PATRIARCADO ECUMÊNICO DE
CONSTANTINOPLA
Arquidiocese Ortodoxa Grega de Buenos Aires
e América do Sul
Igreja Anunciação da Mãe
de Deus
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Brasília, 08 de junho de 2014
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Divina Liturgia
de São João Crisóstomo
Domingo de Pentecostes
7º Domingo depois da Páscoa
A Igreja comemora neste dia, a descida do Espírito Santo
sobre os apóstolos reunidos no cenáculo com Maria, a Mãe de Jesus, e os outros discípulos
do Senhor. É a festa do Espírito Santo e de seus dons abundantes que infundem no
fiel penitente e humilde para torná-lo morada da Santíssima Trindade. Por isso,
após a Divina Liturgia, ou Vésperas, faz-se o Rito de Adoração ou “Dobramento
dos joelhos”, para implorar os dons do Espírito Santo.
Santos do dia:
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S. Caliope, mártir;
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S. Paulo, arcebispo de
Constantinopla, mártir (+350);
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S. Efraim, patriarca de Antioquia
(+545);
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S. Melania; S. Anastasio, o novo
mártir de Constantinopla;
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S. Teófanes, novo mártir de
Constantinopla;
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S. Zózimo da Fenícia, monge (séc.
VI);
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S. Teodoro, bispo de Rostov e Suzdal
(+1023);
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Ss. Severino (+550) e seu irmão
Vitorino (+543), bispos de Ancona;
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S. Paulo de Kaium, mártir
(+766);
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S. Medardo, bispo de Noyon e Tounai,
Bélgica (+558); /
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São Medardo;
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Pacífico de Cerano.
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Matinas
Tropário:
Bendito és, ó Cristo, nosso Deus, que provaste serem os pescadores, mui sábios,
pois enviaste-lhes o Espírito Santo e com eles conseguiste conquistar o Universo,
ó Filantropo, Glória a Ti.
Glória ao
Pai, ao Filho e ao Espírito Santo,
Bendito és
o Cristo nosso Deus, que provaste serem os pescadores, mui sábios, pois enviaste-lhes
o Espírito Santo e com Ele conseguiste conquistar o Universo, ó Filantropo, Glória
a Ti.
Agora, sempre
e pelos séculos dos séculos. Amém.
Theotokion:
Alegra-te,
ó Rainha, glória das Mães e das virgens, pois toda a boca, por mais que seja eloquente
e competente, não pode te dar louvor que mereces e cada mente surpreendida não entende
a situação de teu nascimento, por isso com uma só voz solenemente te glorificamos.
Katisma:
Ó fiéis, vamos
festejar a última festa, a qual é o fim da festa. Por que o Pentecostes é o termo
da promessa que deve ser completada e nela desceu o fogo do consolador sobre a terra,
como línguas e iluminou os discípulos e Ihes mostrou as coisas celestiais. A luz
do Salvador apareceu e Iluminou o mundo.
Glória ao
Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.
Ó Cristo Salvador
após sua ressurreição do túmulo e sua subida divina ao céu, enviaste sua glória
a seus discípulos, ó afetuoso; e renovaste-Ihes um espírito reto; por isso divulgaram
claramente suas palavras, para todos; como se fosse um instrumento melodioso musical,
mostrando sua mística política.
Agora, sempre
e pelos séculos dos séculos.
Evangelho:
Jo 20, 19-23
Evangelho
de Nosso Senhor Jesus † Cristo, segundo o Evangelista São João.
Na tarde do mesmo dia, que era o primeiro da semana, os discípulos tinham
fechado as portas do lugar onde se achavam, por medo dos judeus. Jesus veio e pôs-se
no meio deles. Disse-lhes ele: A paz esteja convosco! Dito isso, mostrou-lhes as
mãos e o lado. Os discípulos alegraram-se ao ver o Senhor. Disse-lhes outra vez:
A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós. Depois
dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: Recebei o Espírito Santo. E aqueles
a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes,
ser-lhes-ão retidos.
