20 fevereiro 2015

Domingo do Perdão

PATRIARCADO ECUMÊNICO DE CONSTANTINOPLA
Arquidiocese Ortodoxa Grega de Buenos Aires e América do Sul
Igreja Anunciação da Mãe de Deus
SGAN - Quadra 910 - Módulo ‘’B’’ - CEP: 70.790-100 - Brasília-DF
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Brasília, 22 de fevereiro de 2015.
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«Domingo do Perdão» (ou dos Lacticínios)

Domingo 7° antes da Páscoa

«Domingo “A expulsão de Adão e Eva do Paraíso”

«Domingo Memória de Santo Atanásio, o Confessor, Constantinopla († 821)




Neste dia realiza-se, nas igrejas ortodoxas, um rito especial durante o qual todos, começando pelos sacerdotes, pedem perdão uns aos outros pelas ofensas cometidas, intencionais ou não. A Quaresma é um tempo de intensa luta contra o pecado e é muito importante começar o jejum com uma consciência limpa, sem o peso de saber que estamos em divida moral com alguém. O Evangelho nos diz que, se não perdoarmos aos outros as suas faltas, o Pai também não nos perdoará as nossas. Neste dia, vamos à Igreja para pôr em prática estas palavras, aproximando-nos uns dos outros e pedindo perdão. E ouviremos a resposta tradicional: «Deus perdoará!» Com o perdão, começamos o caminho rumo ao renascimento espiritual, e o Senhor nos ajudará a dar este primeiro passo. «Abençoai e perdoai-me, pais, irmãos e irmãs!»



Matinas

Tropário:
As discípulas do Senhor aprenderam do Anjo a anunciar jubilosamente a ressurreição e rejeitaram a sentença dos nossos primeiros pais e conversaram com os Apóstolos, orgulhosas, dizendo: A morte já é cativa e o Cristo Deus já ressuscitou, dando ao mundo grande misericórdia.
Glória ao Pai +, ao Filho e ao Espírito Santo,

As discípulas do Senhor aprenderam do Anjo a anunciar jubilosamente a ressurreição e rejeitaram a sentença dos nossos primeiros pais e conversaram com os Apóstolos, orgulhosas, dizendo: A morte já é cativa e o Cristo Deus já ressuscitou, dando ao mundo grande misericórdia.
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.

Theotokion:
Mistério desconhecido dos anjos; mistério oculto desde toda a eternidade; ó virgem, por Ti Deus se revelou a todos os habitantes da terra; uniu-se à carne sem corrupção, e livremente aceitou a cruz por nós; ressuscitou o primeiro homem e salvou nossas almas da morte.

Katisma:
As santas mulheres olharam para a entrada do túmulo, mas, não poderam suportar o brilho flamejante do anjo. Assustadas e tremendo, elas diziam: "Roubaram aquele que abriu as portas do céu ao bom ladrão? Será que ressuscitou Aquele que, antes de sua paixão, havia proclamado sua ressurreição? Em verdade, o Cristo, nosso Deus, ressuscitou dando aos que estavam no inferno. A vida e a ressurreição."
Glória ao Pai +, Filho e ao Espírito Santo.
Ó meu salvador, livremente escolheste a cruz. Homens mortais Te colocaram em um sepulcro novo, a Ti que com Tua palavra, estabeleceste os .confins do universo. Despojaste a morte e todos os habitantes dos infernos cantam a Tua vivificante ressurreição, clamando: "Cristo ressuscitou, ele que é o dispensador da vida e permanece pelos séculos dos séculos."
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos.

Theotokion:
Os coros dos anjos, ó puríssima, ficaram tomados de terror, diante do terrível mistério do teu parto. Como tu tens em teus braços Aquele que, com um só gesto tem todo o universo? Como Aquele que existe antes dos séculos, nasce e se alimenta de teu leite, aquele que cuja inefável bondade alimenta todo o ser vivente? Os anjos te bendizem e te proclamam a verdadeira Mãe de Deus.

