04 outubro 2015

2º Domingo de Lucas


PATRIARCADO ECUMÊNICO DE CONSTANTINOPLA
Arquidiocese Ortodoxa Grega de Buenos Aires e América do Sul
Igreja Anunciação da Mãe de Deus
SGAN - Quadra 910 - Módulo ‘’B’’ - CEP: 70.790-100 - Brasília-DF
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Brasília, 04 de outubro de 2015.
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2º Domingo de Lucas

(18º depois de Pentecostes - Modo 1)

Memória dos Santos Aba Amon, eremita
(† 350) e Paulo, o Simples, do Egito.


Matinas

Tropário – Modo 1 - (1º tom):
Embora a pedra fora selada pelos Judeus, e os soldados guardassem Teu puríssimo corpo, ressurgiste no terceiro dia, ó Salvador, dando a vida ao mundo. Por isso, as potestades celestes a Ti, fator da vida, clamaram glória à Tua ressurreição, ó Cristo, glória ao Teu reino, glória à Tua providência, Tu que És o único filantropo.
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo,

Embora a pedra fora selada pelos Judeus, e os soldados guardassem Teu puríssimo corpo, ressurgiste no terceiro dia, ó Salvador, dando a vida ao mundo. Por isso, as potestades celestes a Ti, fator da vida, clamaram glória à Tua ressurreição, ó Cristo, glória ao Teu reino, glória à Tua providência, Tu que És o único filantropo.
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.

Theotokion – Modo 1 - (1º tom):
Gabriel te trouxe a salvação, ó Virgem, o Senhor de todas as coisas se fez carne em Ti, Tu és a arca santa de Seu poder, como disse o justo Davi.
Ti tornaste mais vasta que os céus, porque carregaste o Criador.
Glória àquele que fez sua morada em Ti!
Glória àquele que veio de Ti!
Glória àquele que nos libertou pelo teu parto!

Katisma- Modo 1 - (1º tom):
Ó Salvador, os soldados que guardavam Teu sepulcro, com os olhos ofuscados pelo brilho da aparição do anjo tombaram como mortos, enquanto as Santas mulheres proclamavam a Tua ressurreição.
Ó destruidor da morte, prostrados a Teus pés, nós Te glorificamos a Ti que ressuscitaste do sepulcro, porque és o nosso único Deus.
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo.

Ó Deus de misericórdia, livremente quiseste ser crucificado!
Ó doador da vida, como um morto foste colocado no sepulcro!
Ó poderoso, por Tua morte quebraste o império da morte. Ó amigo do homem, os guardas diante de Ti, logo que despertaste aqueles que estavam mortos há séculos!
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.


Theotokíon – Modo 1 - (1º tom):
Nós te conhecemos como a Mãe de Deus e após o teu parto, nós vimos brilhar tua virgindade . com amor, nós nos refugiamos em ti, ó toda bondade . Nós, pobres pecadores, em ti encontramos, nosso único refúgio, em ti depositamos nossa salvação em meio às provas, porque és a única sem mancha.

Ypakoí - Modo 1 - (1º tom):
O arrependimento do ladrão o fez ganhar o paraíso. O lamento das portadoras de aromas proclamou a boa nova de que tinhas ressuscitado dando ao mundo sua grande misericórdia, ó Cristo.

Antífona – Modo 1 - (1º tom):
Clamo a Ti, ó Senhor, no meu sofrer. Presta ouvidos à minha dor.
Verdadeiramente a vida dos habitantes do deserto é feliz, porque eles são conduzidos pela Tua divina paixão.
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo. Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.
Pelo Espírito Santo toda criação, visível e invisível, é preservada, porque Ele é todo Poderoso e é verdadeiramente, uma das Três Pessoas Divinas.