Divina Liturgia
Issodikon:
Levanta-te,
Senhor, com tua potência; cantaremos e celebraremos o teu poder. Salva-nos, ó Paráclito
cheio de bondade, a nós que a Ti salmodiamos: aleluia!
Tropário de
Pentecostes:
Bendito és, ó Cristo, nosso Deus, que provaste serem os pescadores, mui sábios,
pois enviaste-lhes o Espírito Santo e com eles conseguiste conquistar o Universo,
ó Filantropo, Glória a Ti.
Kondakion
da Festa:
Quando, outrora,
desceu à terra o Altíssimo confundiu as línguas e dispersou as nações, Mas, quando
distribuiu as línguas de fogo, chamou a todos os povos à unidade. Numa só voz, glorifiquemos
o Espírito de toda santidade.
Triságion:
Vós que fostes
batizados em Cristo, de Cristo vos revestistes. Aleluia! (2 vezes)
Glória ao
Pai ao filho e ao Espírito Santo, agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.
de Cristo Vos revestistes. Aleluia!
Vós que fostes
batizados em Cristo, de Cristo vos revestistes. Aleluia! (1 vezes)
Prokimenon:
Pela palavra
do Senhor firmaram-se os céus e pelo espírito de sua boca todo o seu exército. O
Senhor olha do alto dos céus e vê a todos os filhos dos homens.
Epístola: At 2, 1-11
Leitura dos
Atos dos Apóstolos:
Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos
no mesmo lugar. De repente veio do céu um ruído, como que de um vento impetuoso,
e encheu toda a casa onde estavam sentados. E lhes apareceram umas línguas como
que de fogo, que se distribuíam, e sobre cada um deles pousou uma. E todos ficaram
cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito
lhes concedia que falassem. Habitavam então em Jerusalém judeus, homens piedosos,
de todas as nações que há debaixo do céu. Ouvindo-se, pois, aquele ruído, ajuntou-se
a multidão; e estava confusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua.
E todos pasmavam e se admiravam, dizendo uns aos outros: Pois quê! não são galileus
todos esses que estão falando? Como é, pois, que os ouvimos falar cada um na própria
língua em que nascemos? Nós, partos, medos, e elamitas; e os que habitamos a Mesopotâmia,
a Judéia e a Capadócia, o Ponto e a Ásia, a Frígia e a Panfília, o Egito e as partes
da Líbia próximas a Cirene, e forasteiros romanos, tanto judeus como prosélitos,
cretenses e árabes ouvimo-los em nossas línguas, falar das grandezas de Deus.
Aleluia!
Aleluia, aleluia,
aleluia!
Pela palavra
do Senhor firmaram-se os céus e pelo espírito de sua boca todo o seu exército.
Aleluia, aleluia,
aleluia!
O Senhor olha
do alto dos céus e vê a todos os filhos dos homens.
Aleluia, aleluia,
aleluia!
Evangelho:
Jo 7, 37-52; 8, 12
Evangelho de Nosso Senhor Jesus † Cristo, segundo o
Evangelista São João:
No último dia, que é o principal dia de festa, estava
Jesus de pé e clamava: Se alguém tiver sede, venha a mim e beba. Quem crê em mim,
como diz a Escritura: Do seu interior manarão rios de água viva (Zc 14,8; Is 58,11). Dizia isso, referindo-se ao Espírito que haviam de
receber os que cressem nele, pois ainda não fora dado o Espírito, visto que Jesus
ainda não tinha sido glorificado. Ouvindo essas palavras, alguns daquela multidão
diziam: Este é realmente o profeta. Outros diziam: Este é o Cristo. Mas outros protestavam:
É acaso da Galiléia que há de vir o Cristo? Não diz a Escritura: O Cristo há de
vir da família de Davi, e da aldeia de Belém, onde vivia Davi? Houve por isso divisão
entre o povo por causa dele. Alguns deles queriam prendê-lo, mas ninguém lhe lançou
as mãos. Voltaram os guardas para junto dos príncipes dos sacerdotes e fariseus,
que lhes perguntaram: Por que não o trouxestes? Os guardas responderam: Jamais homem
algum falou como este homem!... Replicaram os fariseus: Porventura também vós fostes
seduzidos? Há, acaso, alguém dentre as autoridades ou fariseus que acreditou nele?
