PATRIARCADO ECUMÊNICO DE
CONSTANTINOPLA
Arquidiocese Ortodoxa Grega
de Buenos Aires e América do Sul
Igreja Anunciação da Mãe
de Deus
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Brasília, 24 de agosto de
2014
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11º Domingo de Mateus
11º Domingo de Mateus
18º Domingo depois da Páscoa
Matinas
Tropário:
Quando
desceste até à morte, tu que és a Vida Imortal, então destruíste o inferno com o
resplendor da tua divindade. E quando ressuscitaste os mortos do fundo da terra,
todas as potestades celestes exclamaram: ó Cristo Deus, autor da vida, glória a
ti!
Glória
ao Pai +, ao Filho e ao Espírito Santo,
Quando desceste até à morte, tu que és
a Vida Imortal, então destruíste o inferno com o resplendor da tua divindade. E
quando ressuscitaste os mortos do fundo da terra, todas as potestades celestes exclamaram:
ó Cristo Deus, autor da vida, glória a ti!
Agora,
sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.
Theotokion:
Ó
Mãe de Deus, Teu mistério é glorioso, Teu mistério está acima de todo entendimento,
Tua pureza permanece selada e Tua virgindade intacta, Tu que Te fizeste conhecer
como verdadeira Mãe, tendo dado à luz ao verdadeiro Deus. Intercedei por nós a Deus
para salvar nossas almas.
Katisma:
Verdadeiramente,
o nobre José desprega Teu puríssimo corpo do madeiro, envolve-o em pano de linho
puríssimo e com aromas, Te deposita em um sepulcro novo. Mas, ao terceiro dia, Senhor,
ressuscitaste para dar ao mundo a grande misericórdia.
Glória
ao Pai +, ao Filho e ao Espírito Santo,
O
anjo apareceu no túmulo e disse para as santas mulheres: "os perfumes são bons
para os mortos, mas Cristo mostrou ser estranho a toda corrupção. Ide e clamai:
"O Senhor ressuscitou para dar ao mundo a grande misericórdia."
Agora,
sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.
Theotokion:
Ó
Virgem Mãe de Deus tu estás acima de toda a glória, e nós cantamos: pela cruz de
teu Filho, o inferno foi abatido, a morte foi destruída pela morte, e nós, os mortos,
ressuscitados para a vida, restituindo-nos a bem-aventurança primeira do paraíso.
Evangelho Mc
16: 1-8
Evangelho de Nosso Senhor Jesus + Cristo,
segundo o Evangelista São Marcos.
Passado
o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé compraram aromas para ungir
Jesus. E no primeiro dia da semana, foram muito cedo ao sepulcro, mal o sol havia
despontado. E diziam entre si: Quem nos há de remover a pedra da entrada do sepulcro?
Levantando os olhos, elas viram removida a pedra, que era muito grande. Entrando
no sepulcro, viram, sentado do lado direito, um jovem, vestido de roupas brancas,
e assustaram-se. Ele lhes falou: Não tenhais medo. Buscais Jesus de Nazaré, que
foi crucificado. Ele ressuscitou, já não está aqui. Eis o lugar onde o depositaram.
Mas ide, dizei a seus discípulos e a Pedro que ele vos precede na Galiléia. Lá o
vereis como vos disse. Elas saíram do sepulcro e fugiram trêmulas e amedrontadas.
E a ninguém disseram coisa alguma por causa do medo.
Divina Liturgia
Tropário da Ressurreição
– 2º tom:
Quando
desceste até a morte, Tu que És a vida imortal, então destruíste o inferno com o
resplendor da Tua divindade. E quando ressuscitaste os mortos do fundo da terra,
todas as potestades celeste exclamaram: Cristo Deus, fator da vida, glória a Ti.
Kondakion – 2º tom:
Glória ao Pai +, ao Filho e ao Espírito Santo.
Tu
te levantaste da tumba, ó Salvador onipotente, e o inferno, vendo esta maravilha,
estremeceu de medo, e os mortos ressuscitaram de seus túmulos. Adão e toda a Criação
se alegram contigo, e o mundo, ó Salvador meu, te louva para sempre.
