PATRIARCADO ECUMÊNICO DE
CONSTANTINOPLA
Arquidiocese Ortodoxa Grega de Buenos Aires
e América do Sul
Igreja Anunciação da Mãe
de Deus
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Brasília, 15 de junho de 2014
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Divina Liturgia
de São João Crisóstomo
Domingo de Todos os Santos
1º Domingo de Mateus
1º Domingo depois de Pentecostes
8º Domingo depois da Páscoa
Santo do dia:
São Tatiano Doulas,
Mártir, monge e confessor do Egito (séc. V);
Profeta
S. Amós (séc. VIII a.C.);
S.
Jerônimo da Dalmácia, monge e tradutor (+420);
S.
Lázaro Hrebeljanovi, príncipe da Sérvia e mártir (+1389);
S.
Efrém, patriarca da Sérvia (+1400);
Ss.
Gregório e Cassiano de Avnezh, monges e mártires (+1392);
S.
Estevão, dos 70 Discípulos (séc. I);
S.
Abraão do Eufrates, abade de Clermont (+480);
S.
Vito da Sicília, mártir (c. +303);
S.
Agostinho, bispo de Hipona (+430);
Ss.
Achicos, Stefania e Fortunato, apóstolos;
S.
Jonas, metropolita de Kiev.
Matinas
Tropário:
Desceste
das alturas, ó misericordioso, e aceitaste o sepultamento durante três dias,
para nos livrar das paixões. Senhor, És nossa vida e nossa ressurreição, glória
a Ti.
Glória
ao Pai +, ao Filho e ao Espírito Santo,
Desceste
das alturas, ó misericordioso, e aceitaste o sepultamento durante três dias,
para nos livrar das paixões. Senhor, És nossa vida e nossa ressurreição, glória
a Ti.
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.
Theotokion:
Tu,
que por nossa salvação, nasceste de uma virgem e padeceste a crucificação, ó
boníssimo por Tua morte, despojaste a morte, Tu que é Deus, nos revelaste a
ressurreição, não desprezes aqueles que a Tua mão criou. Manifesta a Tua
misericórdia, ó amigo do homem; aceita as preces daqueles que deste a Luz e
salva os desesperados, ó nosso Salvador.
Katisma:
Ó vida de todos,
ressuscitaste os mortos. Um anjo resplandecente dizia às santas mulheres,
"cessai de chorar, levai, a boa nova aos Apóstolos, canta\ e c\ama\ Cristo
Senhor ressuscitou! Ele se dignou salvar o gênero humano, porque é Deus."
Glória ao Pai, ao
Filho e ao Espírito Santo.
Na verdade
ressuscitaste do túmulo e deste as santas mulheres a ordem de anunciar aos
Apóstolos a tua ressurreição, predita pelas Escrituras. E Pedro correndo chega
ao sepulcro; ele. vê a luz no túmulo e se enche de temor, mas ele percebe no
chão o lençol sem teu corpo divino e ele exclama com fé: Glória a ti, ó Cristo
Deus, nosso salvador, que salvas todos os homens. Tu és o esplendor da glória
do Pai.
Agora sempre e pelos séculos dos séculos Amém.
Evangelho Mt 28,16-20
Evangelho de Nosso Senhor Jesus † Cristo, segundo o Evangelista
São Mateus.
Os onze discípulos foram para a
Galiléia, para a montanha que Jesus lhes tinha designado. Quando o viram,
adoraram-no; entretanto, alguns hesitavam ainda. Mas Jesus, aproximando-se,
lhes disse: Toda autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, pois, e ensinai
a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os
dias, até o fim do mundo.
Divina Liturgia
Issodikón:
Levanta-te,
Senhor, com tua potência; cantaremos e celebraremos o teu poder. Salva-nos, ó
Paráclito cheio de bondade, a nós que a Ti cantamos: aleluia!
Tropário da Ressurreição
- 8º tom:
Desceste
das alturas, ó misericordioso, e aceitaste o sepultamento durante três dias,
para nos livrar das paixões. Senhor, És nossa vida e nossa ressurreição, glória
a Ti.
