PATRIARCADO ECUMÊNICO DE
CONSTANTINOPLA
Arquidiocese Ortodoxa Grega
de Buenos Aires e América do Sul
Igreja Anunciação da Mãe
de Deus
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Brasília, 10 de agosto de
2014
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9º Domingo de Mateus
9º Domingo de Mateus
16º Domingo depois da Páscoa
Matinas
Tropário:
Desceste das alturas,
ó misericordioso, e aceitaste o sepultamento durante três dias, para nos livrar
das paixões. Senhor, És nossa vida e nossa ressurreição, glória a Ti.
Glória ao Pai, ao Filho
e ao Espírito Santo,
Desceste das alturas,
ó misericordioso, e aceitaste o sepultamento durante três dias, para nos livrar
das paixões. Senhor, És nossa vida e nossa ressurreição, glória a Ti.
Agora, sempre e pelos
séculos dos séculos. Amém.
Theotokion:
Tu, que por nossa salvação,
nasceste de uma virgem e padeceste a crucificação, ó boníssimo por Tua morte, despojaste
a morte, Tu que é Deus, nos revelaste a ressurreição, não desprezes aqueles que
a Tua mão criou. Manifesta a Tua misericórdia, ó amigo do homem; aceita as preces
daqueles que deste a Luz e salva os desesperados, ó nosso Salvador.
Katisma:
Ó vida de todos, ressuscitaste
os mortos. Um anjo resplandecente dizia às santas mulheres, "cessai de chorar,
levai, a boa nova aos Apóstolos, canta\ e c\ama\ Cristo Senhor ressuscitou! Ele
se dignou salvar o gênero humano, porque é Deus."
Glória ao Pai, ao Filho
e ao Espírito Santo.
Na verdade ressuscitaste
do túmulo e deste as santas mulheres a ordem de anunciar aos Apóstolos a tua ressurreição,
predita pelas Escrituras. E Pedro correndo chega ao sepulcro; ele. vê a luz no túmulo
e se enche de temor, mas ele percebe no chão o lençol sem teu corpo divino e ele
exclama com fé: Glória a ti, ó Cristo Deus, nosso salvador, que salvas todos os
homens. Tu és o esplendor da glória do Pai.
Agora sempre e pelos séculos
dos séculos Amém.
Theotokion:
Nós cantamos a ti, porta
do céu. Nós cantamos a ti, arca da aliança.
Nós cantamos a ti, santa
montanha. Nós cantamos a ti, nuvem luminosa.
Tu , o grande tesouro
do universo resgataste Eva. Por ti veio a salvação e o antigo pecado foi remido.
Por, isto, nós te imploramos: ora por nós a teu filho; e teu Deus para que conceda
o perdão dos pecados daqueles que adoram, piedosamente teu santo nascimento.
Evangelho Jo
21, 15-25
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo,
segundo o Evangelista São João.
Tendo eles comido, Jesus
perguntou a Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes? Respondeu
ele: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta os meus cordeiros.
Perguntou-lhe outra vez: Simão, filho de João, amas-me? Respondeu-lhe: Sim, Senhor,
tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta os meus cordeiros. Perguntou-lhe
pela terceira vez: Simão, filho de João, amas-me? Pedro entristeceu-se porque lhe
perguntou pela terceira vez: Amas-me?, e respondeu-lhe: Senhor, sabes tudo, tu sabes
que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta as minhas ovelhas. Em verdade,
em verdade te digo: quando eras mais moço, cingias-te e andavas aonde querias. Mas,
quando fores velho, estenderás as tuas mãos, e outro te cingirá e te levará para
onde não queres. Por estas palavras, ele indicava o gênero de morte com que havia
de glorificar a Deus. E depois de assim ter falado, acrescentou: Segue-me! Voltando-se
Pedro, viu que o seguia aquele discípulo que Jesus amava (aquele que estivera reclinado
sobre o seu peito, durante a ceia, e lhe perguntara: Senhor, quem é que te há de
trair?). Vendo-o, Pedro perguntou a Jesus: Senhor, e este? Que será dele?
