PATRIARCADO ECUMÊNICO DE
CONSTANTINOPLA
Arquidiocese Ortodoxa Grega de Buenos Aires
e América do Sul
Igreja Anunciação
da Mãe de Deus
SGAN - Quadra 910 - Módulo ‘’B’’
- CEP: 70.790-100 - Brasília-DF
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Brasília, 25 de janeiro de 2015
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15º Domingo de Lucas
Domingo de Zaqueu
33º depois de Pentecostes
Comemoração de São Gregório o Teólogo,
Arcebispo de Constantinopla († 389)
Matinas
Tropário:
Desceste das alturas, ó misericordioso, e aceitaste
o sepultamento durante três dias, para nos livrar das paixões. Senhor, És nossa
vida e nossa ressurreição, glória a Ti.
Glória ao Pai +, ao Filho e ao Espírito
Santo,
Desceste das alturas, ó misericordioso, e aceitaste
o sepultamento durante três dias, para nos livrar das paixões. Senhor, És nossa
vida e nossa ressurreição, glória a Ti.
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos.
Amém.
Theotokion:
Tu, que por nossa salvação, nasceste de uma virgem
e padeceste a crucificação, ó boníssimo por Tua morte, despojaste a morte, Tu que
é Deus, nos revelaste a ressurreição, não desprezes aqueles que a Tua mão criou.
Manifesta a Tua misericórdia, ó amigo do homem; aceita as preces daqueles que deste
a Luz e salva os desesperados, ó nosso Salvador.
Katisma:
Ó vida de todos,
ressuscitaste os mortos. Um anjo resplandecente dizia às santas mulheres, "cessai
de chorar, levai, a boa nova aos Apóstolos, canta\ e c\ama\ Cristo Senhor ressuscitou!
Ele se dignou salvar o gênero humano, porque é Deus."
Glória ao Pai
+, ao Filho e ao Espírito
Santo.
Na verdade ressuscitaste
do túmulo e deste as santas mulheres a ordem de anunciar aos Apóstolos a tua ressurreição,
predita pelas Escrituras. E Pedro correndo chega ao sepulcro; ele. vê a luz no túmulo
e se enche de temor, mas ele percebe no chão o lençol sem teu corpo divino e ele
exclama com fé: Glória a ti, ó Cristo Deus, nosso salvador, que salvas todos os
homens. Tu és o esplendor da glória do Pai.
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos
Amém.
Theotokion:
Nós cantamos a ti, porta do céu.
Nós cantamos a ti, arca da aliança.
Nós cantamos a ti, santa montanha.
Nós cantamos a ti, nuvem luminosa.
Tu , o grande
tesouro do universo resgataste Eva. Por ti veio a salvação e o antigo pecado foi
remido. Por, isto, nós te imploramos: ora por nós a teu filho; e teu Deus para que
conceda o perdão dos pecados daqueles que adoram, piedosamente teu santo nascimento.
Ypakoí:
Paradas no túmulo do Doador de Vida,
as portadoras de aromas procuravam o Mestre imortal entre os mortos; e ao receberem
a boa nova de alegria do Anjo, elas anunciaram aos Apóstolos que Cristo havia ressuscitado,
concedendo grande misericórdia para o mundo.
Antífona:
Desde a minha juventude o inimigo me
prova, pelos prazeres ele me seduz; mas, colocando minha esperança e Ti, Senhor,
eu o rejeito. Que os inimigos de Sião se tornem como o feno antes mesmo de ser arrancado,
porque o Cristo cortará seus pescoços com a foice dos tormentos.
Glória ao Pai +, ao Filho e ao Espírito
Santo, agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.
Pelo Espírito Santo, todo o ser vive,
porque Ele é a Luz da Luz, o grande Deus.
Prokimenon:
O Senhor vosso Deus, reinará para sempre,
ó Sião, de geração em geração. (2 vezes).
Stichos:
Ó minha alma, louvai o Senhor (repete a primeira).
