07 fevereiro 2015

16º Domingo de Lucas

PATRIARCADO ECUMÊNICO DE CONSTANTINOPLA
Arquidiocese Ortodoxa Grega de Buenos Aires e América do Sul
Igreja Anunciação da Mãe de Deus
SGAN - Quadra 910 - Módulo ‘’B’’ - CEP: 70.790-100 - Brasília-DF
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Brasília, 01 de fevereiro de 2015
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16º Domingo de Lucas

Início da Quaresma - Triódion

DOMINGO DO PUBLICANO E DO FARISEU

10º antes da Páscoa

Comemoração de São Trifon († 250)


Matinas

Tropário:
Embora a pedra fora selada pelos Judeus, e os soldados guardassem Teu puríssimo corpo, ressurgiste no terceiro dia, ó Salvador, dando a vida ao mundo. Por isso, as potestades celestes a Ti, fator da vida, clamaram glória à Tua ressurreição, ó Cristo, glória ao Teu reino, glória à Tua providência, Tu que És o único filantropo.
Glória ao Pai +, ao Filho e ao Espírito Santo,

Embora a pedra fora selada pelos Judeus, e os soldados guardassem Teu puríssimo corpo, ressurgiste no terceiro dia, ó Salvador, dando a vida ao mundo. Por isso, as potestades celestes a Ti, fator da vida, clamaram glória à Tua ressurreição, ó Cristo, glória ao Teu reino, glória à Tua providência, Tu que És o único filantropo.
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.

Theotokion:
Gabriel te trouxe a salvação, ó Virgem, o Senhor de todas as coisas se fez carne em Ti, Tu és a arca santa de Seu poder, como disse o justo Davi.
Ti tornaste mais vasta que os céus, porque carregaste o Criador.
Glória àquele que fez sua morada em Ti!
Glória àquele que veio de Ti !
Glória àquele que nos libertou pelo teu parto!

Katisma:
Ó Salvador, os soldados que guardavam Teu sepulcro, com os olhos ofuscados pelo brilho da aparição do anjo tombaram como mortos, enquanto as Santas mulheres proclamavam a Tua ressurreição.
Ó destruidor da morte, prostrados a Teus pés, nós Te glorificamos a Ti que ressuscitaste do sepulcro, porque és o nosso único Deus.
Glória ao Pai +, ao Filho e ao Espírito Santo.

Ó Deus de misericórdia, livremente quiseste ser crucificado!
Ó doador da vida, como um morto foste colocado no sepulcro!
Ó poderoso, por Tua morte quebraste o império da morte. Ó amigo do homem, os guardas diante de Ti, logo que despertaste aqueles que estavam mortos há séculos!
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.


Theotokíon:
Nós te conhecemos como a Mãe de Deus e após o teu parto, nós vimos brilhar tua virgindade . com amor, nós nos refugiamos em ti, ó toda bondade . Nós, pobres pecadores, em ti encontramos, nosso único refúgio, em ti depositamos nossa salvação em meio às provas, porque és a única sem mancha.

Ypakoí:
O arrependimento do ladrão o fez ganhar o paraíso. O lamento das portadoras de aromas proclamou a boa nova de que tinhas ressuscitado dando ao mundo sua grande misericórdia, ó Cristo.

Antifona:
Clamo à Ti, ó Senhor, no meu sofrer . Presta ouvidos à minha dor.
Verdadeiramente a vida dos habitantes do deserto é feliz, porque eles são conduzidos pela Tua divina paixão.
Glória ao Pai +, ao Filho e ao Espírito Santo. Agora, sempre e pelos séculos dos séculos . Amém.
Pelo Espírito Santo toda criação, visível e invisível, é preservada, porque Ele é todo Poderoso e é verdadeiramente, uma das Três Pessoas Divinas.

Prokimenon:
Agora eu me levantarei, diz o Senhor; faço a salvação e a declaro. ( 2x )

Stichos:
As palavras do Senhor, são palavras puras. ( repete a 1ª.)

Evangelho                                                                              Mt 28, 16-20
Evangelho de Nosso Senhor Jesus + Cristo, segundo o Evangelista São Mateus.

Naquele tempo, os onze discípulos partiram para a Galiléia, para o monte que Jesus lhes tinha designado. E, quando o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram. E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; e Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém.

Kondakion:
Na Tua glória, ressuscitaste do túmulo, porque és Deus; o mundo ressuscita contigo e os homens Te celebram como Deus; a morte desaparece, Senhor; Adão, livre dos entraves, se rejubila; Eva, na sua alegria clama: "Ó Cristo, dá a Tua ressurreição aos homens".

