26 dezembro 2013

Santo Estevão (27/12/2013)

Sexta-feira, 27 de dezembro
SANTO ESTEVÃO
Άγιος Στέφανος ο Πρωτομάρτυρας και Αρχιδιάκονος
(LITURGIA: At. 6, 8-15; 7, 1-5; 47-60Mt. 21, 33-42)*
Santo Estevão descendia dos judeus que viviam no estrangeiro, ou seja, fora da Terra Santa. Tais judeus eram chamados de helenistas, pois havia neles a influência da cultura grega que dominava no império romano. 
   Após a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos a Igreja começou a crescer rapidamente e surgiu a necessidade de se cuidar dos órfãos, viúvas e pobres em geral, que foram batizados. 
   Os apóstolos sugeriram que os cristãos escolhessem sete homens justos para cuidarem dos necessitados. Esses sete homens foram ordenados diáconos (o que significa ajudantes, servidores) e então foram considerados pelos apóstolos como seus auxiliares mais próximos. 
   Dentre os diáconos um se destacou por sua fé inabalável e dom da palavra: o jovem Estéfano, chamado de arcediácono, ou seja, primeiro diácono. 
   Em pouco tempo os diáconos, além do auxílio aos pobres, passaram a participar assiduamente das orações e ofícios. Estevão pregava a palavra de Deus em Jerusalém, reforçando a verdade de suas palavras com presságios e milagres. Seu sucesso era enorme, e isso despertou contra ele ódio dos seguidores da lei de Moisés — os fariseus. Eles o capturaram e levaram à corte suprema dos judeus. Ali os fariseus apresentaram falsas testemunhas, as quais afirmavam que ele, em suas pregações blasfemava contra Deus e o profeta Moisés. Justificando-se Santo Estevão expôs diante doa cirenenses a história do povo hebreu, demonstrando com claros exemplos, como eles sempre repudiaram a Deus e matavam os profetas enviados por Ele. 
   Ao ouvirem essas palavras, os membros cirenenses esbravejaram de raiva. Nesse momento Estevão fitou o Céu o qual se abriu sobre ele, e ele exclamou: "Eis que vejo, disse ele, os céus abertos e o Filho do homem de pé à direita de Deus" (At. 7, 56). 
   Ouvindo-o falar, novamente os cirenenses foram tomados por uma fúria imensa. Tampando os ouvidos, eles se atiraram contra ele, lançaram-no fora da cidade e começaram a apedrejá-lo. 
   Havia um rapaz de nome Saulo, o qual foi incumbido de vigiar as vestes do apedrejado; ele aprovava o assassinato de Estevão. Ao cair sob a saraivada de pedras, Estevão exclamou: "Senhor Jesus, recebe meu espírito. (...) Senhor, não lhes leves em conta este pecado" (at. 7, 59-60). Esses acontecimentos e a palavra de Estevão estão descritos pelo Evangelista Lucas no Livro dos Atos Apóstolos, cap. 6-8. 
   Assim o arcediácono foi o primeiro mártir por Cristo no ano 34 d.C. Depois disso em Jerusalém começou a perseguição aos cristãos, da qual eles foram obrigados a fugir para várias partes da Terra Santa e vizinhanças. Assim a fé cristã foi se propagando por várias partes do império romano. 
   O sangue do primeiro mártir Estevão não foi derramado em vão. Pouco tempo depois Saulo, aquele que aprovou a sentença de morte de Estevão, passou a crer, foi batizado com o nome de Paulo. Tornou-se um famoso pregador do Evangelho e um dos mais prósperos evangelistas e missionários. Muitos anos depois, tendo ido a Jerusalém, também foi agarrado por uma multidão enfurecida de judeus que queriam apedrejá-lo. Em seu discurso, Paulo lembrou a morte inocente de Estevão e sua própria participação nela (At. 22).
Bispo ALEXANDER (MILEANT)
Os Escolhidos: a vida dos Santos. 
Holy Trinity Orthodox Mission. 
Trad.: Olga Dandolo


