PATRIARCADO ECUMÊNICO DE
CONSTANTINOPLA
Arquidiocese Ortodoxa Grega
de Buenos Aires e América do Sul
Igreja Anunciação da Mãe
de Deus
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Brasília, 14 de setembro
de 2014
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Exaltação da
Santa, Venerável e Vivificante Cruz
Matinas
Tropário:
As discípulas do Senhor aprenderam
do Anjo a anunciar jubilosamente a ressurreição e rejeitaram a sentença dos nossos
primeiros pais e conversaram com os Apóstolos, orgulhosas, dizendo: A morte já é
cativa e o Cristo Deus já ressuscitou, dando ao mundo grande misericórdia.
Glória ao Pai,
ao Filho e ao Espírito Santo,
Theotokion:
Mistério desconhecido dos
anjos; mistério oculto desde toda a eternidade; ó virgem, por Ti Deus se revelou
a todos os habitantes da terra; uniu-se à carne sem corrupção, e livremente aceitou
a cruz por nós; ressuscitou o primeiro homem e salvou nossas almas da morte.
Katisma:
As santas mulheres olharam
para a entrada do túmulo, mas, não puderam suportar o brilho flamejante do anjo.
Assustadas e tremendo, elas diziam: "Roubaram aquele que abriu as portas do
céu ao bom ladrão? Será que ressuscitou Aquele que, antes de sua paixão, havia proclamado
sua ressurreição? Em verdade, o Cristo, nosso Deus, ressuscitou dando aos que estavam
no inferno. A vida e a ressurreição."
Glória ao Pai, Filho e ao
Espírito Santo.
Ó meu salvador, livremente
escolheste a cruz. Homens mortais Te colocaram em um sepulcro novo, a Ti que com
Tua palavra, estabeleceste os .confins do universo. Despojaste a morte e todos os
habitantes dos infernos cantam a Tua vivificante ressurreição, clamando: "Cristo
ressuscitou, ele que é o dispensador da vida e permanece pelos séculos dos séculos."
Agora, sempre e pelos séculos
dos séculos.
Theotokion:
Os coros dos anjos, ó puríssima,
ficaram tomados de terror, diante do terrível mistério do teu parto. Como tu tens
em teus braços Aquele que, com um só gesto tem todo o universo? Como Aquele que
existe antes dos séculos, nasce e se alimenta de teu leite, aquele que cuja inefável
bondade alimenta todo o ser vivente? Os anjos te bendizem e te proclamam a verdadeira
Mãe de Deus.
Evangelho Jo 12, 28-36
Evangelho de Nosso Senhor Jesus + Cristo, segundo São João
Naquele tempo, Pai, glorifica o teu nome!
Nisto veio do céu uma voz: Já o glorifiquei e tornarei a glorificá-lo. Ora, a multidão
que ali estava, ao ouvir isso, dizia ter havido um trovão. Outros replicavam: Um
anjo falou-lhe. Jesus disse: Essa voz não veio por mim, mas sim por vossa causa.
Agora é o juízo deste mundo; agora será lançado fora o príncipe deste mundo. E quando
eu for levantado da terra, atrairei todos os homens a mim. Dizia, porém, isto, significando
de que morte havia de morrer. A multidão respondeu-lhe: Nós temos ouvido da lei
que o Cristo permanece para sempre. Como dizes tu: Importa que o Filho do Homem
seja levantado? Quem é esse Filho do Homem? Respondeu-lhes Jesus: Ainda por pouco
tempo a luz estará em vosso meio. Andai enquanto tendes a luz, para que as trevas
não vos surpreendam; e quem caminha nas trevas não sabe para onde vai. Enquanto
tendes a luz, crede na luz, e assim vos tornareis filhos da luz. Jesus disse essas
coisas, retirou-se e ocultou-se longe deles.
Divina Liturgia
Tropário da Ressurreição
- 5º tom:
Nós, fieis, louvemos e
adoremos ao Verbo igualado com o Pai e Espírito na eternidade, nasceu da Virgem
para nossa salvação, pois que se dignou subir corporalmente à Cruz, suportar a
morte e ressuscitar os mortos com sua gloriosa ressurreição.
Tropário
da Santa Cruz:
Salva, Ó Deus, o teu povo
e abençoa a tua herança e concede aos nossos governantes a vitória sobre os bárbaros
e guarda, com o poder da tua Cruz, todos que te pertencem.
Kondakion:
Tu, ó Cristo Deus, que, voluntariamente,
foste erguido na Cruz, tem compaixão do povo que traz o teu Nome.
Alegra, pelo teu poder, a
tua santa Igreja e concede-lhe a vitória sobre o mal.
Que tua aliança seja para
nós uma arma de paz e um troféu de vitória!
Theotokion:
Agora, sempre e pelos séculos
dos séculos. Amém
O mistério eternamente oculto
e dos anjos desconhecido, através de ti, ó Mãe de Deus, encarnando-se, apareceu
na terra, voluntariamente aceitou a Cruz, e com ela ressuscitou o primeiro criado,
e salvou da morte as nossas almas.
