PATRIARCADO ECUMÊNICO DE CONSTANTINOPLA
Arquidiocese
Ortodoxa Grega de Buenos Aires e América do Sul
Igreja Anunciação da Mãe de Deus
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Brasília,
03 de agosto de 2014
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8º Domingo de Mateus
8º
Domingo depois de Pentecostes
15º
Domingo depois da Páscoa
Matinas
Tropário:
Destruístes com a Tua Cruz a morte,
abristes ao ladrão o paraíso, transformaste o luto das mirróforas e ordenaste, aos
Teus Apóstolos pregarem que Tu ressuscitaste, ó Cristo Deus, dando ao mundo a grande
misericórdia.
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito
Santo,
Destruístes com a Tua Cruz a morte,
abristes ao ladrão o paraíso, transformaste o luto das mirróforas e ordenaste, aos
Teus Apóstolos pregarem que Tu ressuscitaste, ó Cristo Deus, dando ao mundo a grande
misericórdia.
Theotokion:
Virgem gloriosa, tesouro de nossa
ressurreição, arrancai dos abismos do pecado aqueles que colocam a sua esperança
em Ti, pois salvaste os pecadores subjugados às suas faltas, Tu que destes nascimento
à nossa salvação, Tu que permanecestes virgem no parto, durante o parto e após o
parto.
Katisma:
O sepulcro está aberto, o inferno
se lamenta e Maria exclama aos apóstolos prostrados: "Saí, operários da vinha,
proclamai a nova da ressurreição. O Senhor ressuscitou e deu ao mundo a grande misericórdia."
Glória ao Pai, Filho e Espírito Santo
Ao lado de Teu sepulcro, Senhor, Maria
Madalena chora e se lamenta: Ela Te fala e, pensando que eras o jardineiro, e diz:
"Onde colocaste a vida eterna? Onde colocaste aquele que se assenta sobre o
trono dos querubins?" E quando ela viu os guardas gelados, caírem como mortos,
exclamou: "Dai-me o meu Senhor, ou então clamai comigo: glória a Ti que desceste
até os mortos, glória a que ressuscitaste dos mortos."
Agora, sempre e pelos séculos dos
séculos.
Theotokion:
Ó virgem Mãe de Deus, intercede por
nós ao Cristo Deus que foi crucificado por nós, e que com a Sua ressurreição destruiu
o império da morte. Intercede sem cessar, Ó Mãe de Deus, para que ele salve as nossas
almas.
Evangelho - Jo 21, 1-14
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, segundo o Evangelista
São João.
Depois disso, tornou Jesus a manifestar-se
aos seus discípulos junto ao lago de Tiberíades. Manifestou-se deste modo: Estavam
juntos Simão Pedro, Tomé (chamado Dídimo), Natanael (que era de Caná da Galiléia),
os filhos de Zebedeu e outros dois dos seus discípulos. Disse-lhes Simão Pedro:
Vou pescar. Responderam-lhe eles: Também nós vamos contigo. Partiram e entraram
na barca. Naquela noite, porém, nada apanharam. Chegada a manhã, Jesus estava na
praia. Todavia, os discípulos não o reconheceram. Perguntou-lhes Jesus: Amigos,
não tendes acaso alguma coisa para comer? Não, responderam-lhe. Disse-lhes ele:
Lançai a rede ao lado direito da barca e achareis. Lançaram-na, e já não podiam
arrastá-la por causa da grande quantidade de peixes. Então aquele discípulo, que
Jesus amava, disse a Pedro: É o Senhor! Quando Simão Pedro ouviu dizer que era o
Senhor, cingiu-se com a túnica (porque estava nu) e lançou-se às águas. Os outros
discípulos vieram na barca, arrastando a rede dos peixes (pois não estavam longe
da terra, senão cerca de duzentos côvados). Ao saltarem em terra, viram umas brasas
preparadas e um peixe em cima delas, e pão. Disse-lhes Jesus: Trazei aqui alguns
dos peixes que agora apanhastes. Subiu Simão Pedro e puxou a rede para a terra,
cheia de cento e cinquenta e três peixes grandes. Apesar de serem tantos, a rede
não se rompeu. Disse-lhes Jesus: Vinde, comei. Nenhum dos discípulos ousou perguntar-lhe:
Quem és tu?, pois bem sabiam que era o Senhor. Jesus aproximou-se, tomou o pão e
lhos deu, e do mesmo modo o peixe. Era esta já a terceira vez que Jesus se manifestava
aos seus discípulos, depois de ter ressuscitado.
