Quinta-feira, 30 de janeiro
SINAXE DOS TRÊS SANTOS HIERARCAS:
Basílio, o Grande; Gregório, o Teólogo; e João Crisóstomo
(MATINAS: Jo. 10, 9-16 | LITURGIA: Hb. 13, 7-16; e Mt. 5, 14-19)*
Há quase nove séculos
que os cristãos do Oriente, ortodoxos ou católicos de rito bizantino, no dia 30
de janeiro, celebram numa única festa os três santos bispos e doutores:
Basílio, o Grande, Gregório, o Teólogo (ou Nazianzeno) e João Crisóstomo.
A
festa não tem uma correspondente no calendário romano, no qual, porém, são
celebrados respectivamente em 2 de janeiro os santos Basílio e Gregório, e em
13 de setembro São João Crisóstomo.
No calendário bizantino os três "hierarcas" possuem também uma festa
em dias separados: São Basílio é comemorado no dia 1º de janeiro, aniversário
de sua morte (379) (juntamente à festa da Circuncisão de N.S. Jesus Cristo);
São Gregório, o Teólogo, como é apelidado no Oriente o bispo de Nazianzo
morto no ano 390, é comemorado em 25 de janeiro; e São João Crisóstomo em 13 de
novembro e 25 de janeiro, dia em que foram trasladadas as suas relíquias de
Cumana (onde morreu exilado em 407) para Constantinopla, na presença do
Imperador do Oriente, em 438.
A
festa conjunta dos três santos, no Oriente bizantino, remonta ao ano 1084.
Naquele tempo, sob o imperador Aléxio Comneno, em Constantinopla e
proximidades, surgiam discussões animadas sobre qual entre os três santos fosse
o maior: de Basílio, louvavam-se sua inteligência excepcional e sua austeridade
exemplar; de Gregório se louvava a sublime teologia expressa em estilo
elegante; de Crisóstomo, enfim, louvava-se a excepcional eloquência e a força
convincente de seus discursos. Na incerteza e perplexidade para a resposta,
pensou-se em recorrer ao santo e douto bispo João, metropolita dos Eucaitas.
Este se pôs em oração e, a noite seguinte, teve a alegria de uma aparição dos
três grandes Doutores da Igreja que lhe disseram:
“Fala àqueles cristãos de pôr fim a suas discussões e contendas. Perante
Deus nenhum de nós três é maior do que os outros; entre nós não existem
desacordo nem divisões. Aquilo em que um creu e ensinou, também os outros
creram e ensinaram. Levanta-te, pois, e diga-lhes que fiquem na paz e na
concórdia. E, para afirmar praticamente essa unidade da nossa fé, escolhe um
dia em que se faça celebrar em nossa honra uma liturgia para agradecer a Deus
pelas graças que concedeu a nós três e, por nosso meio, a toda a
Igreja.”
Assim
foi feito. O metropolita João escolheu o dia 30 de janeiro e ele mesmo compôs o
Ofício para celebrar a nova solenidade em honra dos três santos Padres e
Doutores universais.
A
maior parte dos textos litúrgicos do dia lembram “os três grandes luminares” juntos, mas em algumas partes se
evidenciam as qualidades específicas de cada um, nomeados individualmente. A
importância da festa é ressaltada também porque, se a data cai num domingo de
Pré-Quaresma ou em outro dia liturgicamente importante, a festa é
transferida para outro dia da semana.
Poder-se-ia
fazer uma litania elencando os numerosos atributos que elogiam os três santos: “Três astros que juntos brilham no universo,”
“anjos terrestres e homens celestes,”
“colunas e alicerces da Igreja,” “sustentáculo dos fiéis e flagelo dos hereges,”
“médicos para as enfermidades espirituais
e corporais,” “pastores que nutriram
com ensinamentos divinos,” “instrumentos
do Espiríto que anunciam a verdade,” “oradores do
Verbo,” “trombetas sonoras da divina
pregação,” “campeões da Trindade,”
“baluartes da fé,” “três verdadeiros Apóstolos após os Doze de
Cristo,” “rios por onde correm as
águas vivas do Éden,” “Doutores
divinos e universais,” “Padres
teóforos,” “tochas para o mundo e
força vital para os pobres,” “teólogos
da palavra de ouro,” “combatentes
fortes e invencíveis,” “exploradores
da profundeza do Espírito...” e poder-se-ia continuar, porque o estro
poético e a forte imaginação dos orientais são bem evidentes nesses textos
litúrgicos.
Em
alguns trechos se faz alusão às qualidades específicas de cada um dos três
santos: Basílio “espírito eminente”
possui um nome régio; Gregório é o “epônimo
da teologia” e “quebrou as cadeias da
heresia com a sabedoria da sua doutrina,” João Crisóstomo “de nome bem escolhido...” “pregou incessantemente” e é “árvore de vida com frutos de imortalidade.”
O número “três” dos santos
comemorados conjuntamente relembra com frequência a Trindade dos quais foram
eminentes servidores.
Do
hino das Matinas respigamos:
“No prado das Sagradas Escrituras, como abelhas escolhestes as flores
mais belas para alimentar os crentes com o mel dos vossos ensinamentos;
possuidores de tal doçura, em júbilo cada um exclama: 'Também após a vossa
morte, eis-vos de novo presentes entre os que celebram vossa memória, ó
Bem-aventurados.”
Madre Maria DONADEO.
O Ano Litúrgico Bizantino. Ed. Ave Maria: 2008.
