18 janeiro 2014

12º Domingo de Lucas (19/01/2014)

12º DOMINGO DE LUCAS
São Macário do Egito (301-391) e Macário de Alexandria (? -395)
São Marcos, bispo de Éfeso (1392 - 1444) 
(MATINAS: Jo. 20, 11-18 | LITURGIA: Col. 3, 4-11 e Lc. 17, 12-19)* 
A gratidão ao Senhor
Dez leprosos foram curados, mas somente um voltou e caiu aos pés de Cristo para agradecer-Lhe pela graça da cura (Lc. 17, 12-19). A partir dessa passagem do Evangelho de Lucas, temos de indagar o seguinte: quem nunca foi contemplado com alguma graça, ou foi abençoado, ou melhor, quem nunca se deparou com um maravilhoso acontecimento? Mas, por outro lado, quantos de nós costumamos agradecer ao Senhor pelas graças recebidas? Será que somos verdadeiramente gratos ao Senhor? Será que realmente agradecemos ao Senhor por todas as bênçãos?  
Em um de seus discursos, S. Pedro Damasceno fez a seguinte reflexão: “Considero-me indigno do céu e da terra, e merecedor de todo martírio; não apenas por causa dos meus pecados, mas muito mais por causa das bênçãos que tenho recebido, pelas quais não demonstro qualquer gratidão, desprezível que sou. Pois Tu, Senhor, que fazes transcender toda bondade, preencheste minha alma com todas as bênçãos. E eu mal percebo Tuas obras, e minha mente está aturdida. Meramente ao olhar para aquilo que é Teu, sou reduzido ao nada. No entanto, o conhecimento não é meu, nem o esforço, pois tudo é Tua graça” (O 4º Estágio da Contemplação, in: Philokalia. V. III, p. 129).
Ora, a vida cristã deve ser de um contínuo agradecimento e gratidão. É o agradecimento que nos leva a regozijar-nos diante das coisas mais simples do mundo, qual uma criança que se alegra e admira o mundo a sua volta. É o agradecimento que nos torna felizes para os outros. Agradecer significa ser altruísta, livre e alegre.
A palavra “Eucaristia” (do grego Ευχαριστία) – o ato central do culto cristão ortodoxo – significa “ação de graças”. A ingratidão é, portanto, a completa antítese do que significa ser um cristão, do que significa adorar a Deus; viver uma vida altruísta e espiritual; amar o próximo como a nós mesmos.
Sejamos, pois, gratos ao Senhor. Agradeçamos a Deus por todas as graças recebidas por menores e mais simples que sejam. Sejamos humildes e saibamos reconhecer a grandeza de Deus a cada dia de nossas vidas.
* S.K.
Boletim n. 53, 19.01.2014:
12º Domingo de Lucas (Download)

PENSAMENTO
 São Máximo, o Confessor | Άγιος Μάξιμος ο Ομολογητής (c. 580 – 662)


"O desapego gera o amor; a esperança em Deus gera o desapego; e a paciência e a tolerância geram a esperança em Deus. Paciência e tolerância, por sua vez, são o produto do completo autocontrole, 
o qual brota do temor de Deus. E o temor de Deus é o 
resultado da fé em Deus."


400 textos sobre o amor. InPhilokalia. V. II, p. 53.