Divina Liturgia
Tropário da Ressurreição - 7º tom:
Destruístes com a Tua Cruz a morte, abristes ao ladrão
o paraíso, transformaste o luto das mirróforas e ordenaste, aos Teus Apóstolos pregarem
que Tu ressuscitaste, ó Cristo Deus, dando ao mundo a grande misericórdia.
Kondakion – 7º tom:
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo.
O domínio da morte já não pode submeter o homem, pois
Cristo, descendo, aboliu e destruiu o seu poder, o Hades está vencido, e os profetas
se alegram, clamando em uníssono: "O Salvador apareceu àqueles que têm fé!
Corram, fiéis, para a Ressurreição!"
Theotokion – 7º tom:
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
Como templo da nossa ressurreição, ó Toda-gloriosa retira
do túmulo e da desolação aqueles que esperam em ti, tu nos salvaste da escravidão
do pecado, gerando a nossa Salvação, permanecendo sempre virgem.
Anunciação - Modo 4
É hoje o começo da nossa
salvação e a manifestação do mistério eterno.
O Filho de Deus torna-Se
Filho da Virgem e Gabriel anuncia a graça.
Por isso, cantamos com
ele à Mãe de Deus:
“Salve, ó cheia de graça,
o Senhor está contigo!”.
Hino à Mãe de Deus:
Ó Admirável e Protetora dos cristãos e nossa Medianeira
do Criador não desprezes as súplicas de nenhum de nós pecadores, mas apressa-te
em auxiliar-nos como Mãe bondosa que és, pois te invocamos com fé: roga por nós
junto de Deus, tu que defendes sempre aqueles que te veneram.
Prokimenon:
O Senhor dará poder a seu povo (Sl 29, 11).
O Senhor abençoará seu povo com a paz (Sl 28, 1).
Epístola
1Cor 1, 10-17
Leitura da 1ª Epístola de São Paulo aos Corintios:
Irmãos, rogo-vos em nome de nosso
Senhor Jesus Cristo, que todos estejais em pleno acordo e que não haja entre vós
divisões. Vivei em boa harmonia, no mesmo espírito e no mesmo sentimento. Pois acerca
de vós, irmãos meus, fui informado pelos que são da casa de Cloé, que há contendas
entre vós. Refiro-me ao fato de que entre vós se usa esta linguagem: Eu sou discípulo
de Paulo; eu, de Apolo; eu, de Cefas; eu, de Cristo. Então estaria Cristo dividido?
É Paulo quem foi crucificado por vós? É em nome de Paulo que fostes batizados? Graças
a Deus, não batizei nenhum de vós, à exceção de Crispo e Gaio. Assim ninguém poderá
dizer que fostes batizados em meu nome. (Aliás, batizei também a família de Estéfanas.
Além destes, não me consta ter batizado ninguém mais.) Cristo não me enviou para
batizar, mas para pregar o Evangelho; e isso sem recorrer à habilidade da arte oratória,
para que não se desvirtue a cruz de Cristo. A linguagem da cruz é loucura para os
que se perdem, mas, para os que foram salvos, para nós, é uma força divina. Está
escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios, e anularei a prudência dos prudentes
(Is 29,14). Onde está o sábio? Onde o erudito? Onde o argumentador deste mundo?
Acaso não declarou Deus por loucura a sabedoria deste mundo?
Aleluia!
Aleluia, aleluia, aleluia!
É bom exaltar o Senhor e cantar louvores ao teu Nome,
ó Altíssimo (Sl 92, 1)
Aleluia, aleluia, aleluia!
Proclamar pela manhã o teu amor e a tua fidelidade pela
noite (Sl 91, 2)
Aleluia, aleluia, aleluia!