Respondeu-lhe Jesus: Que te importa se eu quero que ele fique até que eu
venha? Segue-me tu. Correu por isso o boato entre os irmãos de que
aquele discípulo não morreria. Mas Jesus não lhe disse: Não morrerá, mas: Que te
importa se quero que ele fique assim até que eu venha? Este é o discípulo que dá
testemunho de todas essas coisas, e as escreveu. E sabemos que é digno de fé o seu
testemunho. Jesus fez ainda muitas outras coisas. Se fossem escritas
uma por uma, penso que nem o mundo inteiro poderia conter os livros que se deveriam
escrever.
Divina Liturgia
Tropário da Ressurreição - 8º tom:
Descestes das alturas,
ó misericordioso, e aceitaste o sepultamento durante três dias, para nos livrar
das paixões. Senhor, És nossa vida e nossa ressurreição, glória a TI.
Kondakion – 8º tom:
Glória ao Pai , ao Filho
e ao Espírito Santo.
Tendo ressuscitado do
túmulo deste a vida aos mortos e levantaste Adão; Eva se regozija com a tua Ressurreição,
e exultam de alegria os confins da terra, ó Misericordioso!
Theotokion – 8º tom:
Agora, sempre e pelos
séculos dos séculos. Amém
Tu, que pela nossa salvação
nasceste da Sempre Virgem Maria, sofreste a crucifixão, ó Misericordioso, com a
morte, venceste a morte como Deus, revelando a Ressurreição. Não abandones a nós,
criaturas de tuas mãos, mostra a tua bondade pela humanidade, atende as preces da
tua Mãe que ora por nós, ó Misericordioso, Salva, ó Salvador, nosso povo desolado!
Anunciação - Modo 4
É hoje o
começo da nossa salvação e a manifestação do mistério eterno.
O Filho
de Deus torna-Se Filho da Virgem e Gabriel anuncia a graça.
Por isso,
cantamos com ele à Mãe de Deus:
“Salve,
ó cheia de graça, o Senhor está contigo!”.
Hino à Mãe de Deus:
Ó Admirável e Protetora
dos cristãos e nossa Medianeira do Criador não desprezes as súplicas de nenhum de
nós pecadores, mas apressa-te em auxiliar-nos como Mãe bondosa que és, pois te invocamos
com fé: roga por nós junto de Deus, tu que defendes sempre aqueles que te veneram.
Prokimenon:
Fazei votos ao Senhor
nosso Deus e cumpri-os; todos os que o cercam tragam oferendas.
Deus é conhecido na Judéia,
grande é o seu nome em Israel.
Epístola
1Cor 3, 9-17
Leitura da 1ª Epístola de São Paulo aos
Coríntios:
Porque nós somos cooperadores
de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus. Segundo a graça de Deus que
me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e outro edifica sobre ele;
mas veja cada um como edifica sobre ele. Porque ninguém pode pôr outro fundamento
além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. E, se alguém sobre este fundamento
formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, A obra
de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta;
e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se a obra que alguém edificou nessa
parte permanecer, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá
detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo. Não sabeis vós que sois
o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo
de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo.
Aleluia!
Aleluia, aleluia, aleluia!
Vinde, exultemos no Senhor,
aclamemos o Rochedo que nos salva!
Aleluia, aleluia, aleluia!
Apresentemo-nos diante
d'Ele com ação de graças aclamemo-Lo com hinos de louvor!
Aleluia, aleluia, aleluia!
Evangelho - Mt 14, 22-34
Evangelho de Nosso Senhor Jesus † Cristo,
segundo o Evangelista São Mateus:
Naquele tempo, Jesus obrigou
seus discípulos a entrar na barca e a passar antes dele para a outra margem, enquanto
ele despedia a multidão. Feito isso, subiu à montanha para orar na solidão. E, chegando
a noite, estava lá sozinho. Entretanto, já a boa distância da margem, a barca era
agitada pelas ondas, pois o vento era contrário. Pela quarta vigília da noite, Jesus
veio a eles, caminhando sobre o mar. Quando os discípulos o perceberam caminhando
sobre as águas, ficaram com medo: É um fantasma! disseram eles, soltando gritos
de terror. Mas Jesus logo lhes disse: Tranquilizai-vos, sou eu. Não tenhais medo!
