05 setembro 2014

8º Domingo depois da Páscoa

PATRIARCADO ECUMÊNICO DE CONSTANTINOPLA
Arquidiocese Ortodoxa Grega de Buenos Aires e América do Sul
Igreja Anunciação da Mãe de Deus
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Brasília, 15 de junho de 2014
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Divina Liturgia de São João Crisóstomo
Domingo de Todos os Santos
1º Domingo de Mateus
1º Domingo depois de Pentecostes
8º Domingo depois da Páscoa






Santo do dia:
São Tatiano Doulas, Mártir, monge e confessor do Egito (séc. V);
Profeta S. Amós (séc. VIII a.C.);
S. Jerônimo da Dalmácia, monge e tradutor (+420);
S. Lázaro Hrebeljanovi, príncipe da Sérvia e mártir (+1389);
S. Efrém, patriarca da Sérvia (+1400);
Ss. Gregório e Cassiano de Avnezh, monges e mártires (+1392);
S. Estevão, dos 70 Discípulos (séc. I);
S. Abraão do Eufrates, abade de Clermont (+480);
S. Vito da Sicília, mártir (c. +303);
S. Agostinho, bispo de Hipona (+430);
Ss. Achicos, Stefania e Fortunato, apóstolos;
S. Jonas, metropolita de Kiev.

Matinas

Tropário:
Desceste das alturas, ó misericordioso, e aceitaste o sepultamento durante três dias, para nos livrar das paixões. Senhor, És nossa vida e nossa ressurreição, glória a Ti.
Glória ao Pai +, ao Filho e ao Espírito Santo,

Desceste das alturas, ó misericordioso, e aceitaste o sepultamento durante três dias, para nos livrar das paixões. Senhor, És nossa vida e nossa ressurreição, glória a Ti.
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.

Theotokion:
Tu, que por nossa salvação, nasceste de uma virgem e padeceste a crucificação, ó boníssimo por Tua morte, despojaste a morte, Tu que é Deus, nos revelaste a ressurreição, não desprezes aqueles que a Tua mão criou. Manifesta a Tua misericórdia, ó amigo do homem; aceita as preces daqueles que deste a Luz e salva os desesperados, ó nosso Salvador.

Katisma:
Ó vida de todos, ressuscitaste os mortos. Um anjo resplandecente dizia às santas mulheres, "cessai de chorar, levai, a boa nova aos Apóstolos, canta\ e c\ama\ Cristo Senhor ressuscitou! Ele se dignou salvar o gênero humano, porque é Deus."
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.

Na verdade ressuscitaste do túmulo e deste as santas mulheres a ordem de anunciar aos Apóstolos a tua ressurreição, predita pelas Escrituras. E Pedro correndo chega ao sepulcro; ele. vê a luz no túmulo e se enche de temor, mas ele percebe no chão o lençol sem teu corpo divino e ele exclama com fé: Glória a ti, ó Cristo Deus, nosso salvador, que salvas todos os homens. Tu és o esplendor da glória do Pai.
Agora sempre e pelos séculos dos séculos Amém.
Evangelho                                                                                          Mt 28,16-20
Evangelho de Nosso Senhor Jesus † Cristo, segundo o Evangelista São Mateus.

            Os onze discípulos foram para a Galiléia, para a montanha que Jesus lhes tinha designado. Quando o viram, adoraram-no; entretanto, alguns hesitavam ainda. Mas Jesus, aproximando-se, lhes disse: Toda autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo.

Divina Liturgia

Issodikón:
Levanta-te, Senhor, com tua potência; cantaremos e celebraremos o teu poder. Salva-nos, ó Paráclito cheio de bondade, a nós que a Ti cantamos: aleluia!

Tropário da Ressurreição - 8º tom:
Desceste das alturas, ó misericordioso, e aceitaste o sepultamento durante três dias, para nos livrar das paixões. Senhor, És nossa vida e nossa ressurreição, glória a Ti.

Tropário de todos os Santos - 4º tom:
Revestida, como de púrpura e de linho fino, do sangue de todos aqueles que, no mundo inteiro, foram tuas testemunhas, tua Igreja, por eles, te clama: mostra ao teu povo a tua compaixão; concede a paz à nossa pátria e tem misericórdia das nossas almas”.

Kondakion - 8º tom:
Glória ao Pai , ao Filho e ao Espírito Santo.
Tendo ressuscitado do túmulo deste a vida aos mortos e levantaste Adão; Eva se regozija com a tua Ressurreição, e exultam de alegria os confins da terra, ó Misericordioso!

Theotokion:
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém
Tu, que pela nossa salvação nasceste da Sempre Virgem Maria, sofreste a crucifixão, ó Misericordioso, com a morte, venceste a morte como Deus, revelando a Ressurreição. Não abandones a nós, criaturas de tuas mãos, mostra a tua bondade pela humanidade, atende as preces da tua Mãe que ora por nós, ó Misericordioso, Salva, ó Salvador, nosso povo desolado!

