11 abril 2014

Domingo de Ramos (13/04/2014)

DOMINGO DE RAMOS
São Martinho, o Confessor, Bispo de Roma ( 655)
(MATINAS: Mt. 21, 1-11; 15-17 LITURGIA: Flp. 4, 4-9 e Jo. 12, 1-18)*
Pessoal e existencialmente, Cristo se torna Rei para aqueles que se submetem à Sua Realeza através do compromisso. Mas o que quer dizer esse compromisso?
   Um autor, certa vez, escreveu: “Não nos enganemos. Nós sempre nos subjugamos a algum mestre, seja esse mestre o trabalho, a paixão, o prazer, a bebida, ou o que quer que seja. A questão crucial, porém, é escolher qual mestre. O único Mestre digno de se servir é Jesus Cristo, o Mestre para Quem fomos criados para servir.
   Nós podemos ser capturados pelo mais vil e pelo mais baixo que há na vida; ou podemos ser capturados pelo mais digno e nobre que a experiência humana conhece: Jesus Cristo. Somente Ele pode completar e satisfazer nossas vidas. Somente Ele pode acender a luz que nenhuma escuridão pode extinguir.
   Quando Cristo entra em nossas vidas, nós devemos abandonar o trono da nossa vontade, do nosso ego, do nosso orgulho, e permitir que Ele suba e ocupe este assento real. Enquanto Ele se eleva; nós devemos descer. Enquanto Ele fala; nós devemos ouvir. Enquanto Ele rege; nós devemos obedecer.
   Por certo que algumas pessoas podem protestar: “mas eu não perderei minha personalidade se eu submeter minha vida a Cristo?” Ora, por acaso os instrumentos de uma orquestra, como o violino ou a flauta, perdem suas personalidades quando um grande mestre os conduz? Claro que não! Isso se torna uma bela sinfonia. Nossas vidas também se tornam belas sinfonias quando nos colocamos nas mãos de Deus.
Pe. Anthony M. CONIARIS. 
Prof. emérito da Holy Cross Greek Orthodox. 
School of Theology, em Brookline, MA (EUA). 
Tradução livre do livro: "Gems from the Sunday and Feasts Gospels"

Boletim n. 65, 13.04.2014:
Domingo de Ramos (Download)
O Domingo de Ramos
(Hosana)
Protopresbítero Alexander SCHMEMANN
Professor e teótogo ortodoxo (1921-1983)
In: "O mistério pascal: comentários litúrgicos", pp. 11-12.
Pe. Alexander Schmemann
Do ponto de vista litúrgico, o sábado de Lázaro se apresenta como a preparação do Domingo de Ramos; dia em que se celebra a entrada do Senhor em Jerusalém. Essas duas festas têm um tema em comum: o triunfo e a vitória. O sábado revelou o Inimigo que é a morte; o domingo anuncia a vitória, o triunfo do Reino de Deus e a aceitação pelo mundo de seu único Rei, Jesus Cristo. A entrada solene na cidade santa foi, na vida de Jesus, seu único triunfo visível; até aí, ele tinha recusado qualquer tentativa de ser glorificado e é apenas seis dias antes da Páscoa que ele não só aceitou de bom grado, como provocou mesmo o acontecimento. Cumprindo ao pé da letra o que dissera o profeta Zacarias — "Eis o teu Rei que vem montado numa jumenta" (Zac. 9,9), ele mostra claramente que queria ser reconhecido e aclamado como o Messias, Rei e Salvador de Israel. O texto do Evangelho sublinha, com efeito, os traços messiânicos: os ramos, o canto de Hosanna, a aclamação de Jesus como Filho de Davi e Rei de Israel. A história de Israel chega ao seu fim: tal é o sentido deste acontecimento. O sentido desta história era o de anunciar e preparar o Reino de Deus, a vinda do Messias. Hoje é o dia em que isto se cumpre, pois eis que o Rei entra em sua cidade santa e nele todas as profecias e toda a espera de Israel encontram seu término: ele inaugura seu Reino.
   A liturgia deste dia comemora este acontecimento; com os ramos nas mãos, nós nos identificamos com o povo de Jerusalém, com o qual saudamos o humilde Rei, recitando-lhe nossa Hosanna. Mas, qual é o sentido disto para nós, hoje?