Kondakion
da Festa:
Ó Cristo Deus, que, voluntariamente,
foste suspenso na Cruz, tem compaixão do povo que traz o teu nome. Alegra, pelo
teu poder, a tua santa Igreja e concede-lhe a vitória sobre o mal. Que tua aliança
seja para nós uma arma de paz e um troféu de vitória.
Anunciação - Modo 4
É hoje o começo da nossa
salvação e a manifestação do mistério eterno.
O Filho de Deus torna-Se
Filho da Virgem e Gabriel anuncia a graça.
Por isso, cantamos com ele
à Mãe de Deus:
“Salve, ó cheia de graça,
o Senhor está contigo!”.
Triságion:
A Tua Cruz +, ó Senhor, prostramo-nos + e a Tua
Santa Ressurreição +, glorificamos. (3 vezes)
Glória ao + PAI, ao
FILHO e ao ESPÍRITO SANTO, agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.
E a Tua Santa Ressurreição,
glorificamos.
A Tua Cruz +, ó Senhor, prostramo-nos + e a Tua
Santa Ressurreição +, glorificamos.
Prokimenon:
Exaltai ao Senhor, nosso
Deus e prostrai-vos ante o escabelo de seus pés porque ele é Santo.
O Senhor reina, alegrem-se
os povos; seu trono está sobre os Querubins, vacila a terra. (Sl 99, 5)
Issodikon:
Exaltai ao Senhor, nosso
Deus e prostrai-vos ante o escabelo de seus pés porque Ele é Santo.
Salva-nos, ó Filho de Deus,
Tu que foste crucificado na carne, a nós, que a Ti cantamos: aleluia!
Epístola 1COR
1, 18-24
Leitura da 1ª
Epístola do Apóstolo São Paulo aos Coríntios
Irmãos, a doutrina da cruz é loucura para os que se perdem, mas é poder
de Deus para os que se salvam. Consoante está escrito: Destruirei a sabedoria dos
sábios e reprovarei a prudência dos prudentes. Onde está o sábio? Onde o letrado?
Onde o pesquisador das coisas deste mundo? Não transformou Deus em loucura a sabedoria
deste mundo? Uma vez que na sabedoria de Deus o mundo não o reconheceu pela sabedoria,
aprouve a Deus servir-se da loucura da pregação para salvar os que creem. Porque
os judeus pedem sinais, e os gregos procuram sabedoria, enquanto nós pregamos Cristo
crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os pagãos, mas poder e sabedoria
de Deus para os chamados, quer judeus, quer gregos.
Aleluia
Aleluia, aleluia, aleluia!
Lembra-te do teu povo que
elegeste há tanto tempo; recuperaste o cetro de tua
herança. Aleluia, aleluia, aleluia!
Deus, que é nosso Rei antes
dos séculos, operou a salvação no meio da terra. Aleluia,
aleluia, aleluia!
Evangelho JO 19, 6-11ª; 13-20; 25-28ª; 30-35ª
Evangelho
de Nosso Senhor Jesus + Cristo, segundo o Evangelista São João
Naquele tempo, os sumos sacerdotes e os anciões deliberaram contra Jesus,
para fazê-Lo perecer. Foram então para Pilatos, dizendo: Crucifica-o! Crucifica-o!
Pilatos respondeu: Levai-o, vós mesmos, para o crucificar, porque eu não encontro
nele nenhuma culpa. Os judeus responderam-lhe: Nós temos uma Lei, e segundo esta
Lei ele deve morrer, porque se fez Filho de Deus. Quando Pilatos ouviu isso, ficou
com mais medo ainda. Entrou no palácio outra vez e perguntou a Jesus: De onde és
tu? Jesus ficou calado. Então Pilatos disse-lhe: Não me respondes? Não sabes que
tenho poder quer para te soltar e poder para te crucificar? Jesus respondeu: Tu
não terias poder algum sobre mim, se não te fosse dado do alto. Ouvindo estas palavras,
Pilatos trouxe Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar conhecido como
Pavimento (em hebraico: Gábata). Era o dia da preparação da páscoa, por volta do
meio dia. Pilatos disse aos judeus: Eis o vosso rei. Eles, porém, gritavam: Fora!