Prokimenon – Modo 1 - (1º tom):
Agora eu me levantarei, diz o Senhor; faço a salvação e a declaro. (2 x)

Stichos – Modo 1 - (1º tom):
As palavras do Senhor, são palavras puras. (repete a 1ª)

Kondakion - Modo 1 - (1º tom):
Na Tua glória, ressuscitaste do túmulo, porque és Deus; o mundo ressuscita contigo e os homens Te celebram como Deus; a morte desaparece, Senhor; Adão, livre dos entraves, se rejubila; Eva, na sua alegria clama: "Ó Cristo, dá a Tua ressurreição aos homens".

Ikós – Modo 1 - (1º tom):
Cantemos o ressuscitado do terceiro dia o Deus Todo-Poderoso, aquele que destrói as portas do inferno e eleva o túmulo os santos, seus fiéis! Benevolentemente, Ele apareceu as santas mulheres, dizendo: "Alegrai-vos", e revelou a alegria aos apóstolos, Ele é o único doador da vida.
As mulheres clamavam, anunciando aos discípulos a boa nova, os sinais da vitória. O inferno geme, a morte se lamenta e o universo se rejubila. Ó Cristo, toda criação se alegra, pois Tu deste a todos a ressurreição.

Evangelho:                                                                                         Jo 20, 1-10
Evangelho de Nosso Senhor Jesus  Cristo, segundo o Evangelista São João.

Naquele tempo, no primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro, e viu a pedra tirada do sepulcro. Correu, pois, e foi a Simão Pedro, e ao outro discípulo, a quem Jesus amava, e disse-lhes: Levaram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram. Então Pedro saiu com o outro discípulo, e foram ao sepulcro. E os dois corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais apressadamente do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro. E, abaixando-se, viu no chão os lençóis; todavia não entrou. Chegou, pois, Simão Pedro, que o seguia, e entrou no sepulcro, e viu no chão os lençóis, E que o lenço, que tinha estado sobre a sua cabeça, não estava com os lençóis, mas enrolado num lugar à parte. Então entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, e viu, e creu. Porque ainda não sabiam a Escritura, que era necessário que ressuscitasse dentre os mortos. Tornaram, pois, os discípulos para casa.

Exapostilário – 7º tom:
Quando Maria disse: “Levaram meu Deus”, correram ao túmulo Simão Pedro e outro discípulo, que Jesus amava, e encontraram dentro apenas o Sudário e turbante ao lado. Eles esperaram até que viram o Senhor.

Theotokion – 7º tom:
Tu fizeste coisas grandes e excepcionalmente estranhas para mim, ó misericordiosíssimo Cristo. Pois ininteligivelmente Tu nasceste duma Virgem Donzela e aceitaste a Cruz e suportaste a morte, ressuscitando em glória para fazer nossa natureza livre da morte. Glória a Tua glória, ó Cristo, glória a teu poder.

Laudes – 7º tom:
1º Cristo ressuscitou dos mortos e rompeu os elos da morte. Terra, clamai a boa nova da grande alegria. Céus, cantai a glória de Deus.

2º Nós vimos a ressurreição de Cristo, adoremos o Santo, o Senhor Jesus, o único sem pecado.

3º Adoremos, sem cessar, a ressurreição de Cristo, porque Ele nos livrou de nossas iniquidades. Santo é o Senhor Jesus que nos revelou a ressurreição.



4º O que daremos ao Senhor por tudo o que Ele nos deu? Foi por causa da natureza corrompida que Deus veio entre os homens, que o verbo se fez carne e habitou entre nós.
Benfeitor para os ingratos, libertador para os cativos, sol da justiça para os que estão na noite; sobre a cruz impassível; luz para os infernos, vida na ressurreição para os caídos. Clamemos e Ele, nosso Deus, glória a Ti.

5º Senhor, arrombaste as portas do inferno e Tua força invencível destruiu o império da morte. Contigo despertaste os mortos, que desde o início dormiam nas trevas, por Tua divina e gloriosa ressurreição, ó Deus todo poderoso.