Evangelho Jo 21, 15-25
Evangelho
de Nosso Senhor Jesus + Cristo,
segundo o Evangelista São João.
Tendo eles comido, Jesus perguntou
a Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes? Respondeu ele: Sim,
Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta os meus cordeiros. Perguntou-lhe
outra vez: Simão, filho de João, amas-me? Respondeu-lhe: Sim, Senhor, tu sabes que
te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta os meus cordeiros. Perguntou-lhe pela terceira
vez: Simão, filho de João, amas-me? Pedro entristeceu-se porque lhe perguntou pela
terceira vez: Amas-me?, e respondeu-lhe: Senhor, sabes tudo, tu sabes que te amo.
Disse-lhe Jesus: Apascenta as minhas ovelhas. Em verdade, em verdade
te digo: quando eras mais moço, cingias-te e andavas aonde querias. Mas, quando
fores velho, estenderás as tuas mãos, e outro te cingirá e te levará para onde não
queres. Por estas palavras, ele indicava o gênero de morte com que havia de glorificar
a Deus. E depois de assim ter falado, acrescentou: Segue-me! Voltando-se Pedro,
viu que o seguia aquele discípulo que Jesus amava (aquele que estivera reclinado
sobre o seu peito, durante a ceia, e lhe perguntara: Senhor, quem é que te há de
trair?). Vendo-o, Pedro perguntou a Jesus: Senhor, e este? Que será dele?
Respondeu-lhe Jesus: Que te importa se eu quero que ele fique até que eu
venha? Segue-me tu. Correu por isso o boato entre os irmãos de que
aquele discípulo não morreria. Mas Jesus não lhe disse: Não morrerá, mas: Que te
importa se quero que ele fique assim até que eu venha? Este é o discípulo que dá
testemunho de todas essas coisas, e as escreveu. E sabemos que é digno de fé o seu
testemunho. Jesus fez ainda muitas outras coisas. Se fossem escritas
uma por uma, penso que nem o mundo inteiro poderia conter os livros que se deveriam
escrever.
Ó Senhor, ressuscitado do sepulcro, rompeste
os grilhões do inferno, eliminaste o poder da morte, salvando todos dos laços do
inimigo; e quando apareceste a teus discípulos, os enviaste a evangelizar e, através
deles, deste tua paz ao mundo, tu que és o Único Misericordioso.
Divina Liturgia
Anunciação
- Modo 4:
É hoje o começo da nossa salvação e a manifestação
do mistério eterno.
O Filho de Deus torna-Se Filho da Virgem e
Gabriel anuncia a graça.
Por isso, cantamos com ele à Mãe de Deus:
“Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo!”
Tropário da Ressurreição
- 8º tom:
Desceste das alturas, ó misericordioso, e aceitaste
o sepultamento durante três dias, para nos livrar das paixões. Senhor, És nossa
vida e nossa ressurreição, glória a Ti.
Kondakion
- 8º tom:
Glória ao Pai +, ao Filho e ao Espírito Santo.
Tendo ressuscitado do túmulo deste a vida aos mortos
e levantaste Adão; Eva se regozija com a tua Ressurreição, e exultam de alegria
os confins da terra, ó Misericordioso!
Theotokion:
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém
Tu,
que pela nossa salvação nasceste da Sempre Virgem Maria, sofreste a crucifixão,
ó Misericordioso, com a morte, venceste a morte como Deus, revelando a Ressurreição.
Não abandones a nós, criaturas de tuas mãos, mostra a tua bondade pela humanidade,
atende as preces da tua Mãe que ora por nós, ó Misericordioso, Salva, ó Salvador,
nosso povo desolado!
Prokimenon:
Fazei votos ao Senhor nosso Deus e cumpri-os; todos
os que o cercam tragam oferendas.
Deus é conhecido na Judéia, grande é o seu nome em
Israel.
Epístola 1Tm 4, 9-15
Leitura da 1ª Epistola do
Apóstolo São Paulo a Timóteo.