Fora! Crucifica-o! Pilatos disse: Vou crucificar o vosso rei? Os sumos sacerdotes
responderam: Não temos rei senão César. Pilatos, então, entregou Jesus para ser
crucificado. E eles o levaram. Jesus, carregando ele mesmo a cruz, saiu para o lugar
chamado Caveira (em hebraico: Gólgota). Lá, eles o crucificaram com outros dois,
um de cada lado, ficando Jesus no meio. Pilatos tinha mandado escrever e afixar
na cruz um letreiro; estava escrito assim: Jesus de Nazaré, o Rei dos Judeus. Muitos
judeus leram o letreiro, porque o lugar onde Jesus foi crucificado era perto da
cidade; e estava escrito em hebraico, em grego e em romano. Junto à cruz de Jesus
estavam de pé sua mãe e a irmã de sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena. Jesus,
ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse à mãe: Mulher,
eis o teu filho! Depois disse ao discípulo: Eis a ma mãe! A partir daquela hora,
o discípulo a acolheu consigo. Depois disso, vendo Jesus que tudo estava consumado,
Ele inclinou a cabeça e entregou o espírito. Era o dia de preparação do sábado,
e este seria solene. Para que os corpos não ficassem na cruz no sábado, os judeus
pediram a Pilatos que mandasse quebrar as pernas dos crucificados e os tirasse da
cruz. Os soldados foram e quebraram as pernas, primeiro a um dos crucificados com
ele e depois ao outro. Chegando a Jesus viram que já estava mono. Por isso, não
lhe quebraram as pernas, mas um soldado golpeou-lhe o lado com uma lança, e imediatamente
saiu sangue e água. Aquele que viu dá testemunho, e o seu testemunho é verdadeiro.
Hirmos:
Ó Mãe de Deus, tu és o paraíso
místico, pois sem ser cultivada, produziste Cristo, que
plantou a árvore da Cruz.
Por isso, agora O adoramos
crucificado e a ti exaltamos.
Kinonikon:
Gravada está sobre nós, Senhor,
a luz da tua face.
Aleluia, aleluia, aleluia!
OBS.:
a). Em vez de «... Vimos a verdadeira luz» canta-se
o apolitikion do dia.
b). Após a Santa Missa, procissão e cerimônia da
Exaltação da Santa Cruz.
c). Encerramento da festa no dia 21.
Sinaxe
A Festa da Exaltação da Santa Cruz
A pregação da Cruz é
uma necessidade para os que se perdem; mas para os que se salvam - para nós - é
força de Deus. Por que diz a Escritura:
Destruirei a sabedoria
dos sábios, e inutilizarei a inteligência dos inteligentes. Onde está o sábio? Onde
o douto? Onde o sofista deste mundo? De fato, como o mundo através de sua própria
sabedoria não conheceu Deus na divina sabedoria, quis Deus salvar os crentes através
da necessidade da pregação.
Assim, enquanto os judeus
pedem sinais e os gregos buscam sabedoria, nós pregamos a Cristo crucificado: escândalo
para os judeus e loucura para os pagãos, mas para os chamados, tanto judeus quanto
gregos, um Cristo, força de Deus e sabedoria de Deus. 1
As palavras do apóstolo
Paulo, lidas na solenidade da Exaltação da veneranda e santificadora Cruz, marcam
o sentido inequívoco que, desde o princípio, tivera para os cristãos o patíbulo
dos malfeitores, que era a cruz. Por que, pois, estranhar-se que a Igreja a tenha
considerado objeto de culto particular?
Romano o Melode, imaginando
um diálogo entre o diabo e o inferno, põe na boca do primeiro as palavras:
Belial, é tempo de abrires
o ouvido. A hora presente far-te-á ver o império da Cruz, e o grande poder do Crucificado.
Para ti, a Cruz não é senão loucura; porém toda a Criação a considera como um trono
desde que, nela cravado, escuta Cristo como juiz em atividade. 2
A forma de cruz das
igrejas antigas, inclusive hoje nas de tradição bizantina, evoca a virtude ou força
da ação redentora desse sinal.
A Cruz defende a todos
do maligno e de seus ataques. Os marcados com o sinal de Cristo têm a esperança
confiante de entrar no paraíso. 3
Nas igrejas bizantinas,
atrás do altar e no ponto mais alto do Iconostase, destaca-se a Crucifixão, 4 com
o objetivo de que, de qualquer ponto do templo e a todo momento, possa atrair o
olhar dos fiéis para a Árvore da Vida, plantada no novo paraíso universal, frondosa
e muito mais honorável que a do Éden. 5
De modo que, instruídos
sobre a adoração da Cruz, feita de matéria comum, rendamos nossa adoração, não à
matéria, mas àquele nela crucificado.6
Após ter degustado a
morte sob a árvore proibida, Adão volta à vida sob a árvore da Cruz. Pode, Senhor,
de agora em diante saborear de novo as delícias do paraíso.
Em Adão está representada
toda a linguagem humana, pelo que, também nós, gozamos de idêntico benefício, pois,
como outro paraíso, a Igreja possui atualmente uma árvore da vida: a Cruz vivificadora
de Cristo. Saboreando seu fruto, alcançamos a imortalidade.7
Além dessas citações,
por assim dizer externas, são vários os Ofícios que recordam a importância da Cruz
na economia de nossa salvação.
O ciclo litúrgico semanal
dedica-lhe a Sexta-feira; e cada dia, na liturgia das Horas, a Hora Nona, que foi
a da morte na Cruz. 8
Encontramos, além disso,
no calendário, algumas festas dedicadas à Cruz ou nas quais se celebra o mistério:
umas são móveis, outras fixas. 9
As festas móveis são:
a) A grande Sexta-Feira
Santa. No Ofício da Paixão, e cantando o hino:
Hoje foi colocado no lenho
aquele que sustém a terra sobre as águas.