6º Vinde e exultemos ao Senhor, regozijemo-nos em Sua ressurreição, porque Ele libertou os mortos dos entraves do inferno, porque Ele é Deus e deu a vida eterna ao mundo e a sua grande misericórdia.

7º Um anjo deslumbrante estava sentado sobre a pedra do Sepulcro, que continha a vida, e anunciava às mulheres esta boa nova: “Cristo ressuscitou, como havia predito. Ide dizer aos discípulos que Ele os precedeu na Galiléia e que Ele dá ao mundo a vida eterna e a grande misericórdia”.

8º Ó judeus sem lei, porque desprezaste a pedra angular? É esta a pedra que Deus colocou em Sião. Aquele que fez verter água de uma pedra no deserto, fez jorrar para nós a imortalidade de Seu lado transpassado.
É Ele a pedra que caiu da montanha virginal, sem o desejo do homem, Aquele que vem sobre as nuvens celestes ao ancião dos dias, como prometeu a Daniel. Eterno é o Seu Reino!

Eothinon – 7º tom:
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.
Maria, ficaste com a razão perturbada pela obscuridade da aurora pois, perto do túmulo, ficaste perguntando: “Aonde colocaram Jesus?”; mas os discípulos, que também correram ao Sepulcro, como já estavam orientados sobre a ressurreição, ao olhar o Sudário e o turbante, se lembraram do que estava escrito nos livros a respeito do Senhor.
Por isso, por intermédio deles, alicerçamos a nossa fé em Ti, ó Cristo doador da vida e, juntamente com eles, nós Te louvamos.
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.

Theotokion – 7º tom:
Bendita e venerável és Tu, ó Mãe de Deus, em cujo seio se encarnou Aquele que visitou o inferno, libertando Adão e Eva da maldição, destruindo a morte e dando a vida a todos nós. Por isso bendirei o Cristo em qualquer tempo, e sempre o Seu louvor estará em minha boca (2 vezes).

Euzina - 7ª:
Aqui está a aurora, por que paraste Maria ante o sepulcro e por que tua mente se ofuscou perguntando onde havia sido colado Jesus? Olha os discípulos que foram ao sepulcro perceba como descobriram Tua Ressurreição ao ver o sudário, recordaram tudo que se havia dito dele nos livros. Com ele te louvamos nós os que temos acreditado por seu meio, oh Cristo doador da Vida.

Hoje é a salvação do mundo. Louvemos Aquele que ressuscitou do túmulo, dando-nos origem a uma nova vida, porque anulou a morte com a Sua morte e nos concedeu a misericórdia de obter essa grande vitória.

Divina Liturgia

Anunciação - Modo 4:
É hoje o começo da nossa salvação e a manifestação do mistério eterno.
O Filho de Deus torna-Se Filho da Virgem e Gabriel anuncia a graça.
Por isso, cantamos com ele à Mãe de Deus:
“Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo!”

Tropário da Ressurreição - Modo 1 - (1º tom):
Embora a pedra fora selada pelos Judeus, e os soldados guardassem Teu puríssimo corpo, ressurgiste no terceiro dia, ó Salvador, dando a vida ao mundo. Por isso, as potestades celestes a Ti, fator da vida, clamaram glória à Tua ressurreição, ó Cristo, glória ao Teu reino, glória à Tua providência, Tu que És o único filantropo.

Kondakion – Modo 1 - (1º tom):
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo.
Tu, sendo Deus, te levantaste do túmulo, e devolveste a vida ao mundo; a natureza humana, por isso te louva: a morte foi vencida, Adão se regozija, ó Mestre, e Eva, liberta agora das cadeias da morte, com alegria exclama: Tu, Cristo, és o que a todos dá a Ressurreição!

Theotokion – Modo 1 - (1º tom):
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém
Quando Gabriel te saudou, ó Virgem, dizendo: "alegra-te!" e com sua voz, o Salvador encarnou-se em ti, tabernáculo santo; e, como falava o Justo Davi: "veio do céu trazendo o Criador de tudo", glória Àquele que habita em ti, glória Àquele nascido de ti e que nos libertou!