Theotokion – 2º tom:
Agora,
sempre e pelos séculos dos séculos. Amém
Teus méritos são glorificados acima de toda
a razão, ó Mãe de Deus, na pureza selada, preservaste a tua virgindade, verdadeiramente
mãe, és reconhecida que deste à luz o verdadeiro Deus roga a Ele que salve as nossas
almas!
Hino à Mãe de
Deus
Ó
Admirável e Protetora dos cristãos e nossa Medianeira do Criador não desprezes as
súplicas de nenhum de nós pecadores, mas apressa-te em auxiliar-nos como Mãe bondosa
que és, pois te invocamos com fé: roga por nós junto de Deus, tu que defendes sempre
aqueles que te veneram.
Prokimenon:
O
Senhor te ouça no dia da tribulação, o nome do Deus de Jacó te proteja.
Ó
Senhor, salva o teu povo, e ouve-nos, quando te invocarmos.
Epístola 1Cor. 9: 2-12
Leitura da 1ª Epistola de São Paulo aos Coríntios.
Se eu não sou apóstolo para
os outros, ao menos o sou para vós; porque vós sois o selo do meu apostolado no
Senhor. Esta é minha defesa para com os que me condenam. Não
temos nós direito de comer e beber? Não temos nós direito de levar conosco uma esposa
crente, como também os demais apóstolos, e os irmãos do Senhor, e Cefas? Ou só eu
e Barnabé não temos direito de deixar de trabalhar? Quem jamais milita à sua própria
custa? Quem planta a vinha e não come do seu fruto? Ou quem apascenta o gado e não
se alimenta do leite do gado? Digo eu isto segundo os homens? Ou não diz a lei também
o mesmo? Porque na lei de Moisés está escrito: Não atarás a boca ao boi que trilha
o grão. Porventura tem Deus cuidado dos bois? Ou não o diz certamente por nós? Certamente
que por nós está escrito; porque o que lavra deve lavrar com esperança e o que debulha
deve debulhar com esperança de ser participante. Se nós vos semeamos as coisas espirituais,
será muito que de vós recolhamos as carnais? Se outros participam deste poder sobre
vós, por que não, e mais justamente, nós? Mas nós não usamos deste direito; antes
suportamos tudo, para não pormos impedimento algum ao evangelho de Cristo.
Aleluia!
Aleluia,
aleluia, aleluia!
Vinde,
regozijemo-nos no Senhor; cantemos as glórias de Deus, nosso Salvador!
Aleluia,
aleluia, aleluia!
Porque
o Senhor é grande, é o grande Rei de toda a terra.
Aleluia, aleluia, aleluia!
Aleluia, aleluia, aleluia!
Evangelho Mt. 18, 23-35
Evangelho de Nosso
Senhor Jesus + Cristo, segundo o Evangelista São Mateus:
Por
isso o reino dos céus pode comparar-se a um certo rei que quis fazer contas com
os seus servos; E, começando a fazer contas, foi-lhe apresentado um que lhe devia
dez mil talentos; E, não tendo ele com que pagar, o seu senhor mandou que ele, e
sua mulher e seus filhos fossem vendidos, com tudo quanto tinha, para que a dívida
se lhe pagasse. Então aquele servo, prostrando-se, o reverenciava, dizendo: Senhor,
sê generoso para comigo, e tudo te pagarei. Então o senhor daquele servo, movido
de íntima compaixão, soltou-o e perdoou-lhe a dívida. Saindo, porém, aquele servo,
encontrou um dos seus conservos, que lhe devia cem dinheiros, e, lançando mão dele,
sufocava-o, dizendo: Paga-me o que me deves. Então o seu companheiro, prostrando-se
a seus pés, rogava-lhe, dizendo: Sê generoso para comigo, e tudo te pagarei. Ele,
porém, não quis, antes foi encerrá-lo na prisão, até que pagasse a dívida. Vendo,
pois, os seus conservos o que acontecia, contristaram-se muito, e foram declarar
ao seu senhor tudo o que se passara. Então o seu senhor, chamando-o à sua presença,
disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste. Não
devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como eu também tive misericórdia
de ti? E, indignado, o seu senhor o entregou aos atormentadores, até que pagasse
tudo o que devia. Assim vos fará, também, meu Pai celestial, se do coração não perdoardes,
cada um a seu irmão, as suas ofensas.