O Ano Litúrgico Bizantino
27 de dezembro
Os calendários eclesiásticos bizantinos mais detalhados (por exemplo, o editado pelo Patriarcado de Moscou), o protomártir Estêvão é lembrado quatro vezes no ano. O 27 de dezembro, porém, é a comemoração principal, próxima à da Igreja romana, do dia 26. Os motivos dessa data são os mesmos: o de aproximar ao Salvador recém-nascido aquele que por primeiro confessou a sua divindade até o derramamento do sangue. A tradição constantinopolitana costuma homenagear, depois de uma festa importante, as pessoas que participaram do evento. Depois do Natal de N.S. Jesus Cristo, o Oriente bizantino só podia dedicar o dia 26 de dezembro à memória da Virgem Mãe de Deus. Logo em seguida – em 27 de dezembro –, faz-se memória do "santo apóstolo protomártir e arquidiácono Estêvão." O kontákion explica quanto se segue:

Kontákion (3º tom).
"Ontem o Senhor desceu no meio de nós em um corpo humano, e hoje o servo abandona o corpo; ontem o Rei nasceu segundo a carne e agora o seu servo é apedrejado até morrer por ele, o grande Estêvão, primeiro mártir."
No 4 de janeiro o nome de Estêvão está incluído entre os "70 Apóstolos" escolhidos por Jesus Cristo, dos quais naquele dia se faz a "Sinaxe."
Nos textos próprios das Vésperas, são relatados os nomes de todos eles; o de Estêvão está no primeiro tropário.
Ao dia 15 de setembro está ligado o incremento do culto a Santo Estêvão, porque no ano 415 foram achados os seus restos mortais em Kefar-GarnIá (Palestina) por parte do presbítero Luciano que informou da descoberta o bispo de Jerusalém, João; pouco depois aconteceu a solene trasladação das relíquias para a basílica do Sião. No 15 de setembro, os textos litúrgicos bizantinos, porém, não fazem nenhuma alusão ao protomártir Estêvão.
O dia 2 de agosto é a quarta data em que é lembrado o diácono descrito pelos Atos dos Apóstolos no capítulo 6. Nesse dia, em 428, conforme indicado em diversos livros eslavos, aconteceu a transferência das relíquias de Jerusalém para Constantinopla.
Nas duas festas bizantinas do "santo apóstolo protomártir e arquidiácono Estêvão" é repetido o mesmo tropário conclusivo. Ali se faz menção do significado do nome, em grego coroa:
Tropário (4º tom)
"A tua cabeça foi coroada por um diadema real, por causa do combate que empreendeste por Cristo nosso Deus, Santo Estevão, protagonista do exército dos mártires. Tu repreendeste os Judeus pela sua loucura e viste o teu Salvador à direita do Pai. Roga-Lhe, incessantemente, pela salvação das nossas almas."
Igreja de S. Estevão (Istambul / Constantinopla)
Sabemos que o autor do Cânon (parte importante do Ofício de matinas) do dia 2 de agosto é Teófanes, ao passo que o autor do Cânon do dia 27 de dezembro é uma composição de João, o Monge, isto é, de João Damasceno. Nos versos hinográficos se encontram mais informações biográficas sobre o santo, expressas em orações, como é costume na liturgia bizantina. Sabemos, por exemplo, que o seu discurso é um dos mais longos do Novo Testamento.
"Coma sua boca que anunciava Deus, o protomártir lançou uma tempestade de palavras aos acusadores, mas debaixo da tempestade de pedras que lhe lançaram recebeu a coroa dos vencedores. (...) Apóstolo de Cristo, primeiro entre os diáconos, vértice dos mártires, protagonista de combates mediante os quais santificaste o universo, teus milagres fazem resplandecer as almas dos mortais: Estêvão, salva de qualquer perigo a nós que veneramos tua ilustre memória."
Interior da Igreja de St. Estevão
Também a prática do perdão, que o mesmo Jesus pediu para seus algozes, é lembrada pelos textos litúrgicos:
"Ó Estêvão, bem-aventurada é a palavra por ti pronunciada: 'Cristo, Senhor meu dizias, não lhes imputes este pecado, mas como Deus e Criador recebe o meu espírito como um sacrifício de agradável perfume."
Os temas da recente festa do Natal, além de aparecer nas preces do pós-festa, são trazidas à baila pelos textos próprios do Ofício de Santo Estêvão:
"O nascimento do Salvador e a memória do protomártir formam para nós um coro: louvemos, pois, sem cessar ao Senhor e exaltemo-lo pelos séculos."
Ou então:
"Como estrela resplandecente, o protomártir Estêvão misturou, neste dia, a sua luz com a do nascimento de Cristo, iluminando os confins do universo. Do sinédrio venceu a impiedade; pelas palavras sábias desmascarou o engano e pela citação das Sagradas Escrituras testemunhou Jesus, nascido da Virgem, qual Filho de Deus e Deus ele mesmo. Confundiu a sacrílega malícia deles, o protomártir e grão diácono Estêvão." 
Madre Maria DONADEO
O Ano Litúrgico Bizantino. Ed. Ave Maria: 2008.