Ikós:
Cantemos o ressuscitado do terceiro dia o Deus Todo-Poderoso, aquele que destrói as portas do inferno e eleva o túmulo os santos, seus fiéis! Benevolentemente,
Ele apareceu as santas mulheres, dizendo: "Alegrai-vos", e revelou a alegria aos apóstolos, Ele é o único doador da vida.
As mulheres clamavam, anunciando aos discípulos a boa nova, os sinais da vitória. O inferno geme, a morte se lamenta e o universo se rejubila. Ó Cristo, toda criação se alegra, pois Tu deste a todos a ressurreição.

Exapostilarion:
Vamos com os discípulos para o Monte da Galiléia para ouvir o Cristo dizer: "Toda autoridade me foi dada no céu e na terra"; e aprender a batizar em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo; e ouvir a promessa de que Ele estará com seus eleitos até a consumação do mundo.

Theotokion:
Ó Virgem Mãe de Deus, tu que te alegraste quando viste com os discípulos, o Cristo se levantar do túmulo, após três dias, como Ele havia predito; e aparecer-lhes para ensinar os bons atos; e ordenar o batismo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Fazendo-te acreditar na Sua ressurreição e glorificando-te.

Laudes:
1º - Cada criatura deve louvar o nome do Senhor. Louvai, pois, o Senhor, do alto dos céus.
Louvai o Senhor das alturas; porque Ele merece ser louvado eternamente.

2º - Louvai o Senhor, todos os seus anjos e sua força, pois Ele merece, para sempre ser louvado. Esta glória será para todos os seus justos.
Ó Cristo, nós cantamos Tua paixão salutar e glorificamos Tua ressurreição.

3º - Cantem-lhe salmos com tambores e cítaras.
Tu que padeceste na cruz, venceste a morte e ressuscitaste dos mortos, preserva nossas vidas, ó Senhor que És o único Todo-Poderoso.
Louvai-O com a lira e a harpa; louva-O com adufes e danças.
4º - Ó Cristo que despojaste o inferno e elevaste o homem, por Tua ressurreição, concede-nos um coração puro para cantar para Ti e glorificar-te.
Louvai-O com címbalos sonoros.

5º - Ó Cristo, nós cantamos a Ti e glorificamos Tua divina humilhação.
Tu que nasceste da Virgem sem Te separar do Pai, sofreste como um mortal, por Tua própria vontade, padeceste na Cruz, ressurgiste do túmulo como de um leito nupcial para salvar o mundo.
Glória a Ti Senhor !

6º - Louvai-o com címbalos retumbantes.
Na hora em que foste pregado no madeiro da Cruz as forças inimigas foram condenadas à morte; a criação tremeu de temor e Teu poder despojou o inferno; ressuscitaste os fiéis de seus túmulos e abristes as portas do paraíso.
Ó Cristo, nosso Deus, glória a Ti.

7º - Todo ser que respira, louve o Senhor.
As Santas mulheres, portando mirra, dirigiram-se, às pressas, ao Teu sepulcro, chorando.
Elas encontraram a porta aberta e aprenderam do anjo, a história do novo e maravilhoso milagre;
Elas anunciaram a boa nova aos discípulos: O Senhor ressuscitou e concedeu ao mundo a grande misericórdia.

8º - Louvai-O com instrumentos de corda e de sopro. Louvai-O com címbalos sonoros.
Ó Cristo, nosso Deus, nos adoramos as chagas de Tua divina paixão.
E este grande sacrifício que celebraste em Sião, onde Deus se manifesta até o fim dos tempos.
Porque Tu, ó Sol da Justiça, brilhaste sobre aqueles que dormiam nas trevas para levá-los à luz que não se acaba.
Ó Senhor, glória a Ti.

9º - Confesso a Ti, ó Senhor, de todo coração e observo todos os Teus milagres.
Escutai, ó judeus e dizei-nos: Onde estão os selos do túmulo? Onde estão as muralhas?
Como vendeste aquele que não tem preço? Como roubaste o tesouro?
Judeus sem fé, porque caluniar a ressurreição do crucificado?
Ele ressuscitou, livre entre os mortos, concedendo ao mundo sua grande misericórdia.

Eothino:
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.
Para os discípulos que foram ao Monte que Ele designara, o Senhor se fez presente, antes de se desprender das coisas terrenas; ao verem O adoraram, entenderam toda autoridade de que o Senhor estava investido, receberam a missão de anunciar a Sua ressurreição dentre os mortos e Sua ascensão ao céu.
Receberam a promessa da presença divina entre eles, como Salvador de nossas almas, até a consumação dos séculos.
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.