Tropário de todos os
Santos - 4º tom:
Revestida,
como de púrpura e de linho fino, do sangue de todos aqueles que, no mundo
inteiro, foram tuas testemunhas, tua Igreja, por eles, te clama: mostra ao teu
povo a tua compaixão; concede a paz à nossa pátria e tem misericórdia das
nossas almas”.
Kondakion
- 8º tom:
Glória
ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo.
Tendo
ressuscitado do túmulo deste a vida aos mortos e levantaste Adão; Eva se
regozija com a tua Ressurreição, e exultam de alegria os confins da terra, ó
Misericordioso!
Theotokion:
Agora,
sempre e pelos séculos dos séculos. Amém
Tu,
que pela nossa salvação nasceste da Sempre Virgem Maria, sofreste a crucifixão,
ó Misericordioso, com a morte, venceste a morte como Deus, revelando a
Ressurreição. Não abandones a nós, criaturas de tuas mãos, mostra a tua bondade
pela humanidade, atende as preces da tua Mãe que ora por nós, ó Misericordioso,
Salva, ó Salvador, nosso povo desolado!
Kondakion
de Todos os Santos:
Senhor,
Autor da Criação, o universo te oferece os Mártires revestidos de Deus como
primícias da natureza. Pelas suas súplicas e em consideração à Mãe de Deus,
guarda a tua Igreja sempre em paz, ó Bondoso!
Prokimenon:
Deus
é admirável nos seus santos, o Deus de Israel. Bendizei o Senhor nas vossas
assembleias, bendizei o Senhor, Filhos de Israel.
Epístola Hb
11,33-40; 12,1-2
Leitura
da Epístola do Apóstolo São Paulo aos Hebreus
Irmãos, pela fé os santos venceram
reinos, praticaram a justiça, alcançaram promessas, fecharam as bocas dos
leões, apagaram a força do fogo, escaparam do fio da espada, da fraqueza
tiraram forças, na batalha se esforçaram, puseram em fuga os exércitos dos
estranhos. As mulheres receberam pela ressurreição os seus mortos; uns foram
torturados, não aceitando o seu livramento, para alcançarem uma melhor
ressurreição; e outros experimentaram escárnios e açoites, e até cadeias e
prisões. Foram apedrejados, serrados, tentados, mortos ao fio da espada;
andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, desamparados, aflitos e
maltratados (dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos, e
montes, e pelas covas e cavernas da terra. E todos estes, tendo tido testemunho
pela fé, não alcançaram a promessa, provendo Deus alguma coisa melhor a nosso respeito,
para que eles sem nós não fossem aperfeiçoados. Portanto, nós também, pois que
estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o
embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a
carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o
qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a
afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus.
Aleluia!
Aleluia,
aleluia, aleluia!
Os
justos clamaram e o Senhor os ouviu e os salvou de todas as tribulações.
Aleluia,
aleluia, aleluia!
Muitas
são as tribulações dos justos, e de todas elas os livrará o Senhor
Aleluia,
aleluia, aleluia!
Evangelho Mt. 10:
32-33; 37-38; 19: 27-30
Evangelho de Nosso Senhor Jesus † Cristo, segundo o Evangelista
São Mateus:
Portanto, todo aquele que me
confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que
está nos céus. Mas qualquer que me negar diante dos homens, também eu o negarei
diante de meu Pai, que está nos céus. Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim
não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno
de mim. E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim.
Então Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: Eis que nós deixamos tudo, e te
seguimos; que recompensa, pois, teremos nós? Ao que lhe disse Jesus: Em verdade
vos digo a vós que me seguistes, que na regeneração, quando o Filho do homem se
assentar no trono da sua glória, sentar-vos-eis também vós sobre doze tronos,
para julgar as doze tribos de Israel. E todo o que tiver deixado casas, ou
irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras, por amor do meu nome,
receberá cem vezes tanto, e herdará a vida eterna. Entretanto, muitos que são
primeiros serão últimos; e muitos que são últimos serão primeiros
Kinonikón:
Exultai,
ó justos, no Senhor; aos retos convém o louvor. Aleluia, aleluia, aleluia!