Tom da semana: 1º Tom
† DIVINA LITURGIA
Tropário de Santo Estevão (4º Tom)
Βασίλειον διάδημα, εστέφθη σή κορυφή, εξ άθλων ών υπέμεινας, υπέρ Χριστού τού Θεού, Μαρτύρων πρωτόαθλε, σύ γάρ τήν Ιουδαίων, απελέγξας μανίαν, είδές σου τόν Σωτήρα, τού Πατρός δεξιόθεν, Αυτόν ούν εκδυσώπει αεί, υπέρ τών ψυχών ημών.
A tua cabeça foi coroada por um diadema real, por causa do combate que empreendeste por Cristo nosso Deus, Santo Estevão, protagonista do exército dos mártires. Tu repreendeste os Judeus pela sua loucura e viste o teu Salvador à direita do Pai. Roga-Lhe, incessantemente, pela salvação das nossas almas.

LIVRO DOS ATOS DOS APÓSTOLOS
Pregação, prisão e discurso de S. Estevão*
(At. 6, 8-15; 7, 1-5; 47-60)
Naqueles tempos, cheio de graça e fortaleza, Estêvão fazia prodígios e grandes sinais entre o povo. Mas alguns da sinagoga chamada dos Libertos, cirenenses e alexandrinos e os da Cilícia e da Ásia se levantaram para discutir com Estêvão. Não podiam, porém, resistir à sabedoria e ao Espírito com que falava. Subornaram, então, alguns homens para que dissessem: “Ouvimo-lo proferir palavras de blasfêmia contra Moisés e contra Deus”. Amotinaram, assim, o povo, os anciãos e os escribas e, investindo contra ele, prenderam-no e o levaram perante o Sinédrio. Apresentaram falsas testemunhas que diziam: “Este homem não cessa de falar contra o Lugar Santo e contra a Lei. Nós o ouvimos dizer: Jesus Nazareno destruirá este lugar e transformará as tradições que Moisés nos legou”. Fixando nele os olhos, todos os membros do Sinédrio viram-lhe o rosto como de um anjo.
   Perguntou-lhe, então, o Sumo Sacerdote: “Isso é verdade?” Respondeu ele: “Irmãos e pais, escutai! O Deus da glória apareceu a nosso Pai Abraão, quando morava na Mesopotâmia, antes de ir morar em Harã. Ele disse: Sai de tua terra e de tua parentela e vai para a terra que te mostrarei. Saiu, então, da terra dos caldeus e foi morar em Harã. Depois da morte de seu pai, transferiu-se dali para esta terra em que habitais agora. Não lhe deu herança alguma nem sequer um palmo de terra, mas prometeu dá-la em posse a ele e à sua descendência, embora não tivesse ainda nenhum filho. Mas foi Salomão quem construiu a casa. Todavia, o Altíssimo não habita em casa feita pelas mãos do homem, conforme diz o profeta: Meu trono é o céu, e a terra é o apoio de meus pés. Que casa edificareis para mim, diz o Senhor, ou qual será o lugar de meu repouso? Não foi minha mão que fez todas estas coisas? Homens de cabeça dura, de corações e ouvidos incircuncisos, vós sempre resistis ao Espírito Santo. Como procederam vossos pais, assim também procedeis vós. Que profeta vossos pais não perseguiram? Mataram os que anunciavam a vinda do Justo, de quem agora vos tornastes traidores e assassinos, vós que recebestes, por ministério dos anjos, a Lei e não a guardastes”. 
