01 agosto 2015

9º Domingo de Mateus


PATRIARCADO ECUMÊNICO DE CONSTANTINOPLA
Arquidiocese Ortodoxa Grega de Buenos Aires e América do Sul
Igreja Anunciação da Mãe de Deus
SGAN - Quadra 910 - Módulo ‘’B’’ - CEP: 70.790-100 - Brasília-DF
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Brasília, 02 de agosto de 2015.
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9º Domingo de Mateus

(9º depois de Pentecostes - Modo 4 Plagal)

Memória da Trasladação das relíquias de Santo Estevão, protomártir (c.428).




Matinas
Tropário:
Desceste das alturas, ó misericordioso, e aceitaste o sepultamento durante três dias, para nos livrar das paixões. Senhor, És nossa vida e nossa ressurreição, glória a Ti.
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo,

Desceste das alturas, ó misericordioso, e aceitaste o sepultamento durante três dias, para nos livrar das paixões. Senhor, És nossa vida e nossa ressurreição, glória a Ti.
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.

Theotokion:
Tu, que por nossa salvação, nasceste de uma virgem e padeceste a crucificação, ó boníssimo por Tua morte, despojaste a morte, Tu que é Deus, nos revelaste a ressurreição, não desprezes aqueles que a Tua mão criou. Manifesta a Tua misericórdia, ó amigo do homem; aceita as preces daqueles que deste a Luz e salva os desesperados, ó nosso Salvador.

Katisma:
Ó vida de todos, ressuscitaste os mortos. Um anjo resplandecente dizia às santas mulheres, "cessai de chorar, levai, a boa nova aos Apóstolos, canta\ e c\ama\ Cristo Senhor ressuscitou! Ele se dignou salvar o gênero humano, porque é Deus."
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo.

Na verdade ressuscitaste do túmulo e deste as santas mulheres a ordem de anunciar aos Apóstolos a tua ressurreição, predita pelas Escrituras. E Pedro correndo chega ao sepulcro; ele. vê a luz no túmulo e se enche de temor, mas ele percebe no chão o lençol sem teu corpo divino e ele exclama com fé: Glória a ti, ó Cristo Deus, nosso salvador, que salvas todos os homens. Tu és o esplendor da glória do Pai.
Agora sempre e pelos séculos dos séculos Amém.

Theotokion:
Nós cantamos a ti, porta do céu
Nós cantamos a ti, arca da aliança
Nós cantamos a ti, santa montanha
Nós cantamos a ti, nuvem luminosa
Tu , o grande tesouro do universo resgataste Eva. Por ti veio a salvação e o antigo pecado foi remido. Por, isto, nós te imploramos: ora por nós a teu filho; e teu Deus para que conceda o perdão dos pecados daqueles que adoram, piedosamente teu santo nascimento.

Ypakoí:
Paradas no túmulo do Doador de Vida, as portadoras de aromas procuravam o Mestre imortal entre os mortos; e ao receberem a boa nova de alegria do Anjo, elas anunciaram aos Apóstolos que Cristo havia ressuscitado, concedendo grande misericórdia para o mundo.

Antífona:
Desde a minha juventude o inimigo me prova, pelos prazeres ele me seduz; mas, colocando minha esperança e Ti, Senhor, eu o rejeito. Que os inimigos de Sião se tornem como o feno antes mesmo de ser arrancado, porque o Cristo cortará seus pescoços com a foice dos tormentos.

Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo, agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.

Pelo Espírito Santo, todo o ser vive, porque Ele é a Luz da Luz, o grande Deus.

Prokimenon:
O Senhor vosso Deus, reinará para sempre, ó Sião, de geração em geração. (2 vezes).

Stichos:
Ó minha alma, louvai o Senhor (repete a primeira).

Evangelho: Jo 20,19-31
Evangelho de Nosso Senhor Jesus  Cristo, segundo o Evangelista São João.