Pedro tomou a palavra e falou: Senhor, se és tu, manda-me ir sobre as águas até
junto de ti! Ele disse-lhe: Vem! Pedro saiu da barca e caminhava sobre as águas
ao encontro de Jesus. Mas, redobrando a violência do vento, teve medo e, começando
a afundar, gritou: Senhor, salva-me! No mesmo instante, Jesus estendeu-lhe a mão,
segurou-o e lhe disse: Homem de pouca fé, por que duvidaste? Apenas tinham subido
para a barca, o vento cessou. Então aqueles que estavam na barca prostraram-se diante
dele e disseram: Tu és verdadeiramente o Filho de Deus.
Sinaxe
Coragem! Sou Eu. Não tenham medo!
Imaginar a existência
do mar com as águas sempre tranquilas é uma quimera. Faz parte da natureza do mar
os momentos de tranquilidade e serenidade. Nestes casos, suas ondas tocam a costa
marítima como se estivessem acariciando-a delicadamente. Assim, tanto as águas do
mar como as areias da praia coexistem pacificamente, respeitando os limites de espaço
designados pelo Criador. No entanto, este mesmo mar sofre influências dos ciclos
lunares, dos ventos, e reponde a isso de forma própria. Aos nossos olhos estas manifestações
são agressivas, violentas e destrutivas. A afabilidade das ondas tranquilas que
iam ao encontro das costas marítimas com desvelo e cuidado, transforma-se em algo
arrebatador e impetuoso ignorando os limites de sua abrangência. A força de suas
ondas parece expulsar de sua área aquilo que lhe pareça estranho. Levadas pelas
forças do vento, as ondas agitam e engolem o que está sobre sua superfície.
Pedro e outros discípulos,
como exímios pescadores estavam a par desta realidade. Sabiam da força e do perigo
do mar agitado; sabiam também que as águas tem uma densidade incapaz de suportar
o peso de uma pessoa, a não ser que esteja dentro de uma embarcação. Extrapolando
as leis da física e excedendo o perímetro do usual e costumeiro, os que estavam
no barco se assustaram ao ver que um vulto se aproximava, caminhando sobre as águas.
A perplexidade contagia o ambiente e os tripulantes não sabem o que fazer, resta
uma alternativa: gritar.
O Senhor os acalma dizendo:
"sou eu, não tenham medo!" Essas palavras não só identificam aquele que
se aproximava como também acalmam os discípulos assustados. Ao falar, a voz do Senhor
é reconhecida; sabiam que não se tratava mais de um fantasma ou de um espírito:
era o próprio Filho de Deus manifestando seu poder outra vez.
O poder do Senhor, aliás,
tinha sido manifesto ao entardecer daquele mesmo dia quando multiplicou os pães
e peixes e matou a fome da multidão exausta e faminta que o seguia. Aquele que foi
capaz de multiplicar os pães e peixes, que transformou a fome em saciedade era capaz
de não afundar e andar sobre as águas.
Pedro pede uma prova:
"Se és de fato o Senhor, manda que eu vá ter contigo e ande sobre as águas".
Jesus imediatamente lhe ordena: "Vem!". Sem titubeios Pedro sai do barco
e começa a andar sobre as águas indo ao seu encontro. O que era impossível torna-se
possível graças ao poder de Deus e à obediência a sua palavra. Pedro, de maneira
destemida, abandona sua embarcação e atira-se ao impossível. É a fé que o impulsionou
a obedecer à voz de seu Mestre. A fé fez de Pedro um homem de coragem. Estava ciente
dos perigos do mar agitado, todavia sabia que além das ondas estava Jesus. Quem
tem fé enxerga as ondas revoltas, mas vê além delas o Salvador. Quem tem fé ouve
o zumbido dos ventos, mas escuta a voz mais forte de Deus dizendo "Vem".
Não basta ter fé. É preciso
mantê-la. Por isso, num instante de dúvida, Pedro se apavora e sucumbe às águas.