   Ao ouvirem tais palavras, começaram a ferver e espumar de raiva contra ele. Cheio do Espírito Santo, Estêvão olhou para o céu e viu a glória de Deus e Jesus de pé à direita de Deus. “Eis que vejo, disse ele, os céus abertos e o Filho do homem de pé à direita de Deus”. Gritando em altas vozes, taparam os ouvidos e todos juntos se lançaram sobre ele. Arrastaram-no para fora da cidade e o apedrejaram. 
   As testemunhas depositaram suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo. Enquanto era apedrejado, Estêvão orava assim: “Senhor Jesus, recebe meu espírito”. Posto de joelhos, gritou com voz forte: “Senhor, não lhes leves em conta este pecado”. Com estas palavras adormeceu.
* Discurso completo de S. Estevão diante de Sanedrim: At. 7, 2-53.   
EVANGELHO SEGUNDO SÃO MATEUS
Parábola dos lavradores homicidas 
(Mt. 21, 33-42)
Disse o Senhor esta parábola: "Havia um pai de família que plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe, escavou um tanque para esmagar as uvas, construiu uma torre e arrendou tudo a uns lavradores. Depois viajou para o exterior. Quando chegou o tempo da safra, mandou os escravos receberem dos lavradores sua parte dos frutos. Os lavradores, porém, agarraram os escravos, espancaram um, mataram outro e apedrejaram o terceiro. Novamente enviou outros escravos, em maior número do que os primeiros, e lhes fizeram o mesmo. Por fim enviou-lhes o próprio filho, pensando: ‘Eles vão respeitar o meu filho’. Mas, ao verem o filho, os lavradores disseram entre si: ‘Este é o herdeiro! Vamos matá-lo e tomemos a sua herança’. Eles pegaram o filho do patrão, arrastaram-no para fora da vinha e o mataram. Pois bem: Quando vier o dono da vinha, o que fará com os lavradores?” Eles responderam: “Fará perecer de morte horrível os malfeitores e arrendará a vinha a outros lavradores que lhe deem os frutos a seu tempo”. 
   Então Jesus lhes disse: “Nunca lestes nas Escrituras: A pedra rejeitada pelos construtores é que se tornou a pedra principal. Foi obra do Senhor, digna de admiração para nossos olhos?"
__________________
At. 6, 8-15; 7, 1-5; 47-60.
  1. Cap. 6, V. 9. Libertos (Libertinos): escravos que alcançaram a liberdade.
  2. V. 10. Cumpre-se a promessa de Jesus, Lc. 21, 15.
  3. V. 15. Ao se voltarem para Estevão afim de ouvir sua resposta às acusações, veem-no em êxtase ou com as consequências de um êxtase como Moisés (cf. Ex. 34, 29-35).    
  4. Cap. 7, V. 1. O sumo sacerdote, como presidente do sinédrio, convida estevão a se defender das acusações.
  5. V. 51. "corações e ouvidos incircuncisos", i.e., profanos e hostis a Deus.
Mons. José Castro PintoNotas in: Bíblia Sagrada,
Novo Testamento. Barsa: 1967, pp. 106-107.

* Leituras conforme o Typikon do Patriarcado Ecumênico (Τυπικν τς Μεγάλης το Χριστο Εκκλησίας): Typikon 27-dez-2013. 

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