Ypakoí:
As portadoras de aromas se apressaram em proclamar aos Apóstolos a boa-nova de Tua gloriosíssima Ressurreição, e anunciaram que Tu havias ressuscitado como Deus, ó Cristo, e concedeste ao mundo Tua grande misericórdia.

Antífona (sl. 128):
Desde minha juventude, numerosas são as paixões que me assaltam, mas Tu, ó meu Salvador, protege-me e salva-me. Vós que odiais Sião, sede confundidos pelo Senhor, pois, como a erva pelo fogo, sereis dissecados.
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.
Pelo Espírito Santo, toda a alma vive, pela pureza se eleva e pelo mistério sagrado da unidade Trinitária, ela se ilumina.

Prokimenon (salmo 44):
Levanta-Te, Senhor, vem em nosso socorro, resgata-nos pela glória de Teu nome. (2 vezes).

Stichos
Ó Deus, ouvimos com nossos próprios ouvidos (repete a primeira).

Evangelho:                                                                                                                                     Lc 24, 1-12
Evangelho de Nosso Senhor Jesus + Cristo, segundo o Evangelista São Lucas.

Naquele tempo, no primeiro dia da semana, muito de madrugada, foram elas ao sepulcro, levando as especiarias que tinham preparado, e algumas outras com elas. E acharam a pedra revolvida do sepulcro. E, entrando, não acharam o corpo do Senhor Jesus. E aconteceu que estando elas muito perplexas a esse respeito, eis que pararam junto delas dois homens, com vestes resplandecentes. E, estando elas muito atemorizadas, e abaixando o rosto para o chão, eles lhes disseram: Por que buscais o vivente entre os mortos? Não está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos como vos falou, estando ainda na Galiléia, dizendo: Convém que o Filho do homem seja entregue nas mãos de homens pecadores, e seja crucificado, e ao terceiro dia ressuscite. E lembraram-se das suas palavras. E, voltando do sepulcro, anunciaram todas estas coisas aos onze e a todos os demais. E eram Maria Madalena, e Joana, e Maria, mãe de Tiago, e as outras que com elas estavam, as que diziam estas coisas aos apóstolos. E as suas palavras lhes pareciam como desvario, e não as creram. Pedro, porém, levantando-se, correu ao sepulcro e, abaixando-se, viu só os lençóis ali postos; e retirou-se, admirando consigo aquele caso.

Kondakion:
Meu Salvador e meu libertador, saiu do sepulcro desligou e ressuscitou todos os habitantes da terra, Ele o boníssimo, Ele o nosso Deus.
Ele destruiu as portas do inferno. O Senhor de todas as coisas ressuscitou ao terceiro dia.

Ikós:
Cristo doador da vida, ressuscitou dos mortos, depois de três dias, deixou seu túmulo e em sua força,
“Ele quebrou as portas da morte condenou o inferno destruindo a morte e libertando Adão e Eva.
Habitantes da terra, celebremo-Lo e rendemos-lhes graças; clamemos, sem cessar seu louvor.
Três dias sepultado, Ele ressuscitou porque Ele é o único forte, o único Deus, o único Senhor.

Exapostilário:
Tornemo-nos iluminados pelas virtudes para poder ver os dois homens vestidos com roupas brilhantes dentro do túmulo do doador da vida, que apareceram às portadoras de mirra, fazendo-as compreender a ressurreição do celestial Senhor. Correndo com Pedro ao túmulo, elas puderam ver o estranho acontecimento: O Cristo com vida!

Theotokion
Ó Senhor, quando clamaste, nos trouxeste alegria compensando a tristeza dos primeiros anos; com a Tua ressurreição alegras-Te o mundo. Por isso, ó doador da vida, pela intercessão de Tua Mãe, envia-nos uma luz que ilumine os nossos corações; luz de Tua piedade, para clamar a Ti, ó amigo dos homens, ó Senhor encarnado, glória a Ti.