   Primeiramente, nós proclamamos que o Cristo é nosso Rei e nosso Senhor. Muito freqüentemente nós nos esquecemos que o Reino de Deus já foi inaugurado, que no dia do nosso Batismo nós fomos feitos cidadãos dele, e que nós prometemos colocar nossa fidelidade a esse Reino acima de qualquer outra. Não esqueçamos que, durante algumas horas, o Cristo foi verdadeiramente Rei sobre a terra, Rei neste mundo que é o nosso. Por algumas horas apenas e numa única cidade. Mas, da mesma maneira que em Lázaro nós reconhecemos a imagem de todo homem, podemos ver nesta cidade o centro místico do mundo e de toda a criação. Tal é o sentido bíblico de Jerusalém, a cidade, o ponto focal de toda a história da salvação e da redenção, a santa cidade do Advento de Deus. O Reino inaugurado em Jerusalém é, pois, um Reino universal, abraçando todos os homens, e a criação inteira. .. por algumas horas, e entretanto, essas horas são decisivas; é a hora de Jesus, a hora do cumprimento por Deus de todas as suas promessas e de todas as suas vontades. Essas horas são o término de toda a longa preparação revelada pela Bíblia e o cumprimento de tudo aquilo que Deus quis fazer pelos homens. E assim, este breve momento de triunfo terrestre do Cristo adquire uma significação eterna. Ele introduz a realidade do Reino de Deus no nosso tempo, em cada uma de nossas horas, fazendo deste Reino aquilo que dá ao tempo o seu sentido, sua finalidade última. A partir dessa hora, o Reino é revelado ao mundo e sua presença julga e transforma a história humana. E quando do momento mais solene da celebração litúrgica, nós recebemos um ramo das mãos do padre, nós renovamos nossa promessa a nosso Rei, e nós confessamos que o seu Reino é o único objetivo de nossa vida, a única coisa que dá um sentido a ela. Nós confessamos também que tudo, na nossa vida e no mundo, pertence ao Cristo, que nada pode ser subtraído ao único e exclusivo Mestre e que nenhum domínio de nossa existência escapa de seu império e de sua ação redentora. Enfim, nós proclamamos a universal e total responsabilidade da Igreja com relação à história da humanidade e nós afirmamos sua missão universal.
   No entanto, nós sabemos, o Rei que os judeus aclamam hoje, e nós com eles, se encaminha para o Gólgota, para a cruz e para o túmulo. Nós sabemos que este breve triunfo é apenas o prólogo de seu sacrifício. Os ramos em nossas mãos significam, desde então, nosso ardor em segui-lo no caminho do sacrifício, nossa aceitação do sacrifício e nossa renúncia a nós mesmos, em que reconhecemos a única estrada real que conduz ao Reino.
   E, finalmente, os ramos, essa celebração, proclamam nossa fé na vitória final do Cristo. Seu Reino ainda está oculto e o mundo o ignora. O mundo vive como se o acontecimento decisivo jamais tivesse ocorrido, como se Deus não tivesse morrido na cruz e como se, nele, o homem não tivesse ressuscitado dentre os mortos. Mas nós, cristãos, cremos, na chegada desse Reino onde Deus será tudo em todos, e onde o Cristo aparecerá como o único Rei.
   As celebrações litúrgicas nos relembram acontecimentos passados; mas todo o sentido e toda a virtude da liturgia consistem precisamente em transformar a lembrança em realidade. Neste Domingo de Ramos, a realidade em questão é a nossa própria implicação neste Reino de Deus, é nossa responsabilidade a seu respeito. O Cristo não entra mais em Jerusalém; ele o fez de uma vez por todas. Ele não cuidou do "símbolo" e, certamente, não foi para que nós possamos perpetuamente "simbolizar" sua vida, que ele morreu na cruz. O que Ele espera de nós é um real acolhimento do Reino que Ele nos trouxe. . . e se nós não estivermos prontos para sermos totalmente fiéis ao juramento que renovamos a cada ano, o Domingo de Ramos, se de fato não estivermos decididos a fazer do Reino a base de toda nossa vida, então nossa celebração é vã; e vãos e sem significado são os ramos que levamos da Igreja para nossas casas.