Kondakion de Todos os Santos:
Senhor, Autor da Criação, o universo te oferece os Mártires revestidos de Deus como primícias da natureza. Pelas suas súplicas e em consideração à Mãe de Deus, guarda a tua Igreja sempre em paz, ó Bondoso!

Prokimenon:
Deus é admirável nos seus santos, o Deus de Israel. Bendizei o Senhor nas vossas assembleias, bendizei o Senhor, Filhos de Israel.

Epístola                                                                                  Hb 11,33-40; 12,1-2
Leitura da Epístola do Apóstolo São Paulo aos Hebreus
            Irmãos, pela fé os santos venceram reinos, praticaram a justiça, alcançaram promessas, fecharam as bocas dos leões, apagaram a força do fogo, escaparam do fio da espada, da fraqueza tiraram forças, na batalha se esforçaram, puseram em fuga os exércitos dos estranhos. As mulheres receberam pela ressurreição os seus mortos; uns foram torturados, não aceitando o seu livramento, para alcançarem uma melhor ressurreição; e outros experimentaram escárnios e açoites, e até cadeias e prisões. Foram apedrejados, serrados, tentados, mortos ao fio da espada; andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, desamparados, aflitos e maltratados (dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos, e montes, e pelas covas e cavernas da terra. E todos estes, tendo tido testemunho pela fé, não alcançaram a promessa, provendo Deus alguma coisa melhor a nosso respeito, para que eles sem nós não fossem aperfeiçoados. Portanto, nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus.
Aleluia!
Aleluia, aleluia, aleluia!
Os justos clamaram e o Senhor os ouviu e os salvou de todas as tribulações.
Aleluia, aleluia, aleluia!
Muitas são as tribulações dos justos, e de todas elas os livrará o Senhor
Aleluia, aleluia, aleluia!

Evangelho                                                           Mt. 10: 32-33; 37-38; 19: 27-30
Evangelho de Nosso Senhor Jesus † Cristo, segundo o Evangelista São Mateus:
            Portanto, todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus. Mas qualquer que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai, que está nos céus. Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim. E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim. Então Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: Eis que nós deixamos tudo, e te seguimos; que recompensa, pois, teremos nós? Ao que lhe disse Jesus: Em verdade vos digo a vós que me seguistes, que na regeneração, quando o Filho do homem se assentar no trono da sua glória, sentar-vos-eis também vós sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel. E todo o que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras, por amor do meu nome, receberá cem vezes tanto, e herdará a vida eterna. Entretanto, muitos que são primeiros serão últimos; e muitos que são últimos serão primeiros
Kinonikón:
Exultai, ó justos, no Senhor; aos retos convém o louvor. Aleluia, aleluia, aleluia!

Sinaxe

«Agios o Theós, Agios Ischiros, Agios Athanatos...»
Os escritores sagrados, já no Gênesis referiam-se a Deus como o "Santo", palavra que tinha a conotação de "Sagrado". Deus é o "Outro", tão transcendente e tão longínquo que o homem não poderia ter acesso; somente referir-se a Ele com tremor e temor.(Gn 15,12).
O Povo Israelita por ter um Deus que era conhecido como o “Outro”, isto é, separado (por ser tão especial e incognoscível), arvorava-se o direito de se identificar "raça eleita", "povo escolhido", "nação santa", diferente de todos os outros na sua maneira de ser, agir e comportar, cultuando sua Divindade... e tudo isto era muito explicito em seus rituais religiosos, condutas sociais e na vida cotidiana em geral. A religião estava tão impregnada nas suas práticas que, o pertencer à raça eleita deveria ser mesmo ostentado. Não demorou muito para se cair em extremos absurdos onde a santidade cedeu lugar à hipocrisia, ao “farisaísmo”.
Jesus condenou tais comportamentos e o apóstolo Pedro ressaltou muitas vezes que o imprescindível é a "pureza de coração", capaz de fazer de nós participantes da vida de Deus (1Pd 1,14-16). As leis são importantes na medida que conduzem o homem à maturidade e liberdade dos Filhos de Deus. Se são nefastas a vida humana, não podem ser boas.
Assim, cremos que a santidade nos é comunicada por Deus e isto se realiza na pessoa do Filho, Jesus Cristo, de maneira plena, assim como em todos aqueles que viveram e vivem de acordo com os seus santos preceitos. Somos todos vocacionados à santidade, chamados a "ser santos como o Pai é Santo".
Jesus Cristo, o "Senhor", por meio dos sacramentos, transmite a toda Igreja a sua santidade. Os sacramentos são os instrumentos da santidade e da salvação, que trazem ao homem a vida de Deus (cf Mt 13,24-30;). Esta certeza era tão viva nos primeiros séculos da Igreja que não hesitavam em chamar a si mesmos "santos" (2Cor 11,12;), e à Igreja a "Comunhão dos Santos".
Esta expressão, que encontramos no Credo, tem sua manifestação na "Divina Liturgia da Igreja Ortodoxa (a Santa Missa de São João Crisóstomo) na Liturgia Eucarística onde "os santos" são convidados a participarem das "coisas santas".

"Ta Agia toiV AgioiV "
- As coisas Santas aos Santos!