Na tarde do mesmo dia, que era o primeiro da semana, os discípulos tinham fechado as portas do lugar onde se achavam, por medo dos judeus. Jesus veio e pôs-se no meio deles. Disse-lhes ele: A paz esteja convosco! Dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos alegraram-se ao ver o Senhor. Disse-lhes outra vez: A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós. Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos. Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Os outros discípulos disseram-lhe: Vimos o Senhor. Mas ele replicou-lhes: Se não vir nas suas mãos o sinal dos pregos, e não puser o meu dedo no lugar dos pregos, e não introduzir a minha mão no seu lado, não acreditarei! Oito dias depois, estavam os seus discípulos outra vez no mesmo lugar e Tomé com eles. Estando trancadas as portas, veio Jesus, pôs-se no meio deles e disse: A paz esteja convosco! Depois disse a Tomé: Introduz aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos. Põe a tua mão no meu lado. Não sejas incrédulo, mas homem de fé. Respondeu-lhe Tomé: Meu Senhor e meu Deus! Disse-lhe Jesus: Creste, porque me viste. Felizes aqueles que crêem sem ter visto! Fez Jesus, na presença dos seus discípulos, ainda muitos outros milagres que não estão escritos neste livro. Mas estes foram escritos, para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome.

Kondakion:
Tu Te elevaste do túmulo e ressuscitaste dos mortos, elevaste Adão, Eva se rejubila em Tua ressurreição e as extremidades do mundo celebram teu despertar de entre os mortos, ó misericordiosissimo.

Ikós:
Despojaste os palácios dos infernos e ressuscitaste dos mortos, ó pacientíssimo, vieste ao encontro das merróforas e em lugar, da tristeza lhes trouxeste a alegria.
Aos apóstolos manifestaste os sinais de tua vitória, ó meu Salvador, que dás a vida, e iluminaste a criação, ó amigo do homem.
Eis porque o universo se rejubila pelo teu despertar de entre os mortos, ó misericordiosíssimo.

Exapostilário:
Oh Senhor, quando entraste estando as portas fechadas, enchestes os Apóstolos de Teu santíssimo Espírito soprando sobre eles e dando lhes a paz dissestes “Atai e desatai!”. E depois de oito dias à Tomé mostraste tuas mãos e teu lado! Nós junto com ele exclamamos “Meu Senhor e meu Deus”.

Theotokion:
Oh Virgem Santíssima e noiva de Deus, ao ver teu filho ressuscitado do sepulcro no terceiro dia, desejaste a pena que passaste como Mãe quando o viste sofrer, e quando te encheste de alegria, e glorificaste com os Discípulos com louvores, Salva, oh Virgem, aos que te chamam Mãe de Deus.




Euzina:
Ao cumprir seu tempo, oh Cristo paraste em frente aos Teus amados, e na noite de um dos sábados confirmando-lhes com este milagre de Tua Ressureição entre os mortos. Com Tua entrada estando as portas fechadas encheste de alegria aos Teus Apóstolos quando lhes destes o Espírito Santo, outorgando-lhes o poder de remir o pecado, não descuidaste de Tomé deixando que ele se afogasse no mar da incredulidade. Por isso te suplicamos que no dês o conhecimento da verdade e o perdão de nossa faltas, oh piedoso Senhor.

Ó Senhor, ressuscitado do sepulcro, rompeste os grilhões do inferno, eliminaste o poder da morte, salvando todos dos laços do inimigo; e quando apareceste a teus discípulos, os enviaste a evangelizar e, através deles, deste tua paz ao mundo, tu que és o Único Misericordioso.


Divina Liturgia


Anunciação - Modo 4:
É hoje o começo da nossa salvação e a manifestação do mistério eterno.
O Filho de Deus torna-Se Filho da Virgem e Gabriel anuncia a graça.
Por isso, cantamos com ele à Mãe de Deus:
“Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo!”

Tropário da Ressurreição - 8º tom:
Descestes das alturas, ó misericordioso, e aceitaste o sepultamento durante três dias, para nos livrar das paixões. Senhor, És nossa vida e nossa ressurreição, glória a TI.

Kondakion – 8º tom:
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo.

Tendo ressuscitado do túmulo deste a vida aos mortos e levantaste Adão; Eva se regozija com a tua Ressurreição, e exultam de alegria os confins da terra, ó Misericordioso!