Tom da semana: Tom próprio
(Ἦχος - – Ἑωθινόν: Ὄρθρου)
† MATINAS
Eothinon da festa (Ἑωθινόν: Ὄρθρου)
EVANGELHO SEGUNDO SÃO MATEUS
A entrada triunfal em Jerusalém
(Mt. 21, 1-11; 15-17)
Naquele tempo, quando Jesus estavam perto de Jerusalém e chegavam a Betfagé, junto ao monte das Oliveiras, Ele enviou dois discípulos, e lhes disse: “Ide ao povoado que está em frente, e logo encontrareis uma jumenta amarrada e, com ela, um jumentinho. Desamarrai-a e trazei-os para mim. Se vos disserem alguma coisa, respondei: ‘O Senhor precisa deles e logo os devolverá’”. Isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta: "Dizei à filha de Sião: eis que teu rei vem a ti, humilde e montado num jumento, num jumentinho, filho de jumenta." 
   Os discípulos foram e agiram como Jesus lhes tinha mandado. Trouxeram a jumenta e o jumentinho, puseram sobre eles suas vestes, e Jesus montou em cima. Numerosa multidão estendia suas vestes pelo caminho, enquanto outros cortavam ramos das árvores e os espalhavam pelo chão. A multidão que ia na frente e a multidão que seguia atrás gritavam: “Hosana ao Filho de Davi. Bendito quem vem em nome do Senhor, hosana nas alturas”. E, quando entrou em Jerusalém, toda a cidade se alvoroçou e perguntava: “Quem é este?” E a multidão respondia: “Este é o profeta Jesus, de Nazaré da Galileia”. 
   Os sumos sacerdotes e os escribas, ao verem as maravilhas que fazia e as crianças que gritavam no Templo “Hosana ao Filho de Davi”, indignados, perguntaram a Jesus: “Estás ouvindo o que elas dizem?”Jesus lhes respondeu: “Sim. Nunca lestes: Da boca das crianças e dos que mamam, tiraste um louvor?” 
   Em seguida, Jesus os deixou; saiu da cidade e foi para Betânia, onde passou a noite.
† DIVINA LITURGIA DE SÃO JOÃO CRISÓSTOMO
Tropário de Lázaro (1º Tom)
(Domingo antes da Páscoa)
Τὴν κοινὴν Ἀνάστασιν πρὸ τοῦ σοῦ πάθους πιστούμενος, ἐκ νεκρῶν ἤγειρας τὸν Λάζαρον Χριστὲ ὁ Θεός· ὅθεν καὶ ἡμεῖς ὡς οἱ παῖδες, τὰ τῆς νίκης σύμβολα φέροντες, σοὶ τῷ νικητῇ τοῦ θανάτου βοῶμεν· Ὠσαννὰ ἐν τοῖς ὑψίστοις, εὐλογημένος ὁ ἐρχόμενος, ἐν ὀνόματι Κυρίου.
Ó Cristo Deus, dando-nos, antes da tua Paixão, uma garantia da ressurreição geral, ressuscitaste Lázaro dos mortos; por isso, nós também, como os filhos dos hebreus, levamos os símbolos da vitória, clamando: Ó vencedor da morte, hosana nas alturas! Bendito o que vem em nome do Senhor!
Tropário da Ressurreição (4º Tom)
(Domingo antes da Páscoa)
Συνταφέντες σοι διὰ τοῦ Βαπτίσματος, Χριστὲ ὁ Θεὸς ἡμῶν, τῆς ἀθανάτου ζωῆς ἠξιώθημεν τῇ Ἀναστάσει σου, καὶ ἀνυμνοῦντες κράζομεν· Ὠσαννὰ ἐν τοῖς ὑψίστοις, εὐλογημένος ὁ ἐρχόμενος, ἐν ὀνόματι Κυρίου.
Fomos sepultados contigo pelo batismo, ó Cristo Deus, e pela tua Ressurreição, merecemos a vida eterna. Por isso, a Ti cantamos em alta voz: Hosana nas alturas! Bendito o que vem em nome do Senhor!

Kondákion de Ramos (6º Tom)
(Domingo antes da Páscoa)
Τῷ θρόνῳ ἐν οὐρανῷ, τῷ πώλῳ ἐπὶ τῆς γῆς, ἐποχούμενος, Χριστὲ ὁ Θεός, τῶν Ἀγγέλων τὴν αἴνεσιν, καὶ τῶν παίδων ἀνύμνησιν, προσεδέξω βοώντων σοι· Εὐλογημένος εἶ ὁ ἐρχόμενος, τὸν Ἀδὰμ ἀνακαλέσασθαι.