É coroado de espinhos o Rei dos anjos.
Púrpura injuriosa é a veste
de quem cobrira o céu de nuvens.
Recebe cusparadas
aquele que no rio Jordão
libertou Adão de seu pecado.
Cravado é o Esposo da Igreja,
transpassado pela lança o Filho da Virgem.
Teus sofrimentos, Cristo, hoje veneramos;
mostra-nos também a glória de tua ressurreição. 10
aquele que sustém a terra sobre as águas.
É coroado de espinhos o Rei dos anjos.
Púrpura injuriosa é a veste
de quem cobrira o céu de nuvens.
Recebe cusparadas
aquele que no rio Jordão
libertou Adão de seu pecado.
Cravado é o Esposo da Igreja,
transpassado pela lança o Filho da Virgem.
Teus sofrimentos, Cristo, hoje veneramos;
mostra-nos também a glória de tua ressurreição. 10
Leva-se processionalmente
a Cruz, depositando-a depois no centro da nave para que possa ser venerada pelo
clero e o povo fiel. 11
b) Terceiro Domingo
da Quaresma. Denomina-se, por isso, Domingo da Adoração da Cruz. Trata-se de uma
festa tipicamente constantinopolitana, que teve origem no translado de uma relíquia
insigne da Cruz para a capital do Império. Segundo alguns liturgistas, tal festa
tinha nascido relacionada com a reposição da verdadeira Cruz de Jerusalém pelo imperador
Heráclito, no dia 21 de março de 631, após tê-la resgatado dos persas, que a tinham
roubado como despojo de guerra.
A cerimônia litúrgica
segue o seguinte programa: no sábado, após as Vésperas, translada-se a relíquia
da Santa Cruz para o altar, onde fica exposta durante toda a noite. Os cânticos
de Matinas compostos por Teodoro Studita (758-826), 13 vão expressando os temas
da festa:
Dia de adoração da Santa Cruz!
Todos se acercam para adorá-la!
Vede-a exposta perante nós:
brilha com os esplendores
da ressurreição de Cristo.
Vamos, pois, com alegria espiritual,
render-lhe veneração.
Todos se acercam para adorá-la!
Vede-a exposta perante nós:
brilha com os esplendores
da ressurreição de Cristo.
Vamos, pois, com alegria espiritual,
render-lhe veneração.
Terminadas as Matinas,
o celebrante faz uma procissão na própria igreja, carregando a Cruz no alto para
colocá-la finalmente na peanha diante do Iconostase.
Vão todos se aproximando
para adorar a sagrada relíquia, enquanto cantam:
Tua Cruz, Senhor, adoramos
e proclamamos tua santa ressurreição.
Salva teu povo, Senhor,
e abençoa tua herança;
concede aos governantes 14
vitória sobre os bárbaros;
e dá-nos, por tua Cruz, parte em teu reino.
e proclamamos tua santa ressurreição.
Salva teu povo, Senhor,
e abençoa tua herança;
concede aos governantes 14
vitória sobre os bárbaros;
e dá-nos, por tua Cruz, parte em teu reino.
A homilética sobre essa
festividade insiste no seguinte:
Hoje, mostra-se a Igreja
de Cristo como novo paraíso: ao expor o santo madeiro da Cruz, antecipa a Paixão
e a Ressurreição. 15
As duas solenidades
móveis vêm coroadas de outras três fixas, com a ordem seguinte, no calendário bizantino:
16
a) A Exaltação 17 universal
da veneranda e vivificadora Cruz, que se celebra no dia 14 de setembro e da qual
falaremos mais extensamente.
b) A memória da aparição
celeste do sinal da Cruz, cuja celebração tem lugar no dia 7 de maio. Comemora-se,
então, a aparição, no céu de Jerusalém, do sinal da Cruz quando era imperador Constâncio,
filho de Constantino o Grande, durante o episcopado de São Cirilo de Jerusalém.
A aparição deu-se precisamente
no dia 7 de maio de 351, na terça-feira antes da Ascensão, pelas nove horas da manhã:
foi visível durante muitas horas e para todos. Marcava no céu o espaço compreendido
entre o Gólgota e o Monte das Oliveiras. 18
O caráter protetor e
salvífico da Cruz, como determinante dessa festividade, vem sintetizá-lo a oração
própria desse dia que assim diz:
Abre-me os lábios, ó
Rei dos séculos, ilumina minha mente e meu espírito, e santifica minha alma para
poder, ó Verbo, louvar tua Cruz venerada; envia teu Espírito e instrui-me, de sorte
que possa exclamar com amor:
Salve, ó Cruz, glória do universo!
Salve, ó Cruz, fortaleza da Igreja!
Salve, inexpugnável bastião dos sacerdotes!
Salve, diadema dos reis!
Salve cetro do soberano Criador de todas as coisas!
Salve, ó Cruz, na qual Cristo aceitou padecer e morrer!