Sinaxe
«Agios o Theós, Agios
Ischiros, Agios Athanatos...»
Os escritores sagrados, já no Gênesis
referiam-se a Deus como o "Santo", palavra que tinha a conotação de
"Sagrado". Deus é o "Outro", tão transcendente e tão
longínquo que o homem não poderia ter acesso; somente referir-se a Ele com
tremor e temor.(Gn 15,12).
O Povo Israelita por ter um Deus que era conhecido
como o “Outro”, isto é, separado (por ser tão especial e incognoscível),
arvorava-se o direito de se identificar "raça eleita", "povo
escolhido", "nação santa", diferente de todos os outros na sua
maneira de ser, agir e comportar, cultuando sua Divindade... e tudo isto era
muito explicito em seus rituais religiosos, condutas sociais e na vida
cotidiana em geral. A religião estava tão impregnada nas suas práticas que, o
pertencer à raça eleita deveria ser mesmo ostentado. Não demorou muito para se cair
em extremos absurdos onde a santidade cedeu lugar à hipocrisia, ao
“farisaísmo”.
Jesus condenou tais comportamentos e o
apóstolo Pedro ressaltou muitas vezes que o imprescindível é a "pureza de
coração", capaz de fazer de nós participantes da vida de Deus (1Pd
1,14-16). As leis são importantes na medida que conduzem o homem à maturidade e
liberdade dos Filhos de Deus. Se são nefastas a vida humana, não podem ser
boas.
Assim, cremos que a santidade nos é
comunicada por Deus e isto se realiza na pessoa do Filho, Jesus Cristo, de
maneira plena, assim como em todos aqueles que viveram e vivem de acordo com os
seus santos preceitos. Somos todos vocacionados à santidade, chamados a
"ser santos como o Pai é Santo".
Jesus Cristo, o "Senhor", por
meio dos sacramentos, transmite a toda Igreja a sua santidade. Os sacramentos
são os instrumentos da santidade e da salvação, que trazem ao homem a vida de
Deus (cf Mt 13,24-30;). Esta certeza era tão viva nos primeiros séculos da
Igreja que não hesitavam em chamar a si mesmos "santos" (2Cor
11,12;), e à Igreja a "Comunhão dos Santos".
Esta expressão, que encontramos no Credo,
tem sua manifestação na "Divina Liturgia da Igreja Ortodoxa (a Santa Missa
de São João Crisóstomo) na Liturgia Eucarística onde "os santos" são
convidados a participarem das "coisas santas".
"Ta
Agia toiV AgioiV "
-
As coisas Santas aos Santos!
E,
professando a unidade e santidade de Deus na pessoa do Filho, Jesus Cristo, o
Senhor, respondemos:
"EiV
AgioV, eiV KurioV, IhsouV CristoV eiV doxan Qeou PatroV. Amhn"
-
Um só é Santo, Um só é Senhor, Jesus Cristo, na Glória de Deus Pai. Amém.
A santidade manifesta-se, pois, como uma
participação na vida de Deus, que se realiza com os meios que a Igreja nos
dispõe, especialmente através do sacramento da Eucaristia, onde o Santo nos dá
a sua Santidade por amor, e nós nos tornamos santos por filiação.
A santidade não é o fruto do esforço
humano, portanto, que procura alcançar a Deus com suas próprias forças, e mesmo
por heroísmo; ela é Dom do amor de Deus ao homem e resposta deste à
misericordiosa e paternal iniciativa divina. Tanto é que, o modo como estão
organizadas as festas no Calendário Litúrgico Bizantino, onde a Festa de todos
os Santos é celebrada no domingo depois de Pentecostes, ou seja, a Descida do
Espírito Santo, quer significar que toda a santidade é obra do Espírito
Santíssimo de Deus. A festa de Todos os Santos encerra o Tempo Litúrgico Pascal
no calendário da Igreja do Oriente.