ProkimenonModo 1 - (1º tom):
Desça sobre nós, Senhor, a tua misericórdia conforme nossa esperança em Ti.
Exultai, ó justos, no Senhor, pois aos retos convém o louvor.

Epístola:                                                                                 2Cor 9, 6-11
Leitura da segunda Epístola do Apostolo São Paulo aos Coríntios:

Irmãos, o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância ceifará. Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria. E Deus é poderoso para fazer abundar em vós toda a graça, a fim de que tendo sempre, em tudo, toda a suficiência, abundeis em toda a boa obra; conforme está escrito:Espalhou, deu aos pobres;a sua justiça permanece para sempre. Ora, aquele que dá a semente ao que semeia, também vos dê pão para comer, e multiplique a vossa sementeira, e aumente os frutos da vossa justiça; para que em tudo enriqueçais para toda a beneficência, a qual faz que por nós se deem graças a Deus.

Aleluia!Modo 1 - (1º tom)
Aleluia, aleluia, aleluia!
Deus assegura a minha vitória e me submete os meus adversários.
Aleluia, aleluia, aleluia!
Salva maravilhosamente seu servo e usa de misericórdia com seu ungido.
Aleluia, aleluia, aleluia!

Evangelho:                                                                                         Lc 6, 31-36
Evangelho de Nosso Senhor Jesus  Cristo, segundo o Evangelista São Lucas:

Naquele tempo, disse Jesus: «O que quereis que os homens vos façam, fazei-o também a eles. Se amais os que vos amam, que recompensa mereceis? Também os pecadores amam aqueles que os amam. E se fazeis bem aos que vos fazem bem, que recompensa mereceis? Pois o mesmo fazem também os pecadores. Se emprestais àqueles de quem esperais receber, que recompensa mereceis? Também os pecadores emprestam aos pecadores, para receberem outro tanto. Pelo contrário, amai os vossos inimigos, fazei bem e emprestai, sem daí esperar nada. E grande será a vossa recompensa e sereis filhos do Altíssimo, porque ele é bom para com os ingratos e maus. Sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso.



SINAXE


O Evangelho que Lucas nos apresenta é uma continuação do Sermão da Montanha e nos convida a uma reflexão sobre o amor, o perdão, a magnanimidade e a oração. Jesus manda-nos bendizer aqueles que nos amaldiçoam, orar pelos que nos injuriam, praticar o bem sem esperar nada em troca, ser compassivos como Deus é compassivo, perdoar a todos, ser generosos sem cálculos ou tramas.

A virtude da magnanimidade, muito relacionada com a da fortaleza, consiste na disposição de acometer coisas grandes em nome da generosidade e do desprendimento. Quem se dispõe a viver assim traça o caminho da santidade.

O magnânimo propõe-se a ideais altos e não recua ante os obstáculos, às críticas ou aos desprezos. Não se deixa intimidar pelas murmurações ou pelo respeito humano; segue porque sua natureza o faz persistente em direção à perfeição. O magnânimo sente uma força que o faz sair de si mesmo em beneficio do próximo. Em sua pessoa não paira a mesquinhez e, para ele, não basta dar e oferecer; ele se dá e se oferece. É uma entrega pessoal às causas nobres. Jesus Cristo entregou-se a si mesmo, sofreu a morte de Cruz, por amor aos homens. Ele se oferece e é oferecido pelo Pai por amor.

A grandeza de alma demonstra-se também pela disposição em perdoar o que quer que seja. Não é próprio do cristão guardar rancores em seu coração, agravos, recordações que nos fazem sofrer; o que nos deveria ser próprio é a disposição permanente ao perdão.


