso Deus, amigo dos homens.

Eu adoro, eu glorifico, eu canto, ó Cristo, Tua ressurreição do túmulo. Por ela, Tu nos libertaste dos elos do inferno e Tu, que és Deus, deste ao mundo a vida eterna e a grande misericórdia.

Os sem lei guardavam Teu Sepulcro, que eles haviam selado, colocando guardas. Mas Tu, Deus Imortal e todo poderoso, ressuscitaste no terceiro dia.

Senhor, quando chegaste às portas do inferno e as quebraste, os cativos clamaram, dizendo: Quem é Aquele que as profundezas da Terra não podem conter, e que anulou a prisão da morte como se fosse uma simples tenda? Eu o acolhi como um mortal, e eu o temo como um Deus. Salvador, todo poderoso, tem piedade de nós.

Eothinon:
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.
As sentidas lágrimas de Maria Madalena não foram vertidas em vão. Veja como ela aprendeu dos anjos, ó Jesus, a olhar a Tua face; mas como ela era uma fraca mulher, estava pensando em coisas mundanas, foi impedida de tocar em Ti, ó Senhor, mas foi mandada a anunciar a Tua ressurreição aos Teus discípulos, declarando a Tua ascensão para a perpétua herança Paternal. Concede-nos, como foi a ela concedido, de ver o Teu aparecimento, ó Senhor Deus.
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.

Theotokion:
Bendita e venerável és Tu, ó Mãe de Deus, em cujo seio se encarnou Aquele que visitou o inferno, libertando Adão e Eva da maldição, destruindo a morte e dando a vida a todos nós.
Por isso bendirei o Cristo em qualquer tempo, e sempre o Seu louvor estará em minha boca (2 vezes).

Euzina:
As quentes lágrimas de Maria não foram derramadas em vão, pois foi digna de aprender dos anjos e de ver teu rosto, oh Jesus; mas sendo mulher débil, pensava nas coisas terrenas, pelo qual não lhes permitiste tocar-te, oh Cristo; enviaste a Teus discípulos a dar a boa nova de Tua Ressurreição anunciando a ascensão até a casa paterna. Faz-nos dignos, juntos com ela, de Tua manifestação, oh Senhor Deus.
Hoje é a salvação do mundo. Louvemos Aquele que ressuscitou do túmulo, dando-nos origem a uma nova vida, porque anulou a morte com a Sua morte e nos concedeu a misericórdia de obter essa grande vitória.




Divina Liturgia




Anunciação - Modo 4:
É hoje o começo da nossa salvação e a manifestação do mistério eterno.
O Filho de Deus torna-Se Filho da Virgem e Gabriel anuncia a graça.
Por isso, cantamos com ele à Mãe de Deus:
“Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo!”

Issodikón:
Porque em ti está a fonte da Vida e na tua luz vemos a luz!

Tropário da Ressurreição - 7º tom:
Destruístes com a Tua Cruz a morte, abristes ao ladrão o paraíso, transformaste o luto das mirróforas e ordenaste, aos Teus Apóstolos pregarem que Tu ressuscitaste, ó Cristo Deus, dando ao mundo a grande misericórdia.

Kondakion – 7º tom:
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo.
O domínio da morte já não pode submeter o homem pois Cristo, descendo, aboliu e destruiu o seu poder, o Hades está vencido, e os profetas se alegram, clamando em uníssono: "O Salvador apareceu àqueles que têm fé! Corram, fiéis, para a Ressurreição!"

Theotokion – 7º tom:
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém
Como templo da nossa ressurreição, ó Toda-gloriosa retira do túmulo e da desolação aqueles que esperam em ti, tu nos salvaste da escravidão do pecado, gerando a nossa Salvação, permanecendo sempre virgem.

Prokimenon:
O Senhor dará poder a seu povo.
O Senhor abençoará seu povo com a paz.
Oferecei ao Senhor, ó filhos de Deus, oferecei ao Senhor tenros cordeiros.


Epístola:                                                                                 1Cor 1, 10-19
Leitura da Primeira Epístola do Apostolo São Paulo aos Coríntios:

Irmãos, rogo-vos em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que todos estejais em pleno acordo e que não haja entre vós divisões. Vivei em boa harmonia, no mesmo espírito e no mesmo sentimento. Pois acerca de vós, irmãos meus, fui informado pelos que são da casa de Cloé, que há contendas entre vós. Refiro-me ao fato de que entre vós se usa esta linguagem: Eu sou discípulo de Paulo; eu, de Apolo; eu, de Cefas; eu, de Cristo. Então estaria Cristo dividido? É Paulo quem foi crucificado por vós? É em nome de Paulo que fostes batizados? Graças a Deus, não batizei nenhum de vós, à exceção de Crispo e Gaio. Assim ninguém poderá dizer que fostes batizados em meu nome. (Aliás, batizei também a família de Estéfanas. Além destes, não me consta ter batizado ninguém mais.) Cristo não me enviou para batizar, mas para pregar o Evangelho; e isso sem recorrer à habilidade da arte oratória, para que não se desvirtue a cruz de Cristo. A linguagem da cruz é loucura para os que se perdem, mas, para os que foram salvos, para nós, é uma força divina. Está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios, e anularei a prudência dos prudentes (Is 29,14).