Sinaxe
«Perdoai as nossas
dívidas, assim como nós
perdoamos aos
nossos devedores»
A atitude daquele
que obteve misericórdia de Deus por causa das grandes dívidas, mas que não soube
retribuí-la àquele que lhe devia pouco, a princípio, pode causar em nosso interior
indignação e tristeza ante tamanha injustiça ou incoerência. No entanto, não estamos
tão imunes ou tão distantes de repetirmos semelhantes disparates. De fato, o primeiro
sentimento nosso é o de estranheza. Mas, tal estranheza vai dando lugar à semelhança
e, não poucas vezes, à identificação . Não somos tão coerentes assim, não somos
tão cristãos assim, como as vezes pensamos ser. E, é nestes momentos de identificação,
que precisamos nos soerguer e caminhar.
O Evangelho
narrado por Mateus, no capitulo 18, nos traz a tão conhecida pergunta feita a Jesus
por Pedro: “Senhor, quantas vezes devemos perdoar?”. A resposta que Jesus lhe dá,
da mesma forma, nos é familiar, pois repetidas vezes, ouvimo-la. A resposta de Jesus,
é, então acompanhada pela narrativa que é conteúdo e objeto de reflexão deste XI
Domingo de Mateus.
Jesus, como
pedagogo e Mestre, responde a Pedro que devemos perdoar não somente sete vezes,
mas setenta vezes sete. Ele complementa e elucida a resposta com esta parábola,
inteligentemente construída do ponto de vista ilustrativo, densamente catequético,
do ponto de vista da coerência humana e profundamente teológico, pois ensina que
os seguidores de Cristo devem imitá-lo, exercitando o perdão e a misericórdia.
A coerência
exige coesão entre o falar e o fazer; exige lógica entre o agir e a fé que dizemos
abraçar e professar. E, nem sempre a observamos: todas as vezes que rezamos a Oração
do Pai-nosso, pedimos para que Deus perdoe nossos erros, na mesma medida que perdoamos
aqueles que nos ofendem com suas fraquezas, insultos, mentiras, injustiças etc.
Nossa sorte reside no fato de Deus, ao escutar nossa oração, ser movido mais pela
misericórdia do que pelo rigor em cumprir aquilo que ouve de nossa boca.
Nesta parábola,
identificamos dois sujeitos distintos: aquele que perdoa e o que é perdoado. Facilmente
ligamos a pessoa do “rei” que perdoa a Deus e a pessoa do servo que é perdoado,
a todos nós. Conceder o perdão é um ato e um atributo divino. Ser perdoado é uma
realidade inerente à natureza humana. Quem
perdoa se mostra semelhante e se identifica com Deus.
"Não podemos
conhecer a Deus segundo sua grandeza, mas podemos conhecê-Lo segundo seu amor e
sua misericórdia. O amor é identificado pela gratuita filiação e a misericórdia
revela-se pelo ininterrupto perdão que nos é oferecido a cada queda", diz Santo
Irineu.
Quem é perdoado
resgata a pureza e a essência de criatura que é. Aquele que primeiramente foi perdoado,
não soube dar o perdão ao outro que também necessitava. Ele soube ser totalmente
humano ao reivindicar o perdão de suas dívidas, mas não soube ser nada divino ao
negar o mesmo perdão que lhe foi pedido por seu semelhante.
"Os homens
exercem a misericórdia na medida que podem. Em troca recebem-na de Deus de maneira
copiosa. Pois não há comparação entre a misericórdia humana e divina. Entre elas
há uma grande distância", diz São João Crisóstomo.
São Mateus usa
esta analogia para nos ensinar que Deus sempre está pronto a nos conceder o perdão.
Enfatiza, por outro lado, que o que é perdoado deve também estender o perdão ao
irmão ofensor, pois o impiedoso será julgado com a mesma severidade. É necessário
que o coração do homem se encha de generosidade e misericórdia ante o irmão que
erra, se quer que Deus assim proceda quando estiver diante do justo Juiz.
“É desta forma
que eu quero ver se amas o Senhor e a mim, seu servo e teu, se procederes assim:
Que não haja no mundo nenhum irmão que, por muito que tenha pecado e venha ao encontro
do teu olhar a pedir misericórdia, se vá de ti sem o teu perdão. E se não vier pedir
misericórdia, pergunta-lhe tu se a quer. E se, depois, mil outras vezes vier ainda
à tua presença para o mesmo, ama-o mais que a mim, a fim de o trazeres ao Senhor.