Assim como Deus está sempre pronto a perdoar a todos e a tudo, a nossa capacidade de perdoar não deve também ter limites, nem pelo número de vezes, nem pelo grau da ofensa. -“Se, pois Jesus nos manda amar nossos inimigos, a quem nos dá como modelo? O próprio Deus”.
(S. Agostinho de Hipona)

O Senhor nos deu o exemplo. Perdoou na Cruz àqueles que lhe faziam padecer tanto. Em plena agonia no madeiro, no sofrimento beirando ao insuportável, Ele pede ao Pai por aqueles que o aniquilam: - “Pai Perdoa-lhes; eles não sabem,o que fazem”. (Lc 23,34)


Os pedidos que o Senhor nos faz através do Evangelho são possíveis de serem observados na medida de nossa magnanimidade. O Senhor não nos sobrecarregaria com fardos pesados se não nos tivesse provido antes das condições para carregá-los. Para isso, no entanto, é necessário cultivarmos um íntimo relacionamento com Jesus pela oração frequente. Desta maneira amaremos também aqueles que não nos amam, faremos o bem aqueles que nos fazem o mal, emprestaremos (quiçá, daremos) sem esperar a devolução.

Portanto, a primeira atitude a que somos chamados é a de rezar pelos nossos inimigos. Isto não é fácil. Exige de nós disciplina na oração.

«Compreenderemos o quanto Deus nos ama quando perdoarmos os que nos ofendem; sentiremos o amor divino em nossa existência quando amarmos os nossos inimigos. Quanto mais estivermos próximos de Deus pela oração menos inimigos teremos, pois já o veremos como irmãos.»
(Santo Irineu).

De fato a oração nos transporta para uma realidade divina; a oração nos possibilita levar para o âmago de nosso coração não apenas aqueles que nos rodeiam distribuindo afeto e empatia, mas também aqueles que se aproximam de nós com aspereza, rudeza, inimizade, discórdia e apatia. Isto é possível quando estamos dispostos a fazer de nossos inimigos, parte de nós mesmos: nossos irmãos.

«Então, sim, ao amares teu inimigo, estás a amar um irmão. É esse o motivo por que o amor ao inimigo é a perfeição da caridade, já que a caridade perfeita consiste no amor aos irmãos. Ama e fazes o que quiseres; se te calas, cala-te por amor; se falas em tom alto, fala por amor; se corrigires alguém, faze por amor. Pois é preciso amar o homem e não o seu erro. O homem é obra de Deus, o erro é obra do homem. Ama a obra de Deus e purifica as obras do homem. Se existe o inimigo é porque existe o erro. Retira o erro e em vez de enxergares um inimigo, contemplarás um irmão.»
(Santo Agostinho).

Rezar por nossos inimigos revela a disposição para a reconciliação. Quando elevamos nossos inimigos ao coração de Deus pela oração, será impossível continuar a nutrir maus sentimentos por eles. Pois Deus tudo transforma. A oração transforma o inimigo em “alguém próximo ao coração de Deus”. Tal proximidade nos fará pessoas propensas a um novo relacionamento. Provavelmente não existe nenhuma oração tão poderosa como a oração pelos inimigos. Mas também é a mais difícil pois é exigente. Alguns santos consideram a oração feita pelos inimigos o principal critério de santidade.
Amar os nossos inimigos nos faz próximos da Cruz e da comunhão com o Crucificado. Esta intimidade com o Senhor que sofreu, mas se fez vencedor, abre os olhos de nosso coração para que reconheçamos que em nosso “inimigo” está, na verdade, um irmão que também é amado por Deus. Nem sempre aqueles que julgamos ser nossos inimigos são inimigos de Deus. Constatamos isto quando o Senhor nos chama a atenção dizendo que Deus faz chover e brilhar o sol sobre os justos e sobre os injustos. Não o sol e a chuva apenas terrenos, mas também o “Sol da justiça”, que é o próprio Jesus Cristo.
O amor e o perdão se fazem par quando desejamos viver o Evangelho de forma autêntica, buscando incansavelmente caminhar na santidade dos filhos de Deus: “Sede santos como vosso Pai é Santo”.