Salve, grande consolo dos aflitos, arma invencível no meio da luta!
Salve, Cruz, ornato dos anjos e proteção dos fiéis!
Salve, ó Cruz, pela qual foi o inferno derrotado!
Salve, ó Cruz, pela qual fomos redimidos!
Salve, lenho bem-aventurado! 19
Salve, ó Cruz, fortaleza da Igreja!
Salve, inexpugnável bastião dos sacerdotes!
Salve, diadema dos reis!
Salve cetro do soberano Criador de todas as coisas!
Salve, ó Cruz, na qual Cristo aceitou padecer e morrer!
Salve, grande consolo dos aflitos, arma invencível no meio da luta!
Salve, Cruz, ornato dos anjos e proteção dos fiéis!
Salve, ó Cruz, pela qual foi o inferno derrotado!
Salve, ó Cruz, pela qual fomos redimidos!
Salve, lenho bem-aventurado! 19
c) A procissão da preciosa
e vivificadora Cruz, que se celebra no dia primeiro de agosto. Tal como a que coincide
com o Terceiro Domingo da Quaresma, também essa festa teve origem em Constantinopla.
A relíquia da Cruz ia expondo-se em diversas igrejas, retomando ao palácio imperial
a 14 de agosto; longa procissão estacional, pois, com demoradas estações nas várias
igrejas. A finalidade era conjurar as enfermidades motivadas pelos calores estivais,
por um lado, e santificar, por outro, as ruas da "cidade construída por Deus".
20
Um dos hinos da festa
nos manifesta a profunda veneração de que era objeto nesse dia a Cruz do Senhor,
assim como a confiança depositada nela:
Veneremos a Cruz preciosa,
remédio universal
e fonte de santidade.
É lenitivo das dores,
desterra a enfermidade
e livra de todo sofrimento os enfermos.
remédio universal
e fonte de santidade.
É lenitivo das dores,
desterra a enfermidade
e livra de todo sofrimento os enfermos.
E agora, após breve
análise sobre as festas litúrgicas, nas quais as igrejas de tradição bizantina dedicam
especial atenção à Cruz, detenhamo-nos para refletir sobre a festividade da Exaltação:
A festa da "Exaltação
Universal da preciosa e vivificadora Cruz" surge em Jerusalém. Lê-se em um
discurso do monge Alexandre 21 sobre essa festividade que a imperatriz:
Helena - mãe de Constantino,
o Grande - assegurava ter tido uma visão celeste, na qual se ordenava ir a Jerusalém
para descobrir os santos lugares durante tanto tempo ignorados (.. .). Ante a dúvida
e as vacilações de não poucos, exorta todos a uma fervorosa oração. Logo vem a ser
descoberto por aquele bispo o lugar da divina Paixão, onde se tinha colocado a estátua
da impuríssima Vênus. Com a autoridade que lhe outorga seu cargo, a imperatriz mandou,
então, destruir o templo do demônio. Feito isso, de imediato descobriu-se o sepulcro
de Jesus Cristo, aparecendo, pouco depois, três cruzes. Após busca diligente, encontraram-se
também os cravos.
A imperatriz quis saber
imediatamente qual das três cruzes era a de Jesus Cristo. Achando-se ali gravemente
enferma, quase à morte, uma nobre dama, aplicando-lhe as cruzes, pôde-se saber,
no mesmo instante, qual era a Cruz desejada, uma vez que, com a aplicação da Cruz
de Jesus Cristo, tocada pela graça divina, ergue-se do leito a enferma completamente
curada e glorificando ao Senhor em altas vozes (...).
O imperador pede ao
então bispo, Macário, que apresse a edificação das respectivas basílicas, enviando-lhe
um arquiteto e grande soma em dinheiro, com a ordem expressa de que os sagrados
edifícios (no Gólgota, em Belém, e no Monte das Oliveiras) se decorassem com o maior
esplendor, de sorte que não houvesse nada igual no mundo. 22
No século V, o dia 13
de setembro é aniversário da dedicação das basílicas constantinianas. Segundo a
peregrina Egéria, tinha-se determinado esse dia, alguns anos antes - talvez em 335
- por ser a data do descobrimento da Cruz. 23
Cirilo de Jerusalém,
na XIII Catequese, que se realizara provavelmente em 347, diz textualmente:
A Paixão é real: verdadeiramente
foi crucificado. E não nos envergonhemos disso. Foi crucificado. E não o negamos;
pelo contrário, comprazemo-nos em afirmá-lo. Chegaria a envergonhar-me, se me atrevesse
a negar o Gólgota que temos à vista; afastaria dos olhos o madeiro da Cruz que dessa
cidade distribuiu-se como relíquias pelo mundo todo.