Theotokion:
Bendita e venerável és Tu, ó Mãe de Deus, em cujo seio se encarnou Aquele que visitou o inferno, libertando Adão e Eva da maldição, destruindo a morte e dando a vida a todos nós.
Por isso bendirei o Cristo em qualquer tempo, e sempre o Seu louvor estará em minha boca (2 vezes).

Hoje é a salvação do mundo. Louvemos Aquele que ressuscitou do túmulo, dando-nos origem a uma nova vida, porque anulou a morte com a Sua morte e nos concedeu a misericórdia de obter essa grande vitória.
Divina Liturgia
Anunciação - Modo 4:
É hoje o começo da nossa salvação e a manifestação do mistério eterno.
O Filho de Deus torna-Se Filho da Virgem e Gabriel anuncia a graça.
Por isso, cantamos com ele à Mãe de Deus:
“Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo!”

Tropário da Ressurreição - 1º tom:
Embora a pedra fora selada pelos Judeus, e os soldados guardassem Teu puríssimo corpo, ressurgiste no terceiro dia, ó Salvador, dando a vida ao mundo. Por isso, as potestades celestes a Ti, fator da vida, clamaram glória à Tua ressurreição, ó Cristo, glória ao Teu reino, glória à Tua providência, Tu que És o único filantropo.

Kondakion – 1º tom:
Glória ao Pai +, ao Filho e ao Espírito Santo.
Tu, sendo Deus, te levantaste do túmulo, e devolveste a vida ao mundo; a natureza humana, por isso te louva: a morte foi vencida, Adão se regozija, ó Mestre, e Eva, liberta agora das cadeias da morte, com alegria exclama: Tu, Cristo, és o que a todos dá a Ressurreição!

Theotokion:
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém
Quando Gabriel te saudou, ó Virgem, dizendo: "alegra-te!" e com sua voz, o Salvador encarnou-se em ti, tabernáculo santo; e, como falava o Justo Davi: "veio do céu trazendo o Criador de tudo", glória Àquele que habita em ti, glória Àquele nascido de ti e que nos libertou!

Kondakion do Publicano e do Fariseu:
Fujamos da soberba do Fariseu e aprendamos a humildade do Publicano manifestada pela sua compunção clamando ao Salvador:«Perdoa-nos Tu, ó único Clemente!»

Prokimenon:
Desça sobre nós, Senhor, a tua misericórdia conforme nossa esperança em Ti.
Exultai, ó justos, no Senhor, pois aos retos convém o louvor.

Epístola                                                                                  2Tm 3,10-15
Leitura da 2ª Epistola do Apóstolo São Paulo a Timóteo.

Tu, porém, tens seguido a minha doutrina, modo de viver, intenção, fé, longanimidade, amor, paciência, perseguições e aflições tais quais me aconteceram em Antioquia, em Icônio, e em Listra; quantas perseguições sofri, e o Senhor de todas me livrou; e também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições. Mas os homens maus e enganadores irão de mal para pior, enganando e sendo enganados. Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido, e que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus.

Aleluia!
Aleluia, aleluia, aleluia!
Deus assegura a minha vitória e me submete os meus adversários.

Aleluia, aleluia, aleluia!
Salva maravilhosamente seu servo e usa de misericórdia com seu ungido.

Aleluia, aleluia, aleluia!


Evangelho                                                                                          Lc 18,10-14
Evangelho de Nosso Senhor Jesus + Cristo, segundo o Evangelista São Lucas.

Naquele tempo, Jesus contou esta parábola: «Dois homens subiram ao Templo para rezar; um era fariseu, o outro era cobrador de impostos. O fariseu, de pé, rezava assim no seu íntimo: 'Ó Deus, eu te agradeço, porque não sou como os outros homens, que são ladrões, desonestos, adúlteros, nem como esse cobrador de impostos. Eu faço jejum duas vezes por semana, e dou o dízimo de toda a minha renda'. O cobrador de impostos ficou à distância, e nem se atrevia a levantar os olhos para o céu, mas batia no peito, dizendo: 'Meu Deus, tem piedade de mim, que sou pecador!' Eu vos declaro: este último voltou para casa justificado, o outro não. Pois quem se eleva, será humilhado, e quem se humilha, será elevado».