Aleluia!
Aleluia, aleluia, aleluia!
É bom exaltar o Senhor e cantar louvores ao teu Nome, ó Altíssimo (Sl 92, 1).
Aleluia, aleluia, aleluia!
Proclamar pela manhã o teu amor e a tua fidelidade pela noite (Sl 91, 2).
Aleluia, aleluia, aleluia!


Evangelho: Mt 14, 14-22
Evangelho de Nosso Senhor Jesus  Cristo, segundo o Evangelista São Mateus:

Naquele tempo, quando desembarcou, vendo Jesus a numerosa multidão, moveu-se de compaixão para ela e curou seus doentes. Caía à tarde. Agrupados em volta dele, os discípulos disseram-lhe: Este lugar é deserto e a hora é avançada. Despede esta gente para que vá comprar víveres na aldeia. Jesus, porém, respondeu: Não é necessário: dai-lhe vós mesmos de comer. Mas, disseram eles, nós não temos aqui mais que cinco pães e dois peixes. Trazei-mos, disse-lhes ele. Mandou, então, a multidão assentar-se na relva, tomou os cinco pães e os dois peixes e, elevando os olhos ao céu, abençoou-os. Partindo em seguida os pães, deu-os aos seus discípulos, que os distribuíram ao povo. Todos comeram e ficaram fartos, e, dos pedaços que sobraram, recolheram doze cestos cheios. Ora, os convivas foram aproximadamente cinco mil homens, sem contar as mulheres e crianças. Logo depois, Jesus obrigou seus discípulos a entrar na barca e a passar antes dele para a outra margem, enquanto ele despedia a multidão.

Kinonikon:
Louvai o Senhor nos céus louvai-O nas alturas!
Aleluia, aleluia, aleluia!

Sinaxe das Festa

«Jesus sacia a fome do povo»

No tempo do deserto, o povo de Deus passou fome. A questão da sobrevivência aparece imediatamente: "Jesus ergueu os olhos e viu uma grande multidão que vinha ao seu encontro. Então disse a Filipe: ‘Onde vamos comprar pão para eles comerem?’". Notemos que a primeira (e a única) preocupação de Jesus é com a sobrevivência do povo. Nada disso acontecia por ocasião da festa da Páscoa em Jerusalém. Bem ao contrário, como pudemos constatar.

Jesus provoca seus seguidores, representados por Filipe: como resolver a questão da fome do povo? Filipe pensa como muita gente "de bem". Para ele, a fome do povo não tem solução: "Nem meio ano de salário bastaria para dar um pedaço a cada um". Filipe mostra muito bem que o comércio tomou conta dos bens que sustentam a vida. É preciso muito dinheiro para saciar a fome do povo! E isso parece ser um caso sem solução.

Surge, então, André. vimos que seu nome significa humano. Ele representa a nova proposta diante da fome do povo: "Aqui um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixes. Mas o que é isso para tanta gente?". Pão de cevada e peixe eram a comida dos pobres. O rapaz recorda os pequenos que estão dispostos a servir e a partilhar os bens da vida, sem submetê-los à ganância do comércio. Uma dose de humanidade (André), o alimento dos pobres (pão de cevada e peixes), alguém disposto a servir e a partilhar (rapaz): será que isso vai resolver a questão da fome do povo? Será que a partilha resolveria para sempre a fome da humanidade inteira?

Jesus ordena aos discípulos que mandem o povo sentar. Naquele tempo, somente as pessoas livres é que sentavam para tomar refeição. O gesto de sentar, portanto, funciona como tomada de consciência da própria dignidade e liberdade. Jesus quer que os discípulos e o povo tomem consciência disso. Estar sentado contrasta com a prostração em que se encontravam os doentes em Jerusalém. O evangelho afirma que havia muita grama nesse lugar. vimos que o Templo de Jerusalém era chamado simplesmente de "o Lugar". O novo Templo em que Deus se encontra com a humanidade é onde acontecem a partilha dos bens da vida e a fruição da dignidade e da liberdade humanas. Jesus e o povo livre são o novo Templo! E isso vale para todos. De fato, estavam cinco mil pessoas. Esse número é simbólico e representa toda a
comunidade do Messias.

Jesus pega o pão do povo e faz a oração de agradecimento. É muito estranho que ele não agradeça ao rapaz, e sim a Deus. Esse detalhe é importante, pois recoloca os bens que sustentam a vida dentro do projeto de Deus. De fato, lendo Gênesis 1, descobrimos que todas as criaturas de Deus têm sua porção de alimento que sustenta e garante a vida. Dando graças a Deus, Jesus está tirando os bens da vida das garras da ganância e do acúmulo (comércio) para colocá-los no âmbito da partilha e da gratuidade. Todos têm direito a esses bens, porque é isso que o projeto de Deus prevê. A proposta de Jesus, portanto, traz uma nova visão da economia: os bens que garantem e sustentam a vida não podem ser submetidos à ganância do comércio, pois Deus os destinou a todos. Não é culpa de Deus se o povo passa fome. Isso é resultado de uma economia "sem coração", que acumula a vida para poucos às custas da miséria de muitos.