Reconheço a Cruz, porque
conheço a ressurreição. Se o Crucificado tivesse permanecido em tal situação, não
reconheceria a Cruz; apressar-me-ia, pelo contrário, em escondê-la, juntamente com
meu Mestre. Como após a Cruz vem a Ressurreição, não me envergonho de falar longamente
da mesma. 24
A festa da Cruz, a 14
de setembro, difundiu-se rapidamente por todo o Oriente, eclipsando a comemoração
da dedicação da basílica constantiniana. 25 Em Roma, no século VI, celebrava-se
a Exaltação no dia 3 de maio. Posteriormente - no século VII - começou a apresentar-se
o madeiro da Cruz à veneração do povo, no dia 14 de setembro. 26
O resgate da Cruz pelo
imperador Heráclio em 631 não veio senão incrementar e consolidar um culto já amplamente
difundido.
As igrejas de tradição
bizantina relacionaram a festa do dia 14 de setembro entre as do Senhor (despotika)
- de primeira classe - e, portanto, entre as 12 grandes festividades litúrgicas.
É precedida de uma vigília (preortia) e seguida de sete dias pós-festivos (meteortia),
mais outro oitavo de despedida da festa (apodosis), que coincide com o dia 21 do
referido mês de setembro.
A celebração litúrgica,
muito simples em si, tem seu ponto mais alto no gesto do celebrante, que podemos
ver refletido no Ícone. Vejamo-lo em detalhes.
No dia da festa, o celebrante,
após pequena procissão, para no centro da igreja; e levanta então, ao alto, a relíquia
da Cruz.
A assembleia faz, ao
mesmo tempo, a mais simples de todas as orações e mais própria de uma criatura ante
a misericórdia do Deus criador: "Piedade, Senhor!" Repete-se 100 vezes
a oração.
Repete o celebrante
o gesto de elevar ao alto a Cruz, voltando-se para os quatro pontos cardeais, enquanto
o povo reza, canta e exclama 100 vezes: "Piedade, Senhor!"
Deposita-se depois a
Cruz em um grande recipiente cheio de flores e coloca-se sobre um tetrapodium no
centro da igreja. O Clero e todos os fiéis, prostrando-se de joelhos, vão adorando
a Cruz e recebendo uma flor das que serviram de enfeite à relíquia.
Adoração da Cruz
Pôde-se observar como
os hinos e toda essa exposição falam sempre de «adoração» da Cruz. Pela única razão
de que muito rapidamente a Cruz veio a ser a imagem do Crucificado e da sua Ressurreição:
dois aspectos distintos, porém, inseparáveis, de um só mistério.
«Adoramos, Senhor, tua
Cruz e glorificamos tua santa Ressurreição», é o tema mais comum dos hinos. Eis
mais um exemplo do que foi dito:
Na Cruz, Cristo deu morte ao autor de nossa morte.
Devolveu a vida e a beleza a quem as tinha perdido;
e, num desdobramento de bondade e misericórdia,
restituiu-lhes o direito de cidadania no céu.
Devolveu a vida e a beleza a quem as tinha perdido;
e, num desdobramento de bondade e misericórdia,
restituiu-lhes o direito de cidadania no céu.
Na Cruz cancelaste, Senhor, o assentamento de nossa dívida.
Cantado entre os mortos, prendeste o tirano que reinava sobre eles; e com tua ressurreição, libertaste-nos dos laços da morte. 27
Cantado entre os mortos, prendeste o tirano que reinava sobre eles; e com tua ressurreição, libertaste-nos dos laços da morte. 27
Sobre o que deveriam
ser tributadas as honras à Cruz, pronunciaram-se dois Concílios:
No Concílio Quinissesto
de 692, os Padres prescreveram que se rendesse à santa Cruz «a adoração em espírito,
nos lábios e nos sentidos». 28 E no segundo Concílio de Nicéia (787), concretiza-se
a natureza exata da referida adoração: à santa Cruz, como aos ícones, deve-se tributar
«adoração honorífica», «não culto propriamente dito» reservado somente a Deus. Porque
«a honra dirigida à imagem passa ao protótipo, e o que adora a imagem, adora a pessoa
nela representada». 29
Os textos litúrgicos,
homiléticos e epigráficos documentam como semelhante prescrição conciliar estava
profundamente enraizada nos usos e costumes. 30
André de Creta (660-740),
por exemplo, disse claramente:
Nós adoramos a Cruz,
uma vez que nela bendizemos ao Crucificado. 31
O mesmo atestam outros
textos de origem mais humilde e, por isso, sem dúvida maiores expressões da verdadeira
piedade dos fiéis. Seria bom exemplo a inscrição do século Vil, que faz falar assim
à própria Cruz:
Sou a Cruz, salvaguarda do universo;
minha morada é a eternidade,
onde gozo de igual veneração à do Corpo imortal. 32
minha morada é a eternidade,
onde gozo de igual veneração à do Corpo imortal. 32
NOTAS:
1. 1Cor 1 18-23
2. Hino, n. 38 (SC), tr. 9.
3. Romano o Melode, Hino, n. 39 (SC),
tr. 23.
4. Cf. Passarelli, G., Ícone da crucifixão
(Iconostásio 9), AM edições, São Paulo (prelo).
5. Cf. Gn 2, 16; Êx 31, 8; Ap 2, 7, Passarelli,
G., Macario Crisocefalo, l' omelia sullafesta dell'Ortodossia e Ia basilica di S.