Sinaxe

Três semanas antes dos quarenta dias (Quaresma) que antecedem a Páscoa, a Igreja Ortodoxa inicia o «Triódion» . Este nome é originado de uma coleção de livros litúrgicos que preparam os fiéis por meio de orações solenes para a Festa das festas do cristianismo: a Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Neste tempo, as leituras, as orações e as súplicas enfatizam a importância da oração, do jejum e da penitência como importantes ingredientes do amadurecimento espiritual.
Iniciamos o «Triódion» com o «Domingo do Fariseu e do Publicano», onde refletimos sobre a sinceridade de nossa oração dirigida a Deus. Para isso, Jesus elabora uma parábola usando dois personagens que tinham em comum o desafeto do povo: o fariseu e o publicano, mas que se distinguem por ter ou não a humildade, ser ou não, humilde.
Os fariseus formavam um grupo de religiosos e, normalmente, são descritos pelos exegetas como pessoas que procuravam cumprir as normas e seguir a Lei de Moisés. Demonstravam grande zelo pelas suas tradições teológicas, cumpriam meticulosamente as práticas exteriores do culto e das cerimônias, ostentando uma devoção e um fervor religioso nem sempre autênticos. Entre os fariseus, muitos usavam a tradição para aparentar virtudes entre os demais, ocultando, no entanto, costumes dissolutos, mesquinhez, secura de coração e, sobretudo, muito orgulho. A espiritualidade era apenas aparente. Em Mateus, 23, o próprio Jesus chama estes fariseus de «sepulcros caiados», que, por fora se mostravam belos, mas interiormente estavam cheios de podridão!
Os fariseus eram os seguidores de uma das mais influentes ramificações
do Judaísmo. Os Publicanos, já mencionados no Evangelho de Zaqueu, eram os arrecadadores de impostos públicos, exigidos do povo judeu pelos romanos, que, cobrando sempre acima do que era devido, recolhiam para si dos impostos obtidos. Os judeus, que mal podiam suportar a dominação romana e não se conformavam com o pagamento de impostos, pois julgavam ser contra a lei, fizeram do caso uma questão religiosa. Abominavam, pois, esses agentes do fisco, considerando os publicanos como traidores e evitavam por isso qualquer contato com eles. Em suma, eram, os publicanos, renegados como gente da pior espécie.
Jesus se utiliza deste contexto sócio religioso díspare para semear sua mensagem carregada de misericórdia para com os humildes de coração. Novamente, a parábola é o recurso que usa para levar a Boa-Nova aos que necessitavam.
«Dois homens subiram ao templo, a fim de orar; um era fariseu e o outro publicano. O fariseu, estando em pó, orava assim consigo mesmo: 'Meu Deus, eu vos rendo graças porque não sou como os outros homens, que são ladrões, injustos e adúlteros, nem mesmo como esse publicano. Jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo o que possuo'» (Lc 18,10-12).
O fariseu, na parábola, demonstra uma atitude em que o orgulho e a soberba se deixam revelar pela postura que usa estando num lugar sagrado. Ele estava de pó. Não somente estava de pó, mas, como Jesus o descreve: «orava de si para si mesmo». Ele estava mais preocupado em lembrar-se de suas virtudes do que em falar com Deus. Esta atitude era também demonstrada pela própria oração. Não havia demonstração de reverência a Deus. Não havia manifestação de humildade. Não havia reconhecimento de sua posição em relação àquele a quem estava se dirigindo. Não havia petição. A única coisa que é ressaltada é sua postura convencida, orgulhosa de suas virtudes em relação aos outros.
Nesta parábola narrada pelo Divino Mestre, o fariseu, com sua petulância e arrogância, parece não precisar de Deus, pois confia em si mesmo e ainda despreza as pessoas. Era um homem cheio de justiça própria e usa o pronome «eu», pelo menos, quatro vezes em sua oração na qual está ausente a confissão de seus pecados, pois confiava em suas obras e afirmava que jejuava duas vezes por semana; a Lei prescrevia um dia de jejum por ano, mas «ele se julgava tão bom» que jejuava duas vezes por semana, isto é, 48 vezes por ano. «O publicano, ao contrário, mantendo-se distante, não ousava sequer erguer os olhos ao céu; mas batia no peito dizendo: Meu Deus, tende piedade de mim que sou um pecador.» (Lc 18, 13)
O publicano foi ao templo para orar, mas não se atrevia a levantar os olhos para os céus, apenas ergueu as mãos em oração. Quando nossos olhos se constrangem de olhar a para o Senhor face-a-face por causa de nossos pecados, resta-nos elevarmos os braços e pedir ajuda para o Deus-Amor.
A humildade não impediu que o publicano reconhecesse seus erros. A ausência do orgulho naquele coração cedeu lugar à Graça. Proferiu uma oração curta, simples, precisa, esmerada na verdade e honestidade e que continha todos os ingredientes necessários para que Deus a ouvisse. Nestes versículos estão presentes o reconhecimento do pecado, a consciência de que se necessita do perdão de Deus e a ação da Graça Divina. Eram estas as considerações que o levaram a baixar sua cabeça, bater em seu peito e humilhar-se sob a poderosa mão de Deus.
No final da parábola, Jesus disse que o publicano desceu justificado para sua casa, mas o fariseu não. Deus ouviu e respondeu ao grito angustiado do pecador em agonia espiritual. «Eu vos declaro que este retornou, entre os seus, justificado, e não o outro; porque todo aquele que se eleva será humilhado, e todo aquele que se humilha, será exaltado.» (Lc 18,14)
O fariseu saiu sentindo-se justificado. Ele tinha acabado de falar com Deus. Ele tinha cumprido sua responsabilidade e, em sua mente, tinha-a cumprido muito bem. O coletor de impostos, por outro lado, saiu justificado por Deus, porque se humilhou. Há uma diferença essencial em se sentir santo e ser santo. Ele saiu justificado porque possuía a chave do oferecimento de uma oração que é aceitável a Deus. Ele demonstrava as qualidades da verdadeira grandeza no Reino do Céu como é descrita em Mateus 20:26-28. «Quem quiser ser o primeiro entre vos será vosso servo.» Este homem foi para sua casa justificado porque percebia que, quem quer que se humilhe será exaltado (Mt 23:12).
Encontramos publicanos e fariseus em nós mesmos e entre nós. Vez por outra a hipocrisia se instala em nossas vidas, e a humildade também. Que possamos agir como o publicano desta parábola, reconhecendo nossos pecados, buscando a misericórdia de Deus e deixando de lado a pseudo-santidade. Não basta que nos abstenhamos do mal e nos mostremos rigorosos no cumprimento de determinadas regras de bom comportamento social; mais que isso, é necessário reconhecer que somos todos irmãos, não nos julgarmos superiores aos nossos semelhantes, por mais culpados e miseráveis que pareçam ser, nem tampouco desprezá-los, porque isso constitui, sempre, falta de caridade. A humildade sincera é o melhor agente de uma autêntica conversão.