Irmãos, tal é, com efeito, o Pontífice que nos
convinha: santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores e elevado além dos
céus, que não tem necessidade, como os outros sumos sacerdotes, de oferecer todos
os dias sacrifícios, primeiro pelos pecados próprios, depois pelos do povo; pois
isto o fez de uma só vez para sempre, oferecendo-se a si mesmo. Enquanto a lei elevava
ao sacerdócio homens sujeitos às fraquezas, o juramento, que sucedeu à lei, constitui
o Filho, que é eternamente perfeito. O ponto essencial do que acabamos de dizer
é este: temos um Sumo Sacerdote, que está sentado à direita do trono da Majestade
divina nos céus, Ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo, erigido pelo
Senhor, e não por homens.
Aleluia!
Aleluia, aleluia, aleluia!
Vinde, regozijemo-nos
no Senhor, cantemos as glórias de Deus, nosso Salvador!
Aleluia, aleluia, aleluia!
Apresentamo-nos
diante d'Ele com louvor, e celebremo-lo
com salmos!
Aleluia, aleluia, aleluia!
Aleluia, aleluia, aleluia!
Evangelho Lc 19, 1-10
Evangelho de Nosso Senhor Jesus + Cristo,
segundo o Evangelista São Lucas.
Naquele tempo, Jesus
tinha entrado em Jericó e estava passando pela cidade. Havia ali um homem chamado
Zaqueu, que era chefe dos publicanos e muito rico. Ele procurava ver quem era Jesus,
mas não conseguia, por causa da multidão, pois era baixinho. Então ele correu à
frente e subiu numa árvore para ver Jesus, que devia passar por ali. Quando Jesus
chegou ao lugar, olhou para cima e disse: Zaqueu, desce depressa! Hoje eu devo ficar
na tua casa. Ele desceu depressa, e o recebeu com alegria. Ao ver isso, todos começaram
a murmurar, dizendo: Ele foi hospedar-se na casa de um pecador! Zaqueu se pôs de
pé, e disse ao Senhor: Senhor, a metade dos meus bens darei aos pobres, e se prejudiquei
alguém, vou devolver quatro vezes mais. Jesus lhe disse: Hoje aconteceu a salvação
para esta casa, porque também este homem é um filho de Abraão. Com efeito, o Filho
do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido.
Sinaxe
Ao se aproximar de Jericó, antes mesmo de entrar
pelos portões que davam acesso à cidade, Jesus operou o milagre da cura ao cego
chamado Bartimeu (Lc 18,35-43). Os Evangelistas Lucas, Mateus e Marcos, não precisam
quanto tempo Ele ficou naquele lugar. Contudo, a sua passagem por lá, transformou
a rotina bucólica da cidade, com a realização de grandes fatos. Onde Deus se faz
presente, a passividade não encontra lugar para se instalar e a vida é renovada.
A repercussão da cura do cego foi imediata e fez
crescer o número dos curiosos e admiradores de Jesus. A multidão se comprimia na
esperança de ver, falar ou tocar naquele forasteiro que atraía os mais diferentes
olhares e atenção de todos. No meio da multidão acéfala e barulhenta, encontrava-se
um homem que despertou em Jesus a atenção. Zaqueu era seu nome, cujo significado
é "homem justo". Na realidade, tratava-se de um homem rico, chefe dos
coletores de impostos e, por isso mesmo, odiado pelo povo de quem os impostos eram
cobrados de maneira impiedosa. Sua riqueza provinha do seu oficio exercido pela
falta de escrúpulo e de justiça.
Diante desta realidade, ele não podia se misturar
à multidão, pois corria perigo iminente de represálias, mas tão pouco poderia deixar
de ver, ao menos de longe, quem era aquele estrangeiro que acabara de curar um cego.