«Amar nossos inimigos é o desejo que Tu revelastes,
ó Amor Misericordioso do Pai.
Pedirias semelhante coisa a nós,
se não pudéssemos alcançar ?
Estarei eu compreendendo em meu intimo tal desejo?
Ou equivocado estou em meus conceitos
sobre o amor e a inimizade?
O que é o amor ? Quem são meus inimigos?
Teria entre os filhos do Altíssimo
alguém que pudesse ser realmente inimigo?
Se todos somos filhos do Amor,
como podemos gerar inimizade entre nós ?
Que meus sentimentos em relação aos meus irmãos,
aqueles que não são dignos de serem oferecidos no Altar
sejam modificados por tua Graça, ó Soberano Celestial.
Elevo minha alma a Ti, Criador de todas as coisas,
para transformá-la em espaço onde possa acolher
aqueles que não me são caros.
Rezo por eles, Senhor, e por mim.
Que sejamos irmãos antes de tudo
para que consigamos enxergar a face do mesmo Pai
e sermos dignos do Amor.»
Abade Moisés (XXV Discurso)

BIOGRAFIA:
STORNIOLO, Ivo. «Como Ler o Evangelho de Lucas». São Paulo: Ed. Paulus.
HAMMANN, A. «Os Padres da Igreja». São Paulo: Ed Paulinas.
«Orações dos Primeiros Cristãos». São Paulo: Ed. Paulinas.


29 de Setembro: São Ciríaco, anacoreta († 556)




São Ciríaco nasceu na cidade grega de Corinto no ano 448. Seu pai, João, era um sacerdote, e sua mãe se chamava Eudoxia. Pedro, irmão de Ciríaco, era arcebispo de Corinto. Ainda pequeno, Ciríaco foi para a Lavra do Grande Euthymios, em Jerusalém, onde, mais tarde, recebeu a consagração monástica. Logo depois, foi enviado ao asceta Gerasimo. Após a morte de São Gerasimo, Ciríaco retornou à Lavra de Santo Euthymios onde, aos quarenta anos, foi ordenado sacerdote. Desde então, no monastério Zuca, sua vida foi marcada por um rigoroso ascetismo. Tal era a austeridade que se impunha que se alimentava apenas de algumas ervas selvagens, excessivamente amargas. No entanto, através de suas orações, o amargor do alimento convertia-se em doçura espiritual, para ele e seu discípulo. Ciríaco viveu até a idade de 107 anos e seu adormecimento em Cristo ocorreu no ano 555.
Tradução e publicação neste site com
 permissão de Ortodoxia.org Trad. Padre André


30 de Setembro: São Gregório, o Iluminador, mártir, bispo da Grande Armênia († 330)



Apóstolo armênio de origem nobre nascido em Valarxabad, originalmente um monge cipriota, juntou-se a comunidade do Monte Sinai e fez frequentes viagens pela Palestina, passando e a ser chamado de «o Iluminador» por ter levado o povo armênio ao cristianismo. Tornado escravo durante a invasão persa e comprado por um cristão de Capadócia, ao retornar à Armênia, de colaborador e conselheiro do rei, tornou-se prisioneiro de Tirídates III, seu primo e rei da Armênia. Ao ser descoberto como cristão foi condenado a 14 anos de prisão. Porém conseguiu converter o próprio rei ao cristianismo (301), após curá-lo milagrosamente de uma doença contagiosa. O rei mandou que batizasse toda a sua corte, passando a adotar o cristianismo como religião oficial do estado e Gregório tornou-se Patriarca da Armênia. Através da sua pregação uma nova luz raiou na longa história do povo armênio, e a fé uniu-se de maneira inseparável à identidade nacional. A fé cristã radicou-se de modo permanente nesta terra, situada à volta do monte Ararat, e a palavra do Evangelho influenciou profundamente a língua, a vida familiar, a cultura e a arte do povo armênio. Tornou-se bispo metropolitano da Capadócia (302) e líder da jovem Igreja armênia, tendo sido sucedido por seu filho Aristaques como chefe supremo dos cristãos, retirando-se à vida solitária e, desse modo, preparando-se para a morte. É venerado no dia 30 de setembro como o Apóstolo, padroeiro da Armênia, e evangelizador das Igrejas da Síria e Ortodoxa Grega.
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 permissão de Ortodoxia.org Trad. Padre André