Pedro não podia salva-se sozinho, não tinha nem forças para fazê-lo. Pede por socorro
àquele que era o único que podia salvá-lo. Seu grito por socorro, era uma manifestação
e um grito de fé. Jesus era a sua tábua de salvação e se apegou a ele com toda tenacidade.
Prontamente Jesus estende seus braços e acolhe Pedro e o salva, advertindo-o, porém,
que sua fé era pequena, pois teve dúvidas. Onde há dúvidas há a divisão. Onde ha
dúvidas a fé não pode existir. Alias, fé e dúvida não coexistem. Onde se instala
a dúvida o demônio age. Onde se planta a dúvida colhemos a ausência de Deus. Fé
significa certeza. Fé significa confiança total e irrestrita em Deus. Fé é dom.
Há que pedir o dom da fé em cada oração que fizermos.
Os dois sobem no barco
e o mar se acalma. Onde Deus está a serenidade se torna presente. Ao cair da tarde
o Senhor dominou a fome de muitos, depois dominou o pânico dos discípulos e o medo
de Pedro, agora, domina a força dos ventos e das ondas. O mar e o vento foram criados
por Deus e lhe são submissos. Por isso sua presença bastou para que a ordem voltasse
a reinar sobre a natureza. As coisas que Deus cria não obstaculizam a relação entre
Deus e o homem. O homem, ao explorar desregradamente a natureza e destruí-la, não
tem consciência que ao fazer isto, está destruindo também um dos meios de se contemplar
Deus. A natureza preservada auxilia o coração do homem a entrar em sintonia com
Deus e nele encontrar sua paz. A valorização e a preservação da natureza é indispensável
para que continuemos a encontrar nela um meio de se chegar a Deus.
Da mesma forma que imaginar
um mar sempre tranquilo é um sonho, querer uma vida sem problemas é uma utopia.
Um cristão não se acovarda diante das dificuldades, mas os enfrenta confiante. Nada
pode abalar uma pessoa cheia de fé pois sabe que Deus está sempre aí para acalmar
as tempestades da vida.
A barca dos discípulos
velejava no lago de Genesaré. enquanto Jesus, sozinho, rezava no monte. Tinha pedido
que os discípulos fossem para o "outro lado", isto é, para a terra dos
pagãos. Para quê? Certamente para ensinar aos outros aquilo que eles tinham vivenciado
no milagre da multiplicação de pães e peixes: a partilha é o atestado de nosso amor
ao próximo. Mas, sair de casa para ir até os outros não é coisa fácil. O mar está
agitado, cheio de ventos fortes e ondas. O que significa isso? Significa a resistência
dos discípulos e a resistência de todos nós em compreender que o projeto de Deus
é para todos e não apenas para nós. Em alta madrugada Jesus vai até os discípulos,
andando sobre a água. Ora, isso era prerrogativa de Deus. Conforme o relato, os
discípulos têm medo não só da tempestade, mas do próprio Jesus: "Quando o avistaram
andando sobre o mar, pensaram que era um fantasma e começaram a gritar. Com efeito,
todos o tinham visto e ficaram assustados" (Jo 6,49-50).
Jesus sempre será apenas
um fantasma assustador ou um milagreiro qualquer para aqueles que julgam sua prática
absurda ou inoportuna politicamente. Os discípulos pensam que é um fantasma, e gritam
assustados. Jesus, porém, os tranquiliza, dizendo: "Coragem! Sou eu. Não tenham
medo".
Este é o modo como Deus
sempre tranquiliza os homens. E o "sou eu" lembra imediatamente o Deus
do êxodo, que se revelou a Moisés como sendo o "Eu Sou".
Tudo isso mostra que os
discípulos ainda não estavam maduros na fé. Pedro, o líder dos discípulos, faz um
desafio: ir até Jesus, andando como Ele sobre as águas, isto é, participando da
sua divindade. Para isso é preciso grande fé, entrega total. O que não acontece,
pois Pedro teme, duvida, e começa a afundar. Ainda não está suficientemente preparado.
O que Jesus lhe diz vale para todos nós: "Homem fraco na fé, por que duvidaste?"
Também nós duvidamos quando as coisas ficam difíceis e os ventos sopram contrários,
prova de que ainda não confiamos em Deus e no seu projeto.