Laudes:
1º Tu, que suportaste a cruz e a morte; Tu, que ressuscitaste dos mortos, Cristo, ó Senhor todo poderoso, nós glorificamos a Tua ressurreição.
2º Cristo, Tu me livraste por Tua cruz da antiga maldição. E por Tua morte, reduziste à impotência o demônio, tirano de nossa raça. Por Tua ressurreição tornaste repletas de alegria todas as coisas. Nós também Te clamamos: “Senhor, ressuscitado dos mortos, glória a Ti!”.
3º Por Tua cruz, ó Cristo Salvador, conduze-nos à Tua verdade e livra-nos das ciladas do inimigo. Ressuscitado dos mortos, perdoa nossos pecados, estende Teu braço, Senhor, amigo do homem, pelas intercessões de Teus santos.
4º Sem deixar o seio de Teu Pai, ó Filho único e Verbo de Deus, por amor ao homem, vieste à Terra; Tu Te tornaste homem sem Te alterar e na Tua carne assumiste a cruz e a morte; Tu, o Deus impassível ressuscitaste dos mortos e deste a imortalidade ao gênero humano, porque és o único todo poderoso.
5º Ó Salvador, Tu dignaste sofrer a morte em Teu corpo e nos trouxeste a imortalidade. Permaneceste no túmulo para nos livrar do inferno e nos ressuscitar contigo. Como verdadeiro homem sofreste a paixão; como verdadeiro Deus, ressuscitaste dos mortos; nós Te clamamos: “Glória a Ti, doador da vida, Senhor, único amigo do homem”.
6º Ó Salvador, as pedras se fenderam quando a Tua cruz foi implantada no gólgota; os guardas tremeram às portas do inferno quando foste colocado no túmulo como morto; porque aniquilaste a força da morte, dando a incorruptibilidade a todos os mortos por Tua ressurreição, ó Salvador; Senhor, doador da vida, glória a Ti!
7º As Santas mulheres, ó Cristo, ó Deus, quiseram ver a Tua ressurreição. Maria Madalena foi a primeira a chegar; ela encontrou a pedra do túmulo rolada e um anjo sentado que lhe diz: “Porque procurais o vivo entre os mortos? Ele é Deus. Ele ressuscitou para salvar todos os seres”.
8º Onde está Jesus que pensais deter? Falai, ó judeus; onde está Aquele que havíeis colocado no túmulo? Sobre quem havíeis selado a pedra? Dai-nos o sepultado ou crede no ressuscitado! Vós silenciais a ressurreição do Senhor, mas as pedras gritam, e, em primeiro lugar, a pedra rolada da porta do túmulo! Grande é a Tua graça, grande é o mistério da Tua encarnação, ó nosso Salvador, glória a Ti!

Eothinon
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.
Ó Cristo, as mulheres foram de madrugada ao Teu Sepulcro, mas elas não encontraram o Teu corpo; estando espantadas, lhes apareceu um anjo com vestes brilhantes e disse-lhes: “Porque procuram o vivo dentre os mortos? Ele ressuscitou como havia prometido. Porque esqueceste suas palavras?”. Elas, com confiança, anunciaram aos discípulos tudo o que viram, porém eles receberam tal notícia com zombaria, porque duvidaram. Mas Pedro correu ao Sepulcro e viu o que tinha acontecido e, maravilhado, glorificou os Teus milagres.
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.



Theotokion
Bendita e venerável és Tu, ó Mãe de Deus, em cujo seio se encarnou Aquele que visitou o inferno, libertando Adão e Eva da maldição, destruindo a morte e dando a vida a todos nós.
Por isso bendirei o Cristo em qualquer tempo, e sempre o Seu louvor estará em minha boca (2 vezes).
Ó Senhor, ressuscitado do sepulcro, rompeste os grilhões do inferno, eliminaste o poder da morte, salvando todos dos laços do inimigo; e quando apareceste a teus discípulos, os enviaste a evangelizar e, através deles, deste tua paz ao mundo, tu que és o Único Misericordioso.