Evangelho Mt.14,
14-22
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, segundo o Evangelista
São Mateus:
E, Jesus, saindo, viu uma grande multidão,
e possuído de íntima compaixão para com ela, curou os seus enfermos. E, sendo chegada
a tarde, os seus discípulos aproximaram-se dele, dizendo: O lugar é deserto, e a
hora é já avançada; despede a multidão, para que vão pelas aldeias, e comprem comida
para si. Jesus, porém, lhes disse: Não é mister que vão; dai-lhes vós de comer.
Então eles lhe disseram: Não temos aqui senão cinco pães e dois peixes. E ele disse:
Trazei-mos aqui. E, tendo mandado que a multidão se assentasse sobre a erva, tomou
os cinco pães e os dois peixes, e, erguendo os olhos ao céu, os abençoou, e, partindo
os pães, deu-os aos discípulos, e os discípulos à multidão. E comeram todos, e saciaram-se;
e levantaram dos pedaços, que sobejaram, doze alcofas cheias. E os que comeram foram
quase cinco mil homens, além das mulheres e crianças. E logo ordenou Jesus que os
seus discípulos entrassem no barco, e fossem adiante para o outro lado, enquanto
despedia a multidão.
Sinaxe
«Jesus sacia a fome do povo»
No tempo do deserto, o povo de Deus
passou fome. A questão da sobrevivência aparece imediatamente: "Jesus ergueu
os olhos e viu uma grande multidão que vinha ao seu encontro. Então disse a Filipe:
‘Onde vamos comprar pão para eles comerem?’". Notemos que a primeira (e a única)
preocupação de Jesus é com a sobrevivência do povo. Nada disso acontecia por ocasião
da festa da Páscoa em Jerusalém. Bem ao contrário, como já pudemos constatar.
Jesus provoca seus seguidores, representados
por Filipe: como resolver a questão da fome do povo? Filipe pensa como muita gente
"de bem". Para ele, a fome do povo não tem solução: "Nem meio ano
de salário bastaria para dar um pedaço a cada um". Filipe mostra muito bem
que o comércio tomou conta dos bens que sustentam a vida. É preciso muito dinheiro
para saciar a fome do povo! E isso parece ser um caso sem solução.
Surge, então, André. Já vimos que
seu nome significa humano. Ele representa a nova proposta diante da fome do povo:
"Aqui há um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixes. Mas o que é isso
para tanta gente?". Pão de cevada e peixe eram a comida dos pobres. O rapaz
recorda os pequenos que estão dispostos a servir e a partilhar os bens da vida,
sem submetê-los à ganância do comércio. Uma dose de humanidade (André), o alimento
dos pobres (pão de cevada e peixes), alguém disposto a servir e a partilhar (rapaz):
será que isso vai resolver a questão da fome do povo? Será que a partilha resolveria
para sempre a fome da humanidade inteira?
Jesus ordena aos discípulos que mandem
o povo sentar. Naquele tempo, somente as pessoas livres é que sentavam para tomar
refeição. O gesto de sentar, portanto, funciona como tomada de consciência da própria
dignidade e liberdade. Jesus quer que os discípulos e o povo tomem consciência disso.
Estar sentado contrasta com a prostração em que se encontravam os doentes em Jerusalém.
O evangelho afirma que havia muita grama nesse lugar. Já vimos que o Templo de Jerusalém
era chamado simplesmente de "o Lugar". O novo Templo em que Deus se encontra
com a humanidade é lá onde acontecem a partilha dos bens da vida e a fruição da
dignidade e da liberdade humanas. Jesus e o povo livre são o novo Templo! E isso
vale para todos. De fato, estavam aí cinco mil pessoas. Esse número é simbólico
e representa toda a comunidade do Messias.
Jesus pega o pão do povo e faz a oração
de agradecimento. É muito estranho que ele não agradeça ao rapaz, e sim a Deus.