Giovanni di Filadelfia (OCA, 210), Roma, 1980, 161,20.
6. Passarelli, G., ibid., 169,41.
7. Da hinografia da festa.
8. . Cf. Mt 27, 45ss.; Lc 23,46. A hora
que precede as Vésperas. A hora nona corresponde aproximadamente às 15 horas (3
p.m.).
9. Cf. Frolow, A., La Reiique de ia Vraie
Croix. Recherches sur ie déveioppement d'un culte (AGC, 7), Paris, 1961; Bornert,
R., "La céiébration de ia sainte Croix dans ie rire byzantin ", em La
sainte Crou, La Maison-Dieu 75, 3 (1963), 92-108; Janeras, S., Le Vendredi-saint
dans ia Tradition liturgique byzantine. Structure et Histoire de ses Offices (Studia
Anselmiana, 99), Roma, 1988.
10. Trata-se de hino originário do século
VII, cf. Bomert, 94; Janeras, 297.
11. Trata-se de costume melkita que tinha
origem no Ofício estacional da Paixão hierosolirnitana, adotado oficialmente em
Constantinopla pelo patriarca Sofrônio 11 em 1864 e hoje em uso entre os gregos.
12. O patriarca Nicéforo deixou-nos uma
bem detalhada descrição da circunstância em que se restituíra a Cruz ao Santo Sepulcro.
A relíquia estava guardada numa caixa lacrada. O clero examinou os lacres e, após
comprovar que não se tinha violado, o bispo Modesto abriu a caixa com as chaves
que se havia guardado. Prostrando-se todos, procedeu-se à cerimônia da Exaltação.
Cf. Frolow, "La Vraie Croix et les expéditions d' Héraclius en Perse",
em Revue des Études Byzantinesll (1953), 88-105; Grumel, y., "La reposition
de Ia Vraie Croix à Jérusalem parHéraclius, lejouretl'année", em Byzantinische
Forschungen 1 (1966), 139-149; Bornert, 99-101; Janeras, 298-299.
13. Legislador monástico, que viveu no
célebre mosteiro de Studios em Constantinopla. Foi um dos mais insignes defensores
do culto aos ícones.
14. Antigamente dizia-se: "Conhecei
o Imperador", hoje substituído por "govemantes" ou por "Igreja".
15. PG 52,835 C. Repete-se a adoração
na segunda-feira, na quarta-feira e sexta-feira, guardando a relíquia, a seguir,
no tesouro do santuário.
16. O calendário bizantino, vigente ainda
liturgicamente nas Igrejas desta tradição, começa a primeiro de setembro.
17. Cf.Jo 3, 14.
18. PG 33, 1169 A.
19. La croce nella Preghiera Bizantina,
Bréscia, 1990,48.
20. Constantino VII, Profirogênito, Etlibra
de tas Ceremanias, 11, 8 (PG 112, 1005 C-99A).
21. Não sabemos a época nem conhecemos
outras obras desse autor. É talvez anterior ao século X.
22. Pennacchinni, P. C., Discorso storico
dell'invenzione della Croce, deI monacoAlessandro, Grottaferrata, 1913,59-60; cf.
Righetti, M., L'anno liturgico. Il breviario, Milão, 1969,343344.
23. Diario di viaggio, SC 296, 316-317.
24. PG 33, 775B.
25. A festa da Exaltação celebra-se no
dia 14 de setembro pelos bizantinos, latinos, coptas e siro-jacobitas; no dia 13,
pelos siro-nestorianos, e no domingo que tem lugar entre os dias 11 e 17 pelos armênios.
26. Jounel, P., "Le culte de Ia Croix dans Ia liturgie romaine", em La sainte Croix, La Maison-Dieu 75, 3 (1963),75-82,87-91.
26. Jounel, P., "Le culte de Ia Croix dans Ia liturgie romaine", em La sainte Croix, La Maison-Dieu 75, 3 (1963),75-82,87-91.
27. Ofício da Paixão, antífona 15. O recibo
de nossa dívida é o título que aparece nas mãos de Cristo em diversos ícones. Veja
se a propósito, por exemplo, CI 2, 14: "Cancelou a nota de dívida que tinha
contra nós, a das prescrições com cláusulas desfavoráveis, e suprimiu-a cravando-a
na cruz". Romano o Melode, Hinos, tr. 10: "Consente em deixar-se crucificar
e destrói a nota de penhor, tu que vieste para chamar novamente Adão"; e tr.
11: "Espera tão-somente libertar-me da pesada dívida"(Hino, Akathistos).
"Ele que perdoa as dívidas a todos os homens, querendo perdoar as antigas culpas,
voluntariamente se entrega aos desertores de sua graça e, rasgando o quirógrafo
do pecado, ouve a todos exclamar: Aleluia!" Para outras fontes, cf. Lampe,
G. W. H., A pat.ristic greek Lexikon, Oxford, 1972, palavras Cheirographon e Proselio.
Cf. Passarelli, Ícone da Mãe de Deus, (Iconostásio 1), AM edições (prelo).