Subiu num sicômoro, para ter uma visão mais panorâmica daquele espetáculo recém
formado nas imediações dos muros que marcavam a saída da cidade. Sicômoro era uma
espécie de figueira especial cujo tronco é forte e de onde brotavam galhos rentes
ao chão. Por ser de baixa estatura, não foi difícil Zaqueu se "agasalhar",
entre os seus ramos e ver de uma altura privilegiada o que estava acontecendo. Jesus
observou aquele homem em cima de uma pequena árvore e foi ao seu encontro. Conhecendo
seu coração, teve certeza de que o Reino de Deus deveria ser manifestado através
daquele cobrador de impostos. Jesus se adiantou e foi ao seu encontro. «Deus que
é sempre fiel vem sempre à minha frente.» (Sl 59,11)
Zaqueu, do lugar onde estava, observou que a multidão
se aproximava da árvore onde se acomodou e de lá veio uma voz que soava imperativa:
"Zaqueu, desce depressa, pois hoje vou hospedar-me em tua casa".(Lc 19,5).
A voz era d'Ele. E, Ele o chamou pelo nome. Parecia que veio de tão longe unicamente
para visitar Zaqueu. Jesus pediu que descesse do lugar onde estava e, apressadamente,
pois um hóspede não poderia ficar esperando pelo anfitrião. Contente, Zaqueu recebeu
o Senhor em sua morada.
Evidentemente, o Senhor visitou outras casas durante
sua vida "pública", como narram os Evangelistas. Mas, ou se tratava de
amigos e parentes, ou Ele era chamado para operar curas e milagres (Mc 14,3-6; Lc
8,51-55; Lc 10,38-41). A visita à casa de Zaqueu tornou-se singular e emblemática:
Jesus quis ir à casa de Zaqueu para visitá-lo. A casa de Zaqueu tornou-se a morada
de Deus, a Tenda da Palavra Encarnada, o Tabernáculo do Altíssimo, pois o Santo
dos Santos estava em sua residência. Se Zaqueu soubesse quem era seu hóspede, indubitavelmente,
brotaria de seu coração a mesma pergunta que fez Davi ao receber a Arca do Senhor
em sua casa: "Como poderia vir à minha casa a Arca do Altíssimo?"(2Sm
6,9). Ou diria como o Centurião ao não se achar em condições de receber Jesus em
sua casa, por ser tão errante; "Senhor, eu não sou digno que entres em minha
morada..." (Mt 8,5-13). Por não saber a identidade daquele estrangeiro, tais
questionamentos foram abortados. "Quem, é Senhor, em tua casa entrará? O que
for justo e a verdade praticar". Já que Zaqueu por ser injusto e pecador, não
podia entrar no Templo, pois nem Judeu era, o Altíssimo entrou em sua casa, trazendo-lhe
a paz.
Ao se dirigirem para a casa de Zaqueu, deixaram de
lado as murmurações provenientes da multidão admirada por ver o Senhor entrando
na casa de um pecador. O Evangelho não narra a reação da dupla que parecia seguir
determinada o seu itinerário, parecendo que já sabiam a extraordinária mudança de
vida que seria operada naquele lugar. Ao atravessarem a porta, a graça adentrou
naquela casa e por isso aquelas vozes murmurantes foram ignoradas.
Jesus entrou na casa de um pecador e sentou-se a
mesa com ele. Sua presença operou em Zaqueu a conversão: "Darei metade de meus
bens aos pobres e a quem fraudei restituirei quatro vezes mais". Para Zaqueu
foi antecipada a alegria que os discípulos de Emaús sentiram ao ter o Senhor sentado
à sua mesa. "Não se abrasava nosso coração enquanto Ele nos falava?" (Lc
28,32). Os frutos daquela visita à casa dos discípulos de Emaús serviram para ratificar
a verdade mais fundamental de nossa fé: a Ressurreição do Senhor. Os frutos da visita
à casa daquele coletor de impostos dava provas cabais de que o Reino de Deus já
se encontrava entre nós e, que em verdade, o "Emanuel" (Deus conosco),
veio para aqueles que eram seus, veio para os que necessitam de perdão, veio para
os pecadores.
Não podemos parar na mera curiosidade de saber quem
é Deus. Zaqueu quis saber quem era o Senhor, mas não se contentou só com isto. A
curiosidade o levou a subir no sicômoro. Do sicômoro brotou o convite e dele a conversão.