Esse detalhe é importante, pois recoloca os bens que sustentam a vida dentro do
projeto de Deus. De fato, lendo Gênesis 1, descobrimos que todas as criaturas de
Deus têm sua porção de alimento que sustenta e garante a vida. Dando graças a Deus,
Jesus está tirando os bens da vida das garras da ganância e do acúmulo (comércio)
para colocá-los no âmbito da partilha e da gratuidade. Todos têm direito a esses
bens, porque é isso que o projeto de Deus prevê. A proposta de Jesus, portanto,
traz uma nova visão da economia: os bens que garantem e sustentam a vida não podem
ser submetidos à ganância do comércio, pois Deus os destinou a todos. Não é culpa
de Deus se o povo passa fome. Isso é resultado de uma economia "sem coração",
que acumula a vida para poucos às custas da miséria de muitos.
Jesus distribui os pães e os peixes
às cinco mil pessoas. Ele faz tudo sozinho porque é o Doador da vida para todos.
Sua vida é entregue plenamente.
O povo se farta. E ainda sobra muita
coisa. Disso aprendemos que, se os bens da vida forem partilhados entre todos, todos
ficarão satisfeitos e ainda sobrará muita coisa. De fato, os doze cestos cheios
lembram as doze tribos de Israel, ou seja, todo o povo de Deus do Antigo Testamento.
A lição é muito clara: quando a vida é partilhada, todos a possuem plenamente, e
ela transborda para todos.
Jesus manda recolher os pães que sobraram:
"Recolham os pedaços que sobraram, para não se desperdiçar nada". O fato
recorda Êxodo 16,20. No tempo do deserto não era permitido acumular o maná. O que
Jesus quer dizer com isso é que sua comunidade não pode acumular, pois isso gera
ganância. E o que é acumulado por alguns falta aos outros.
O povo reage ao sinal que Jesus realizou:
"Este é mesmo o profeta que devia vir ao mundo", mas reage de modo passivo,
pois quer fazê-lo rei. Quando mandou a multidão sentar, Jesus queria o povo livre.
Este, agora, quer se tornar escravo de um rei. Por isso Jesus foge para a montanha,
pois não se deixa manipular. O fato de Jesus se retirar para a montanha recorda
Êxodo 34,3-4: Moisés subiu ao monte depois que o povo caiu na idolatria de querer
fazer um deus à sua imagem. Jesus se retira sozinho para a montanha porque a grande
idolatria nesse momento é querer que Deus resolva todos os nossos problemas sem
a nossa contribuição.
Fonte:
BORTOLINI, José. Como ler o Evangelho,
Ed Paulus, 5ª ed, 1994.
«Com os pedaços que sobraram, encheram doze cestos»
Santo Efrém, o Sírio(c. 306-373),
Diatesseron, 12, 4-5, 11
Num piscar de olhos, o Senhor multiplicou
um pedaço de pão. Aquilo que os homens fazem em dez meses de trabalho, fizeram-no
os Seus dedos num instante. [.] Contudo, não foi com o seu poder que comparou este
milagre, mas com a fome dos que tinha diante de Si. Se o milagre tivesse sido comparado
com o seu poder, seria impossível de avaliar; comparado com a fome daqueles milhares
de pessoas, o milagre ultrapassou os doze cestos. O poder dos artesãos é inferior
aos desejos dos respectivos clientes; eles não conseguem fazer tudo aquilo que se
lhes pede; pelo contrário, as realizações de Deus ultrapassam todo o desejo. [.]
Saciados no deserto, como outrora
o tinham sido os Israelitas pela oração de Moisés, eles exclamaram: "Este é
o profeta do qual está dito que viria ao mundo." Aludiam às palavras de Moisés:
"O Senhor suscitará para vós um profeta", que não será um profeta qualquer,
mas "um profeta como eu" (Dt 18,15), que vos saciará de pão no deserto.
Tal como eu, caminho u sobre as águas, surgiu numa nuvem luminosa (Mt 17,5), libertou
o seu povo. Entregou Maria a João, como Moisés entregara o seu rebanho a Josué.
[.] Mas o pão de Moisés não era perfeito; apenas foi dado aos Israelitas. Querendo
significar que o seu dom é superior ao de Moisés e o chamamento às nações ainda
mais perfeito, Nosso Senhor disse: "Se alguém comer o Meu pão viverá eternamente",
porque "o pão vivo que desceu do céu" é dado a todo o mundo (Jn 6,51).
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