Theotokion – 8º tom:
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém

Tu, que pela nossa salvação nasceste da Virgem, sofreste a crucifixão, ó Misericordioso, e com a morte venceste a morte, como Deus, revelando a Ressurreição; não abandones a nós, criaturas de tuas mãos! Mostra a tua bondade pela humanidade, atende as preces da tua Mãe, que roga por nós, ó Misericordioso, e salva, ó Salvador, nosso povo desolado!

Prokimenon:
Fazei votos ao Senhor nosso Deus e cumpri-os; todos os que o cercam tragam oferendas.
Deus é conhecido na Judéia, grande é o seu nome em Israel.

Epístola:                                                                                             1Cor 3,9-17
Leitura da Primeira Epístola do Apostolo São Paulo aos Coríntios:

Irmãos, nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus. Segundo a graça de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele. Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, A obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo. Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo.

Aleluia!
Aleluia, aleluia, aleluia!

Vinde, exultemos no Senhor, aclamemos o Rochedo que no salva!
Aleluia, aleluia, aleluia!

Apresentemo-nos diante d'Ele com ação de graças, aclamemo-Lo com hinos de louvor!
Aleluia, aleluia, aleluia!


Evangelho:                                                                             Mt 14, 22-34
Evangelho de Nosso Senhor Jesus  Cristo, segundo o Evangelista São Mateus:

Naquele tempo, Jesus obrigou seus discípulos a entrar na barca e a passar antes dele para a outra margem, enquanto ele despedia a multidão. Feito isso, subiu à montanha para orar na solidão. E, chegando a noite, estava lá sozinho. Entretanto, já a boa distância da margem, a barca era agitada pelas ondas, pois o vento era contrário. Pela quarta vigília da noite, Jesus veio a eles, caminhando sobre o mar. Quando os discípulos o perceberam caminhando sobre as águas, ficaram com medo: É um fantasma! disseram eles, soltando gritos de terror. Mas Jesus logo lhes disse: Tranqüilizai-vos, sou eu. Não tenhais medo! Pedro tomou a palavra e falou: Senhor, se és tu, manda-me ir sobre as águas até junto de ti! Ele disse-lhe: Vem! Pedro saiu da barca e caminhava sobre as águas ao encontro de Jesus. Mas, redobrando a violência do vento, teve medo e, começando a afundar, gritou: Senhor, salva-me! No mesmo instante, Jesus estendeu-lhe a mão, segurou-o e lhe disse: Homem de pouca fé, por que duvidaste? Apenas tinham subido para a barca, o vento cessou. Então aqueles que estavam na barca prostraram-se diante dele e disseram: Tu és verdadeiramente o Filho de Deus.

Kinonikon:
Louvai o Senhor nos céus louvai-O nas alturas!
Aleluia, aleluia, aleluia!

Sinaxe das Festa


«Coragem! Sou Eu. Não tenham medo!»


Imaginar a existência do mar com as águas sempre tranqüilas é uma quimera. Faz parte da natureza do mar os momentos de tranqüilidade e serenidade. Nestes casos, suas ondas tocam a costa marítima como se estivessem acariciando-a delicadamente. Assim, tanto as águas do mar como as areias da praia co-existem pacificamente, respeitando os limites de espaço designados pelo Criador. No entanto, este mesmo mar sofre influências dos ciclos lunares, dos ventos, e reponde a isso de forma própria. Aos nossos olhos estas manifestações são agressivas, violentas e destrutivas. A afabilidade das ondas tranqüilas que iam ao encontro das costas marítimas com desvelo e cuidado, transforma-se em algo arrebatador e impetuoso ignorando os limites de sua abrangência. A força de suas ondas parece expulsar de sua área aquilo que lhe pareça estranho. Levadas pelas forças do vento, as ondas agitam e engolem o que está sobre sua superfície.

Pedro e outros discípulos, como exímios pescadores estavam a par desta realidade. Sabiam da força e do perigo do mar agitado; sabiam também que as águas tem uma densidade incapaz de suportar o peso de uma pessoa, a não ser que esteja dentro de uma embarcação. Extrapolando as leis da física e excedendo o perímetro do usual e costumeiro, os que estavam no barco se assustaram ao ver que um vulto se aproximava, caminhando sobre as águas. A perplexidade contagia o ambiente e os tripulantes não sabem o que fazer, resta uma alternativa: gritar.