A extrema importância de São Máximo, o Confessor, para a tradição espiritual ortodoxa é indicado pelo fato de que a nenhum outro autor é atribuído tanto espaço na Philokalia.
Membro da aristocracia; depois de receber uma boa educação, Máximo inicialmente trabalhou no serviço público, talvez como secretário do Imperador Heráclio. Por volta do ano 614, ele se tornou um monge no mosteiro de Philippikos em Chrysopolis, perto de Constantinopla. Posteriormente mudando para outro mosteiro não muito distante em Cyzikos. Em 626, no momento da invasão persa, Máximo se refugiou em Creta e depois na África, onde permaneceu por alguns anos.
A partir de 633-4, ele desempenhou um papel de liderança na oposição às heresias do monofisismo (doutrina do século V que admitia em Jesus Cristo uma só natureza: a divina), e por isso ele foi preso em 653 pelas autoridades imperiais, trazido a Constantinopla para o julgamento, e enviado para o exílio.
Seguiram-se outros julgamentos e condenações, sendo a última em Constantinopla, em 662. São Máximo foi açoitado, teve sua língua arrancada e sua mão direita cortada. Pouco tempo depois, ele morreu em um exílio no Cáucaso.
Sua memória é lembrada pela Igreja Ortodoxa no dia 21 de janeiro, e também no dia da sua morte: 13 de agosto.
Tom da semana: 5º Tom
(Ἦχος πλ. α΄ – Ἑωθινόν Η΄)
† MATINAS
8º Eothinon (ωθινόν Η΄)
EVANGELHO SEGUNDO SÃO JOÃO
Aparição à Maria Madalena
(Jo. 20, 11-18)
Naquele tempo, Maria ficou do lado de fora, chorando junto ao sepulcro. Enquanto chorava, inclinou-se para o sepulcro e viu dois anjos vestidos de branco, sentados no lugar onde estivera o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. Eles perguntaram: “Mulher, por que choras?” Ela respondeu: “Porque levaram o Senhor e não sei onde O puseram”. Depois de dizer isso, ela virou-se para trás e viu Jesus que ali estava, mas não O reconheceu.
Jesus perguntou-lhe: “Mulher, por que choras? A quem procuras?” Crendo que era o jardineiro, ela disse: “Senhor, se foste Tu que O levaste, dize-me onde O puseste e eu irei buscá-Lo”. Respondeu Jesus: “Maria”. Ela, virou-se e disse em hebraico: “Rabuni” – que quer dizer Mestre. Jesus disse: “Não me retenhas porque ainda não subi ao Pai. Vai aos meus irmãos e dize-lhes: Subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus”.
Maria Madalena foi anunciar aos discípulos que tinha visto o Senhor. E contou o que Jesus tinha dito.
† DIVINA LITURGIA
Τῆς ἐρήμου πολίτης καί ἐν σώματι ἄγγελος, καί θαυματουργός ἀνεδείχθης, θεοφόρε Πατήρ ἡμῶν Μακάριε· νηστείᾳ ἀγρυπνίᾳ προσευχῇ, οὐράνια χαρίσματα λαβών, θεραπεύεις τούς νοσοῦντας, καί τάς ψυχάς τῶν πίστει προστρεχόντων σοι. Δόξα τῷ δεδωκότι σοι ἰσχύν, δόξα τῷ σέ στεφανώσαντι, δόξα τῷ ἐνεργοῦντι διά σοῦ πᾶσιν ἰάματα.
Tu provaste ser um cidadão do deserto, um anjo de carne e taumaturgo, ó Macário, nosso Pai, Dom de Deus. Pelo jejum, vigília e oração tu alcançaste os dons celestes e curaste os doentes e as almas daqueles que recorreram a ti com fé. Glória Àquele que te deu esse poder! Glória Àquele que te coroou! Glória Àquele que, através de ti, opera milagres !
São Macário do Egito
EPÍSTOLA DE SÃO PAULO AOS COLOSSENSES
Vida nova em Cristo
(Col. 3, 4-11)
Irmãos, quando Cristo, que é vossa vida, se manifestar, então também vós vos manifestareis com Ele em glória. Mortificai vossos membros terrenos: a prostituição, a impureza, a paixão, a má concupiscência e a cobiça de possuir, que é uma espécie de idolatria. Dessas coisas é que provém a cólera de Deus sobre os filhos rebeldes. Outrora também vós assim vivíeis, mergulhados como estáveis nestes vícios. Mas agora deixai de lado todas estas coisas: ira, raiva, maldade, maledicência e palavras obscenas. Não vos enganeis uns aos outros, pois já vos despojastes do homem velho com todas as suas obras, e vestistes o novo que se vai renovando no sentido do verdadeiro conhecimento segundo a imagem de quem o criou. Então não haverá nem judeu nem grego, nem bárbaro nem cita, nem escravo nem livre, mas somente Cristo que será tudo em todos.


EVANGELHO SEGUNDO SÃO LUCAS
Os dez leprosos
(Lc. 17, 12-19)
Naquele  tempo, quando Jesus ia entrar num povoado, vieram-lhe ao encontro dez leprosos. Pararam ao longe e gritaram: “Jesus, Mestre, tem piedade de nós”. Ao vê-los, Jesus lhes disse: “Ide apresentar-vos aos sacerdotes”. E aconteceu que, no caminho, ficaram limpos. Um deles, vendo-se curado, voltou glorificando a Deus em voz alta. Caiu aos pés de Jesus e, com o rosto em terra, agradeceu-lhe. E este era um samaritano. Tomando a palavra, Jesus disse: “Não eram dez os que ficaram limpos? Onde estão os outros nove? Não houve quem voltasse para dar glória a Deus senão este estrangeiro?” E disse-lhe: “Levanta-te e vai! Tua fé te salvou”.
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Jo. 20, 11-18:
  1. Cap. 20, V. 17: "Não me toques [não me retenhas]": pelo texto original percebe-se melhor que Jesus diz a Maria (já abraçada a seus pés) que O deixe ir levar logo a notícia (da ressurreição e da próxima ascensão) aos apóstolos, pois ainda terá ocasião de O ver outras vezes antes da ascensão.
Col. 3, 4-11:
  1. Cap. 3, V. 5: O cristão que pelo batismo está morto (v. 3) para o pecado e vivo para a graça, deve matar continuamente aqui na terra suas paixões e concupiscências pela mortificação.
  2. V. 11: Para o verdadeiro cristão não há diferença de raças.  
Mons. José Castro PintoNotas in: Bíblia Sagrada,
Novo Testamento. Barsa: 1967, pp. 98 e 181.

* Leituras conforme o Typikon do Patriarcado Ecumênico (Τυπικν τς Μεγάλης το Χριστο Εκκλησίας): Typikon 19-jan-2014. 

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