28. Can 73 (Mansi, XI, 975).
29. Denzinger, H. A. e Schoenmetzer, A.,
Enchiridion Symbolorum, Barcinone-Friburgi Br. e Romae-Neo Eboraci 1977, n. 601.
Cita-se, ali, São Basílio, Tratado sobre el Espiritu Santo, c. 18, par 45 (SC 17,
194). Acolheram-se nesse concílio os graus da "aproskynesis", que deve
render-se a Deus, aos santos, às relíquias, aos ícones e aos imperadores, estabelecida
por São João Damasceno.
30. Cf. Bomert, 106; Frolow, ob. cit., passim.
31. Homilia sobre ia Exaitación de ia
Cruz, PG 97, 1033A.
32. Frolow, ob. cit., 48; Bome11, 106.
No trabalho de Frolow podem ler-se muitos outros testemunhos.
Fonte:
PASSARELLI, Gaetano. O Ícone da Exaltação da Cruz. AM Edições
Assim é preciso que o Filho do Homem seja
elevado, para que todo o que nele crê seja salvo
S. João Crisóstomo (cerca de 345-407),
Bispo de Antioquia, depois de Constantinopla,
doutor da Igreja
Homilia 1
Sobre a Cruz e sobre o Ladrão
Hoje, nosso Senhor Jesus Cristo está pregado
na Cruz e nós estamos em festa, para que saibais que a Cruz é uma festa e uma celebração
espiritual. Outrora, a Cruz designava um castigo; agora tornou-se objeto de honra.
Outrora símbolo de condenação, ei-la hoje princípio de salvação. Porque ela é para
nós causa de bens sem conta: livrou-nos do erro, iluminou-nos as trevas, reconciliou-nos
com Deus; tínhamo-nos tornado, para com Ele, inimigos e estrangeiros longínquos.
Para nós, ela é hoje a destruição da inimizade, o penhor da paz, o tesouro de mil
bens.
Graças a ela, já não erramos nos desertos,
porque conhecemos o caminho verdadeiro. Não ficamos fora do palácio real, porque
encontramos a porta. Não tememos as armas inflamadas do diabo, porque descobrimos
a fonte. Graças a ela, já não estamos na viuvez, pois encontramos o Esposo. Não
temos medo do lobo, pois encontramos o bom pastor. Graças à Cruz, não tememos o
usurpador, pois nos sentamos ao lado do Rei.
Eis porque estamos em festa ao celebrarmos
a memória do Cruz. O próprio São Paulo nos convida para a festa em honra da Cruz:
"Celebremos esta festa", diz ele, "não com fermento velho, nem com
o fermento da malícia e da perversidade, mas com os ázimos da pureza e da verdade"
(1 Co 5,8). E ele explica-nos a razão dizendo: "Porque Cristo, nossa Páscoa,
foi imolado por nós". (1 Co 5,7).
A cruz, árvore de vida
São Teodoro Estudita (759-826), monge
em Constantinopla
Como é bela a imagem da cruz! A sua beleza
não oferece mistura de mal e de bem, como outrora a árvore do jardim do Éden. Toda
ela é admirável, “uma delícia para os olhos e desejável” (Gn 3, 6). É uma árvore
que dá a vida e não a morte; a luz, não a cegueira. Leva a entrar no Éden, não a
sair dele. Esta árvore, à qual subiu Cristo, como um rei para o seu carro de triunfo,
derrotou o diabo, que tinha o poder da morte, e libertou o gênero humano da escravidão
do tirano. Foi sobre esta árvore que o Senhor, qual guerreiro de eleição, ferido
nas mãos, nos pés e no seu divino peito, curou as cicatrizes do pecado, quer dizer,
a nossa natureza ferida por Satanás.
Depois de termos sido mortos pelo madeiro,
encontramos a vida pelo madeiro; depois de termos sido enganados pelo madeiro, é
pelo madeiro que repelimos a serpente enganadora. Que permutas surpreendentes! A
vida em vez da morte, a imortalidade em vez da corrupção, a glória em vez da ignomínia.
Por este motivo, o apóstolo Paulo exclamou: “Toda a minha glória está na cruz de
Nosso Senhor Jesus Cristo” (Gl 6, 14) … Mais do que qualquer sabedoria, esta sabedoria
que floresceu na cruz tornou ignóbeis as pretensões da sabedoria do mundo (1 Cor
1, 17s) …
É pela cruz que a morte foi morta e Adão
restituído à vida. É pela cruz que todos os apóstolos foram glorificados, todos
os mártires coroados, todos os santos santificados. É pela cruz que fomos reconduzidos
como as ovelhas de Cristo, e fomos reunidos no redil do alto.
Fonte:
O Evangelho Cotidiano
Folheto Dominical da Igreja Anunciação da Mãe de Deus
Responsável
Reverendo Ecônomo Padre Emanuel
Sofoulis
Editoração
e Diagramação
Antonio José
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