Este poviléu que não conhece a lei é amaldiçoado!... Replicou-lhes Nicodemos, um
deles, o mesmo que de noite o fora procurar: Condena acaso a nossa lei algum homem,
antes de o ouvir e conhecer o que ele faz? Responderam-lhe: Porventura és também
tu galileu? Informa-te bem e verás que da Galiléia não saiu profeta. Falou-lhes
outra vez Jesus: Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não andará em trevas,
mas terá a luz da vida.
Hirmos:
A ti, que
concebeste sem sofrer corrupção, e deste corpo ao Verbo, autor de todas as coisas,
ó Mãe Virgem, ó Virgem Mãe de Deus, receptáculo daquele que não pode ser ocultado,
morada de nosso Criador infinito, nós te glorificamos!
Kinonikón:
O teu bom
Espírito me conduzirá pela terra da retidão.
Aleluia, aleluia,
aleluia!
Obs.: Em vez
de “Vimos a verdadeira luz...”, canta-se o Apolitikion da festa; Bênção Final: “...Que
enviou do céu seu Espírito Santo sobre seus santos discípulos e apóstolos sob forma
de línguas de fogo...” Encerra-se a festa no sábado seguinte
Sinaxe
O Pentecostes
Era o quinquagésimo (em grego: pentikosti) dia
após a Páscoa judaica, mas também o quinquagésimo dia após a Ressurreição de Cristo.
Era o dia em que os judeus comemoravam com uma grande festa a entrega das tábuas
da Lei a Moisés sobre o monte Sinai; assim, Jerusalém estava repleta de estrangeiros,
judeus vindos de todas as partes do mundo então conhecido - eram chamados a “Diáspora”
- para celebrar a festa. Alguns dias antes, os discípulos “reunidos em número de
cerca de cento e vinte pessoas” à volta dos Apóstolos e da Mãe de Jesus haviam procedido,
conforme a proposta de Pedro, à substituição de Judas com a escolha de um décimo
segundo apóstolo: foram indicados dois discípulos - José, o Justo e Mathias - que
haviam acompanhado os apóstolos desde o batismo de João até o dia da Ascensão e
que podiam, portanto, ser testemunhas de Sua Ressurreição; após terem orado, a fim
de que o Senhor “mostrasse qual dos dois havia de ser escolhido”, tiraram a sorte
e esta apontou a Mathias. Esses discípulos aguardavam em Jerusalém, como Jesus lhes
havia instruído, a vinda desse “outro Consolador” que o Mestre lhes prometera antes
de Sua Ascensão. Espera repleta de uma esperança radiosa. Eles iriam enfim conhecer
Aquele de quem Jesus havia dito:
“Convém a vós que eu vá; porque se eu não for
o Consolador não virá a vós, mas se eu for envia-lo-ei” (Jo.16, 7).
Já que Jesus havia partido, já que agora Ele
estava sentado à direita do Pai (Mar.16,
19), Ele guardaria a Sua promessa.E
portanto, no dia em que Moisés lhes dera a Lei, Jesus vem lhes dar o Espírito, pois
“a Lei foi dada por Moisés, a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo". (Jo.1,17)
Cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos
reunidos no mesmo lugar; e, de repente, veio do céu um som, como de um vento veemente
e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas por
eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles.