Tom da semana: 1º Tom
† MATINAS
EVANGELHO SEGUNDO SÃO JOÃO
Parábola do Bom Pastor (2ª parte)
(Jo. 10, 9-16)
Disse o Senhor: "Eu sou a porta. Quem entrar por mim será salvo. Entrará e sairá e encontrará pastagem. O ladrão vem só para roubar, matar e destruir. Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância. Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas. O mercenário, que não é pastor, de quem não são as ovelhas, quando vê o lobo chegar, abandona as ovelhas e foge. Então o lobo ataca e dispersa as ovelhas. Assim age porque é mercenário e não se importa com as ovelhas. Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem , assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai. Eu dou minha vida pelas ovelhas. Possuo ainda outras ovelhas que não são deste curral. É preciso que eu as conduza; elas ouvirão minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor."
† DIVINA LITURGIA
Τούς τρείς μεγίστους φωστήρας τής Τρισηλίου θεότητος, τούς τήν οικουμένην ακτίσι δογμάτων θείων πυρσεύσαντας, τούς μελιρρύτους ποταμούς τής σοφίας, τούς τήν κτίσιν πάσαν θεογνωσίας νάμασι καταρδεύσαντας, Βασίλειον τόν μέγαν, καί τόν Θεολόγον Γρηγόριον, σύν τώ κλεινώ Ιωάννη, τώ τήν γλώτταν χρυσορρήμονι, πάντες οι τών λόγων αυτών ερασταί, συνελθόντες ύμνοις τιμήσωμεν, αυτοί γάρ τή Τριάδι, υπέρ υμών αεί πρεσβεύουσιν.
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Os três maiores astros da Santíssima Trindade iluminaram todo o mundo com raios da verdadeira e divina doutrina; eles são os rios em que docemente flui a sabedoria, e que com o divino conhecimento banharam toda a criação em límpidas e poderosas correntes: o grande Basílio, e o teólogo Gregório, juntamente com o notável João, o célebre Crisóstomo dos áureos discursos. Vinde todos que admiram suas sábias e divinas palavras, para honrá-los com hinos, pois eles incessantemente elevam suas súplicas por todos nós diante da Trindade.
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EPÍSTOLA DE SÃO PAULO AOS HEBREUS
Submissão aos chefes espirituais
(Hb. 13, 7-16)
Irmãos, lembrai-vos de vossos dirigentes, que vos pregaram a palavra de Deus, e considerando o fim de sua vida, imitai-lhes a fé. Jesus Cristo ontem e hoje é o mesmo também pelos séculos. Não vos deixeis levar por qualquer espécie de doutrina estranha. Porque é melhor fortalecer o coração com a graça do que com comidas, das quais nenhum proveito tiraram aqueles que delas se ocuparam. Nós temos um altar do qual não têm direito de comer os que se empregam no serviço da tenda. Os corpos daqueles animais cujo sangue, para a expiação dos pecados, é introduzido no santuário pelo Sumo Sacerdote, são queimados fora do acampamento. Pelo que também Jesus, a fim de santificar o povo com seu sangue, padeceu fora das portas. Saiamos, pois, para ir ter com ele fora do acampamento carregando a sua ignomínia, pois não temos aqui cidade permanente, ao contrário, buscamos a futura. Por ele ofereçamos continuamente a Deus sacrifícios de louvor, isto é, o fruto dos lábios que celebram seu nome. Da beneficência e da mútua assistência não vos esqueçais, pois Deus se compraz com estes sacrifícios.
EVANGELHO SEGUNDO SÃO MATEUS
A missão cristã no mundo | A nova e a antiga Lei
(Mt. 5, 14-19)
Não penseis que vim abolir a Lei ou os Profetas. Não vim abolir mas completar. E eu vos garanto: enquanto não passar o céu e a terra, não passará um "i" ou um "pontinho" da Lei, sem que tudo se cumpra. Quem, pois, violar um desses preceitos, por menor que seja, e ensinar aos outros o mesmo, será chamado o menor no reino dos céus; mas quem os praticar e ensinar, será chamado grande no reino dos céus.
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Jo. 10, 9-16:
- Cap. 10, V. 16. "outras ovelhas", i.e, os pagãos.
- Cap. 13, V. 8. Vão morrendo os prelados ou chefes visíveis da Igreja, mas o verdadeiro chefe que é Jesus Cristo, esse continua sempre.
- V. 10. "altar": aqui designa a cruz em que Cristo se imolou por nós. "do qual..." : os sacerdotes judeus que continuavam a servir no Templo de Jerusalém não podem participar ao mesmo tempo deste novo sacrifício.
- VV. 11-13. O Sumo-Sacerdote só no dia da Expiação penetrava no Santo dos Santos ou Santuário, com o sangue dos animais, mas os corpos destes eram queimados fora dos muros. Assim também Jesus vítima por nossos pecados, foi imolado fora dos muros, saiamos pois com Ele, i.e., abandonemos definitivamente o judaísmo.
- Cap. 5, V. 15. "luzerna [lamparina]": pequena lâmpada de óleo. "alqueire [vasilha]": vaso com que se mediam os cereais e que servia também para tampar a claridade de uma lâmpada sem ter necessidade de apagá-la.
- V. 19. Os que não observarem os pequenos preceitos não serão excluídos do céu, mas ocuparão os últimos lugares.
Mons. José Castro Pinto. Notas in: Bíblia Sagrada,
Novo Testamento. Barsa: 1967, pp. 4, 88, 206.
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