E que sempre te enchas de compaixão por esses desgraçados. E quando puderes, informa
os guardiões que estás decidido a proceder deste modo”. (S.Francisco de Assis)
O perdão parte
sempre de Deus e é distribuído aos homens. Estes, por sua vez, o redistribuem, formando
a corrente da misericórdia e do amor. Se um elo desta corrente se quebra, rompe-se
a possibilidade de todos experimentarem o que Deus nos oferece e o que os irmãos
deveriam repassar. A troca do perdão e da misericórdia em uma comunidade cristã
entre seus membros é o fiel da balança que nos mostra o quanto esta mesma comunidade
de fato vive o que Jesus ensinou. A Igreja, que é comunidade de irmãos que se amam
e se perdoam, experimenta a misericórdia do Pai na fonte, e deve repartir tal graça
a seus membros. A mútua troca de perdão e de amor faz mais unida a comunidade cristã
e a faz digna da expressão: “Vede como eles se amam”.
“Não é possível
manter a unidade nem a paz, se os irmãos não se aplicam a guardar a tolerância mútua
e o elo da concórdia graças à paciência. Que dizer ainda, a não ser que não juremos,
nem maldigamos, nem reclamemos o que nos tiraram, que apresentemos a outra face
a quem nos bate, que perdoemos ao irmão que pecou contra nós, e não só setenta e
sete vezes, que desculpemos as suas faltas, que amemos os nossos inimigos, que oremos
pelos nossos adversários e por aqueles que nos perseguem?" diz São Cipriano,
bispo de Cartago e mártir da Igreja.
Muitos podem
não perdoar, mas o cristão que quer viver sua fé de maneira autêntica, seguindo
os passos e os ensinamentos do Senhor deve, não só fazê-lo, como incentivar a que
ele seja praticado sempre, pois faz parte da essência do cristianismo condenar o
erro mas amar o pecador.
Atualmente parece
que o mundo se identifica mais com o gesto incoerente do servo impiedoso do que
com o gesto do rei misericordioso. A linguagem do perdão não é facilmente decifrada
pelo mundo; a linguagem da misericórdia é abafada pelos apelos da vingança e da
intolerância; a linguagem do amor se faz muda e surda aos que têm um coração incapaz
de compreender gestos altruístas.
É fundamental
lembrar que estamos no mundo e não podemos nos deixar contaminar por ele, pois não
somos do mundo, como disse o próprio Jesus. Mesmo que estejamos nadando contra a
corrente dos ensinamentos do mundo, sabemos que temos um porto seguro, um caminho
a ser seguido, uma meta a ser alcançada. A santidade é o que buscamos.
«Não devias também
tu ter piedade do teu companheiro,
tal como eu tive
piedade de ti?»
Santo
Isaac o Sírio (século VII), monge em Nínive, perto de Mossul no atual Iraque: Discursos
espirituais:
A compaixão,
por um lado, e o juízo de simples equidade, por outro, se coexistem na mesma alma,
são como um homem que adora Deus e os ídolos na mesma casa. A compaixão é o contrário
do julgamento por simples justiça. O julgamento estritamente equitativo implica
a igual repartição por todos de uma medida semelhante.
Dá a cada um
o que ele merece, não mais; não se inclina nem para um lado nem para o outro, não
discerne na retribuição. Mas a compaixão é suscitada pela graça, inclina-se sobre
todos com a mesma afeição, evita a simples retribuição àqueles que são dignos de
castigo e cumula para lá de qualquer medida os que são dignos do bem.
A compaixão
está assim do lada da justiça, o julgamento apenas equitativo está do lado do mal…
Tal como um grão de areia não pesa tanto como muito ouro, a justiça equitativa de
Deus não pesa tanto como a sua compaixão. Assim como um punhado de areia caindo
no grande oceano, assim são as faltas de todas as criaturas em comparação com a
providência e a piedade de Deus. Tal como uma nascente que corre com abundância
não poderia ser bloqueada por um punhado de pó, também a compaixão do Criador não
poderia ser vencida pela malícia das criaturas. Aquele que guarda ressentimento
quando reza é como um homem que semeia no mar e espera ceifar.
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