E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme
o Espírito Santo lhes concedia que falassem. E em Jerusalém estavam habitando judeus,
varões religiosos, de todas as nações que estão debaixo do céu. E, correndo aquela
voz, ajuntou-se uma multidão e estava confusa, porque cada um os ouvia falar na
sua própria língua. E todos pasmavam e se maravilhavam, dizendo uns aos outros:
Pois quê! Não são galileus todos esses homens que estão falando? Como pois os ouvimos,
cada um, na nossa própria língua em que somos nascidos? Cretenses, e árabes, todos
os temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus. E todos
se maravilhavam e estavam suspensos, dizendo uns para os outros: Que quer isto dizer?
E outros, zombando, diziam: Estão cheios de mosto. Pedro, porém, pondo-se em pé
com os onze, levantou a voz e disse-lhes: Varões judeus e todos os que habitais
em Jerusalém, seja-vos isto notório, e escutai as minhas palavras. Estes homens
não estão embriagados, como vós pensais, sendo esta a terceira hora do dia. Mas
isto é o que foi dito pelo profeta Joel:
E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, que
do meu Espírito derramarei sobre toda a carne; e os vossos filhos e as vossas filhas
profetizarão, os vossos jovens terão visões, e os vossos velhos sonharão sonhos;
e farei aparecer prodígios em cima no céu e sinais em baixo na terra: sangue, fogo
e vapor de fumaça. O sol se converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes de chegar
o grande e glorioso Dia do Senhor; e acontecerá que todo aquele que invocar o Nome
do Senhor será salvo. (Atos 2, 1-8;
11-17; 19-21)
E Pedro exaltava o nome de Jesus, o Nazareno:
“esse homem ... que tomando-o, vós o crucificastes e matastes pelas mãos de injustos
(os romanos); ao qual Deus ressuscitou, soltas as cadeias da morte (textualmente:
o Hades)...” (Atos 2, 22 - 24).
Davi vira com antecedência essa vitória e anunciara
a Ressurreição do Cristo (Sl.16) e, com efeito, não foi abandonado no Hades
e sua carne não viu a corrupção (cf.
Atos 2, 25 - 27):
“Deus ressuscitou a este Jesus, do que todos
nós somos testemunhas. De sorte que, exaltado pela destra de Deus, e tendo recebido
do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis ...
Saiba pois, com certeza, toda a casa de Israel, que a esse Jesus, a quem vós crucificastes,
Deus o fez Senhor e Cristo ... Arrependei-vos e cada um de vós seja batizado em
nome de Jesus Cristo, para o perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito
Santo; porque a promessa vos diz respeito a vós, aos vossos filhos, e a todos os
que estão longe”... “De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam
a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase 3.000 almas” (Atos 2, 32 - 33; 36; 38 - 39; 41).
Esse é o relato do Pentecostes que nos é feito
por
Lucas no segundo capítulo dos Atos dos Apóstolos
e que nós relembramos com alegria ao cantar o Tropário de Pentecostes:
“Tu és bendito, ó Cristo Nosso Deus, que enchestes
os pescadores do lago de sabedoria enviando-lhes o Espírito Santo.
Por eles, Tu tomastes o Universo em sua rede.
Glória a Ti, ó Amigo do Homem!
Tropário de Pentecostes (8º Tom):
Esse relato nos leva, sem duvida, a colocar
algumas perguntas que permitirão aprofundar e meditar sobre o texto bíblico: - Por
que se diz que «as línguas de fogo dividiam-se e pousavam sobre cada um deles?»
O dom do Espírito Santo é pessoal, ou seja,
é recebido pessoalmente por cada um dos discípulos. E, no entanto, há apenas um
Espírito Santo. É o mesmo Fogo divino que desce sobre todos (relembremos o Fogo
do céu que, no tempo de Elias, desceu sobre sua oferenda), mas Ele divide-se para
mostrar que cada um recebe esse Espírito Único.
- Também em Babel as línguas foram divididas!