O vento cessa logo que
Jesus entra na barca. Por quê? Dizem que no centro do furacão reina completa paz.
Com Jesus em nosso meio estamos no centro do furacão: ao redor do qual tudo gira
e ameaça, mas nós permanecemos calmos, certos de que o projeto de Deus, realizado
por Jesus, é e sempre será vitorioso. E, reconhecendo isso, vem a grande confissão
dos discípulos e da comunidade cristã: "De fato, tu és o Filho de Deus".
Uma confissão de fé que nos faz acreditar em nós mesmos, pois também nós, pelo batismo,
fomos feitos filhos de Deus.
Também nós podemos andar
pelas águas agitadas do mundo, sem medo de afundar. Não temamos!
«Por que ter medo?»
No dia 14 de Setembro
houve no Monte Athos um violento tremor de terra. Produziu-se durante a noite, durante
a vigília da festa da Exaltação da Santa Cruz. Eu estava no coro, junto do Prior,
e este último estava mesmo ao lado do sítio onde tinha o hábito de confessar. Um
tijolo soltou-se do teto e caiu naquele lugar, assim como muito estuque. A princípio
assustei-me um pouco mas rapidamente me acalmei e disse ao Prior: "Eis que
o Senhor misericordioso quer que nos arrependamos."
Olhamos para os outros
monges, na igreja e no coro: poucos tiveram medo; cerca de seis homens saíram da
igreja, os outros ficaram nos seus lugares e a vigília continuou de acordo com a
ordem habitual e com tanta tranquilidade como se nada se tivesse passado. E eu pensei:
"Como é abundante nestes monges a graça do Espírito Santo!" Com efeito,
enquanto ocorria um tremor de terra tão violento que todo o imenso edifício do mosteiro
tremia, a cal caía, os lustres, as lâmpadas de azeite e os candelabros balançavam,
que os sinos começaram a tocar no campanário, que até o sino grande bateu com a
violência do abalo, eles, pelo contrário, permaneceram tranquilos. E eu pensei:
"A alma que conheceu o Senhor não teme nada, exceto o pecado, e sobretudo o
pecado do orgulho. Ela sabe que o Senhor nos ama e, se Ele nos ama, que temos nós
a temer?"
S. Siluane (1886-1938), monge ortodoxo, Sophrony
«Confiança, sou eu, não temais»
A minha alegria está em
Deus
E o meu ardor vai para
Ele,
Porque Ele é o meu amparo.
Revelou-se na Sua simplicidade,
E a Sua benevolência apequenou
para mim a Sua grandeza.
Fez-se semelhante a mim
para que eu O recebesse;
Fez-se semelhante a mim
para que eu O possuísse.
Ao vê-lO, não temi,
Porque Ele é a minha misericórdia.
Tomou a minha natureza
para que eu O compreenda,
E o meu rosto, para que
não me afaste dEle.
O pai do conhecimento
é o Verbo do conhecimento.
Ele, que criou a sabedoria,
é mais sábio do que as Suas criaturas.
Ele, que me criou, sabia
antes de eu ser
Aquilo que eu faria quando
existisse.
E, por isso, apiedou-se
na Sua misericórdia,
Permitiu que eu reze
E que partilhe do Seu
sacrifício.
Sim, Deus é incorruptível.
Ele é a plenitude dos
mundos e o seu Pai.
Manifestou-se aos seus,
Para que conheçam Aquele
que os criou
E não imaginem a sua origem
provindo de si próprios.
Abriu caminho ao conhecimento,
E alargou-o, prolongou-o
e conduziu-o à Sua perfeição.
Nele infundiu as marcas
da Sua luz,
E os Seus traços, do princípio
ao fim,
Pois é a Sua obra.
Pôs no Filho a Sua complacência.
Pela Sua salvação, exercerá
a Sua onipotência,
E o Altíssimo será conhecido
pelos santos:
Para anunciarem àqueles
que cantam a vinda do Senhor,
A fim de que vão ao Seu
encontro
E Lhe cantem com alegria.
São Pedro Crisólogo (cerca de 406-450), bispo de Ravena, Sermão 50
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