O Senhor os acalma dizendo: "sou eu, não tenham medo!" Essas palavras não só identificam aquele que se aproximava como também acalmam os discípulos assustados. Ao falar, a voz do Senhor é reconhecida; sabiam que não se tratava mais de um fantasma ou de um espírito: era o próprio Filho de Deus manifestando seu poder outra vez.

O poder do Senhor, aliás, tinha sido manifesto ao entardecer daquele mesmo dia quando multiplicou os pães e peixes e matou a fome da multidão exausta e faminta que o seguia. Aquele que foi capaz de multiplicar os pães e peixes, que transformou a fome em saciedade era capaz de não afundar e andar sobre as águas.


Pedro pede uma prova: "Se és de fato o Senhor, manda que eu vá ter contigo e ande sobre as águas". Jesus imediatamente lhe ordena: "Vem!". Sem titubeios Pedro sai do barco e começa a andar sobre as águas indo ao seu encontro. O que era impossível torna-se possível graças ao poder de Deus e à obediência a sua palavra. Pedro, de maneira destemida, abandona sua embarcação e atira-se ao impossível. É a fé que o impulsionou a obedecer à voz de seu Mestre. A fé fez de Pedro um homem de coragem. Estava ciente dos perigos do mar agitado, todavia sabia que além das ondas estava Jesus. Quem tem fé enxerga as ondas revoltas, mas vê além delas o Salvador. Quem tem fé ouve o zumbido dos ventos, mas escuta a voz mais forte de Deus dizendo "Vem".

Não basta ter fé. É preciso mantê-la. Por isso, num instante de dúvida, Pedro se apavora e sucumbe às águas. Pedro não podia salva-se sozinho, não tinha nem forças para fazê-lo. Pede por socorro àquele que era o único que podia salvá-lo. Seu grito por socorro, era uma manifestação e um grito de fé. Jesus era a sua tábua de salvação e se apegou a ele com toda tenacidade. Prontamente Jesus estende seus braços e acolhe Pedro e o salva, advertindo-o, porém, que sua fé era pequena, pois teve dúvidas. Onde há dúvidas há a divisão. Onde ha dúvidas a fé não pode existir. Alias, fé e dúvida não co-existem. Onde se instala a dúvida o demônio age. Onde se planta a dúvida colhemos a ausência de Deus. Fé significa certeza. Fé significa confiança total e irrestrita em Deus. Fé é dom. Há que pedir o dom da fé em cada oração que fizermos.

Os dois sobem no barco e o mar se acalma. Onde Deus está a serenidade se torna presente. Ao cair da tarde o Senhor dominou a fome de muitos, depois dominou o pânico dos discípulos e o medo de Pedro, agora, domina a força dos ventos e das ondas. O mar e o vento foram criados por Deus e lhe são submissos. Por isso sua presença bastou para que a ordem voltasse a reinar sobre a natureza. As coisas que Deus cria não obstaculizam a relação entre Deus e o homem. O homem, ao explorar desregradamente a natureza e destruí-la, não tem consciência que ao fazer isto, está destruindo também um dos meios de se contemplar Deus. A natureza preservada auxilia o coração do homem a entrar em sintonia com Deus e e nele encontrar sua paz. A valorização e a preservação da natureza é indispensável para que continuemos a encontrar nela um meio de se chegar a Deus.

Da mesma forma que imaginar um mar sempre tranqüilo é um sonho, querer uma vida sem problemas é uma utopia. Um cristão não se acovarda diante das dificuldades, mas os enfrenta confiante. Nada pode abalar uma pessoa cheia de fé pois sabe que Deus está sempre aí para acalmar as tempestades da vida.

«Por que ter medo?»

No dia 14 de Setembro houve no Monte Athos um violento tremor de terra. Produziu-se durante a noite, durante a vigília da festa da Exaltação da Santa Cruz. Eu estava no coro, junto do Prior, e este último estava mesmo ao lado do sítio onde tinha o hábito de confessar. Um tijolo soltou-se do teto e caiu naquele lugar, assim como muito estuque. A princípio assustei-me um pouco mas rapidamente me acalmei e disse ao Prior: "Eis que o Senhor misericordioso quer que nos arrependamos."