é preciso despertar em nós a saudável astúcia e criatividade para rompermos os obstáculos
que nos empeçam de conhecer a Deus.
Antes de Jesus anunciar que visitaria Zaqueu, solicitou-lhe
que descesse da árvore. Não é preciso que o homem mostre-se continuamente para que
seja visto por Deus. Ele que tudo sabe, nos ama e nos vê, mesmo que estejamos "no
mais alto das montanhas ou nos mais profundos dos abismos", Ele nos perscruta
e nos conhece. (Sl 138). Parece não combinar com a pedagogia de Jesus falar com
quem está numa posição altiva, soberba, prepotente e despótica. Pois Deus ama a
humildade, a pequenez, a simplicidade e a pureza de um coração justo e indefeso.
É preciso, se quisermos falar com Deus, aprender a descer dos pedestais e a se curvar
diante do simples e humilde. Ao descer do sicômoro, Zaqueu pisava no mesmo solo
que Jesus, estavam face-a-face, podiam se olhar e travar um diálogo. Quando o homem
olha para Deus, em espírito e verdade, consegue reconhecer o quanto "não somos"
diante d'Aquele que «é».
Quando Isabel recebeu a visita de Maria em sua casa,
exclamou: "Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre.
Quem sou eu para que me visite a Mãe de meu Senhor?" (Lc 1,42-43)
Zaqueu obteve a visita não da mãe do Senhor, mas
a visita do próprio Senhor. Ele mesmo, Senhor e Deus, divino e humano visitou um
pecador e fez desse pecador uma nova criatura, pois o Senhor restaura todas as coisas
e faz dos homens seus filhos em seu Filho.
Se Isabel admirada e agradecida pode compor palavras
tão lindas que se perpetuaram como parte de uma oração dedicada à Maria, Zaqueu
- da mesma forma agradecido e convertido- ensina que a conversão se mostra em gestos
concretos e generosos. Frisa que uma vez conhecido o Senhor, é preciso que se repense
a vida, que se dê valor àquilo que de fato tem valor, que a justiça seja a meta
a ser alcançada e que sempre é possível a mudança.
A justiça requer equidade dos bens. A justiça exige
que seja reparado o mal que se tenha feito. A justiça brada pelo pedido de perdão
do ofensor ao ofendido. Se assim não for, nos sentiremos justos sem ser; continuaremos
em cima dos "sicômoros" da arrogância e prepotência, querendo chamar atenção
de todos, inclusive a de Deus, mas incapazes de descer de nossa altivez. "Desce
da árvore" é um pedido e uma condição para que Deus possa entrar em nossa casa.
FONTE:
SCHOKEL,
Luiz Alonso. Bíblia do Peregrino - Novo Testamento. São Paulo: Ed. Paulus (2a. ed),
2000.
S. Gregório Nazianzeno, o Teólogo, arcebispo de
Constantinopla († c. 389)
São Gregório, o
Teólogo, (326-389) era filho de Gregório (que mais tarde tornou-se Bispo de Nazianzeno)
e de Nonna, mulher de ilibada conduta moral. Antes mesmo de dar à luz a Gregório
prometeu que dedicaria seu filho a Deus, educando-o e fazendo todo esforço para
que sua vontade fosse inclinada ao serviço de Deus. Por isso, São Gregório considerava
que a educação que recebeu de mãe foi decisiva em sua vocação. Era muito inteligente
e recebeu uma excelente educação. Estudou nas escolas de Cesaréia, onde existia
uma biblioteca cujos livros foram organizados por São Panfílio. Em Alexandria, estudou
as obras de Orígenes e, em Atenas, cultivou uma profunda amizade por São Basílio,
o Grande, que já o conhecia anteriormente. A amizade por São Basílio lhe rendeu
um grande aprendizado que, dificilmente poderia obter em qualquer escola de nível
superior. Em Atenas, dividiam a mesma morada e compartilhavam da mesma maneira de
viver. Conheciam só dois caminhos: um que os levava a escola e o outro que os conduzia
a Igreja. Também em Atenas, São Gregório conheceu Julião, o apóstata, que mais tarde
tornou-se imperador e renegou o cristianismo tentando fazer renascer o paganismo
no império romano (361-363) deixando marcas de perversidade e firmando-se como inimigo
da Igreja. Ao completar 26 anos, São Gregório foi batizado e regressou a sua pátria,
afastando-se por muito tempo de todos os cargos públicos, ocupando-se com leituras,
orações, composições de canções e com o cuidado de seus pais que já eram idosos.