E, professando a unidade e santidade de Deus na pessoa do Filho, Jesus Cristo, o Senhor, respondemos:

"EiV AgioV, eiV KurioV, IhsouV CristoV eiV doxan Qeou PatroV. Amhn"
- Um só é Santo, Um só é Senhor, Jesus Cristo, na Glória de Deus Pai. Amém.
A santidade manifesta-se, pois, como uma participação na vida de Deus, que se realiza com os meios que a Igreja nos dispõe, especialmente através do sacramento da Eucaristia, onde o Santo nos dá a sua Santidade por amor, e nós nos tornamos santos por filiação.
A santidade não é o fruto do esforço humano, portanto, que procura alcançar a Deus com suas próprias forças, e mesmo por heroísmo; ela é Dom do amor de Deus ao homem e resposta deste à misericordiosa e paternal iniciativa divina. Tanto é que, o modo como estão organizadas as festas no Calendário Litúrgico Bizantino, onde a Festa de todos os Santos é celebrada no domingo depois de Pentecostes, ou seja, a Descida do Espírito Santo, quer significar que toda a santidade é obra do Espírito Santíssimo de Deus. A festa de Todos os Santos encerra o Tempo Litúrgico Pascal no calendário da Igreja do Oriente.

«Tudo o que está encoberto será descoberto»
São Gregório Pálamas (1296-1359),
monge, bispo e teólogo ortodoxo
“Sermão para o Domingo de todos os Santos”

Do alto do céu, Deus oferece a todos os homens as riquezas da sua graça. Ele próprio é a fonte da salvação e da luz de onde emana eternamente a misericórdia e a bondade. Mas nem todos os homens tiram proveito da sua força e da sua graça pelo exercício perfeito da virtude e a realização das suas maravilhas; só o fazem aqueles que puseram as suas realizações em prática e que provaram por atos o seu apego a Deus, aqueles que se afastaram completamente do mal, que aderem firmemente aos mandamentos de Deus e que fixam o seu olhar espiritual em Cristo, Sol de justiça (Mal 3,20).
Do alto do céu, Cristo oferece aos que combatem o socorro do seu braço, e exorta-os com estas palavras do Evangelho: “Quem se declarar por mim diante dos homens, eu me declararei por ele diante de meu Pai que está nos céus”. Enquanto servidor de Deus, cada um de entre os santos se declara por Cristo nesta vida passageira e diante dos homens mortais; fazem-no por um curto espaço de tempo e na presença de um pequeno número de homens. Enquanto que nosso Senhor Jesus Cristo... se declara por nós no mundo da eternidade, diante de Deus seu Pai, rodeado dos anjos e dos arcanjos e de todas as forças do céu, na presença de todos os homens, depois de Adão até ao fim dos séculos. Porque todos ressuscitarão e serão julgados no tribunal de Cristo. Então, na presença de todos e à vista de todos, ele fará conhecer, glorificará e coroará aqueles que lhe provaram a sua fé até ao fim.

«Com todos os Santos»
São Bernardo (1092-1153), monge cisterciense:
“Sermão 2 para a festa de Todos os Santos”

O primeiro desejo que a recordação dos Santos excita ou aumenta em nós é o de gozar da sua amável companhia, de merecermos ser concidadãos e comensais dos espíritos bem-aventurados, de sermos integrados na assembleia dos Patriarcas, na falange dos Profetas, no senado dos Apóstolos, no inumerável exército dos Mártires, na comunidade dos Confessores, nos coros das Virgens; enfim, de nos reunirmos e nos alegrarmos na comunhão de todos os Santos… Aguarda-nos, irmãos, aquela Igreja dos primogênitos e nós ficamos insensíveis! Desejam os Santos a nossa companhia e nós pouco nos importamos! Esperam-nos os justos e nós parecemos indiferentes.
Despertemos, finalmente, irmãos! Ressuscitemos com Cristo, procuremos as coisas do alto, saboreemos as coisas do alto. Desejemos os que nos desejam, corramos para os que nos aguardam, preparemo-nos com as aspirações da nossa alma para entrar na presença daqueles que nos esperam!
Na nossa comunidade deste mundo, não há segurança nem repouso algum; e, no entanto, é já aqui que é bom e agradável viver os irmãos em harmonia (Sl 132)! Se pelo simples fato de partilhamos com os irmãos que têm conosco um só coração e uma só alma em Deus, tudo se torna suportável, quanto mais doce, quanto mais feliz será a união em que já não haverá qualquer desconfiança, qualquer ocasião de desacordo, e em que a caridade perfeita nos unirá a todos numa aliança indissolúvel! Então, assim como o Pai e o Filho são um, também nós seremos um n’Eles.
Não devemos apenas desejar a companhia dos Santos, mas também a sua felicidade, ambicionando com fervorosa diligência a glória daqueles por cuja presença suspiramos. Na verdade, esta ambição não é perniciosa, nem o desejo de tal glória é de modo algum perigoso, porque dizemos efetivamente: “Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao vosso Nome dai glória!” (Sl 113, 9).



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