Divina Liturgia



Anunciação - Modo 4:
É hoje o começo da nossa salvação e a manifestação do mistério eterno.
O Filho de Deus torna-Se Filho da Virgem e Gabriel anuncia a graça.
Por isso, cantamos com ele à Mãe de Deus:
“Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo!”

Tropário da Ressurreição - 4º tom:
As discípulas do Senhor aprenderam do Anjo a anunciar jubilosamente a ressurreição e rejeitaram a sentença dos nossos primeiros pais e conversaram com os Apóstolos, orgulhosas, dizendo: A morte já é cativa e o Cristo Deus já ressuscitou, dando ao mundo grande misericórdia.

Kondakion – 4º tom:
Glória ao Pai +, ao Filho e ao Espírito Santo.
O Salvador e Redentor meu, sendo Deus, rompeu as portas do Hades, libertando de suas cadeias os habitantes da terra, e, sendo Soberano, ressuscitou ao terceiro dia.

Theotokion – 4º tom:
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém
O mistério eternamente oculto e dos anjos desconhecido, através de ti, ó Mãe de Deus, encarnando-se, apareceu na terra, voluntariamente aceitou a Cruz, e com ela ressuscitou o primeiro criado, e salvou da morte as nossas almas.


Kondakion Próprio:
Tu, Senhor, Orientador para a sabedoria e Doador da prudência, Mestre dos ignorantes e amparo dos desafortunados, fortalece meu coração e dota-o de compreensão. Dá-me o poder da palavra, ó Verbo do Pai,
pois não deterei meus lábios para te aclamar: «Tem piedade de mim, ó Misericordioso!»


Prokimenon:
Tu és bendito Senhor, Deus de nossos pais e teu nome é louvado e glorificado pelos séculos.
Pois és justo em todas as coisas que nos fizeste tuas obras são verdadeiras, e retos os teus caminhos.

Epístola                                                                                                                           Rm 13, 11-14, 4
Leitura da Epistola do Apóstolo São Paulo aos Romanos.

Irmãos, Isso é tanto mais importante porque sabeis em que tempo vivemos. Já é hora de despertardes do sono. A salvação está mais perto do que quando abraçamos a fé. A noite vai adiantada, e o dia vem chegando. Despojemo-nos das obras das trevas e vistamo-nos das armas da luz. Comportemo-nos honestamente, como em pleno dia: nada de orgias, nada de bebedeira; nada de desonestidades nem dissoluções; nada de contendas, nada de ciúmes. Ao contrário, revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não façais caso da carne nem lhe satisfaçais aos apetites. Acolhei aquele que é fraco na fé, com bondade, sem discutir as suas opiniões. Um crê poder comer de tudo; outro, que é fraco, só come legumes. Quem come de tudo não despreze aquele que não come. Quem não come não julgue aquele que come, porque Deus o acolhe do mesmo modo. Quem és tu, para julgares o servo de outros? Que esteja firme, ou caia, isto é lá com o seu senhor. Mas ele estará firme, porque poderoso é Deus para o sustentar.

Aleluia!
Aleluia, aleluia, aleluia!
Cinge a tua espada, com majestade e esplendor, cavalga vitorioso, pela causa da verdade e da justiça.
Aleluia, aleluia, aleluia!
Amaste a justiça e detestaste a iniquidade, por isso Deus te ungiu com o óleo da alegria.
Aleluia, aleluia, aleluia!



Evangelho                                                                                                                                       Mt 6, 14-21
Evangelho de Nosso Senhor Jesus + Cristo, segundo o Evangelista São Mateus.