Passou algum tempo
no deserto, considerado por ele como tempo mais feliz de sua vida. Seu pai, sendo
já bispo, precisava de um auxiliar, e chamou seu filho Gregório do Monastério Basiliense
para a cidade de Nazianzo e lhe ordenou presbítero. A dignidade do sacerdócio e
o peso das obrigações atemorizaram São Gregório que se refugiou no deserto para
viver uma vida de solidão. Posteriormente, quando seu espírito já estava apaziguado,
regressou e aceitou as obrigações sacerdotais, consolando-se por servir a Deus,
auxiliando seu velho pai no serviço das paróquias. Aconteceu também que seu amigo
Basílio tornou-se arcebispo e, desejando ter consigo um fiel e instruído auxiliar
para cuidar de uma ampla região, ofereceu a Gregório o cargo de principal presbítero
de sua sede. Gregório, porém, recusou este honroso e influente cargo. Tempos depois,
Gregório foi escolhido para ser bispo de Sasima, fruto de um acordo entre Basílio
e o pai de se pai. Vendo em tudo isto a vontade de Deus, Gregório aceitou ser ordenado,
mas não quis o título, continuando como vigário na paróquia de Nazianzo, ajudando
seu pai. Em 374, seu pai faleceu e, pouco depois, sua mãe. São Gregório continuou
trabalhando e ocupando-se das funções que eram de seu pai, dirigindo a Igreja de
Nazianzo. Adoeceu gravemente e quando já estava recuperado, afastou-se para um monastério
isolado onde, em jejum e oração, viveu próximo de três anos. Mas, uma pessoa como
ele, não poderia se esconder na cela de um monastério. Foi eleito pelos bispos ortodoxos
e pelos fiéis, arcebispo de Constantinopla, na época em que os arianos tinham muita
influência e poder, e tomavam todas as igrejas da capital. São Gregório se hospedou
em uma casa de conhecidos. Transformou um cômodo numa pequena Igreja e a dedicou
à Anastasia (Ressurreição), acreditando que ressuscitaria
a Ortodoxia, e começou seu trabalho de pregação. Os arianos o incomodavam atirando-lhe
pedras e enviando secretamente assassinos. O povo reconheceu o seu verdadeiro pastor
e, cada vez, mais aproximavam-se de sua cátedra, “como o metal se aproxima do imã”,
como costumava dizer. Por suas palavras fortes, exemplo de vida e diligência pastoral,
vencia os inimigos da Igreja. Muitas pessoas vinham de todas as partes para escutar
suas inspiradoras palavras. O público presente parecia um mar atormentado, aplaudiam-no,
gritavam com grande entusiasmo expressando concordar com o que ouviam e, alguns
escribas anotavam suas palavras para a posteridade. Cada semana, milhares de pessoas
retornavam à fé ortodoxa. Quando o ortodoxo Teodósio tornou-se imperador (379-395),
os arianos foram então expulsos das igrejas da capital. São Gregório combatia também
a heresia de Macedônio que negava a divindade do Espírito Santo. Participou ativamente
do segundo Concílio Ecumênico. Ao terminar seus trabalhos, não quis mais o trono
de Constantinopla dizendo: “Adeus cátedra – elevado e perigoso posto que suscita
tanta inveja”. Afastou-se para sua cidade natal Arianzo, próximo de Nazianzo, onde
passou seus últimos anos de vida vivendo como asceta. Por suas excelentes obras
teológicas e por sua habilidade em discorrer sobre assuntos profundos da fé, explicando
suas inexplicáveis verdades, com caridade, rigor e exatidão, São Gregório recebeu
da Igreja o respeitável título de “Teólogo” e “Mestre Universal”. Também a Igreja
o chama de “Mente superior”. Seus sermões são cheios de poesia e muitas de suas
expressões foram utilizados nas orações próprias para os dias festivos (por São
João Damasceno e outros). Até os dias de hoje, das suas relíquias brotam um agradável
aroma.