Olhamos para os outros monges, na igreja e no coro: poucos tiveram medo; cerca de seis homens saíram da igreja, os outros ficaram nos seus lugares e a vigília continuou de acordo com a ordem habitual e com tanta tranqüilidade como se nada se tivesse passado. E eu pensei: "Como é abundante nestes monges a graça do Espírito Santo!" Com efeito, enquanto ocorria um tremor de terra tão violento que todo o imenso edifício do mosteiro tremia, a cal caía, os lustres, as lâmpadas de azeite e os candelabros balançavam, que os sinos começaram a tocar no campanário, que até o sino grande bateu com a violência do abalo, eles, pelo contrário, permaneceram tranqüilos. E eu pensei: "A alma que conheceu o Senhor não teme nada, exceto o pecado, e sobretudo o pecado do orgulho. Ela sabe que o Senhor nos ama e, se Ele nos ama, que temos nós a temer?"

S. Siluane (1886-1938)

«Confiança, sou eu, não temais»

A minha alegria está em Deus
E o meu ardor vai para Ele,
Porque Ele é o meu amparo.
Revelou-se na Sua simplicidade,
E a Sua benevolência apequenou para mim a Sua grandeza.
Fez-se semelhante a mim para que eu O recebesse;
Fez-se semelhante a mim para que eu O possuísse.
Ao vê-lO, não temi,
Porque Ele é a minha misericórdia.
Tomou a minha natureza para que eu O compreenda,
E o meu rosto, para que não me afaste dEle.
O pai do conhecimento é o Verbo do conhecimento.
Ele, que criou a sabedoria, é mais sábio do que as Suas criaturas.
Ele, que me criou, sabia antes de eu ser
Aquilo que eu faria quando existisse.
E, por isso, apiedou-se na Sua misericórdia,
Permitiu que eu reze
E que partilhe do Seu sacrifício.
Sim, Deus é incorruptível.
Ele é a plenitude dos mundos e o seu Pai.
Manifestou-se aos seus,
Para que conheçam Aquele que os criou
E não imaginem a sua origem provindo de si próprios.
Abriu caminho ao conhecimento,
E alargou-o, prolongou-o e conduziu-o à Sua perfeição.
Nele infundiu as marcas da Sua luz,
E os Seus traços, do princípio ao fim,
Pois é a Sua obra.
Pôs no Filho a Sua complacência.
Pela Sua salvação, exercerá a Sua onipotência,
E o Altíssimo será conhecido pelos santos:
Para anunciarem àqueles que cantam a vinda do Senhor,
A fim de que vão ao Seu encontro
E Lhe cantem com alegria.

São Pedro Crisólogo, bispo de Ravena
(cerca de 406-450) Sermão 50


Trasladação das relíquias de Santo Estevão, Protomártir e Arquidiácono



A Igreja instituiu esta segunda festa do Santo Protomártir Estevão para comemorar a descoberta de suas relíquias junto às de Gamaliel, Habib e Nicodemos, pelo sacerdote Luciano, em Gamala da Palestina, em dezembro do ano 415. Segundo relato atribuído a Luciano, fora revelado em sonho, a ele e ao monge Migecio, o lugar onde podiam encontrar as relíquias do Santo Protomártir. Tendo sido descobertas conforme a revelação, foram solenemente trasladadas para Jerusalém pelo arcebispo João, juntamente com os bispos Eleutério de Sebaste e Eleutério de Jericó. Posteriormente, por volta do ano 428, durante o reinado do imperador Teodósio, o Jovem (408-450), as relíquias foram depositadas numa igreja em honra ao santo Diácono Lourenço, até o dia 02 de agosto, quando foram solenemente transferidas para uma igreja construída em honra do Protomártir Santo Estêvão. Fragmentos destas relíquias foram distribuídos para vários lugares do mundo, o que contribuiu para a propagação da devoção a Santo Estevão. Incontáveis milagres foram operados por Deus através de sua intercessão. Santo Evódio, bispo de Uzalum, na África, e Santo Agostinho, nos deixaram relatados muitos desses milagres.[…] «Está bem que, desejando obter, por sua intercessão, bens temporais, o imitemos de tal modo que possamos alcançar, finalmente, os bens eternos». Certamente Deus se fez homem para curar os males temporais, pois, durante a sua vida mortal, curou os enfermos, libertou os possessos e socorreu aos necessitados, dando-nos uma prova sensível do seu poder divino e indicando que veio para nos livrar das enfermidades.