04 de Outubro: Santo (Abba) Amon, Padre do deserto




Diz-se que Santo Amon foi o primeiro dos Padres do Egito, e que fundou um monastério em Nitria, tornando-se um dos mais célebres ermitães do deserto. Depois da morte de seus pais, que eram pessoas de muitas posses, seu tio e outros parentes obrigaram o jovem a se casar. Nessa época Amon estava com vinte e oito anos de idade. Lendo para a sua esposa os louvores de São Paulo, no estado de virgindade, conseguiu convencê-la a viver com ele em absoluta continência durante 18 anos. Amon se mortificava severamente, preparando-se para a austeridade da vida do deserto. Passava dias inteiros entregue ao trabalho, numa grande plantação de árvores de bálsamo. Ceava com sua esposa algumas ervas e frutos, retirando-se depois para a oração que se estendia noite adentro. Quando seu tio e os outros parentes que tinham interesse em que permanecesse na vida do mundo morreram, Amon conseguiu o consentimento de sua esposa e retirou-se ao deserto de Nitria. Sua esposa reuniu em sua casa uma comunidade de mulheres devotas, e Santo Amon as visitava duas vezes ao ano para dirigi-las no caminho da vida espiritual.

Nítria se chama, atualmente Wady Natrun, estando situada há uns cento e dez quilômetros ao sudeste de Alexandria. Há uma descrição deste lugar que diz o seguinte: «É um pântano doentio e coberto de ervas, infestado de répteis e insetos venenosos. Existem bons e maus oásis. O oásis pantanoso de Nítria recebeu esse nome porque suas águas são salgadas. Os ermitães o elegeram porque era ainda pior que o deserto».

Os primeiros discípulos de Santo Amon viviam em celas separadas até que Santo Antônio, o Grande, os aconselhou que se reunissem sob a direção de um diretor sensato. No entanto, o monastério não passava, até então, de uma espécie de colônias de celas independentes. O próprio Santo Antônio escolheu o lugar para o seu grupo de monges. Santo Amon e Santo Antônio costumavam visitar-se um ao outro com frequência.

Santo Amon levava uma vida de muita austeridade. Desde que chegou ao deserto, acostumou-se a alimentar-se de pão e água e apenas uma vez ao dia e, às vezes, a cada três ou quatro dias. Assim o fez até o fim de seus dias. Entre os muitos milagres atribuídos a ele, Santo Atanásio faz referência a um em sua obra «A Vida de Santo Antão». Em certa ocasião, Santo Amon precisou cruzar o rio em companhia de um de seus discípulos, Teodoro, As águas tinham alcançado um nível elevado. Se discípulo se afastou um pouco para despir-se. Santo Amon não gostava de despir-se para atravessar o rio, mesmo quando estava sozinho. De súbito, foi transportado, milagrosamente para a outra margem. Quando chegou a sua vez, Teodoro percebeu que seu mestre não estava molhado. Perguntou-lhe, então, o que havia acontecido. Santo Amon não viu outra saída senão revelar a Teodoro o milagre, na condição de que seu discípulo prometesse não revelar nada a ninguém enquanto ele, Amon, estivesse vivo. E viveu até alcançar a idade de setenta e dois anos. Santo Antônio encontrava-se, então, a uma distância de treze dias de viagem, e soube que seu amigo havia morrido através de uma visão em que presenciou a alma de Santo Amon subindo aos céus.
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