Tradução e publicação neste site com permissão de: Ortodoxia.org
Trad.: Pe. Pavlos
São Gregório Nazianzeno,
também conhecido como Gregório, O Teólogo – ilustre orador, filósofo e defensor
da fé cristã, foi célebre pela sua eloquência, e teve também, como poeta, uma alma
requintada e sensível. Gregório nasceu em 329 de uma família nobre. Depois da primeira
educação familiar com o tio Anfilóquio, frequentou as mais célebres escolas da sua
época: primeiro foi a Cesaréia da Capadócia, onde estreitou amizade com Basílio,
futuro bispo daquela cidade, na posteridade São Basílio Magno. Deteve-se em seguida
noutras metrópoles do mundo antigo, como Alexandria do Egito e, sobretudo, Atenas,
onde estudou com os famosos retóricos Himério de Prusa e Proarésio. Ao terminar
sua educação, lecionou em Atenas por um breve período e onde encontrou de novo Basílio.
Revocando a sua amizade, Gregório escreverá mais tarde:
Então não só
eu me sentia cheio de veneração pelo meu grande Basílio devido à seriedade dos seus
costumes e à maturidade e sabedoria dos seus discursos, mas induzia a fazer o mesmo
também a outros, que ainda não o conheciam… Guiava-nos a mesma ansiedade de saber…
Esta era a nossa competição: não quem era o primeiro, mas quem permitisse ao outro
de o ser. Parecia que tínhamos uma só alma em dois corpos.
Tendo regressado
à casa, Gregório recebeu o batismo e orientou-se para uma vida monástica: a solidão,
a meditação filosófica e espiritual fascinavam-no. Ele mesmo escreverá:
Nada me parece
maior do que isto: fazer calar os próprios sentidos, sair da carne do mundo, recolher-se
em si mesmo, não se ocupar mais das coisas humanas, a não ser das que são estritamente
necessárias; falar consigo mesmo e com Deus, levar uma vida que transcende as coisas
visíveis; levar na alma imagens divinas sempre puras, sem misturar formas terrenas
e errôneas; ser verdadeiramente um espelho imaculado de Deus e das coisas divinas,
e tornar-se tal cada vez mais, tirando luz da luz…; gozar, na esperança presente,
o bem futuro, e conversar com os anjos; ter já deixado a terra, mesmo estando na
terra, transportado para o alto com o espírito.
Como escreve na sua autobiografia,
recebeu a ordenação presbiteral com certa resistência, porque sabia que depois teria
que ser pastor, ocupar-se dos outros, das suas coisas, e portanto já não podia recolher-se
só na meditação. Contudo aceitou depois esta vocação e assumiu o ministério pastoral
em total obediência, aceitando, como com frequência lhe aconteceu na sua vida, ser
guiado pela Providência aonde não queria ir. Em 371 o seu amigo Basílio, Bispo de
Cesaréia, contra o desejo do próprio Gregório, quis consagrá-lo Bispo de Sasima,
uma cidade extremamente importante da Capadócia. Mas ele, devido a várias dificuldades,
nunca tomou posse dela e permaneceu na cidade de Nazianzo. Por volta de 379, Gregório
foi chamado a Constantinopla, a capital do império bizantino, para participar do
Concílio de Nicéia. No Concilio predominava os adeptos do “arianismo”, que era “politicamente
correto” e considerado pelos imperadores útil sob o ponto de vista político. Deste
modo ele encontrou-se em condições de minoria, circundado por hostilidades. Na pequena
igreja de Anastasis pronunciou cinco Discursos teológicos (Orationes 27-31: SC 250,
70-343) precisamente para defender e tornar também inteligível a fé trinitária,
a habilidade do raciocínio, que faz compreender realmente que esta é a lógica divina.