 […] Depois da morte de Santo Estêvão por apedrejamento pelos judeus, o seu corpo não teve um sepultamento, mas foi atirado às bestas e aves, ao tempo. Gamaliel, um fariseu, membro do Grande Conselho, e doutor da lei e respeitado por todo o povo, tendo se voltado para a fé em Jesus Cristo como o Messias, aquele msmo que saiu em defesa dos Apóstolos no Sinédrio (At 5, 34-40), na segunda noite após a morte de Estevão enviou pessoas de sua confiança para que encontrassem e trouxessem a ele o seu corpo, sepultando-o numa caverna de sua propriedade não muito longe de Jerusalém. Mais tarde, Gamaliel se fez batizar com seu filho Habib. O segredo do lugar do sepultamento de Estevão foi deixado com Nicodemos, o discípulo que, durante a noite, visitava Jesus (Jo 3, 1-21; 7, 50-52; 19, 38-42). Depois de mortos, os corpos de Gamaliel e de seu filho Habib foram sepultados perto do lugar onde estava sepultado Estevão. […]
Tradução e publicação neste site
com permissão de Ortodoxia.org
Trad.: pe. André

II – Santo Estêvão, diácono, primeiro mártir, séc. I

Depois do Pentecostes, os apóstolos dirigiam o anúncio da mensagem cristã aos mais próximos, aos hebreus, aguçando o conflito apenas acalmado da parte das autoridades religiosas do judaísmo. Como Cristo, os apóstolos conheceram logo as humilhações dos flagelos e da prisão, mas apenas libertados das correntes retomam a pregação do Evangelho. A primeira comunidade cristã, para viver integralmente o preceito da caridade fraterna, colocou tudo em comum, repartindo diariamente o que era suficiente para o seu sustento. Com o crescimento da comunidade, os apóstolos confiaram o serviço da assistência diária a sete ministros da caridade, chamados diáconos. Entre eles sobressaía o jovem Estêvão, que além de exercer as funções de administrador dos bens comuns, não renunciava ao anúncio da Boa Nova, e o fez com tanto sucesso que os judeus “apareceram de surpresa, agarraram Estêvão e levaram-no ao tribunal. Apresentaram falsas testemunhas, que declararam: “Este homem não faz outra coisa senão falar contra o nosso santo templo e contra a Lei de Moisés. Nós até o ouvimos afirmar que esse Jesus de Nazaré vai destruir o templo e mudar as tradições que Moisés nos deixou.” Estêvão, como se lê nos Atos dos Apóstolos, cheio de graça e de força, como pretexto de sua autodefesa, aproveitou para iluminar as mentes de seus adversários. Primeiro, resumiu a história hebraica de Abraão até Salomão, em seguida afirmou não ter falado contra Deus, nem contra Moisés, nem contra a Lei, nem fora do Templo. Demonstrou, de fato, que Deus se revelava também fora do Templo e se propunha a revelar a doutrina universal de Jesus como última manifestação de Deus, mas os seus adversários não o deixaram prosseguir no discurso, “taparam os ouvidos e atiraram-se todos contra ele, em altos gritos. Expulsaram-no da cidade e apedrejaram-no.” Dobrando os joelhos debaixo de uma tremenda chuva de pedra, o primeiro mártir cristão repetiu as mesmas palavras de perdão pronunciadas por Cristo sobre a Cruz: “Senhor, não os condenes por causa deste pecado.” Em 415 a descoberta das suas relíquias suscitou grande emoção na cristandade. A festa do primeiro mártir foi sempre celebrada imediatamente após a festividade do Natal.


Folheto Dominical da Igreja Anunciação da Mãe de Deus


Responsável

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Editoração e Diagramação

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Atualização da Página na internet

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Liturgia Dominical das 10h30 às 12h

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