Exatamente! O que se passa no Pentecostes é exatamente o contrário do que se passou
em Babel. Em Babel, por orgulho, foram as línguas dos homens que se dividiram, de
modo que eles não se compreendiam mais e foram, por isso, divididos, separados,
dispersos. Em Pentecostes é o dom de Deus que se divide para estender-se a cada
um e reuni-los a todos: a partir desse momento os homens que receberam o Espírito
Santo anunciam todos a mesma palavra, a Palavra de Deus, e fazem-se compreender
por todos os homens pois falam todas as línguas. As barreiras linguísticas são ultrapassadas
pela Palavra do Deus Único, tornada compreensível a todos pelo dom das línguas.
É o que nos explica o kondakion [1] de Pentecostes:
“Quando o Altíssimo desceu para confundir as
línguas, dispersou os gentios; quando partilhou as línguas de fogo, Ele nos chamou
a unidade.
Com uma única voz, louvemos o Espírito Santo.
kondakion [1] de Pentecostes:
- Por que as línguas de fogo não desceram sobre
todos os homens, mas apenas sobre os discípulos? Elas desceram sobre aqueles que
Jesus havia preparado para receber o Espírito Santo, sobre aqueles que estavam reunidos,
com um único coração, na fé do Senhor Jesus Ressuscitado: é necessário crer no Doador
para receber o dom. O Espírito não desceu sobre o mundo todo. «O Espírito de Verdade
que o mundo não pode receber, porque não O vê nem O conhece» (Jo14, 17) Ele desceu sobre aqueles que o Senhor Jesus havia reunido
porque creram n'Ele. Ele desceu sobre a Igreja. Certamente um dom pessoal, que cada
um recebeu em particular, mas porque estavam unidos, em comunhão - e justamente
«no dia de Pentecostes estavam todos reunidos no mesmo lugar» (At 2, 1) - e sofreram uma transformação radical: repentinamente
tomaram consciência da Palavra de Deus em seu seio e puseram-se a comunicar em todas
as línguas as maravilhas de Deus. Donde o discurso de Pedro anunciando com audácia
a Ressurreição do Crucificado àqueles mesmos que O crucificaram.
O Pentecostes continua. A descida do Espírito
Santo perpetua-se depois, vindo consagrar os testemunhos da Ressurreição do Cristo,
até o final dos tempos, como testemunha São Simeão, o Novo Teólogo, no século X:
«Eu ouvi certa vez de um hieromonge, que me
confidenciou que jamais iniciara os ofícios litúrgicos sem antes ter visto o Espírito
Santo, da mesma forma que O vira quando o metropolita pronunciara sobre ele a oração
de consagração e que o santo Evangelho fora colocado sobre sua cabeça. Eu lhe perguntei
como O vira, sob que forma? Ele disse: 'Primitivo e sem forma, todavia como uma
luz'. E quando eu próprio vi o que jamais havia visto antes, fui surpreendido e
comecei a refletir: 'o que poderia ser isto'. Então, misteriosamente, mas com uma
voz clara, Ele me disse: 'Eu desço assim sobre todos os profetas e apóstolos, como
também sobre todos os atuais eleitos de Deus e dos santos; pois Eu sou o Espírito
Santo' [2]
Bem, essa assembleia dos testemunhos da Ressurreição
do Cristo, esses eleitos atuais de Deus que o Espírito Santo consagra à Igreja,
e cada um de nós, é chamado a ser um desse eleitos. A Igreja é o Pentecostes que
continua. [3]
«Não fostes vós que me escolhestes; eu vos escolhi,
e vos destinei a ir e dar fruto, um fruto que permaneça; assim, o que pedirdes ao
Pai em meu nome, eu vo-lo concederei.» Jo 16.
NOTAS:
[1] Kondákion: pequeno cântico (kondós em grego
= curto) cantado após a sexta ode das Matinas e durante a Pequena Entrada, na Liturgia
e que resume o sentido da festa.
[2] Simeão o Novo Teólogo, Sermão 184, Sermões,
traduzido do russo, t.II, pp.569-570.4
[3] Igreja: em grego Ecclesia, a assembleia daqueles
que são convocados, chamados.
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