Gregório recebeu, devido a estes discursos, o apelativo de “teólogo”. E isto porque,
para ele, a teologia não é uma reflexão meramente humana, ou muito menos apenas
o fruto de especulações complicadas, mas deriva de uma vida de oração e de santidade,
de um diálogo assíduo com Deus. E precisamente assim mostra à nossa razão a realidade
de Deus, o mistério trinitário. No silêncio contemplativo, imbuído de admiração
diante das maravilhas do mistério revelado, a alma acolhe a beleza e a glória divina.
Enquanto participava no segundo Concílio Ecumênico de 381, Gregório foi eleito Bispo
de Constantinopla e assumiu a presidência do Concílio. Mas desencadeou-se imediatamente
contra ele uma grande oposição, e a situação tornou-se insustentável. Para uma alma
tão sensível estas inimizades eram insuportáveis.
Repetia-se o que
Gregório já tinha lamentado anteriormente com palavras ardentes:
Dividimos Cristo,
nós que tanto amávamos Deus e Cristo! Mentimos uns aos outros devido à Verdade,
alimentamos sentimentos de ódio devido ao Amor, dividimo-nos uns dos outros!
Chega-se assim,
num clima de tensão, à sua demissão. Na catedral apinhada Gregório pronunciou um
discurso de despedida com grande afeto e dignidade. Concluía a sua fervorosa intervenção
com estas palavras:
Adeus, grande
cidade, amada por Cristo… Meus filhos, suplico-vos, guardai o depósito [da fé] que
vos foi confiado, recordai-vos dos meus sofrimentos. Que a graça do nosso Senhor
Jesus Cristo esteja com todos vós.
Regressou a Nazianzo,
e por cerca de dois anos dedicou-se ao cuidado pastoral daquela comunidade cristã.
Depois se retirou definitivamente em solidão na vizinha Arianzo, a sua terra natal,
dedicando-se ao estudo e à vida ascética. Nesse período compôs a maior parte da
sua obra poética, sobretudo autobiográfica: o De vita sua, uma releitura em versos
do próprio caminho humano e espiritual, um caminho exemplar de um cristão sofredor,
de um homem de grande interioridade num mundo cheio de conflitos. É um homem que
nos faz sentir a primazia de Deus e por isso fala também a nós, a este nosso mundo:
sem Deus o homem perde a sua grandeza, sem Deus não há verdadeiro humanismo. Numa
das suas poesias escrevera, dirigindo-se a Deus:”Sê benigno, Tu, o Além de tudo”.
E em 390 Deus acolheu nos seus braços este servo fiel, que com inteligência perspicaz
tinha defendido nos escritos, e com tanto amor o tinha cantado nas suas poesias.
[...].
Nós Te bem
dizemos, Pai da Luz, Cristo, Verbo de Deus, Esplendor do Pai, Luz da Luz, e fonte
de Luz, Espírito de fogo, sopro do Filho e do Pai Trindade Santa, Luz indivisa,
Tu dissipaste as trevas para criar um mundo luminoso, de ordem e beleza, Feito à
Tua semelhança. De razão e de sabedoria iluminaste o homem, Iluminaste-o com o selo
da Tua Imagem, De modo que, na Tua luz, veja a luz, E todo ele se torne luz. Fizeste
brilhar no céu inúmeras estrelas, Ordenaste ao dia e à noite que se entendessem
e partilhassem o tempo alternadamente, pacificamente. A noite põe termo ao trabalho
do corpo cansado, O dia chama às obras que Te agradam, Ensina-nos a fugir das trevas,
a apressar-nos Para esse dia que não terá ocaso.
Hino 32 – São Gregório Nazianzeno
Fonte: Jornal o Lavrador N.o 433 (3878) JANEIRO
2011
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