Ó Cristo Deus, que nos céus estás sentado num trono, e na terra montado num jumentinho, recebeste com agrado o canto dos Anjos e o louvor das crianças que te aclamavam: bendito és, Tu que vieste para fazer Adão reviver!
EPÍSTOLA DE SÃO PAULO AOS FILIPENSES
Alegria, paz e ideal de virtude.
(Flp. 4, 4-9)
Irmãos, alegrai-vos sempre no Senhor, repito: alegrai-vos. Vossa bondade seja conhecida de todos os homens. Não vos inquieteis por coisa alguma. Em todas as circunstâncias apresentai a Deus vossas necessidades em oração e súplica, acompanhadas de ação de graças. E a paz de Deus, que excede toda inteligência, haverá de guardar vossos corações e pensamentos em Cristo Jesus. 
   No mais, irmãos, tudo que é verdadeiro, tudo que é nobre, tudo que é justo, tudo que há de puro, tudo que há de amável, tudo que há de louvável, tudo que seja virtude ou digno de louvor, eis o que deve ocupar vossos pensamentos. E praticai o que aprendestes e recebestes, ouvistes e observastes em mim, e o Deus da paz estará convosco.
EVANGELHO SEGUNDO SÃO JOÃO
A unção em Betânia; a Entrada triunfal em Jerusalém.
(Jo. 12, 1-18)
Seis dias antes da Páscoa, Jesus foi para Betânia, onde estava Lázaro que ele havia ressuscitado dos mortos. Prepararam ali um jantar para Jesus. Marta estava servindo , e Lázaro era um dos que estavam à mesa com Jesus. Maria pegou então um frasco de um perfume de nardo puro muito caro, ungiu os pés de Jesus e os enxugou com os cabelos. A casa ficou toda perfumada.
   Judas Iscariotes, um dos discípulos que o havia de trair, disse: “Por que não foi vendido esse perfume por trezentas moedas de prata para dá-las aos pobres?” Falava assim, não porque se interessasse pelos pobres, mas porque era ladrão. Tomava conta da bolsa e roubava o que nela depositavam. Jesus disse então: “Deixa-a. Ela reservou esse perfume para o dia de minha sepultura. Sempre tereis pobres convosco, mas a mim nem sempre tereis”. 
   Grande multidão de judeus soube que Jesus estava lá e vieram, não só por causa de Jesus, mas para verem Lázaro, a quem havia ressuscitado dos mortos. Os sumos sacerdotes tinham decidido matar também Lázaro, porque devido a ele muitos judeus se afastavam deles e criam em Jesus. 
   No dia seguinte, a numerosa multidão que tinha ido à festa ouviu dizer que Jesus estava chegando a Jerusalém. Pegaram ramos de palmeira e saíram ao encontro de Jesus , aclamando: “Hosana! Bendito quem vem em nome do Senhor, o rei de Israel”. Jesus encontrou um jumentinho e montou em cima dele, conforme está escrito: "Não temas, filha de Sião! Aí vem o teu rei montado num filho de jumenta." 
   A princípio, os discípulos não compreenderam estas coisas. Mas quando Jesus foi glorificado, lembraram-se que isso estava escrito a seu respeito, e que assim lhe fizeram. 
   O povo que estivera presente quando Jesus chamou Lázaro do sepulcro e o ressuscitou dos mortos, dava testemunho a seu respeito. O povo saía ao encontro de Jesus porque tinha ouvido falar que ele havia realizado esse sinal.
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Mt. 21, 1-11; 15-17:
  1. Cap. 21, VV. 4-5: cf. Is. 62,11; Zac. 9,9.
  2. V. 9: Pela primeira vez, Jesus permite estas aclamações messiânicas (Sl. 117 [118],26) em público; os fariseus estão preparando sua morte e não há agora o perigo de um levante popular de caráter messinânico. Com este ingresso triunfal, inicia Jesus a última etapa de sua vida. 
  3. V. 16: Sl. 8,3
Mons. José Castro PintoNotas in: Bíblia Sagrada,
Novo Testamento. Barsa: 1967, p. 20.
* Leituras conforme o Typikon do Patriarcado Ecumênico (Τυπικν τς Μεγάλης το Χριστο Εκκλησίας): Typikon 13-abr-2014.

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