Naquele tempo, o Senhor disse: «Se vós perdoardes aos outros as suas faltas, vosso Pai que está nos céus também vos perdoará. Mas, se vós não perdoardes aos outros, vosso Pai também não perdoará as vossas faltas. Quando jejuardes, não fiqueis de rosto triste como os hipócritas. Eles desfiguram o rosto, para figurar aos outros que estão jejuando. Em verdade vos digo: já receberam sua recompensa. Tu, porém, quando jejuares, perfuma a cabeça e lava o rosto, para que os homens não vejam que estás jejuando, mas somente teu Pai, que está no escondido. E o teu Pai, que vê no escondido, te dará a recompensa. Não ajunteis tesouros aqui na terra, onde a traça e a ferrugem destroem e os ladrões assaltam e roubam. Ao contrário, ajuntai para vós tesouros no céu, onde a traça e a ferrugem não destroem, nem os ladrões assaltam e roubam. Pois onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração»

Sinaxe

A Quaresma é o tempo em que a Graça de Deus se manifesta com maior intensidade ante nossos olhos, uma vez que a liturgia, as orações, os jejuns e a penitência contribuem muito para que sintamos em nossas vidas a misericórdia divina, o perdão que nos é dado e um convite à conversão contínua. É o tempo da espera, da meditação, do silêncio. É um tempo onde o exterior torna-se secundário diante da realeza que se descobre ao penetrarmos nossa interioridade. É tempo de parar, de refletir, de meditar, de silenciar os ruídos do dia-a-dia, para ouvir atentamente o que o Senhor nos fala.
A Quaresma é o tempo do deserto e da ausência. Experimentamos o vazio, a solidão, o abandono das coisas mundanas, experimentamos a ausência do barulho e das preocupações que assolam a nossa vida, para nos encontrar conosco mesmos. É o retiro tão necessário para a edificação de nossa vida espiritual.

«Em cada pedra vejo um sinal da presença de Deus, e a ausência dos ruídos, que poderiam me afastar do Senhor. Em cada noite escura me agasalho na proteção do Altíssimo, sentindo apenas que o Senhor me envolve com sua mão poderosa» . (Santo Epifânio, monge e bispo de Chipre)


O tempo do «deserto» nos torna conscientes de nossa realidade mais essencial: somos filhos amados de Deus no seu Filho, feitos à imagem e semelhança, d'Ele, nosso Criador.
A necessidade de recuperarmos esta «imagem e semelhança» nos inquieta e nos move em direção ao "deserto". Necessitamos nos encontrar com o Pai e nos identificar com Ele. A Quaresma é o tempo propício para este encontro que nos faz recuperar a consciência de nossa verdadeira e mais profunda identidade. Não somos do mundo mas estamos no mundo, para transformá-lo. Fermento na massa, como disse Nosso Senhor. Tomar consciência de nossa verdadeira natureza nos faz pessoas diferentes.
O Perdão é o tema central do Evangelho deste Domingo que também é conhecido como «Domingo da Abstinência de Laticínios». A Igreja, Mãe e Mestra, propõe a seus filhos que se abstenham de certos alimentos, não para nos punir, mas para nos educar, porque nos ama a todos. Uma das grandes dimensões do amor verdadeiro, além das manifestações singelas de carinho e afeto, é a correção. A Igreja nos ama como filhos. Amando-nos nos corrige para nos levar à santidade. Se deixarmos nossas vontades agirem livremente, aos poucos, nos tornaremos seus escravos. Deixar de comer carne ou produtos derivados do leite não são apenas preceitos, mas atitudes que podem revelar o quanto somos dominados ou não pelas inclinações da carne. O excesso de comida ou de bebida «destrói a obra de Deus», nos diz o apóstolo Paulo. (Rm 14). Na Epístola deste domingo, o mesmo apóstolo nos admoesta:

«Despojemo-nos, pois, das obras das trevas e nos revistamos das armaduras da luz. Revesti-vos do Senhor Jesus e não façais caso da carne para satisfazer os apetites». (Rm 13).