FONTES DE CONSULTA:
GOMES, C. Folch, Antologia dos Santos Padres. São Paulo: Ed. Paulinas. (3a. Ed.)
STORNIOLO, Ivo, Como Ler o Evangelho de Lucas. São Paulo: Ed. Paulus (4a. Ed)



São Tryfon de Nicéia, mártir (†251)


São Tryfon era natural de Lampsako, na Frígia (antiga região da Ásia Menor) e viveu na época em que reinava Giordiano (238-244), Philippos e Décio. São Tryfon era muito pobre e, desde pequeno se dedicava ao cuidado de animais do campo para poder viver. Enquanto realizava seu humilde trabalho, refletia sobre as Sagradas Escrituras e com muito zelo cumpria com seus deveres religiosos. Entre os versículos que sempre repetia, este se destacava: «A bênção do Senhor repousa sobre a habitação do justo. Se ele escarnece dos zombadores, concede a graça aos humildes» (Prov. 3, 33b.-34). Realmente, o humilde e piedoso Tryfon, com perseverança, não só conheceu as Sagradas Escrituras em profundidade como a ensinou. Estava tão pleno da graça divina que operava milagrosas curas. A notoriedade de Tryfon chegou aos ouvidos do rei Gordianos que mandou chamá-lo porque sua filha estava muito doente. De fato, Tryfon a curou; e o pai, agradecido, quis pagá-lo, porém Tryfon se negou aceitar qualquer valor e se retirou com a gratidão do rei. Contudo, na época de Decio (249-251), Tryfon foi preso por admitir sua fé em Jesus Cristo e fervorosamente expressar sua oposição à idolatria. Por causa disso, o prefeito oriental Aquilino, em Nikia, ordenou que o torturassem violentamente. Foi amarrado a um cavalo e arrastado pelas ruas. Em seguida, completamente nu, em pleno inverno, foi amarrado sobre pregos e queimado com tochas acesas. Finalmente, foi decapitado, mas antes disso, já havia entregue seu espírito nas mãos de Deus.

Tradução e publicação neste site com permissão de Ortodoxia.org
Trad.: Pe. Pavlos



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