Jesus distribui os pães e os peixes às cinco mil pessoas. Ele faz tudo sozinho porque é o Doador da vida para todos. Sua vida é entregue plenamente.
O povo se farta. E ainda sobra muita coisa. Disso aprendemos que, se os bens da vida forem partilhados entre todos, todos ficarão satisfeitos e ainda sobrará muita coisa. De fato, os doze cestos cheios lembram as doze tribos de Israel, ou seja, todo o povo de Deus do Antigo Testamento. A lição é muito clara: quando a vida é partilhada, todos a possuem plenamente, e ela transborda para todos.

Jesus manda recolher os pães que sobraram: "Recolham os pedaços que sobraram, para não se desperdiçar nada". O fato recorda Êxodo 16,20. No tempo do deserto não era permitido acumular o maná. O que Jesus quer dizer com isso é que sua comunidade não pode acumular, pois isso gera ganância. E o que é acumulado por alguns falta aos outros.

O povo reage ao sinal que Jesus realizou: "Este é mesmo o profeta que devia vir ao mundo", mas reage de modo passivo, pois quer fazê-lo rei. Quando mandou a multidão sentar, Jesus queria o povo livre. Este, agora, quer se tornar escravo de um rei. Por isso Jesus foge para a montanha, pois não se deixa manipular. O fato de Jesus se retirar para a montanha recorda Êxodo 34,3-4: Moisés subiu ao monte depois que o povo caiu na idolatria de querer fazer um deus à sua imagem. Jesus se retira sozinho para a montanha porque a grande idolatria nesse momento é querer que Deus resolva todos os nossos problemas sem a nossa contribuição.
FONTE:
BORTOLINI, José. Como ler o Evangelho, São Paulo: Ed Paulus (5ª ed.), 1994.

«Com os pedaços que sobraram, encheram doze cestos»

Num piscar de olhos, o Senhor multiplicou um pedaço de pão. Aquilo que os homens fazem em dez meses de trabalho, fizeram-no os Seus dedos num instante. [.] Contudo, não foi com o seu poder que comparou este milagre, mas com a fome dos que tinha diante de Si. Se o milagre tivesse sido comparado com o seu poder, seria impossível de avaliar; comparado com a fome daqueles milhares de pessoas, o milagre ultrapassou os doze cestos. O poder dos artesãos é inferior aos desejos dos respectivos clientes; eles não conseguem fazer tudo aquilo que se lhes pede; pelo contrário, as realizações de Deus ultrapassam todo o desejo [...]

Saciados no deserto, como outrora o tinham sido os Israelitas pela oração de Moisés, eles exclamaram: "Este é o profeta do qual está dito que viria ao mundo." Aludiam às palavras de Moisés: "O Senhor suscitará para vós um profeta", que não será um profeta qualquer, mas "um profeta como eu" (Dt 18,15), que vos saciará de pão no deserto. Tal como eu, caminho u sobre as águas, surgiu numa nuvem luminosa (Mt 17,5), libertou o seu povo. Entregou Maria a João, como Moisés entregara o seu rebanho a Josué. [.] Mas o pão de Moisés não era perfeito; apenas foi dado aos Israelitas. Querendo significar que o seu dom é superior ao de Moisés e o chamamento às nações ainda mais perfeito, Nosso Senhor disse: "Se alguém comer o Meu pão viverá eternamente", porque "o pão vivo que desceu do céu" é dado a todo o mundo (Jn 6,51).
Santo Efrém, o Sírio (c. 306-373), Diatesseron, 12, 4-5, 11


Santos Hermolau, Hermipo e Hermócrates, Mártires († 312)



Os Santos Hermolau, Hermipo e Hermócrates eram membros do clero da Santa Igreja de Nicomédia nos tempos do imperador Maximiliano Galerno (286-303). Ao ficar sabendo das obras e da propagação da Palavra de Deus que os santos realizavam, o imperador ordenou que fossem encontrados e presos. Santo Hermolau, porém, apresentou-se voluntariamente ao Juiz de Nicomédia, acompanhado de seus amigos e dos sacerdotes Hermipo e Hermócrates. O Juiz, após examinar bem Hermolau, perguntou aos outros dois sacerdotes o que eles queriam vindo a ele. Ao que lhe responderam: «somos soldados de Hermolau, sob a bandeira de Cristo, e o acompanhamos porque vivemos uma vida fraterna em comum e enfrentamos tudo juntos. Como resposta, ao invés de comover o juiz, estas palavras despertaram ainda mais seu ódio que condenou então os três à decapitação, e receberam assim, por sua fé e amor a Deus, a recompensa eterna.
Tradução e publicação neste site com permissão de: Ortodoxia.org
Trad.: Pe. André


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