«Tudo o que está
encoberto será descoberto»
São
Gregório Pálamas (1296-1359),
monge,
bispo e teólogo ortodoxo
“Sermão
para o Domingo de todos os Santos”
Do alto do céu, Deus oferece a todos os
homens as riquezas da sua graça. Ele próprio é a fonte da salvação e da luz de
onde emana eternamente a misericórdia e a bondade. Mas nem todos os homens
tiram proveito da sua força e da sua graça pelo exercício perfeito da virtude e
a realização das suas maravilhas; só o fazem aqueles que puseram as suas
realizações em prática e que provaram por atos o seu apego a Deus, aqueles que
se afastaram completamente do mal, que aderem firmemente aos mandamentos de
Deus e que fixam o seu olhar espiritual em Cristo, Sol de justiça (Mal 3,20).
Do alto do céu, Cristo oferece aos que
combatem o socorro do seu braço, e exorta-os com estas palavras do Evangelho:
“Quem se declarar por mim diante dos homens, eu me declararei por ele diante de
meu Pai que está nos céus”. Enquanto servidor de Deus, cada um de entre os
santos se declara por Cristo nesta vida passageira e diante dos homens mortais;
fazem-no por um curto espaço de tempo e na presença de um pequeno número de
homens. Enquanto que nosso Senhor Jesus Cristo... se declara por nós no mundo
da eternidade, diante de Deus seu Pai, rodeado dos anjos e dos arcanjos e de
todas as forças do céu, na presença de todos os homens, depois de Adão até ao
fim dos séculos. Porque todos ressuscitarão e serão julgados no tribunal de
Cristo. Então, na presença de todos e à vista de todos, ele fará conhecer,
glorificará e coroará aqueles que lhe provaram a sua fé até ao fim.
«Com todos os Santos»
São
Bernardo (1092-1153), monge cisterciense:
“Sermão
2 para a festa de Todos os Santos”
O primeiro desejo que a recordação dos
Santos excita ou aumenta em nós é o de gozar da sua amável companhia, de
merecermos ser concidadãos e comensais dos espíritos bem-aventurados, de sermos
integrados na assembleia dos Patriarcas, na falange dos Profetas, no senado dos
Apóstolos, no inumerável exército dos Mártires, na comunidade dos Confessores,
nos coros das Virgens; enfim, de nos reunirmos e nos alegrarmos na comunhão de
todos os Santos… Aguarda-nos, irmãos, aquela Igreja dos primogênitos e nós
ficamos insensíveis! Desejam os Santos a nossa companhia e nós pouco nos
importamos! Esperam-nos os justos e nós parecemos indiferentes.
Despertemos, finalmente, irmãos!
Ressuscitemos com Cristo, procuremos as coisas do alto, saboreemos as coisas do
alto. Desejemos os que nos desejam, corramos para os que nos aguardam,
preparemo-nos com as aspirações da nossa alma para entrar na presença daqueles
que nos esperam!
Na nossa comunidade deste mundo, não há
segurança nem repouso algum; e, no entanto, é já aqui que é bom e agradável
viver os irmãos em harmonia (Sl 132)! Se pelo simples fato de partilhamos com
os irmãos que têm conosco um só coração e uma só alma em Deus, tudo se torna
suportável, quanto mais doce, quanto mais feliz será a união em que já não
haverá qualquer desconfiança, qualquer ocasião de desacordo, e em que a
caridade perfeita nos unirá a todos numa aliança indissolúvel! Então, assim
como o Pai e o Filho são um, também nós seremos um n’Eles.
Não devemos apenas desejar a companhia
dos Santos, mas também a sua felicidade, ambicionando com fervorosa diligência
a glória daqueles por cuja presença suspiramos. Na verdade, esta ambição não é
perniciosa, nem o desejo de tal glória é de modo algum perigoso, porque dizemos
efetivamente: “Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao vosso Nome dai glória!” (Sl
113, 9).
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