O Pai misericordioso está sempre pronto a estender a todos o perdão divino. No entanto, a condição para merecê-lo, é que também nós estejamos prontos a estender o mesmo perdão aos nossos irmãos devedores. No gesto de perdão, revelamos nossa identidade de cristãos, manifestando a misericórdia de nosso Deus. Perdoar é alcançar o estágio mais elevado do amor pelo inimigo. É o amor que cura as feridas e restaura nossas dores a partir de dentro. Amar nossos inimigos, preceito máximo da doutrina de Jesus, é ser capaz de perdoar os que nos causaram o mal. O perdão substituiu a vingança e a justiça baseada nas mensurações puramente humanas, pelo amor. O perdão se baseia na lei do Amor, por isso muitas vezes não é compreendido.
Artur da Távola, teólogo e filósofo da atualidade, em crônica publicada no jornal O Dia do Rio de janeiro em 28 de março de 2002 com título: «Como é difícil perdoar!» nos faz uma triste constatação logo no início: diz o autor: «Pouca gente, mesmo entre cristãos, compreende o sentido profundo do perdão. A maioria pensa que é forma de anistia do sentimento, ato interno capaz de compreender o ofensor e desculpá-lo no fundo do coração misericordioso. Este primeiro degrau do perdão já é difícil de ser galgado. E a propósito da Semana Santa, quero dizer o seguinte: O verdadeiro sentido da revolução cristã do perdão, porém, é outro, e bem mais radical: mais que ausência de ódio no coração do ofendido, o perdão é ação de amor na direção do ofensor. O cristianismo é tão revolucionário que exige do ser humano não apenas a grandeza de compreender e desculpar o ofensor, mas a capacidade de amá-lo. Perdoar é per+doar, isto é, "doar amor através (per) do ofensor».

«Perdoar é doar amor através do ofensor»

Quem doa amor ao ofensor dá-lhe as condições profundas de contrição, compunção, compaixão e arrependimento, os quatro caminhos através dos quais o ser humano pode renascer de si mesmo e das trevas, trocando a morte pela vida.
Por ser o gesto mais difícil e elevado, o perdão é a única forma de permitir ao ofensor a entrada de amor no seu coração. Qualquer forma de cobrança, punição e vingança aferra a crueldade do ofensor e, de certa forma, fá-lo sentir-se justificado. A doação objetiva e concreta de amor poderá não ser eficaz, adiante, porém é a única forma através da qual o ofensor tem a chance de se arrepender sinceramente e reencontrar um caminho que lhe faz falta e é a única maneira de se redimir, crescer como pessoa, transformar-se.
Ser bom, fazer-se seguidor das religiões, sentir-se justo, fraterno, solidário, honesto, tudo isso - embora exija esforços - é relativamente fácil e em geral alimenta o ego. Difícil é perdoar o ofensor, não apenas desculpando-o, mas sendo capaz de o amar na integralidade do seu ser. Por isso, aliás, o cristianismo em essência encontra tanta dificuldade de se implantar entre os homens: exige a descoberta da grandeza humana, da virtude no sentido de exercício da única força capaz de mudar o mundo: o amor real. Não há revolução maior. Quem é capaz?
Ruben Alves

22 de Fevereiro: Santo Atanásio de Pavlopetros


Santo Atanásio nasceu em Constantinopla de pais muito piedosos e ricos. Desde jovem se distinguia por sua humildade e compaixão, decidindo mais tarde tornar-se monge no monastério Pavlopetros, em Nicomédia. Sua notoriedade foi tanta que chegou ao conhecimento dos reis. Era dirigido espiritualmente por São Teodoro, o estudita e São João, abade do monastério dos Puros. Com eles cultivava a devoção aos santos ícones e, por causa disso, foi acusado e sofreu torturas na época do governo de Leôncio, o iconoclasta. Por permanecer firme em sua fé ortodoxa, morreu martirizado, entregando sua alma nos braços de Nosso senhor Jesus Cristo.
Tradução e publicação neste site
com permissão de: Ortodoxia.org
Trad.: Pe. Pavlos





Folheto Dominical da Igreja Anunciação da Mãe de Deus


Responsável

Reverendo Ecônomo Padre Emanuel Sofoulis


Editoração e Diagramação

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Atualização da Página na internet

Jean Stylianoudakis

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Apoio

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